terça-feira, 31 de janeiro de 2012

“O PREÇO A PAGAR”

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Há uns dias atrás indicaram-me um livro e insistiram que o devia comprar e ler.
Confesso que não era minha vontade, até porque tenho um pouco a mania de comprar livros, que por vezes acabo por não ler.

Mas acedi e comprei “O preço a pagar por me tornar cristão”, de Joseph Fadelle, editado por Paulinas Editora.

Enquanto esperava no carro que o meu filho mais novo acabasse as aulas, folheei o livro e dei comigo muito interessado em saber mais da história que o mesmo conta.

Assim que cheguei a casa não descansei enquanto não comecei a ler o livro, primeiro por curiosidade, depois empolgado, (é o termo), porque não conseguia deixar de querer levar aquela história toda até ao fim.
Não o li todo nessa noite, mas não passou o outro dia sem que o tivesse acabado de ler.

Em primeiro lugar fiquei com uma admiração profunda por aquele homem, que arrostando contra todos e contra tudo, decidiu dizer sim na sua vida e tornar-se cristão no meio mais hostil para tal decisão.
Não vou obviamente descrever a história contada, porque apagaria a surpresa, e sobretudo porque nunca conseguiria colocar nas palavras escritas por mim a descoberta daquela narrativa, a força daquela vontade, o destemor de um homem que “persegue” Cristo para O comungar, (leiam o livro e perceberão porquê), a perseverança que Deus dá aqueles que O procuram em «espírito e verdade».

Em segundo lugar percebi um pouco a dificuldade imensa porque passam os cristãos naquele ambiente e como por vezes até pode parecer que rejeitam os que os procuram, mas como tudo isso tem por detrás um enorme “preço” a pagar.

E depois …
Depois senti-me nada, senti-me pecador até ao mais profundo do meu ser!
Não pecador de pecados diários “normais” no nosso conceito de pecado, mas pecador verdadeiro, um pecador que não sabe aproveitar e fazer render os “talentos”, as facilidades que Deus permanentemente lhe dá.

Envergonhado, (e não é a primeira vez que me sinto envergonhado por testemunhos vindos daquela parte da terra), por ter tanto e dar tão pouco.

Num meio profundamente hostil, (tão hostil que o resultado para quem procede como o narrador, é a morte), aquele homem procura incessantemente Jesus Cristo, arrostando com todos os perigos, desistindo de uma vida confortável e estável, colocando de lado até o poder social, sem desistências, nem concessões a si próprio ou à sua própria família.

E eu vejo-me a encontrar desculpas para não participar da Eucaristia, (presença viva de Cristo), numa qualquer igreja a 100 metros de minha casa, ou até a alguns quilómetros, sem ter que me esconder de ninguém, nem de nada.
Dou por mim a pensar quantas vezes me reduzi ao silêncio quando diziam mal do meu Deus, da minha Igreja, para não dar nas vistas, ou por medo de alguma represália.
Quantas vezes deixei que fosse apenas o meu voto, (no segredo da urna), a combater fracamente as leis iníquas que o meu país vai aprovando contra Deus, contra a Igreja, contra a família.

Recordo os meus comodismos, os meus confortos, e que, por causa deles, tantas vezes fiquei calado não dando testemunho da fé que afirmo viver, não fosse por qualquer razão “cair em desgraça” aos olhos de outrem.

«Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.» Mc 10, 21

Este homem nem vendeu o que tinha! Desistiu do que tinha para seguir Jesus!
Mas eu não, eu dou apenas do que me sobra e mesmo assim dou muito menos do que poderia dar, com medo de que algo me falte.

Uns percorrem quilómetros, escondidos entre muros e árvores, para poderem chegar a uma celebração da Eucaristia.

Nós que temos estradas e bons caminhos, e podemos caminhar “às claras” pelas ruas, arranjamos razões para deixar de celebrar a Eucaristia.
Às vezes até escolhemos este ou aquele padre, porque celebra mais rápido, porque fala mais ao nosso gosto!
E protestamos porque o padre falou muito, porque os avisos são demorados, porque isto, porque aquilo … perdendo totalmente o encontro pessoal e comunitário com Cristo que se faz presente em cada Eucaristia.

