terça-feira, 19 de dezembro de 2017

CONTO DE NATAL 2017

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Faltavam dois dias para o Natal.

Ao pensar nisso uma tristeza imensa tomou conta dele, porque sabia que seria já o segundo Natal sem o seu filho.
A última discussão por causa da vida de drogas sem sentido que o filho levava, tinha chegado a um tal extremo, que o filho tinha saído de casa, e ele, pai, nada tinha feito para o impedir.
Queria convencer-se de que fora melhor assim, porque o filho tinha que ser confrontado com a realidade da vida, e, se ele continuasse a sustentar-lhe aquele vício, o fim, com certeza, não estaria longe.

Mas vivia atormentado pela ausência do filho, (nunca mais o tinha visto ou falado com ele desde há cerca de dois anos), pelo medo de ter errado na sua decisão, e também porque via a sua mulher definhar em tristeza todos os dias, com a ausência total daquele seu filho único.

Absorto nos seus pensamentos, guiava como um autómato, e por isso só deu conta no último momento, daquela mulher que atravessava a rua na passadeira de peões.
Deu uma guinada repentina com o volante e foi bater com grande violência num poste de iluminação na berma da rua.
Apercebeu-se de imediato que o acidente tinha sido muito grave, sobretudo para ele, porque sentiu-se coberto do seu sangue, perdendo rapidamente a consciência.

Um estranho vazio tomou conta dele e percebeu que ouvia umas vozes, mas nada conseguia entender e também não conseguia abrir os olhos, não conseguia acordar, enfim, era mesmo um vazio imenso que ele sentia profundamente em todo o seu ser.

Neste espaço de tempo, sem tempo, (para ele), ouviu a certa altura, nitidamente, a palavra Natal, e percebeu que já conseguia abrir os olhos, que estava agora “acordado”!

Abriu então os olhos e encontrou logo à sua direita a cara sorridente da sua mulher, que lhe agarrava numa mão, e percebeu-se deitado numa cama de hospital.
Achou no entanto muito estranho aquele sorriso tão rasgado da sua mulher.
Com o seu olhar perguntava-lhe insistentemente a razão de tal sorriso, e reparou então que ela olhava para si e logo de seguida para o seu lado esquerdo.

Voltou a cabeça com alguma dificuldade, e o seu olhar encontrou o olhar do seu filho, que, com lágrimas nos olhos e inclinando-se para ele, lhe disse ao ouvido: Desculpa, pai, desculpa.

Respondeu-lhe com a voz sumida, carregada de emoção: Não te preocupes, meu filho. Que dia é hoje?

O filho olhou para ele e respondeu: É noite de Natal, pai, e estás no hospital há dois dias!

Fechou os olhos e interiormente disse com o coração: Obrigado Jesus, pela mais bela prenda de Natal que me podias dar.

Depois, apertando com mais força a mão da sua mulher, pediu ao seu filho que se inclinasse para ele, e dando-lhe um beijo terno na testa, disse: Feliz Natal, meu filho, Feliz Natal!


Marinha Grande, de 19 Dezembro de 2017
Joaquim Mexia Alves
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Nota: 
Com este Conto de Natal, quero desejar a todos quantos visitam  esta página e suas famílias, um Santo Natal e um Novo Ano cheio das bênçãos de Deus.
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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

MENINO JESUS E PAI NATAL

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Hoje é dia de São Nicolau.

São Nicolau de Mira ou São Nicolau de Bari é um Santo conhecido por vários milagres, mas também pela sua caridade e afinidade com as crianças.
As histórias e lendas foram transformando a sua verdadeira história, dando origem ao Pai Natal, aquele que distribui os presentes no Natal e que em muita casa e lugar substitui, errada e infelizmente, o Menino Jesus.

Pois, mas isto acontece porque, segundo as lendas, é o Pai Natal que distribui presentes, aqueles que se aguardam, aqueles que queremos e julgamos que nos fazem felizes.
Presentes, afinal, que representam sempre alguma coisa material, alguma coisa deste mundo, e como tal, coisas efémeras, que acabam, e até mesmo as crianças, passados os primeiros tempos com os brinquedos, deles se fartam e querem outros mais novos.

