quinta-feira, 24 de maio de 2018

DESABAFO ESCRITO

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Preparo-me para completar a reflexão que me pediram para fazer num dia que se aproxima.

E vem a indecisão! Não tanto a indecisão, mas mais a dúvida.

Será que é o que Deus quer? Ou será que é o que eu acho que é importante dizer?

Estou e estarei humildemente ao serviço de Deus para os outros, ou é o meu orgulho, a minha vaidade, a minha possível ânsia de protagonismo, que me levam a aceitar e fazer o que me pedem?

Porque é cada vez mais difícil, para mim, falar em Seu nome aos outros?

Será que é o inimigo que instila em mim estes pensamentos para me levar a desistir, ou será, que é o Espírito Santo a chamar-me a atenção para as minhas fraquezas mundanas?

Deus fala-nos também através dos outros e por isso quero acreditar que se me pediram esta reflexão, será por Sua vontade.

Abandono-me, entrego-me e peço-Lhe que, se em algum momento o meu eu for mais audível e visível do que a Sua vontade, então que me cale, que me tire a voz, mesmo que isso constitua para mim uma humilhação, porque nada quero fazer para os outros, que não seja Ele a fazer em mim.

“Mãe, ensina-me a ser nada para que Cristo seja tudo em mim.”


Marinha Grande, 24 de Maio de 2018
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 21 de maio de 2018

É O MEU BISPO!

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Fiquei a pensar no “meu” Bispo D. António Marto, e nesta relação de proximidade, mesmo de amizade, que a ele me liga.
Verdade seja dita, que é fácil gostar do D. António, porque ele é uma pessoa próxima, acolhedora, que parece distinguir cada um que dele se aproxima com o seu sorriso.
E não pude deixar de estabelecer comparação com o meu tempo de menino e moço, em que, falar com um bispo era coisa quase impensável, quanto mais dar-lhe um abraço que é como normalmente D. António me cumprimenta.
Com isto não quero dizer que os bispos de então não eram pessoas simpáticas e acolhedoras, mas sim que os tempos são outros e as maneiras de estar e ser, também.
E é engraçado sentir-me de algum modo orgulhoso por o “meu” Bispo ir ser criado Cardeal.
É como se eu fizesse parte também dessa honra, dessa dignidade, dessa missão.
E, no fundo, tenho que fazer parte, não só pela relação de proximidade, de amizade, que nos une, mas porque sinto vontade de rezar por ele ainda mais, para que cada vez mais o Espírito Santo o ilumine e o ajude, connosco, a construir a Igreja Católica.
Sinto-me um pouco criança, como aquelas crianças que quando o pai delas é elogiado, homenageado, distinguido, olham para as pessoas que as rodeiam com um olhar de: É o meu pai!!!
Assim, desculpem-me a “criancice”, mas deixem-me dizer-lhes: É o meu Bispo!!!!
Obrigado, Senhor, que fazes tudo muito bem feito! 
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Marinha Grande, 21 de Maio de 2018
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 10 de maio de 2018

A BELEZA DE DEUS

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A incúria do homem, a fraqueza do homem, a procura do homem dos bens materiais mais do que a procura da verdadeira felicidade, leva-o a cometer actos de destruição, não só dele próprio, mas também, e sobretudo, da obra criada por Deus para servir o próprio homem.

Mas a paciência de Deus para com o homem, sobretudo o amor eterno de Deus pelo homem, leva-O sempre a “correr” para o homem, esperando que o homem perceba a beleza de Deus, e regresse ao Seu amor.

Por isso Deus envia sinais, que só são visíveis ao homem que abre o seu coração à presença de Deus na sua vida.

Do inferno dantesco provocado pelas chamas ateadas pelo homem, da imagem de desolação que desanima e desespera, Deus faz nascer a beleza da Sua “cor”, do Seu amor, da Sua verdade: «Eu renovo todas as coisas.» Ap 21, 5


Marinha Grande, 10 de Maio de 2018
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 7 de maio de 2018

SALMO DE UM HOMEM CANSADO

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Estou cansado,
Senhor.