A lista seria tão longa que fico por aqui.

Mas tenho que deixar vivas em mim as palavras de Jesus na “parábola dos talentos”:
«Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu ceifo onde não semeei e recolho onde não espalhei. Pois bem, devias ter levado o meu dinheiro aos banqueiros e, no meu regresso, teria levantado o meu dinheiro com juros. Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos. Porque ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. A esse servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.» Mt 25, 26-30

Leiam este livro e sintam-se incomodados como eu, nem que seja apenas por uns dias!

Pela graça de Deus alguma coisa há-de mudar em nós.

Glória ao Senhor, que tais filhos chama para d’Ele darem testemunho!



Marinha Grande, 30 de Janeiro de 2012
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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A MÃE

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Sim,
palavra tão pequena
e no entanto,
por ela tudo se realizou.

Cabeça baixa,
não de vergonha,
mas de humildade,
aquela que tudo aceitou,
disse sim,
fez-se mãe da humanidade.

E Ele nasceu,
viveu e cresceu,
e Ela,
mãe incomparável,
percebendo a cada momento
que o Filho não era só dela,
mas se tinha feito Carne,
para cada um,
para todos.

Ele dá-se aos outros,
nem A recebe,
quando O procura,
mas não há ciúme,
apenas e só oração,
como quem tudo guarda…
no coração.

Buscam-no,
para O matar,
com o beijo da perfídia,
como se fosse possível,
matar a própria vida.

Ela a tudo assiste,
quieta, calada
tranquila e em paz.
Não há sequer um queixume,
um ai,
um lamento,
por ver o Filho de Deus
sofrer um tal tormento.

Aos pés da Cruz,
levanta finalmente a cabeça,
para olhar para a humildade,
que ali se faz presença.

O seu coração,
abre-se num grito mudo,
já não por Aquele que morre,
mas por aqueles que nada tendo,
não querem perceber,
que naquela Cruz,
está o Todo,
está o Tudo.

Mãe de infinita graça,
Mãe da humildade serena,
Mãe de Cristo,
Mãe de todos,
Mãe de mim.

Que o Nome do teu Filho,
e o teu minha doce Mãe,
estejam na minha boca,
e no meu coração,
também,
quando chegar a hora,
de eu ir para o Pai,
oh Mãe!



Monte Real, 23 de Janeiro de 2012

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

MATERNIDADE DE SUBSTITUIÇÃO? BARRIGAS DE ALUGUER?

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Há coisas que eu realmente não consigo entender, por muito esforço que faça.

Maternidade de substituição? Barrigas de aluguer?

O que é que isto quer dizer?
Só a nomenclatura usada já devia “assustar” qualquer um!

O que é que nós andamos a fazer com a vida humana, quando já falamos em “substituição” e ”aluguer”?

Uma mãe que entregou o seu filho para a adopção pode até, talvez, ser “substituída” por outra que aceita aquela criança como sua filha, mas a maternidade nunca pode ser substituída, porque faz parte da mulher que vai ser mãe, pois só ela pode viver as alegrias e as dificuldades que uma maternidade comporta.

Assisti ao parto dos meus dois últimos filhos.
Já tentei descrever esses momentos e nunca consegui tocar ao menos ao de leve o que eles foram e representaram para mim.

É fácil perceber então como para uma mulher grávida é absolutamente única e indescritível a sua gravidez, a sua maternidade.
É, portanto, algo que não é substituível e que marca profundamente toda e qualquer mulher.

As histórias repetem-se ao longo da história da humanidade, sobre mães, sobre filhos que, (separados à nascença), não tendo “conhecido” os seus filhos, as suas mães, (aquelas que os transportaram no seu ventre), os/as procuram incessantemente, mesmo que tenham uma vida estável e boa socialmente.
É um apelo interior, íntimo, avassalador, que provoca essa procura, quer da parte das mães, quer da parte dos filhos.

Se tal lei for aprovada, quanto tempo temos de esperar para vermos as “mães de aluguer” a procurarem os seus filhos porque não os conseguem obviamente esquecer, ou dos filhos assim gerados, à procura das suas mães de maternidade.