Ora, quem nos traz os verdadeiros presentes, os presentes de que mais necessitamos, que mais nos podem ajudar, que mais podem transformar as nossas vidas, é Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador.

É que Ele que nos traz presentes tais como a paz, a caridade, a serenidade, a alegria, o perdão, a conversão, a salvação, tudo embrulhado num belo papel de presente chamado AMOR.
E o presente da família, da reconciliação, da união fraterna.

O presente de dar, sem esperar receber!

Deixemos que a mitologia tome conta do Pai Natal, e vivamos nós a realidade do Nascimento de Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, que veio para nós e permanece connosco até ao fim dos tempos.

Um Presente de Deus, que é o próprio Deus!


Monte Real, 6 de Dezembro de 2017
Joaquim Mexia Alves
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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

DIÁLOGOS COM O MEU EU (21)

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Sentes-te incapaz, sem saber o que escrever ou pensar?
É verdade, sinto-me assim, sem perceber porquê.

Estás mal habituado, sabes?
Porquê?

Porque normalmente, pegas na escrita ou no pensamento e tudo te sai bem, sem grande esforço.
Pois é. E agora não, porquê?

Porque Ele te quer à Sua procura, com mais empenho, mais dedicação, mais amor, para que nada tomes como garantido.
Parece-me um momento de afastamento. Será que Ele se afasta de mim?

Não, Ele nunca se afasta de ti, como nunca se afasta do homem. Apenas quer que O procures, que Lhe abras a porta e que não O consideres hóspede de ti, mas sim a maior parte de ti, sem a qual não podes viver.
Tens razão! Vou estender-Lhe a mão e como Pedro vou gritar: «Salva-me, Senhor!»*
Salva-me de mim!


* Mt 14, 30

Monte Real, 15 de Novembro de 2017
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

AS “PEDRAS DA VIDA”

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Na terça feira passada tive que fazer uma operação para remover uma pedra que estava onde não devia.
A operação correu até muito bem, e depois de ter vindo para casa, no dia a seguir, pensei que tudo estava passado, mas nessa noite e dia seguintes, as dores foram-me “desiludindo” da esperança que tinha de que tudo passasse sem grande dor ou incómodo.
Lá fui e vou rezando, oferecendo as dores por aqueles que com certeza têm problemas e dores muito maiores do que as minhas, e reflectindo em toda a situação.

Costumamos dizer, quando temos problemas e provações na nossa vida, que são pedras no caminho que precisamos remover e ultrapassar, para podermos viver a vida em plenitude que Deus nos dá.

Na pedra que tirei na terça feira foi preciso um médico e bastante mais pessoas, num processo que envolve sempre algum risco e sobretudo muito incómodo.

Nas “pedras da vida” temos também um “Médico” para nos ajudar a removê-las, bastando para tal, aceitarmos o seu amor e a sua vontade, embora muitas vezes não entendamos o porquê de tais “pedras da vida”, a não ser quando somos nós mesmos que as provocamos.

Também por vezes, a remoção dessas “pedras da vida”, se torna dolorosa, não na dor física, mas na dor psíquica/espiritual, e é preciso algum tempo para que tais “pedras da vida” saíam por fim da nossa vida.

Mas nesta “cura” das “pedras da vida” temos a certeza de que o “Médico” está sempre connosco, e mais do que nos operar e medicar, nos toma pela mão e nos enche de amor e da certeza que no fim, tudo acabará num bem, porque a “cura” de Deus é sempre o bem, seja em que circunstâncias for.

E na “cura” das “pedras da vida”, quando nos entregamos a Deus, sabemos sempre que não é necessária uma segunda opinião, porque a Deus nada é impossível.

Por isso, glória ao Senhor, agora e sempre e em tudo!


Marinha Grande, 27 de Outubro de 2017
Joaquim Mexia Alves
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domingo, 22 de outubro de 2017

A INCLEMÊNCIA DOS HOMENS!

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Pois,
não esperavas que a morte
te viesse,
por uma coisa,
a que chamam “ignição”!!!

Já nem tens direito
a morrer num incêndio,
porque os homens sem coração,
lhe chamam apenas,
“ignição”!!!

