quinta-feira, 27 de julho de 2023

JMJ

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Ei-los que chegam
jovens ainda
vestidos de esperança
caminhando por seu pé
vivendo na confiança
que anima a sua fé.

Vêm de longe
de outras terras
de outros costumes
cansados de guerras
de dúvidas e incertezas
que querem deixar para trás
trazendo no coração
um imenso desejo de paz.

Vêm à procura
do Deus que se fez Homem
encontrá-lo nas suas vidas
abandonar a secura
de oportunidades perdidas.

Ei-los que chegam
ansiosos pela luz
que lhes ilumine o caminho
que mesmo passando na cruz
os leve ao encontro do amor
ao encontro de Jesus.




Marinha Grande, 27 de Julho de 2023
Joaquim Mexia Alves


Nota: A fotografia é da Daniela Sousa, uma querida amiga e excelente fotógrafa da Marinha Grande.

A igreja é a da Marinha Grande, hoje na Missa da recepção aos muitos jovens que irão ficar connosco até rumarem a Lisboa na próxima semana. 

terça-feira, 25 de julho de 2023

O QUE É MORRER?

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O que é morrer, Senhor, quando penso em Ti, ou melhor, quando anseio por Ti na minha vida?

Sim, Senhor, o que é morrer, senão viver uma vida muito mais para além do que a vida que morreu.

Abriste no tempo uma estrada, Senhor, quando ressuscitaste dos mortos e nos mostraste a vida eterna que Tu és e que queres que todos sejamos Contigo.

E já nada, nem ninguém pode fechar essa estrada que abriste em Ti, para cada um de nós.

Então, Senhor, e mais uma vez, o que é a morte?

Um momento de vida em que a vida se torna vida para sempre.

Porque é então que a Tua vida em nós se torna no tudo e no todo da vida que em nós criaste e que só se completa totalmente quando é vida em Ti para sempre.

Então, Senhor, permite que pergunte mais uma vez o que é a morte?

É uma exaltação, um grito da alma que anseia por Ti, mais ainda, um desejo incomensurável de vida que se torna para sempre vida em Ti.

Ah, Senhor, não tenho medo da morte!

Tenho medo de não viver a vida sempre em Ti, por Ti e para Ti, porque sou fraco e pecador.

Ah, Senhor, mas nem das fraquezas da minha vida afinal tenho medo, porque sei, porque acredito, que o Teu amor é sempre maior que o meu pecado e, por isso, me abraças e dizes sempre ao meu coração: Não tenhas medo!

Obrigado, Senhor, não tenho medo porque já sei o que é a morte.

A morte é afinal vida, vida que em Ti vivida, levada pelo Espírito Santo, me aconchega nos braços do Pai para assim ser eternamente.




Marinha Grande, 25 de Julho de 2023
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 18 de julho de 2023

SANTOS

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Ainda vemos muitas vezes a santidade como algo de extraordinário, algo de inalcançável para o comum mortal, algo que vai muito para além do nosso dia a dia.

Prestamos muita atenção às coisas extraordinárias feitas pelos santos sem percebermos que, muitas vezes no seu dia a dia, a sua vida era tentar viver sempre segundo a vontade Deus que eles tentavam escutar sempre nos seus corações, nas suas consciências.

E afinal a santidade ou ser santo não é fazer coisas extraordinárias, (embora nos tempos em que vivemos seguir Cristo já é extraordinário), mas sim viver segundo a vontade de Deus, deixando-se guiar pelo Espírito Santo, tentando acolher os outros como Cristo, querendo amar como o Pai nos ama.

A verdade, (falo por mim), é que também escutamos nos nossos corações, nas nossas consciências, o Espírito Santo que nos quer conduzir segundo a vontade de Deus, mas nós, com as nossas “sabedorias”, as nossas certezas, as nossas ideias, os nossos planos, e também os nossos medos e vergonhas humanas, acabamos por fazer o que queremos e não o que Deus quer para nós.

Mas a verdade, acredito eu, é que cada um de nós tem a santidade inscrita no seu ser e, por isso mesmo, a “única” atitude a tomar é abraçar essa santidade em nós, fazendo a vontade de Deus em cada momento de família, de trabalho, de lazer, de alegria, de tristeza, de saúde, de doença, de boa disposição, de má disposição, enfim em tudo e sempre no dia a dia de cada um.