Não sei de quê,
mas estou cansado.

Não estou cansado de Ti,
que enches o meu viver,
não estou cansado do amor,
que faz de mim melhor,
não estou cansado dos outros,
que colocas à minha volta,
para me ajudar a ser,
não estou cansado da vida,
que me foi dada por Ti.

Talvez esteja cansado de mim,
de querer preferir a certeza,
da minha vontade própria,
à dúvida e incerteza,
de Te querer procurar melhor.

Talvez esteja cansado de mim,
dos pecados repetidos,
da fraqueza,
da falta de interioridade,
dos projectos de santidade,
afinal nunca vencidos.

Estou cansado,
Senhor,
por isso,
refugio-me no Teu amor,
deixo que me tomes pela mão,
me apertes no Teu coração,
me enchas o  meu viver,
e abandono-me,
assim,
simplesmente,
ao Teu amoroso querer.


Monte Real, 7 de Maio de 2018
Joaquim Mexia Alves
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quinta-feira, 3 de maio de 2018

DEUS PELA MANHÃ

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Acordo às seis da manhã, mais uma vez, e o meu pensamento vai directo para Deus.
Já estou habituado a este acordar a esta hora, sem nenhuma razão aparente, e como sempre, lembro-me de Samuel e digo baixinho, interiormente: «Fala, Senhor, que o teu servo escuta.»
Como sempre também, nada acontece, não ouço voz nenhuma, não recebo nenhuma mensagem, nem uma “luzinha” sequer!

Deixo-me ficar e lentamente começam a vir ao meu coração as “coisas” que tenho de fazer brevemente, “coisas” de Deus, claro, a que sou chamado por outros, (em Seu nome, quero acreditar), e que, em vez de com o tempo se tornarem mais fáceis, pelo contrário, cada vez mais sinto um peso de responsabilidade, de ignorância, de receio de não dizer o que Ele quer, mas, apenas e só, o que eu acho.

É também, nesses momentos, que me surgem de repente textos que mais tarde escrevo e partilho com os outros.

Fecho os olhos, tento dormir porque ainda é tão cedo, mas nada!
Nem um bocadinho de sono!

É então que começam a surgir no meu pensamento versículos da Bíblia, frases lidas aqui e acolá, pensamentos ouvidos ou já falados, e que vão construindo dentro de mim a estrutura daquilo que mais tarde hei-de dizer, falar, rezar.
A minha vontade é levantar-me e escrever tudo para não me esquecer, mas algo me diz que não me preocupe, que quando chegar a hora me hei-de lembrar daquilo que agora me vem ao coração.

E é aí que regressa o receio!
E se eu não me lembro?
E se eu deixo que o meu orgulho ou vaidade “apaguem” a voz d’Ele em mim, e apenas seja a minha voz a falar?
E porquê eu?
Mas alguém acredita num “tipo” como eu?

Invoco o Espírito Santo, “remédio” para os receios, as dúvidas, as incertezas.
Rezo as orações da manhã e assim já é “meio caminho andado”!
E sem me aperceber, adormeço novamente.

E agora, à medida que escrevo, vou-me apercebendo que este texto, escrevi-o hoje às seis da manhã no meu coração, no meu pensamento.
Se serve para alguma coisa não sei, pois deixo isso nas Suas mãos.
Eu apenas o plantei, a semente é d’Ele, a rega é d’Ele, o crescimento é com Ele, o fruto é d’Ele, sempre para os outros, e unicamente para Sua maior glória.

No fim, no meio de uma gratidão imensa e eterna ao meu Deus e Senhor, um só pensamento:
«Ele é que deve crescer, e eu diminuir.» Jo 3, 30


Marinha Grande, 3 de Maio de 2018
Joaquim Mexia Alves
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