Mudam-se as palavras,
talvez para conter,
para fazer morrer,
a indignação!!!

Em Lisboa,
cumprem-se minutos de silêncio,
como se isso apaziguasse,
os corações feridos,
pelos que morrem no incêndio!

E não só os que morrem,
que perdem a vida,
“obrigados” a perdê-la,
mas também os que perdem a história,
porque se perdeu a memória.

“Ay, Deus e u é”,
cantava o Rei,
e nós olhávamos,
a obra que o Rei cantava!

Já não há obra,
já não há Rei,
já não há pinhal,
nem vida,
dos que partiram!

Resta-nos Deus,
que “e u é”,
para que a esperança viva,
não nos homens,
não no mundo,
mas na confiança,
de que ainda existe o bem,
e de que a obra de Deus,
não pode ser extinta,
pela Sua criatura,
que Ele na Sua bondade,
quis fazer homem.

Choremos,
podemos chorar,
e a chorar rezemos,
porque uma coisa é sempre certa:
Deus não nos há-de faltar!!!


Marinha Grande, 21 de Outubro de 2017
Joaquim Mexia Alves
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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

PEDIR O ESPÍRITO SANTO

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Pedir o Espírito Santo
não é pedir pão,
nem peixe,
nem coisas do dia-a-dia,
para a vida que se quiser.

Pedir o Espírito Santo
é pedir coração,
e alimento divino,
é pedir paz e alegria,
vindas no amor,
para a vida,
em que Deus nos quer.

Pedir o Espírito Santo
é pedir Deus,
é pedir o Pai,
e o Filho,
com Maria ao nosso lado,
é pedir para saber amar,
sendo constantemente,
amado!

Pedir o Espírito Santo
é pedir a vida,
que nasce,
sem  nunca acabar,
é pedir o tudo,
o saber rezar,
é pedir o perdão,
que acalma o coração,
é pedir a aceitação,
que alivia a dor,
é pedir o Amor,
muito Amor,
sempre Amor!


Monte Real, 12 de Outubro de 2017
Joaquim Mexia Alves
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sábado, 9 de setembro de 2017

DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS (16)

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Senhor?

Sim, meu filho!

Precisava pedir-Te uma coisa.

Agora não tenho tempo, meu filho!

Mas, Senhor, como podes Tu não ter tempo se és o dono do tempo?

E não és tu também, meu filho, o dono do teu tempo? Não te dei eu liberdade total para usares o tempo que te pertence?

Sim, Senhor, isso é verdade. Mas não percebo o porquê dessas Tuas perguntas?

É simples, meu filho. Quando passas pelo pedinte, pelo solitário, pelo esfomeado, pelo sedente, pelo desprezado, pelo outro, e não o olhas, não o ajudas, não te preocupas sequer, não dizes tu no teu intimo, como desculpa, que “agora” não tens tempo?

Sim, Senhor, é verdade! Muitas vezes como desculpa para nada fazer, digo que não tenho tempo para olhar, ouvir ou ajudar o outro.

Pois, meu filho, mas quando não tens tempo para o outro, estás a dizer que não tens tempo para Mim!

Perdoa, Senhor, que sou fraco e pecador!

Está bem, meu filho! Diz lá então o que precisas, porque Eu tenho sempre tempo para ti!!!


Marinha Grande, 9 de Setembro de 2017
Joaquim Mexia Alves
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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

QUERER, VER, CRER

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Tinham-lhe dito que Ele ia estar ali.
Não sabia muito bem como, mas no fundo do seu coração, queria acreditar que sim, que Ele estaria ali, naquele local e, sobretudo, que ele poderia falar com Ele e pedir-Lhe o que tanto necessitava.

Há muito que andava a pensar na sua vida, na vida que levava, e a conclusão a que chegava é que o abismo se abria inexorável no seu futuro, se não mudasse radicalmente de vida, iria acabar mal, muito mal, e muito, muito sozinho.