E os santos fizeram sempre a vontade de Deus em tudo no seu dia a dia?

Não, claro que não, porque eram pecadores como nós, mas sempre recomeçavam caminho, nunca desistiam, porque viam sempre os braços do Pai abertos para eles, quando regressavam a casa.

Por isso o Céu está cheio de santos e são precisamente esses santos “anónimos” que devemos almejar, que devemos querer, que devemos acreditar poder ser.

Ser “Santo de altar” não é mais nem menos do que ser santo como todos os outros que comungam da visão eterna de Deus.

Ser “Santo de altar” não devia ser para nos admirarmos com o extraordinário, mas sim com a atitude da vida diária desses Santos em todos momentos e, reflectindo nas semelhanças com os momentos das nossas vidas, querer imitá-los na sua entrega, no seu amor, na sua resistência a fazer a sua vontade, antes da vontade de Deus.

Afinal ser santo é fácil!

Basta querer deixar-se guiar pelo Espírito Santo e, quando a nossa vontade “falar” mais alto do que Ele, resistir à nossa vontade, fazendo a vontade de Deus.

É também saber e acreditar no mais íntimo de nós próprios que Deus nos criou santos, porque nos ama com amor eterno e, por isso mesmo, quando erramos o caminho, Ele está sempre de braços abertos à nossa espera para retomar o caminho connosco.

Ah, e ser santo não é desistirmos de nós próprios, mas sim sermos nós próprios, tal como Deus nos criou no Seu infinito amor.



Marinha Grande, 18 de Julho de 2023
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 14 de julho de 2023

ENTREGARMO-NOS À VONTADE DE DEUS

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Entregarmo-nos à vontade de Deus é confiar no amor, é viver na esperança de que n’Ele tudo é vida, mesmo na morte que por Ele foi vencida.

Entregarmo-nos à vontade de Deus é ser um pouco santo, porque é vencermo-nos a nós próprios, para sermos verdadeiramente à «Sua imagem e semelhança».

Entregarmo-nos à vontade de Deus é sermos mais para os outros do que para nós próprios, é sermos caridade como testemunhos Seus.

Entregarmo-nos à vontade Deus é dizermos ao mundo em que vivemos que o preservamos porque obra de Deus, mas que obedecemos a Deus e não ao mundo, porque só Deus ama sem limites.

Entregarmo-nos à vontade Deus é deixarmo-nos conduzir pelo Espírito Santo e, em oração, dizer em cada momento, estou aqui, Senhor, serve-Te de mim.

Entregarmo-nos à vontade Deus é espantarmo-nos todos os dias com a beleza da Sua criação, descobrir em cada flor a alegria da cor, ver em cada animal a multiplicidade da vida.

Entregarmo-nos à vontade Deus é admirar-nos com a grandeza de Deus em cada cume de montanha, na imensidade do mar, no ribombar do trovão, na força do vento impetuoso, na força do rio caudaloso, que nos inunda o coração.

Entregarmo-nos à vontade Deus é ser o mais pequenino de entre os pequeninos, é ser criança ao colo, é ser aprendiz do amor, é ser testemunha de bondade, é ser abraço acolhedor.

Entregarmo-nos à vontade Deus é sorrir sem medida, abraçar com força desmedida, cantar em cada dia de Deus a Sua alegria.

Entregarmo-nos à vontade Deus é sermos nada sendo tudo, porque no nada que somos, Deus se faz tudo para todos.






Marinha Grande, 14 de Julho de 2023
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 13 de julho de 2023

CANSAÇO!

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Abate-se em mim um cansaço inexplicável.

Esta doença, sem cara, meio benigna ou meio maligna, afinal, (ou como se queira ver o copo meio cheio ou meio vazio), provoca esta situação sem nenhum sentido.

A gente não percebe sequer porque está cansado, mas a verdade é que os braços, as pernas, todo o corpo, parecem pesar toneladas, o esforço para se mover leva quase à exaustão e nós sem percebermos porquê.

E depois penso naqueles que têm outras doenças cheias de dores, que têm às vezes até o “horizonte” marcado, e apenas posso dar graças a Deus por “apenas” ter esta “coisa”, que não se vê, mas se sente.

Assim aproveito o momento menos bom e dou graças a Deus por estar comigo em cada momento.

