quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

CINZAS

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Olho-me através do meu pecado e não gosto do que vejo.

Queria ver Cristo em mim, mas apenas O vejo ao fundo, por detrás de tanta coisa errada que faço, por detrás de tanto pecado que cometo.
E Ele quer tanto estar na frente de tudo isso na minha vida!

Sou eu que O não deixo estar à frente na minha vida, porque muitas vezes não O ouço, não deixo que Ele me toque com o Seu amor e perdão.

Mas Ele sorri-me, sempre com aquele olhar de misericórdia, (o mesmo que tocou Pedro e o fez chorar), sempre de braços abertos, suplicando-me para O chamar, para Lhe abrir a porta, para Ele poder entrar.

Sabes, diz-me Ele a sorrir: «Eu renovo todas as coisas.» Ap 21, 5

De mansinho abro-Lhe a porta e, mais de mansinho ainda, Ele entra, toma-me pela mão, senta-se comigo, e com o Seu olhar mais terno, diz-me: «Eu vim para que tenhas vida e a tenhas em abundância.» Jo 10, 10

Deixo que Ele me conduza, me mostre tudo que precisa ser mudado, (e é tanto, meu Deus!), me ensine o arrependimento, o compromisso de não voltar a pecar, e depois digo-Lhe baixinho: Mas, Senhor, sabes como sou fraco!

Mais uma vez me sinto inundado pelo Seu amor e ouço a Sua voz: Eu sei, meu filho, mas o meu amor é infinitamente maior que o teu pecado e o meu perdão incomparavelmente maior que os grãos de areia de uma praia!

Liberto do peso da culpa, sinto as cinzas na minha fronte.

Baixo a cabeça e humildemente digo: Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim pecador!


Marinha Grande, 14 de Fevereiro de 2018
Joaquim Mexia Alves 
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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

O SILÊNCIO

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Cala a tua voz,
acalma o teu coração,
sossega o teu pensamento,
vive o momento de encanto.

Às coisas do mundo diz não,
deixa-te ouvir a voz do vento,
porque no silêncio que fazes,
fala-te o Espírito Santo.

Não percas esse momento,
deixa-te ficar em silêncio,
porque Deus quer-te falar,
de como te tem amor,
amor para além do tempo,
amor que é sempre amar,
num abraço abrasador,
que te transforma por dentro.

Escuta,
não tenhas medo,
de ficares assim calado,
escuta o que Ele te diz em segredo,
e depois de bem O ouvires,
depois de tão bem O sentires,
entrega-te,
abandonado,
sabendo que Ele está contigo,
em cada sopro que respires,
assim,
mesmo a teu lado,
envolvendo-te no Seu amor,
e responde-Lhe simplesmente,
num murmúrio sussurrado:
Amo-Te para sempre, Senhor!



Monte Real, 6 de Fevereiro de 2018
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

O BAPTISMO DE JESUS

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Tinha Jesus Cristo “necessidade” de ser baptizado?
Claro que não!

Mas Jesus quis fazer-se em tudo igual a nós, pecadores, embora n’Ele não houvesse pecado.
Quis assim mostrar-nos que a “porta” de entrada para os filhos de Deus, se dá pelo Baptismo e que, pelo Baptismo, nos tornamos filhos de Deus, templos do Espírito Santo.
No Baptismo de Jesus, revela-se a Santíssima Trindade, no Filho que se baptiza, no Pai que dá a voz e no Espírito Santo que se derrama.
Podemos dizer que deixando-se baptizar, Jesus Cristo, “sacramentaliza” o Baptismo, prenunciando já aquilo que vai dizer aos seus Apóstolos após a Sua Ressurreição.

«Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» Mt 28, 18-20

E também nos quis mostrar a humildade como virtude de comunhão com Deus, porque sendo Ele verdadeiro Homem, mas também verdadeiro Deus, não tinha “necessidade” de se deixar baptizar, e ainda por cima por um homem.
Mais ainda, fê-lo publicamente, à frente de todos, porque o Baptismo embora sacramento “individual” para cada um dos que se baptiza, é sempre, ou assim deve ser, sacramento comunitário, sacramento da família de Deus, reunida em Igreja.

Por vezes nós queremos ou gostávamos, que os batizados dos nossos filhos e netos fossem assim uma festa para a nossa família, como se se tratasse de algo pessoal, que só à nossa família diz respeito.
E realmente diz respeito à nossa família, mas é à nossa família de Deus, que se faz presente na comunidade reunida em nome de Jesus Cristo, cuja porção mais próxima é a nossa comunidade paroquial.
Por isso as paróquias escolhem dias para os baptismos ao longo do ano, e os mesmos são celebrados nas Missas Dominicais ou na Vigília Pascal, para que a comunidade esteja reunida e celebre a festa do “novo” nascimento, daquele que tendo nascido para a vida, nasce então pelo Batismo para Deus.

«Em resposta, Jesus declarou-lhe: «Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer do Alto não pode ver o Reino de Deus.»
Perguntou-lhe Nicodemos: «Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura poderá entrar no ventre de sua mãe outra vez, e nascer?»
Jesus respondeu-lhe: «Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.» Jo 3, 3-5


Marinha Grande, 16 de Janeiro de 2018
Joaquim Mexia Alves
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Nota: Texto publicado no "Grãos de Areia", Boletim Paroquial da Marinha Grande.
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