Sim, é verdade, que desde a mais tenra idade lhe diziam que Ele estava ali, aliás, que Ele estava em todo o lado, mas muito especialmente, naquele local e naquele preciso sítio.
E durante algum tempo também ele por ali andou, e até acreditou que sim, mas depois tudo se tinha “diluído” numa vida sem sentido, numa vida que, reconhecia agora, a nada levava, não tinha amor, (talvez amores fugazes), não tinha confiança, (embora ele parecesse cheio dela), não tinha esperança, (embora ele colocasse a sua vida numa espécie de sorte).

Entrou no edifício e ficou contente porque estava vazio, sem ninguém.
Já lá tinha entrado com gente, mas os olhares de reprovação que tinha sentido, as palavras murmuradas nas suas costas, pareciam querer impedi-lo de se aproximar dEle.
Curiosamente, tinha parecido ao seu coração, que Ele, lá no sítio onde estava, tinha dito àquela gente para o deixarem passar, para o deixarem chegar “à fala” com Ele, para o chamarem.

Entrou, sentou-se em frente daquela “caixa” resplandecente e reparou numa pequena luz que estava ao lado da “caixa”.
Tinham-lhe dito, quando era menino, que a luz significava que Ele estava ali!
Deixou-se ficar ali, a olhar, a olhar, sem saber o que fazer, sem saber o que dizer.

Ouviu então distintamente, (pelo menos assim lhe pareceu), uma voz que disse: «Que queres que te faça?» Lc 18, 41

Surpreendido, respondeu sem pensar: «Senhor, que eu veja!» Lc 18, 41
E insistiu: «Senhor, que eu Te possa ver!»

Uma calma, uma serenidade, um amor, tomou conta daquele lugar, daquele momento, tomou conta de si mesmo.
No fundo do seu coração nasceu uma certeza, ainda ténue, mas convicta, que tudo ia mudar, que a sua vida não seria mais a mesma, que encontraria sentido nAquele que com ele falava, sem palavras audíveis, mas com amor sensível, isto é, com amor que ele podia sentir verdadeiramente.

Apenas uma frase, tantas vezes ouvida e repetida, veio ao seu pensamento, ao seu coração, e disse-a baixinho, com medo de “estragar” aquele momento: «Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!» Mc 9, 24

Sentiu-se profundamente abraçado, num amor indescritível, e ouviu a voz dEle, repassada de ternura: «Vê. A tua fé te salvou.» Lc 18, 43


Monte Real, 30 de Agosto de 2017
Joaquim Mexia Alves


Nota: Esta é uma história que, sem dúvida, retrata a minha vida.
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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A MÃE NO CÉU

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Foste levada ao Céu,
Mãe,
e nos teus braços,
queres levar-nos,
também.

Disseste sim,
Mãe,
e pedes-nos
que digamos o nosso sim,
também.

Toda te entregaste por Ele,
Mãe,
e queres que cada um de nós,
se entregue,
como Tu,
também.

Ama-lO,
com o teu amor de
Mãe,
e assim nos amas,
a cada um,
também.

No Céu,
vives em esperança,
Mãe,
enquanto esperas por nós,
também.

Pela tua intercessão,
Mãe,
pede-lhe,
que Ele toque o nosso coração,
a nossa vida,
também.

Obrigado,
obrigado,
Mãe!



Marinha Grande, 14 de Agosto de 2017
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

A MEMÓRIA E AS COISAS DE DEUS

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Há cerca de duas semanas uma reunião de trabalho levou-me a Lisboa, por acaso, muito perto do primeiro colégio que frequentei desde a 1ª classe até ao 2º ano do Liceu, (nos anos 50), e que era o Externato Marista de Lisboa, na Rua Artilharia Um.

Ao fim de 50 anos decidi entrar pelo velho portão, (que já não existe), e percorrer aquela rua de acesso, tendo reconhecido apenas o velho palacete, onde tínhamos aulas, pois o resto da propriedade está toda construída com modernos edifícios.
Matei as saudades, (dos tempos bons e dos tempos menos bons), tirando uma fotografia à fachada do palacete, que aqui reproduzo.

Hoje ao olhar para a fotografia, lembrei-me, inevitavelmente, de tudo o que vivi naquele colégio naquele tempo, e reflecti, obviamente, em tudo o que ali me foi dado de conhecimentos, não só de estudo, mas também de valores, comportamentos e prática cristã.

