sábado, 17 de fevereiro de 2007

A ILUSÃO DO CARNAVAL

Tristeza não tem fim
Felicidade, sim...
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar...
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento do sonho
Pra fazer a fantasia de rei, ou pirata, ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira

(Tom Jobim e Vinicius de Morais)

Esta era uma música do meu tempo, que agora relembro, para meditar um pouco nesta letra do mundo, numa perspectiva espiritual, neste tempo de Carnaval.

1 – “Tristeza não tem fim, felicidade sim”.

Muitos de nós se calhar pensamos assim, ou seja, que a felicidade é efémera, porque apenas pensamos na vida aqui e agora.
Muitos de nós somos assim, mais agarrados à tristeza, vivendo-a como uma fatalidade a que nos parece não poder fugir.
E no entanto, Jesus Cristo disse-nos:
«Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.» Jo 10, 10b
Mas para isso é preciso abrirmo-nos à Sua presença em nós e deixar que Ele tome sobre Si as nossas dores.
Porque assim, Ele será o nosso Cireneu.
Não retira de nós a nossa cruz, mas ajuda a carregá-la e a descobrir nela o caminho da verdadeira felicidade para sempre.

2 – “A felicidade tem a vida breve,… precisa que haja vento sem parar”.

A felicidade não tem a vida breve, desde que haja vento sem parar.
E o vento do Espírito Santo sopra sempre, nunca pára, temos é que estar atentos e colocar-nos ao sabor do vento.
E podem vir as ventanias, os furacões e até as calmarias, que se estivermos entregues à brisa que sopra, tudo isso é vivido no amor, na aceitação e assim como a pluma não pára de voar, leve, leve, também nós não paramos de viver na serenidade e na paz de Deus, passando pelas agruras do mundo, na confiança, na esperança viva e permanente da vida em abundância, que nos é dada por Jesus Cristo.

3 – “A felicidade parece…a ilusão…trabalha o ano inteiro…fantasia…”

Vivemos muitas vezes assim, agarrados à felicidade momentânea, á felicidade de um Carnaval qualquer nas nossas vidas.
Empenhamos tudo numa fantasia daquilo que pensamos ser bom para nós, numa procura de um momento de estatuto, social ou qualquer outro, para depois descobrirmos que este mundo é assim, ingrato, e que quando a fantasia se acaba, por qualquer razão, a solidão é maior e o mundo se afasta de nós, indiferente à nossa dor e a tudo o que possamos ter feito,
porque tudo foi feito para nós, só para a nossa felicidade e não pensámos na felicidade dos outros.

4 – “Para tudo acabar na Quarta Feira”

E é nesta Quarta Feira que tudo deve acabar.
Mas ao contrário da música, é bom que acabe toda a fantasia que não leva a nada, que nos afasta da realidade, da verdadeira vida, da vida que não acaba e que portanto não é deste mundo, embora aqui tenha passagem.
É tempo de reconhecer, durante quarenta dias, que a vida vivida em Deus, por Deus e com Deus leva à felicidade, embora muitas vezes passando pela tristeza.
É tempo de acreditar, que a felicidade não terá fim, se soubermos aceitar as tristezas momentâneas das nossas vidas, de vivê-las numa entrega, que nos leva á libertação delas mesmas, e de tudo aquilo que não nos dá vida, mas antes nos afasta da verdadeira vida.
É tempo de reconhecermos, de aceitarmos que Jesus Cristo passou pela Paixão, para chegar à Ressurreição.
___
Em preparação para uma meditada e santa Quaresma, para todos, vivida na certeza da Ressurreição.

14 comentários:

Padre Vítor Magalhães disse...

A verdade é Cristo que nos trz a felicidade verdadeira.

Elsa Sequeira disse...

Olá Joaquim1

Adorei o teu texto!!!

E sim! Felicidade = Cristo!

Tudo de bom para ti!
Bj

joaquim disse...

Caro Pe. Vitor Magalhães

Obrigado pela visita e pelas palavras.

Abraço em Cristo

joaquim disse...

Olá Elsa

É verdade:

Cristo é a vida, é o amor, é a felicidade.

Os textos sobre os amigos e a amizade vão crescendo!!

Abraço em Cristo

André A. Correia disse...

Joaquim, obrigado por ter passado no Confidências. Um abraço em Cristo.

joaquim disse...

André Alves Correia

Não tem que agradecer, porque é um prazer.
Agradeço a sua delicadeza em aqui vir.
As "portas desta casa" estão abertas para si.

Abraço em Cristo

Maria João disse...

Peço a Deus que vivamos de facto este momento de Quaresma e pensemos que a Cruz é salvação e não morte. Deus escreve direito por linhas tortas e nem sempre o que parece é. Neste caso, a Cruz que parece morte e derrota, é vida e vitória.

E, sobretudo, muito amor dado por Jesus. Não nos esqueçamos que Ele sofreu mesmo. Era divino, mas homem. Sentia a dor e o tormento como nós. A única diferença é que não tinha pecado. Não precisava de passar pelo sofrimento, mas por nos amar, enfrentou tudo.

Até que ponto é que nós enfrentamos tudo em Seu Nome? Quantas vezes dizemos "Obrigado" pelo Teu Amor?

joaquim disse...

Obrigado Maria João pela reflexão tão verdadeira que aqui fizeste.
Abraço em Cristo

Paulo disse...

É preciso acreditar.

joaquim disse...

Caro Paulo

Obrigado pela visita e pela mensagem que tudo comporta.
Abraço em Cristo

CristalizArte disse...

Caro Joaquim
Gostei muito do teu texto. Fez-me lembrar a samaritana do Evangelho. Se bebermos da "água do poço", continuaremos a ter sede. Mas se "bebermos da água" que Cristo nos der a beber, "seremos fontes de água viva", da água de Cristo.

De facto, Ele disse que era o "Caminho, a Verdade e a Vida". E São Pedro disse:" Só Tu tens palavras de vida eterna."

É um mistério que muitos ainda não O conheçam. No entanto, mais misterioso ainda é eu por vezes, sabendo que Ele é a Verdade, Lhe virar as costas...Mas assim como ontem, os santos caiam e levantavam-se.
Abraço em Cristo
PBP

CristalizArte disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
CristalizArte disse...

p.s.:Em relacção à minha última frase, fique claro que não sou santo.(lol)Mas caminho ou tento caminhar para lá, tentando ter Cristo como centro da minha vida.
Abraço em Cristo
Pedro BP

joaquim disse...

Caro Pedro
Que saudades!!!
Sê bem vindo, ou melhor, bem regressado, embora nunca te tenhas ido embora!!!
Que falta nos fazem os pensamentos diários do "Pensar Cristo".
Tinhamos a "papa feita", agora temos de fazê-la nós!!!
Pois é Pedro, no fundo somos todos um "bocadinho" santos, porque tentamos fazer a vontade de Deus.
Os Santos também eram, pecadores como nós, só que alcançaram pela graça de Deus que "recompensa" a perseverança a fortaleza, a graça de tornarem real nas suas vidas e em todos os momentos a presença de Cristo, viveram realmente o «já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim».
Lutemos nós para alcançarmos o mesmo, com a ajuda de todos os que nos rodeiam e exortam com as suas palavras e testemunho de vida, como agora fizeste.
Um abraço em Cristo, forte e amigo, para ti, para o António, para o "Pensar Cristo" do
Joaquim