sábado, 26 de novembro de 2016

O ADVENTO 2016

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O Advento é assim como que uma gravidez da humanidade!

Uma gravidez provoca sempre na mulher mudanças, não só físicas, mas também de pensamentos, de comportamento, de sensibilidade, de entrega, enfim, toca todo o ser da mulher grávida.
Mas também toca o homem na devida proporção, ou seja, na sua disponibilidade, na sua entrega, na sua maneira de proceder, e por isso, também, em todo o seu ser.
A gravidez numa família provoca sempre um reflectir, um repensar, um reagir, um encontrar caminho, um preparar e acautelar o futuro, uma correcção de vícios e defeitos, no fundo, uma mudança, por vezes radical, ao encontro de algo melhor, algo que traz amor, paz e felicidade.
E, claro, a gravidez é sempre um tempo de espera de algo que, sabemo-lo intimamente, vai mudar as nossas vidas, vai preencher as nossas vidas, vai completar as nossas vidas, vai trazer mais amor e felicidade às nossas vidas.

Por isso a primeira frase: O Advento é assim como que uma gravidez da humanidade!

Já sabemos que Ele vem, mesmo já estando no meio de nós.
Estamos assim, “grávidos” de esperança!
Se estamos “grávidos” de esperança, temos que proceder como “grávidos”, e este é o tempo para isso mesmo.
«Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor e endireitai as suas veredas.» Lc 3, 4

É então o tempo de reflectir, de repensar, de reagir, de reencontrar caminho, para preparamos e acautelarmos o dia-a-dia do nosso futuro, no nosso encontro pessoal, diário, em cada momento, com Jesus Cristo, Nosso Senhor, que vem/veio ao mundo para nossa salvação.
Preparemos o caminho, “endireitando” os nossos erros, os nossos vícios, os nossos defeitos, e arrependidos, abeiremo-nos da Confissão, para encontrarmos o perdão e a reconciliação, e assim preparamos o coração para o recebermos, como um presépio de amor.
Só assim esta “gravidez de esperança” chegará a bom termo, e só assim ouviremos naquela Santa Noite os anjos a cantarem - «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade» - e correremos pressurosos, misturados com os pastores, misturados com todos e cada um, numa grande família, (a família de Deus), ao encontro do Salvador que nos foi dado, pelo amor do Pai, no Espírito Santo!

Um Santo Advento para todos, na certeza de que esta “gravidez de esperança” acontece sempre que levantamos o nosso coração para Deus.


Marinha Grande, 15 de Novembro de 2016
Joaquim Mexia Alves

Texto publicado no Boletim da Paróquia da Marinha Grande - "Grãos de Areia"
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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

RENDO-ME, SENHOR!

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Rendo-me, Senhor! Rendo-me!

Dentro de mim lutam as minhas vontades, as minhas certezas, os meus orgulhos, as minhas vaidades, e eu vejo-me a lutar contra elas!

Tenho que vencer, Senhor, ajuda-me, porque me quero render incondicionalmente a Ti!

Quero vencer, Senhor, não pela vitória, mas para me fundir em Ti, ou melhor, para que “já não seja eu a viver, mas Tu a viver em mim”!

É uma força, uma vontade, um poder muito maior do que eu que assim me faz lutar! És Tu, Senhor!

Não quero saber das lágrimas que afloram aos meus olhos, (são lágrimas de alegria por Te ter, de tristeza por Te ofender), não quero saber da voz que me diz que eu não sou digno, que eu não sou nada, que Tu estás longe de mim!

Não, Senhor, porque Te sinto aqui, junto de mim, com esse imenso sorriso de amor, essa imensa paz com que me envolves, com a alegria do pastor que coloca aos seus ombros a ovelha perdida.

Ah, Senhor, rendo-me! Rendo-me!

Eu sei que ainda há em mim muita coisa para atirar fora, muita coisa para mudar, para converter, para purificar, para libertar, mas que interessa isso se a minha vontade é render-me, incondicionalmente, a Ti, Senhor!

Salta-me o coração do peito, sinto-Te aqui, neste momento em que escrevo, e já não sou que escrevo, és Tu que escreves em mim.

Oh, Senhor, obrigado! Precisava tanto, tanto deste momento!