Quando fui catequista, (há poucos anos atrás), perguntava-me se valia a pena, ou seja, se alguma coisa que eu dissesse ou fizesse, iria tocar, com a graça de Deus, aqueles jovens.

Ao relembrar essas minhas dúvidas, e perante aquele palacete, vieram à minha memória a “seca” dos terços rezados na última hora da manhã, (não me lembro se era todos os dias ou apenas ao Sábado), e toda a aprendizagem de catequese, “interminável” e aborrecida, que só valia, julgava eu, pelo momento em que acabava.

Ah, mas hoje percebo que muito ficou cá dentro, não só a graça dos terços rezados, mas também o conhecimento catequético, (que naquela altura entrava por um ouvido e saía pelo outro), mas que pelos vistos passou também e ficou no meu coração, como constatei e vou constatando ainda.

E de tal modo ficou, (com os ensinamentos e testemunho dos meus pais), que, tendo vivido cerca de 20 anos afastado de Deus e da Igreja, quando regressei à fé cristã, todas essas memórias vividas regressaram também e me ajudaram a viver a vida que hoje em dia vivo, uma vida com sentido, porque alicerçada e construída em Deus, tentando sempre fazer a Sua vontade.

Por isso, hoje, ao olhar esta fotografia, agradeço a Deus pelos Maristas, pelos Franciscanos e Dominicanos, (Externato da Luz e Clenardo, por onde passei também), bem como a todos aqueles e aquelas que me formaram ao longo da minha vida, onde se contam os meus irmãos e irmãs mais velhos e sobretudo os meus pais.

Realmente Deus concedeu-me graças imensas ao longo de toda a minha vida, muitas das quais só agora me vou dando conta.

Obrigado, meu Senhor e meu Deus!


Marinha Grande, 11 de Agosto de 2017
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

CRUZ RASGADA NA PEDRA

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Esta fotografia, tirada a semana passada no Castelo da Sortelha, fez-me lembrar a perseverança e o testemunho da fé.

“Rasgada” na pedra, ali está a Cruz de Cristo ao longo de tantas centenas de anos a afirmar a cristandade, o ser cristão, o dar testemunho de Cristo.

O meu coração não é de pedra, e por isso tantas vezes a cruz nele inscrita pelo amor de Cristo, é esquecida por mim próprio, e sobretudo, “esquece-se” o meu coração  de dar testemunho desse mesmo amor.

Claro que não quero um coração de pedra, um coração que não sinta, nem se deixe mover pelo amor, mas quero sim um coração de carne, onde a Cruz de Cristo, prova constante do Seu eterno amor por mim, por nós, esteja “rasgada” de tal forma, que nunca eu a possa esquecer, e sobretudo que todos a possam ver como testemunho da fé e do amor que em mim o Senhor derramou, para mim, mas sobretudo para dar e me dar aos outros.


Marinha Grande, 7 de Agosto de 2017
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 24 de julho de 2017

SER PARÓQUIA – SER PAROQUIANO

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Ontem, em certo momento da Eucaristia Dominical, vieram ao meu coração estas palavras: ser paróquia, ser paroquiano. Deixei-as na memória para reflexão futura, o que agora faço.

Obviamente que para se ser paróquia, (entenda-se como ser Igreja), tem que se ser paroquiano, mas nem todos os paroquianos são, seguramente, paróquia.

Poderá parecer estranha a afirmação, mas realmente pode-se ser paroquiano por se pertencer a uma paróquia, mas também se pode e deve ser paroquiano, por ser paróquia.

Com efeito, aquele que se serve da paróquia para “ir” à Missa, para as celebrações normais da vida, baptismo, matrimónio, funeral, etc., mas nada mais faz pela/na paróquia, é apenas um pertencente à paróquia, mas não é paróquia, ou seja, não é Igreja, não é paróquia, enquanto porção da Igreja.
Tal como aquele que apenas critica, aponta defeitos, que usufrui dos serviços da paróquia, mas nada faz para ajudar a melhorar, para ajudar a construir a paróquia, seja de que modo for, ajudando como o seu tempo, ou até mesmo, com o seu muito ou pouco ter material.

