Quando ao fim de cerca de vinte e cinco anos de afastamento total da fé, senti dentro de mim necessidade de me reaproximar de Deus, da Igreja, foi particularmente difícil a minha compreensão, a minha aceitação da figura, ou melhor do “papel” de Maria na história da salvação, não na sua condição de Mãe de Jesus Cristo, mas de interventora e intercessora constante na vida dos crentes, na vida daqueles que procuram Jesus Cristo, na vida daqueles que Lhe são devotos.
As conversas que fui tendo com diversas pessoas, algumas delas com uma opinião muito negativa, outras sem opinião formada e outras ainda sem conhecimentos para um cabal esclarecimento, tornaram difícil essa minha desejada aproximação à nossa Mãe do Céu.
A acrescer a estas impressões, parecia-me também muitas vezes exagerada a “importância” dada a Maria, em “confronto” com a importância dada a Jesus Cristo, a Deus, por muitos daqueles que frequentavam a Igreja.
Mas eu lia a vida de Santos devotos de Maria e outros livros sobre a Mãe, e ficava triste comigo mesmo por não conseguir perceber, por não conseguir viver, sentir esse amor acrisolado que nesses livros via tão bem descrito.
Tive a consciência também, de que sendo a minha mãe de sangue uma pessoa de oração diária, de uma dedicação total e inteira à família, aos filhos, não deixava de ter inscrito na sua maneira de educar a dureza desses tempos passados, a exigência permanente de uma “perfeição” difícil, um afastamento emocional, sentimental, que eu apesar de tudo sabia ser muito mais exterior, do que interior, mas que não deixava de pesar na minha ideia do que era o amor materno.
Para que não haja dúvidas, tenho a certeza de que se hoje caminho com Cristo, para Cristo e em Cristo, foi porque a minha mãe mO transmitiu desde a mais tenra idade, sempre me deu testemunho dEle na sua vida e nunca deixou de rezar para que eu O reencontrasse. Amava profundamente a minha mãe, como sei que ela me amava, mas nunca tive com ela esses arroubos de amor materno/filial de que eu tanto me apercebia nos livros que lia.
Por tudo isto, Maria não entrava na minha vida, no meu caminho de conversão, de salvação, e no entanto eu sentia, eu sabia no meu íntimo que precisava dEla.
E rezava, e rezava, e pedia ao Seu Filho a graça de poder perceber, mais do que perceber, viver esse amor maternal que Ele mesmo nos tinha querido dar a conhecer e viver no momento da Sua entrega por nós.
Lentamente o Espírito Santo foi-me conduzindo nesse caminho de descoberta da Mãe, que disse sim, e que com o seu sim, aceitou o plano de Deus para os homens e assim nos trouxe Jesus Cristo que nos revelou que Deus é Pai, que Deus é amor, que a todos ama e a todos quer salvar.
E serviu-se primeiramente dos meus defeitos maiores, ou seja, do meu orgulho, da minha vaidade, da minha mania de superioridade, de julgar os outros, de me achar melhor do que eles.
Fez-me perceber que aquela Mulher simples, humilde, tinha sido escolhida para ser a Mãe do Salvador, precisamente por isso, por ser simples, humilde, abandonada nas mãos de Deus e que apesar da sua fragilidade não temia arrostar com os costumes de então, não tinha medo que os seus “pergaminhos”, os seus “parentes caíssem na lama”, não tinha medo de afirmar a sua fé, de aceitar a vontade de Deus por muito difícil que ela fosse, e orgulhosamente, com o orgulho humilde daqueles que são escolhidos por Deus, dissesse: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» Lc 1, 38
E “mostrou-me”, para que eu não tivesse dúvidas do que acima afirmo, que logo a seguir a ter conhecimento de que ia ser a Mãe de Deus, a sua primeira atitude é servir, é humildemente fazer os trabalhos domésticos que sua prima Isabel não podia fazer por causa da sua gravidez, da sua idade.
Sim, não se sentou numa “poltrona” e não chamou ninguém para a servir, para a “bajular”, não saiu para a rua a gritar a toda a gente que era a escolhida, que era a Mãe de Deus e que todos Lhe deviam “vassalagem”.
Não, não foi nada disso que Ela fez, mas sim: «Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia.» Lc 1,39
«Por aqueles dias», os dias em que tinha sabido que ia ser a Mãe de Deus, «dirigiu-se à pressa», sim à pressa porque a sua prima Isabel precisava dela para fazer os trabalhos de casa, os trabalhos mais simples, e por ali ficou a servir «cerca de três meses» Lc 1,56, regressando depois a casa, para continuar a sua vida simples e humilde, como se nada tivesse mudado na sua vida.