Acalma-se-me o coração, secam-se-me as lágrimas, uma paz imensa invade-me, olho-Te nos olhos e digo-Te: Rendo-me, Senhor! Rendo-me!


Monte Real, 11 de Novembro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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terça-feira, 1 de novembro de 2016

“DAR-SE”!

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Ao pensar neste tempo de verbo, ou melhor, nesta atitude que representa um despojamento de si próprio, e que é “dar-se”, “entregar-se”, “colocar os outros à frente”, um nome muito óbvio me vem de imediato ao coração e à mente: Trinda!

Para a família o nome é totalmente conhecido, mesmo pelos mais novos de todos, é conhecido de amigos, de colegas de trabalho e de muita gente anónima, cuja vida um dia passou e ainda passa pela vida da Trinda.
Para os que não sabem, a Trinda é a Maria da Trindade, (que nome tão bem posto), quarta filha de um casal, que quis Deus fossem também meus pais, e pais de mais oito.

Sempre, desde muito novo me habituei a ver a Trinda a trabalhar em tudo quanto fosse festa de família, (desde os Natais até aos casamentos), dando tudo até ao limite das suas forças.
Mas a Trinda não se esgota nas festas, a Trinda leva o “dar-se” a uma atitude permanente, no dia-a-dia, no hora-a-hora, em qualquer momento.
A Trinda pensa sempre primeiro nos outros e depois nela própria!

Que o diga não só a família, mas também os amigos, os colegas de trabalho, e todos e qualquer um que passe pela sua vida e necessite de qualquer coisa.
E mesmo que não necessite, a Trinda, há-de arranjar maneira de “dar-se” de algum modo!

E depois de tudo fazer, depois de “dar-se” inteiramente, olha-nos com aqueles seus olhos e diz-nos com toda a veemência: Obrigado, obrigado por terem vindo, obrigado por isto, por aquilo, por aqueloutro!!!!

A Trinda olha-nos e sente-nos, a nós seus irmãos, todos já para cima dos 67 anos, (exacto, eu sou o mais novo), com aquele sentimento de mãe protectora que não quer que nada falte aos seus, e diz-nos sempre “autoritariamente disponível”: O menino, (que bem que sabe este "menino"!), já sabe, se precisar de alguma coisa telefone que eu venho logo!

A Trinda nunca se despede, seja ao vivo, seja pelo telefone, com um simples adeus!
Eu acho que ela nunca se quer despedir e por isso fica eterna e ternamente, a dizer: Beijinhos, beijinhos, beijinhos….

Nós seus irmãos, as nossas mulheres, (suas cunhadas), bem como os nossos filhos e filhas, nunca temos um marido sozinho ou uma mulher sozinha, uma só mãe ou um só pai, a tomar conta de nós nas nossas doenças ou vicissitudes, porque a Trinda está sempre presente.
A Trinda chega para saber como está tudo a correr, e depois vai ficando, vai organizando, vai fazendo os outros descansar, enquanto ela “se vai dando”, inteiramente.
E se assim é com a família, também é com toda a gente que ela conhece e que a conhecem.

A Trinda é a minha querida irmã, (as outras duas já estão com Deus), e a Trinda não existe verdadeiramente!

Acredito que Deus Nosso Senhor lhe deu esta forma humana, lhe deu esta face humana, lhe deu este corpo humano, mas colocou nela um coração de anjo, um anjo da guarda que se vê, que se toca e que tem ombros e mãos, para neles podermos descansar e percebermos verdadeiramente o que Jesus Cristo quis dizer com: «amai-vos uns aos outros como Eu vos amei!»

E a Trinda faz anos hoje!
Oitenta e um, para ser preciso!
Mas ninguém lhos adivinha, porque não mudou de modo nenhum o seu modo de viver, não esmoreceu em nada o seu “dar-se”!

Por isso, Senhor, a Ti  elevo a minha prece mais sentida, a minha oração mais viva, para Te dizer e pedir:
Obrigado, Senhor, pela Trinda, o anjo que deste à nossa família!
Obrigado, Senhor, porque pela Trinda nos quiseste ensinar o “dar-se”!
Agora, Senhor, protege-a, guarda-a e envolve-a nos Teus braços, de tal modo que ela possa sentir no seu dia-a-dia o Amor verdadeiro, que é o Teu, e que vai muito para além de todo o amor que nós lhe temos!


Carvide, 1 de Novembro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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