Todos conhecemos as mais diversas desculpas do tipo, “não tenho tempo”, “não tenho conhecimentos”, “ninguém me pediu nada”, até mesmo, “não gosto do prior”, que servem apenas para não se ser paróquia, chegando mesmo a, “eu cá tenho a minha fé e eu é que sei o que Deus me pede”.

Estarei a ser duro, exigente, a “meter-me onde não sou chamado”, mas a verdade é que a paróquia tem sentido quando está aos serviço dos paroquianos, não apenas como uma instituição dispensadora de serviços religiosos, mas sobretudo como Igreja, (assembleia convocada por Deus), e como tal, onde todos devem ser parte activa, construtora, testemunhante.

Ser paroquiano, ser paróquia, é dar de si a todos os outros, em tempo, (e Deus arranja-nos sempre tempo se O quisermos servir), em talento, (seja o talento qual for, desde varrer a igreja, até ensinar e ajudar à formação dos outros), materialmente, (com o pouco ou muito, que com o nosso trabalho e a ajuda de Deus, possuímos).

Ser paroquiano, ser paróquia, é estar disponível para integrar os conselhos, os serviços da paróquia, porque ao fazê-lo, estamos a servir a Deus, servindo os outros, ou seja, estamos ser Igreja, estamos a ser paróquia.

Claro que é muito mais fácil pertencer à paróquia, do que ser paróquia, mas se realmente queremos fazer a vontade de Deus, temos muito mais que ser, do que pertencer, sobretudo em Igreja, e como tal, em paróquia.


Marinha Grande, 24 de Julho de 2017
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 17 de julho de 2017

UM ANÚNCIO DA DEGRADAÇÃO

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Vi na televisão, recentemente, um anúncio de uma conhecida bebida, que é o exemplo “perfeito” de como este mundo caminha a passos largos para a total degradação.

O anúncio consta de um homem que está a trabalhar numa piscina, quase em troco nu, e que via limpando o suor da sua cara. Obviamente o actor é um suposto modelo de homem, passe o termo, irresistível!
Vê-se então uma rapariga nova, (que depois se depreende ser a filha da família que vive na casa), que olha atentamente, podemos dizer, excitadamente, para o “trabalhador” em causa.
Noutra janela, um rapaz, (que depois se depreende ser o filho da família que vive na casa), com uma postura nitidamente efeminada, faz a mesma coisa que a rapariga, ou seja, olha atenta e excitadamente para o “limpador” da piscina.
Na cena seguinte, ambos, a rapariga e o rapaz, correm para o frigorífico, para ir buscar uma garrafa da tal bebida, e fazem uma corrida, com alguns percalços, para ver qual é o primeiro a servir o “trabalhador”, na mira óbvia de lhe agradar para os fins que se percebem.
Espantamo-nos então porque ao chegarem perto do homem, verificam que ele já está a beber a tal bebida, que lhe foi trazida por aquela que se presume ser a mãe dos jovens, e que também está “embevecida” com a figura do referido homem.
Não preciso explicar a ninguém o que tudo isto significa de degradação moral, mas ainda posso acrescentar que, como é óbvio numa mensagem destas, produzida para este mundo cada vez mais amoral, a figura do pai não existe!

E assim nos entra pela casa adentro a agenda política e social de um mundo em degradação.
Chamam-lhe “politicamente correcto”, o que em boa verdade se chama e é apenas a “obra do diabo”!

Até mesmo, com tristeza o digo, algumas vozes da Igreja defendem que a Palavra de Deus, os ensinamentos de Cristo, devem ser reinterpretados à “luz” do mundo, ou seja, deste mundo amoral.
(Antes que alguém se aproveite deste escrito, aviso desde já que não me refiro de modo nenhum ao Papa Francisco.)

Caminhamos apressadamente para o “fim do império romano”, ou seja, uma degradação que não terá retorno, a não ser quando de alguma forma “implodir” a sociedade de hoje, para renascer uma nova sociedade.

E quem se levantar para dizer algo, para protestar, para tentar mostrar a imoralidade da mensagem, etc., é “apontado a dedo”, é gozado, é perseguido pelas inúmeras organizações criadas por gente política com uma agenda bem precisa de degradação da sociedade.