E não é por não haver um qualquer pagamento pelo “aluguer” que o acto se torna mais ou menos digno ou formalmente aceite, porque a verdade é que há direitos humanos que são inalienáveis.

Para nós, cristãos, ainda se torna mais impossível a aceitação de tal legislação, por todas as razões que seria fastidioso explicar e são tão nitidamente compreensíveis.

Basta-nos esta passagem da Palavra de Deus:
«Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas?
Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria.» Is 49, 15
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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

«NÃO SÃO OS QUE TÊM SAÚDE QUE PRECISAM DE MÉDICO, MAS SIM OS ENFERMOS.»

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Evangelho segundo S. Marcos 2,13-17.

Naquele tempo, Jesus saiu de novo para a beira-mar. Toda a multidão ia ao seu encontro, e Ele ensinava-os.
Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me.» E, levantando-se, ele seguiu Jesus.
Depois, quando se encontrava à mesa em casa dele, muitos cobradores de impostos e pecadores também se puseram à mesma mesa com Jesus e os seus discípulos, pois eram muitos os que o seguiam.
Mas os doutores da Lei do partido dos fariseus, vendo-o comer com pecadores e cobradores de impostos, disseram aos discípulos: «Porque é que Ele come com cobradores de impostos e pecadores?»
Jesus ouviu isto e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»


Ao escutar este Evangelho na Missa de Sábado passado, detive-me na frase de Jesus:
«Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»

Fiquei a pensar no médico e na necessidade de a ele recorrer se nos encontramos doentes.

E daí reflecti também que o médico não trata só da doença, mas antes, e talvez prioritariamente, deve tratar da prevenção da doença.
Por isso mesmo, e porque com certeza ninguém quer estar doente, devemos recorrer ao médico, se por qualquer razão percebemos que podemos estar em perigo de contrair uma doença.

Por pequenos sinais, por ligeiros sintomas, percebemos muitas vezes que poderemos estar a ficar doentes e assim, aconselha o bom senso, que rapidamente consultemos um médico, para que possamos iniciar um tratamento que impeça a doença de progredir e até talvez, quem sabe, se não o fizermos, podermos chegar a uma situação de falta de saúde irreversível.
É pensamento mais ou menos aceite, que a doença é uma coisa latente em nós, ou seja, que de alguma forma os “provocadores” de doença estão em nós, e é apenas uma questão de se manifestarem ou não, (às vezes porque estamos mais débeis física ou mentalmente), e a doença acontecer, privando-nos da saúde que todos devemos e queremos ter.


Comparativamente, se há coisa que um cristão reconhece e aceita, é que o pecado o envolve, é que a tentação está sempre presente, e que, por isso mesmo, a queda no pecado é algo que devemos sempre encarar, sobretudo se estamos mais frágeis na fé, mais débeis espiritualmente.

Ora como esta é uma constante da nossa vida, devemos usar das mesmas precauções que usamos para nos defender da doença.

Com efeito, para protegermos a nossa saúde, somos capazes de nos esforçar dando grandes caminhadas, fazendo dietas saudáveis, recusando certas práticas que não são aconselháveis, desistindo até, por vezes, de certos “prazeres” que sabemos são momentâneos, e que acabam por nos conduzir a estados de má disposição e até falta de saúde.
Tomamos vacinas, fazemos exames, por vezes muito incómodos e desagradáveis, mas não deixamos de cuidar da nossa saúde, que amiúde até afirmamos ser o nosso maior bem!

Claro que para fazer tudo isso, despendemos muito do nosso tempo, das nossas posses financeiras, da nossa paciência, em filas de espera, em marcações a longo prazo, e vivemos também uma grande incerteza sobre se o que estamos a fazer é o melhor e, sobretudo, se vai dar resultado.

Voltemos então à comparação com a nossa vida espiritual, e podemos perceber que não dedicamos nem um décimo do nosso tempo e das nossas energias, a precavermo-nos das tentações, a proteger-nos do mal, enfim, a evitarmos a todo o custo cair no pecado.