Aproveito, e atrevo-me até a rezar como Jesus:
«Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. No entanto, não seja como Eu quero, mas como Tu queres.» Mt 26, 39

Mas depois penso na pobreza da minha minúscula doença perante a grandeza da entrega da vida de Jesus Cristo, meu Senhor e meu Deus, e apenas posso pedir perdão pela comparação que ousei fazer.

Mas novamente aproveito o momento e digo com aquela que quero que seja a minha mais sincera humildade:
Aceita, Pai, por Jesus Cristo, guiado pelo Espírito Santo, este pouco da minha vida que Te quero oferecer por todos os que sofrem, sobretudo aqueles que não abrem os seus corações a Ti e assim não podem receber de ti o amor que faz o «Teu jugo suave e o Teu fardo leve». Mt 11, 30

E então ganho asas, levanto-me, abro os braços, dou graças e clamo bem alto:
Obrigado, meu Deus, porque Te fazes presente na minha vida!!!





Marinha Grande, 13 de Julho de 2023
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 7 de julho de 2023

O PÃO DE CADA DIA

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Às vezes apetece-me sentar no banco da vida e desistir de me incomodar com certas coisas que me vão acontecendo, ou melhor, que deviam acontecer e não acontecem.

Seria tão mais fácil deixar andar sem nada resolver e deixar que o tempo resolvesse aquilo que eu não consigo ou que aqueles amigos a quem peço ajuda também não resolvem.

E depois tento sempre dissociar a amizade que lhes tenho e, acredito, eles me têm a mim, de todos os assuntos por resolver.

Sinto-me até às vezes culpado por os incomodar com as minhas coisas, mas a verdade é que eu estou sempre disponível para ajudar, quando para tal sou solicitado.

Ah, mas eu prezo muito mais a amizade do que os assuntos por resolver, porque esses, mais tarde ou mais cedo resolvem-se ou não, mas a amizade é coisa diária, é fruto do coração, é vida permanente que não se apaga, nem deixa extinguir.

E assim vou sublimando em mim a irritação muito humana, para deixar que o amor, (muito mais humano porque impregnado do divino), tome conta de mim e me vá fazendo rezar pelos meus amigos todos, para que encontrem, no mínimo, o mesmo amor de Deus que eu encontrei.

E resulta! Oh se resulta!

Parece então que O ouço dizer-me ao ouvido ou será ao coração:
Mas Eu alguma vez te faltei? Não sabes que te amo com amor eterno? A Mim nunca precisas de perguntar três vezes se Eu te amo, porque a resposta está sempre bem dentro de ti, na certeza que tens do Meu amor.

Levanto-me então do tal banco da vida, (quase como um banco de cobrador de impostos), deixo os assuntos nas mãos d’Ele, e sigo-O cheio de confiança, revestido de esperança, todo envolto em amor.

E Ele toma-me pela mão, diz-me que já se faz tarde, já anoitece, e então eu peço-Lhe humildemente que fique connosco, que fique comigo, e que eu sempre O reconheça ao “partir do pão” de cada dia.





Monte Real, 7 de Julho de 2023
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 5 de julho de 2023

SOU TEU!

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Ver-Te na brilhante luz do Sol,
na suavidade do luar,
no vento que tudo move,
na montanha que se eleva,
na imensidão do mar,
na onda que não acaba,
nos infinitos grãos de areia da praia,
na beleza de uma flor,
num beijo,
num abraço,
num terno encontro de amor.

Ver-Te no respirar,
no coração a bater,
no sangue sempre a fluir,
no coração,
na mente,
num suspiro de viver,
num desejo de partir,
sabendo um dia chegar,
vendo-Te sem nunca Te ver.

Voar por cima das nuvens,
correr sem nunca parar,
procurar-Te em cada momento,
deixar-me levar pelo Teu Vento,
que me faz acreditar,
que sempre que me entregar,
sempre Te hei-de encontrar.

Ou então,
quedar-me quieto em silêncio,
fechar os olhos,
sonhar,
sentir o coração,
cheio de amor,
a pulsar,
abrir os braços em cruz
e exclamar:
Sou Teu,
aqui me tens,
meu Senhor,
doce Jesus!




Monte Real, 5 de Julho de 2023
Joaquim Mexia Alves