E, no entanto, a Palavra de Deus “nunca” foi tão actual:

«Envio-vos como ovelhas para o meio dos lobos; sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tende cuidado com os homens: hão-de entregar-vos aos tribunais e açoitar-vos nas suas sinagogas; sereis levados perante governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e dos pagãos.
Mas, quando vos entregarem, não vos preocupeis nem como haveis de falar nem com o que haveis de dizer; nessa altura, vos será inspirado o que tiverdes de dizer. Não sereis vós a falar, mas o Espírito do vosso Pai é que falará por vós. O irmão entregará o seu irmão à morte, e o pai, o seu filho; os filhos hão-de erguer-se contra os pais e hão-de causar-lhes a morte. E vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo.» Mt 10, 16-22

«Então, irão entregar-vos à tortura e à morte e, por causa do meu nome, todos os povos irão odiar-vos. Nessa altura, muitos sucumbirão e hão-de trair-se e odiar-se uns aos outros. Surgirão muitos falsos profetas, que hão-de enganar a muitos. E porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos; mas aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo.» Mt 24, 9-13

Não nos calemos, não deixemos sobretudo de dar testemunho cristão, repitamos uns aos outros “não tenhas medo”, porque a nossa força, a nossa confiança, a nossa esperança, vem de Deus, do Deus que nos criou no Seu amor.

«Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» Mt 28, 19-20



Marinha Grande, 17 de Julho de 2017
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 11 de julho de 2017

ORAÇÃO DE GRAÇAS

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Elevo os olhos ao Céu,
deixo aberto o coração,
levanto os braços p’ra Ti,
e deixo que a oração
brote como água fresca,
bem viva,
dentro de mim!

Não me refugio num canto,
não fujo em qualquer viagem,
mas deixo que o Espírito Santo,
me ilumine, me guie,
me dê coragem,
para dizer-Te olhos nos olhos:
Jesus, Senhor, eu amo-Te!

Um vento forte,
impetuoso,
irrompe na minha vida,
move o meu coração,
varre o sofrimento e a dor,
e grita forte aos meus ouvidos:
Não temas!
Vive apenas o Meu amor!

E eu caio,
prostrado na vida,
não de dor,
nem de emoção,
mas em plena adoração,
para gritar bem alto:
Obrigado,
meu Deus e meu Senhor!



Monte Real, 11 de Julho de 2017
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 30 de junho de 2017

DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS (15)

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Senhor, de dentro de mim vem esta vontade de escrever, de colocar no papel aquilo que sinto por Ti, ou apenas conversar e ouvir-Te, mas parece que estou “seco”, frio, sem pensamentos ordenados que expressem o que vivo.

Tens-Me procurado na Eucaristia, Joaquim?

Oh, Senhor, não tanto como preciso, não tanto como devo, não tanto como Te amo!

E, no entanto, tens-me ali, a dois passos de tua casa, não é verdade?

Sim, Senhor, é verdade! Conta-se por segundos o tempo que posso demorar a chegar a Ti, na Eucaristia.

Lembras-te do esforço, dos perigos que tantos correm, nos lugares onde são perseguidos, para chegar até Mim na Eucaristia?

Mais uma vez é verdade, Senhor! E eu sem nada que temer, nem caminhos de risco para percorrer!

Meu filho, aqueles que amam precisam de se procurar, de se encontrar, de se entregar, para cada vez mais conhecerem e fortalecerem o amor que os une.
Eu, meu filho, amo-te incondicionalmente, mas tu, fraco como és humanamente, precisas de Me procurar, de Me encontrar, em todo o tempo e espaço, mas sobretudo na Eucaristia, para melhor Me conheceres, sentires, viveres e assim melhor Me amares, para com o meu amor melhor poderes amar os outros.

Baixo a minha cabeça, o meu olhar para Ti, Senhor, porque a minha preguiça me envergonha!
Hoje recomeço, porque em Ti, tudo é sempre novo!
Obrigado, Senhor!


Monte Real, 30 de Junho de 2017
Joaquim Mexia Alves
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