E no entanto o nosso “médico das almas” está sempre disponível, e os “exames” e “tratamentos” que nos prescreve, são de imediato acesso e não têm nenhum custo financeiro.
Poderemos até dizer, e permitam-me a comparação mais uma vez, que são “genéricos”, no sentido de que servem a todos, e todos lhes têm acesso.
São realmente um “serviço de saúde espiritual mundial”, em que todos são efectiva e rigorosamente iguais na capacidade da sua “utilização”.

E todos os conhecemos, porque o “Médico” é sempre o mesmo e desde logo nos ensinou o que era preciso.

São os exames de consciência, com os respectivos resultados sempre alcançados na Confissão.
São os “comprimidos” da oração individual e colectiva.
São os “alimentos saudáveis”, que é sem dúvida a Comunhão, o alimento divino.
São as “caminhadas” na fé, que nos fortalecem perante os ataques dos desânimos, das provações, dos desesperos.
É a Palavra de Deus, que não tem nenhuma contra-indicação.
São os Sacramentos, “vacinas” poderosíssimas contra as tentações e o mal.
É, no fundo, a presença constante, viva, sensível de Jesus Cristo, o “médico das almas”, que não só está connosco, mas em nós, se assim o desejarmos e quisermos.

E, melhor ainda, porque se estamos precavidos, ou seja, se “usamos” estes “tratamentos” constantemente, no dia-a-dia, então estamos fortes e bem espiritualmente, e se estamos fortes e bem espiritualmente, em comunhão com Deus, as doenças do mundo que nos tocarem, deixam de ser sofrimento, para passarem a ser entrega de amor a Deus, por nós e pelos outros.

Como eu não posso saber se vou contrair alguma doença, vou tentando tudo fazer para que tal não aconteça, seguindo alguns conselhos médicos.

Mas como eu tenho a certeza que sou pecador, tenho também a certeza que vou cair na tentação, que me vou deixar tocar pelo pecado em algum momento da minha vida, por isso, tenho que tentar com todas as minhas forças, todos os dias e em todos os momentos, ouvir as “prescrições” do meu Senhor e seguir os “tratamentos que Ele mesmo sempre nos ensina.


Monte Real, 17 de Janeiro de 2012
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

COMO ORAR

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Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para satisfazer os vossos prazeres. Tg 4, 3

Ensina-nos São Tiago na sua Carta que não recebemos o que pedimos em oração, porque não sabemos pedir, ou seja, porque pedimos aquilo que julgamos ser bom para nós e não aquilo que Deus quer e é bom para nós.
Também, porque a maior parte das vezes o que pedimos é para satisfazer os nossos desejos, os nossos caprichos.

Somos, ainda, muitas vezes egoístas a pedir, quer dizer, centramo-nos no “eu”, em vez de nos centrarmos no “nós”.
Se eu peço alguma coisa que julgo ser boa para mim, porque não a peço para todos os outros também?
Não há uma diferença grande entre, por exemplo, pedir saúde para mim ou para os meus que estão doentes, e pedir saúde para todos os doentes?

E quem sabe melhor, o que é melhor para mim? Eu ou Deus?

Na sua Palavra o Senhor ensina-nos de muitas formas a rezar, a pedir, por isso basta fazermos, basta rezarmos, como a sua Palavras nos ensina.


Encontrando-se Jesus numa das cidades, apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, caiu com a face por terra e dirigiu-lhe esta súplica: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me.» Jesus estendeu a mão e tocou-lhe, dizendo: «Quero, fica purificado.» E imediatamente a lepra o deixou. Ordenou-lhe, então, que a ninguém o dissesse; no entanto, acrescentou: «Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés ordenou, para lhe servir de prova.»
A sua fama espalhava-se cada vez mais, juntando-se grandes multidões para o ouvirem e para que os curasse dos seus males. Mas Ele retirava-se para lugares solitários e aí se entregava à oração. Lc 5, 12-16

Reparemos na oração deste «homem coberto de lepra».

«Senhor, se quiseres, podes purificar-me.»

Em primeiro lugar o homem reconhece Jesus Cristo como Senhor,* reconhece-O como Aquele que está acima dele, de todos e de todas as coisas, e com esse título exprime-Lhe respeito e confiança.

