terça-feira, 13 de setembro de 2011

A MISSA É UMA "SECA"? (2)

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Do Catecismo da Igreja Católica


1324. A Eucaristia é «fonte e cume de toda a vida cristã» (LG 11 Lumen Gentium). «Os restantes sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa» (PO 5 Presbyterorum Ordinis).








Esta é a realidade da Eucaristia!
Esta é a realidade da Missa!

Como pode então ser uma “seca” estar com o próprio Deus?

Se por acaso alguém viesse ter connosco e nos garantisse um encontro com o próprio Jesus Cristo, visível aos nossos olhos, para com Ele falarmos, para com Ele rezarmos, para com Ele vivermos, para enfim d’ Ele nos alimentarmos espiritualmente, não correríamos nós ao Seu encontro?

E nesse momento e para esse momento, importar-nos-ia muito aquele que nos proporcionava tal encontro, ou Jesus Cristo e o encontro com Ele não seriam bem mais importantes que tudo o resto?


E a Eucaristia não é precisamente esse encontro pessoal e comunitário com a presença real e verdadeira de Jesus Cristo?

E essa presença real e verdadeira de Jesus Cristo depende do sacerdote que preside à celebração, ou é vontade e graça do próprio Deus aos homens, independentemente do presidente da celebração?

É que por vezes parece que “vamos” mais à Missa para ouvir ou “admirar” um determinado sacerdote, do que para estarmos com «o próprio Cristo, nossa Páscoa», como acima lemos.

Temos realmente que perceber, (a maior parte das vezes?), qual é a nossa predisposição quando vamos participar da/na Missa.

Vamos realmente para celebrar e ter um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, ou vamos apenas cumprir preceito, muitas vezes apenas pelo receio do pecado, pela falta à Missa Dominical?

É que, se vamos apenas cumprir preceito, tudo vai servir para nos distrair, tudo vai servir para criticarmos: porque são muitos cânticos, porque a homilia foi longa, porque leram muito devagar, porque isto ou porque aquilo, e afinal o nosso encontro com Jesus Cristo perdeu-se no meio do “mundo”, e a Missa foi realmente uma “seca”, porque foi assim que a vivemos.

Será por isso também, que muitos de nós durante a Missa, damos mais importância ao telemóvel, (que não desligamos), ao vizinho e à vizinha, do que à celebração, do que ao momento de encontro com o nosso próprio Deus, que por nós se entrega, que por nós se faz realmente presente, porque nos ama com amor eterno, amor esse a que, com essa nossa atitude, não correspondemos minimamente.

É “fantástico” então, como no final da Missa, nos lembramos do que os outros fizeram ou tinham vestido, de como o coro desafinou ou não, mas não nos lembramos das Leituras, ou minimamente do que o sacerdote disse durante a homilia!

Podemos então lembrar-nos das palavras que Jesus Cristo dirigiu aos seus discípulos no Monte das Oliveiras:
«Porque dormis? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação.» Lc 22, 46

Sim, é verdade, que muitas vezes se introduzem na celebração da Missa alguns “elementos” que não deveriam lá estar, (segundo os liturgistas), ou que alguns sacerdotes se alongam demasiadamente nas homilias, (e têm no entanto conselhos específicos sobre o tempo que cada homilia deve demorar), mas isso não deve, nem pode servir para nos afastar da centralidade para a vivência da fé cristã, que é o Sacramento da Eucaristia.

É certo também, que muitos desconhecem a essência, o conteúdo, o todo que constitui uma Missa, e por isso mesmo, não é possível viver bem aquilo que não se conhece, mas a verdade é que, desde o Catecismo da Igreja Católica a inúmeros documentos da Igreja e livros de espiritualidade escritos por homens da Igreja, só não procura saber mais, quem não quiser, ou a tal se dispuser.

Acresce o facto de que, hoje em dia, não só nas paróquias, mas também nas Dioceses, acontecem muitas acções de formação sobre os Sacramentos, as quais estão abertas à participação de todos.

Ao escrever este texto, reflicto também para mim, quanto tenho ainda de mudar em mim, para melhor participar e viver a extraordinária graça que é o Sacramento da Eucaristia.

Muito mais haveria e há para dizer e meditar sobre este tema, mas fico agora por aqui, reflectindo com aqueles que lêem este texto, como estamos ainda tão longe de alcançarmos a dimensão de toda a graça que o Senhor derrama em cada Eucaristia sobre as nossas vidas.


Monte Real, 13 de Setembro de 2011
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8 comentários:

Anónimo disse...

Encontrei, esta manhã, este blog: http://theosfera.blogs.sapo.pt

Achei interessante. Fica á consideração dos leitores. Bom fim-de-semana
Teresa

joaquim disse...

Obrigado Teresa.

Eu conhecia a versão anterior.

Um abraço amigo em Cristo

Ailime disse...

Amigo Joaquim,
É sempre para mim um bálsamo quando leio a sua Catequese por vários motivos.
Gosto de aprender com pessoas que explicam as situações com uma clareza e profundidade como o faz tão bem o amigo Joaquim e, porque na minha modesta maneira de ver as coisas, penso de igual forma, embora reconheça que nem sempre cumpro.
Por outro lado gosto de o ler com tranquilidade para melhor assimilar o que escreve e, hoje, a pouco menos de uma hora para participar na celebração da Eucaristia, acho extraordinário o que foca e que desvirtua a Celebração da Eucaristia e que infelizmente é verdadeiro.
Que o Senhor a todos dê a graça de O celebrar com dignidade e
me ajude a ir ao Seu encontro com o coração disponível para O acolher e saborear neste encontro maravilhoso que só é possível pela Eucaristia.
Muito obrigada por fazer caminho desta forma tão edificante.
Abraço em Cristo.
Ailime

joaquim disse...

Amiga Ailime

Muito obrigado!

As suas palavras são um ânimo para mim.

Claro que quero ser apenas um humilde servidor, (é tão dificil não nos orgulharmos por vezes!), e transmitir aquilo que o Senhor coloca em mim.

Um abraço amigo em Cristo

Paulo disse...

Bom dia Joaquim, regressei de ferias. Quanto ao teu artigo, o que tenho a dizer é que, poderá ser uma "seca", no entanto, quando passamos 1 ou 2 domingos sem ir, a nova vida começa a ser "mais árida e seca" do que a "seca" que muitas pessoas apregoam. Poderá parecer ser sempre a "mesma coisa" no entanto, nunca é igual.

joaquim disse...

É verdade Paulo, só é "seca" para aqueles que não vivem a Missa.

Deus é sempre novo e a Eucaristia é presença real de Deus.

Um abraço amigo em Cristo

Maria-Portugal disse...

Se soubessem o dom de Deus...se soubessem que participam no milagre que em cada Eucaristia acontece...se estivessem conscientes que são a gotinha de água que o sacerdote mistura no vinho e que assim também são consagrados ao Senhor que nos criou e a Quem pertencemos e tomam parte na divindade dAquele que se dignou unir à nossa humanidade;Jesus Cristo- como diz a oração que é rezada nesse momento,se deixassem arder o coração ao ouvir a Palavra como os caminhantes de Emaús, acho q não diriam q a missa é uma "seca",mas um forte impulso para viverem a semana mais cheios de esperança e de amor para a luta diária.

Obrigada pela visita ao meu blog.Vou juntar o seu à lista.Com Deus caminhamos.

joaquim disse...

Obrigado Maria-Portugal, pelas suas tão importantes achegas a este tema.

Um abraço amigo em Cristo