terça-feira, 17 de outubro de 2006

ORAÇÃO EM LÍNGUAS 7

O Dom de Línguas é para muitos o primeiro passo para uma desprivatização perante Deus: “Quem reza em línguas, não fala aos homens mas a Deus; ninguém o entende: No Espírito Santo ele diz coisas misteriosas” (1Cor 14,2). Deus é não só incompreensível, mas também inefável. Isto é expressamente doutrina e dogma da Igreja. Não podemos abarcar e expressar os mistérios de Deus coma nossa linguagem humana comum. A oração em línguas é porém um expressar daquilo que permanece inefável por toda a eternidade! Devemos por isso permitir a Deus que penetre na nossa mais profunda capacidade de falar, que expresse em nós o Seu Mistério. Na oração em línguas abandonamo-nos a Deus até ao mais profundo do nosso ser humano. A faculdade de falar é na verdade a sua expressão mais profunda (um animal jamais aprenderá uma língua humana). Na palavra “eu” estou eu mesmo totalmente presente, com corpo e alma, inteligência, vontade e sentimento. Ninguém pode dizer “eu” em meu lugar, ninguém pode dizer “tu” em meu lugar. A oração em línguas neste sentido é um dizer “Tu” a Deus, proveniente das profundidades da pessoa, sem que o que reza entenda o “sentido” (cf. 1 Cor 14,11).
Porque este expressar do inefável se tornou quase desconhecido, não se pode à distância fazer uma idéia dele, quando a gente ainda não o ouviu ou experimentou em si. Esta oração está por isso exposta a muitos mal-entendidos. Ela não é – como dão a entender as traduções bíblicas – um falar “arrebatado” ou “extático”, mas um falar muito normal, num tom normal. Paulo supõe que quem reza assim pode começar e terminar quando ele quer (1 Cor 14,27 “um depois do outro”). Geralmente a oração em línguas ouve-se como uma emissão de noticias na rádio numa língua totalmente desconhecida para o ouvinte. Trata-se de uma série de vogais e consoantes com uma melodia e ritmo linguístico determinado, com a única diferença de que esta linguagem é “sem sentido” para a inteligência e além disso, muito pessoal, dado que procede duma profunda atitude de adoração.

(as palavras a negrito são do autor).

“Experiência Fundamental do Cristianismo” – Heribert Mühlen

WIKIPÉDIA
Heribert Mühlen
Heribert Mühlen (April 27 1927- May 25 2006) was a German Roman-Catholic theologian.
He was born in Mönchengladbach, studied in Bonn, Freiburg, Rome, Innsbruck, Münster und Munich, and was priest since 1955. Since 1962 Mühlen taught at the Divinity Faculty of the University Paderborn, where he later (1964-1997) worked as Ordinarius für Dogmatik und Dogmengeschichte (Professor of Dogmatics and Dogmatical History).
During the Second Vatican Council, Pope Paul VI appointed Mühlen as one of the theological experts (1964).
His theological work is concentrated mostly on pneumatology, ecclesiology and pastoral theology. Mühlen also helped to introduce protestant charismatic ideas into the Roman-Catholic church.

(continua)

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