Em segundo lugar, e antes de mais qualquer coisa, coloca-se submisso perante a vontade do seu Senhor: «se quiseres».

Neste «se quiseres» podemos também perceber para nós uma entrega decidida daquele que ora, à certeza de que aquilo que Deus quer é sem dúvida o mais certo, o melhor para a nossa vida, e que, portanto, seja qual for a resposta de Deus à minha oração, ela é com certeza a melhor resposta para a minha vida.
Como tal, devo dar graças por tudo quanto me for concedido, mesmo que, aparentemente aos meus olhos, nada me tenha sido concedido.

Jesus, na sua oração no Monte das Oliveiras, utiliza a mesma expressão, (Lc 22, 42), «se quiseres», e afirma mesmo, «contudo, não se faça a minha vontade mas a tua».

Em terceiro lugar o homem acredita, o homem testemunha a sua fé: «podes purificar-me»

Não há uma hesitação, não há uma dúvida, não há um “prazo” para que a graça seja concedida, há tão só um forte e decidido: «podes»
E neste «podes» podemos dizer que está tudo dito, pois ao reconhecermos que o Senhor pode, temos de reconhecer também que se a graça que pedimos não é concedida, é porque não serve à nossa vida.

Depois, curiosamente, o homem não refere o pedido específico daquilo que pretende, mas apenas diz: «purificar-me»

O Senhor sabe o que ele precisa, e ele acredita nisso mesmo, pelo que este «purificar-me» pode ir desde a cura da lepra, até àquilo que é mais importante ainda, e que é a purificação da sua vida de todo o pecado, de todo o mal.

Sabendo que naquele tempo a lepra era considerada um “castigo” de Deus, uma impureza, e por isso aqueles que a carregavam eram impuros, então este «purificar-me» significa também que, afastado o pecado, afastado o mal da sua vida, também a doença seria afastada.

Já na cura do paralítico, (Lc 5, 17-26), o Senhor perante aquele homem, e «vendo a fé daqueles homens» perdoa-lhe em primeiro lugar os pecados, para depois, como sinal aos incrédulos, o curar também da paralisia.

Não devemos então nós, nas nossas orações, fazer pedidos específicos a Deus?
Claro que sim, que os podemos e devemos fazer, mas sempre na ilimitada confiança de que Ele sabe muito melhor o que nós precisamos, e assim sendo, nos concederá só e apenas o que for bom para nós.

E se acreditamos que Ele «pode», «se quiser», não podemos deixar de acreditar que, pela nossa oração, Ele nos concederá o que precisamos, mesmo que não seja o que pretendemos, mesmo que não percebamos, naquele momento, a graça que nos concedeu.

E assim, em tudo e sempre, devemos dar graças.

«sem cessar, dai graças por tudo a Deus Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.» Ef 5, 20

«Em tudo dai graças. Esta é, de facto, a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo.» 1 Ts 5, 18


Monte Real, 10 de Janeiro de 2012


Nota:

* Do Catecismo da Igreja Católica:

446. Na tradução grega dos Livros do Antigo Testamento, o nome inefável sob o qual Deus Se revelou a Moisés, YHWH, é traduzido por «Kyrios» («Senhor»). Senhor torna-se, desde então, o nome mais habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel. É neste sentido forte que o Novo Testamento utiliza o título de «Senhor», tanto para o Pai como também – e aí é que está a novidade – para Jesus, assim reconhecido como sendo Ele próprio Deus.

455. O nome de Senhor significa a soberania divina. Confessar ou invocar Jesus como Senhor é crer na sua divindade. «Ninguém pode dizer "Jesus é Senhor", a não ser pela acção do Espírito Santo» (1 Co 12, 3).
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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

ONDE MORAS TU, SENHOR?


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Porque vem a propósito do Evangelho de hoje, coloco aqui o ensinamento da manhã, (como chamamos no Renovamento Carismático Católico), proferido por mim há uma dezena de anos, num Encontro do RCC, realizado em Monte Real, que tinha como tema: “Onde moras Tu, Senhor?”

Para ouvir melhor, será necessário clicar no link da música de fundo e parar a mesma .
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