Porque quem faz a vontade de Deus, vive consciente de que é Ele que tudo faz com a nossa entrega, com o nosso empenho em servir-Lo, servindo os outros, e por isso nos retribui com a graça do amor e da paz.
E Maria servindo a Deus com o seu sim, estava a servir a humanidade precisada do Salvador.
(continua)
As conversas que fui tendo com diversas pessoas, algumas delas com uma opinião muito negativa, outras sem opinião formada e outras ainda sem conhecimentos para um cabal esclarecimento, tornaram difícil essa minha desejada aproximação à nossa Mãe do Céu.
A acrescer a estas impressões, parecia-me também muitas vezes exagerada a “importância” dada a Maria, em “confronto” com a importância dada a Jesus Cristo, a Deus, por muitos daqueles que frequentavam a Igreja.
Mas eu lia a vida de Santos devotos de Maria e outros livros sobre a Mãe, e ficava triste comigo mesmo por não conseguir perceber, por não conseguir viver, sentir esse amor acrisolado que nesses livros via tão bem descrito.
Tive a consciência também, de que sendo a minha mãe de sangue uma pessoa de oração diária, de uma dedicação total e inteira à família, aos filhos, não deixava de ter inscrito na sua maneira de educar a dureza desses tempos passados, a exigência permanente de uma “perfeição” difícil, um afastamento emocional, sentimental, que eu apesar de tudo sabia ser muito mais exterior, do que interior, mas que não deixava de pesar na minha ideia do que era o amor materno.
Para que não haja dúvidas, tenho a certeza de que se hoje caminho com Cristo, para Cristo e em Cristo, foi porque a minha mãe mO transmitiu desde a mais tenra idade, sempre me deu testemunho dEle na sua vida e nunca deixou de rezar para que eu O reencontrasse. Amava profundamente a minha mãe, como sei que ela me amava, mas nunca tive com ela esses arroubos de amor materno/filial de que eu tanto me apercebia nos livros que lia.
Por tudo isto, Maria não entrava na minha vida, no meu caminho de conversão, de salvação, e no entanto eu sentia, eu sabia no meu íntimo que precisava dEla.
E rezava, e rezava, e pedia ao Seu Filho a graça de poder perceber, mais do que perceber, viver esse amor maternal que Ele mesmo nos tinha querido dar a conhecer e viver no momento da Sua entrega por nós.
Lentamente o Espírito Santo foi-me conduzindo nesse caminho de descoberta da Mãe, que disse sim, e que com o seu sim, aceitou o plano de Deus para os homens e assim nos trouxe Jesus Cristo que nos revelou que Deus é Pai, que Deus é amor, que a todos ama e a todos quer salvar.
E serviu-se primeiramente dos meus defeitos maiores, ou seja, do meu orgulho, da minha vaidade, da minha mania de superioridade, de julgar os outros, de me achar melhor do que eles.
Fez-me perceber que aquela Mulher simples, humilde, tinha sido escolhida para ser a Mãe do Salvador, precisamente por isso, por ser simples, humilde, abandonada nas mãos de Deus e que apesar da sua fragilidade não temia arrostar com os costumes de então, não tinha medo que os seus “pergaminhos”, os seus “parentes caíssem na lama”, não tinha medo de afirmar a sua fé, de aceitar a vontade de Deus por muito difícil que ela fosse, e orgulhosamente, com o orgulho humilde daqueles que são escolhidos por Deus, dissesse: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» Lc 1, 38
E “mostrou-me”, para que eu não tivesse dúvidas do que acima afirmo, que logo a seguir a ter conhecimento de que ia ser a Mãe de Deus, a sua primeira atitude é servir, é humildemente fazer os trabalhos domésticos que sua prima Isabel não podia fazer por causa da sua gravidez, da sua idade.
Sim, não se sentou numa “poltrona” e não chamou ninguém para a servir, para a “bajular”, não saiu para a rua a gritar a toda a gente que era a escolhida, que era a Mãe de Deus e que todos Lhe deviam “vassalagem”.
Não, não foi nada disso que Ela fez, mas sim: «Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia.» Lc 1,39
«Por aqueles dias», os dias em que tinha sabido que ia ser a Mãe de Deus, «dirigiu-se à pressa», sim à pressa porque a sua prima Isabel precisava dela para fazer os trabalhos de casa, os trabalhos mais simples, e por ali ficou a servir «cerca de três meses» Lc 1,56, regressando depois a casa, para continuar a sua vida simples e humilde, como se nada tivesse mudado na sua vida.
Porque quem faz a vontade de Deus, vive consciente de que é Ele que tudo faz com a nossa entrega, com o nosso empenho em servir-Lo, servindo os outros, e por isso nos retribui com a graça do amor e da paz.
E Maria servindo a Deus com o seu sim, estava a servir a humanidade precisada do Salvador.
(continua)
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