Chegaram a Betsaida e trouxeram-lhe um cego, pedindo-lhe que o tocasse.
Jesus tomou-o pela mão e conduziu-o para fora da aldeia.
Deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou: «Vês alguma coisa?»
Ele ergueu os olhos e respondeu: «Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar.»
Em seguida, Jesus impôs-lhe outra vez as mãos sobre os olhos e ele viu perfeitamente; ficou restabelecido e distinguia tudo com nitidez.
Jesus mandou-o para casa, dizendo: «Nem sequer entres na aldeia.»
Uma cura a “dois tempos”!
É um milagre inédito nos Evangelhos, feito a “dois tempos”.
Há alguém que traz este cego a Jesus, há alguém que intercede junto de Jesus por este homem, o que nos leva de imediato a percebermos a importância da nossa intercessão pelos outros, independentemente da sua fé.
Porque realmente não é o cego que pede a cura a Jesus, ele simplesmente deixa-se levar.
Não é uma fé como a de Bartimeu, («Jesus, filho de David, tem piedade de mim» Mc 11, 46-52), ou de tantos outros exemplos nos Evangelhos, como Jairo Lc 8, 40-56, ou o Centurião Lc 7, 1-10.
Assim, Jesus como que o prepara para receber a graça, primeiro da fé, (cura interior), e depois da cura física.
Jesus tem esse primeiro encontro com ele, impõe-lhe as mãos, (dá-lhe algo de Seu, a saliva), faz que o cego perceba que Ele, Jesus, é o Senhor, Aquele para quem nada é impossível.
E quando se tem este primeiro encontro pessoal com Jesus, deixando-nos tocar pelo Seu amor, (a “saliva” da Sua bondade), tudo muda nas nossas vidas.
Aquilo que não víamos antes, porque tínhamos os olhos do coração fechados à beleza de Deus, ao Seu amor, passamos a ver, e começamos então a perceber que a nossa vida só tem sentido vivida nEle, por Ele e com Ele, numa abertura e entrega aos outros em que Ele se faz presença.
O cego ergue os olhos, mas verdadeiramente não vê “fisicamente”.
Vê sim, a humanidade criada por Deus, que caminha para Ele, como árvores, as árvores que cresceram da semente por Deus plantada e que hão-de dar fruto, muito fruto.
O seu interior fica então curado, e Jesus, cheio de amor e compaixão, confirma com a cura física, « ficou restabelecido e distinguia tudo com nitidez», o caminho de salvação deste homem.
Já na cura do paralítico Lc 5, 17-26, (que também é levado por outros ao encontro do Senhor), Jesus começa pela cura interior: «Homem, os teus pecados estão perdoados», para depois, perante a incredulidade de uns tantos, “confirmar” o Seu poder salvífico com a cura física: «Levanta-te, pega na enxerga e vai para casa».
No fim de tudo, Jesus manda o homem curado para casa, dizendo: «Nem sequer entres na aldeia.»
Já no início, Jesus o tinha tomado pela mão e conduzido para fora da aldeia.
Aquela aldeia era a vida, era o ambiente, eram as certezas que aquele homem vivia, e só saindo dela, podia sair de si próprio a abrir-se à graça de Deus, alcançando assim a cura interior e física, que é a vida completa que Deus sempre quis para os Seus filhos, por Ele criados.
Aquela última frase de Jesus, soa como: «Vai e de agora em diante não tornes a pecar.» Jo 8, 11
Quantos de nós não precisamos sair das nossas “aldeias”, das nossas “seguranças”, dos nossos “medos”, das nossas “vergonhas”, e abrir-nos confiantemente à graça de Deus, ao Seu amor, à Sua misericórdia, para alcançarmos a “cura”, a cura da vida plena, a cura da vida em abundância, a cura da Salvação.
Nós cremos Senhor, mas aumenta a nossa Fé.
10 comentários:
Também nós precisamos de deixar as nossas preocupações para conseguirmos ver o que importa.
A verdade, o amor, a justiça, em suma, a salvação são o objectivo a atingir.
Sejamos pois nós cumpridores dos tempos, da conversão e da salvação.
Entre a conversão (o nosso baptismo) e a nossa salvação existe uma caminhada que devemos cumprir no nosso tempo, pois da nossa hora só o Pai sabe.
E quantos de nós, após conseguir libertar-nos das "nossas aldeias" ainda continuamos a ser atraídos por elas?!
Dai-nos, Senhor, a graça de não retornar às "aldeias" da nossa perdição!
Obrigada, Joaquim, por mais outra bela reflexão.
Abreijo em Cristo
Fa-
É verdade amigo Padre!
Estamos por vezes tão ocupados com as nossas "coisinhas", que não vemos o que é realmente importante para as nossas vidas.
Abraço amigo em Cristo
Caro amigo António
Caminhemos então juntos, ajudando-nos mutuamente e exortando-nos, uns aos outros, para nunca abandonarmos o caminho da Verdade.
Abraço amigo em Cristo
Pois é Fa amiga, as nossas "aldeias" parecem-nos por vezes muito "protectoras", mas apenas nos afastam do caminho certo.
Só com a força da Sua graça em nós, nos podemos afastar das nossas "aldeias".
Abreijo amigo em Cristo
Isto mostra o poder da oração e, por outro lado, a importância de intercedermos uns pelos outros. Isso amar, tal como Jesus nos continua a ensinar.
beijos em Cristo
Olá Maria João
Se todos intercedessemos uns pelos outros como seria diferente este mundo.
E tu, Maria João, com todas as tuas chamadas de atenção por aqueles que sofrem és uma verdeira intercessora.
Obrigado por isso e por tudo.
Abraço em Cristo
Sim, joaquim!
"Senhor, aumenta a nossa Fé"
Há um novo desafio Por Darfur!
Vem Colaborar! Todos juntos PorDarfur!
http://eu-estoua-ki.blogspot.com
bjts
Olá Elsa
Sempre presente a lutares pelas causas justas!
Obrigado pelo teu testemunho.
Abraço amigo em Cristo
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