terça-feira, 26 de junho de 2012

PALAVRAS ESCRITAS

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Nasce assim, de repente, uma vontade de escrever palavras e mais palavras, sobre Ti, sobre o Teu amor, sobre o que experimento e vivo, porque Te sinto comigo, porque Te sei connosco.

E nada tenho para escrever, nem uma ideia, nem um sentimento, nem uma oração, mas apenas e tão só desejo de escrever, desejo de Te escrever.
E lanço palavras à folha branca que se dá a conhecer aos meus olhos, e deixo que as palavras saiam, quase se escrevam por elas próprias.


Sabes, Senhor, é quase um sentir que Tu escreves por mim aquilo que Te hei-de escrever!
E então apetece-me ter palavras, maiores do que a minha vida, porque para te dizer sim, é preciso muito mais, do que esta vida em mim.

Sim, Senhor, se esta vida pequena que tenho e usufruo, não for cheia do amor que vem de Ti e em mim mora, como poderia eu sequer, ousar escrever o Teu Nome, ou levantar os olhos, para Te olhar nas palavras que vais escrevendo em mim.

Amo-Te?
É tão pouco, são tão curtas as palavras, e ainda por cima repetimo-las tantas vezes, e às vezes tão rotineiramente!

Adoro-Te?
Mas será que Te adoro verdadeiramente, «em espírito e verdade», ou são apenas palavras que me saem da boca, do pensamento, mas não estão enraizadas no coração?

E o que é adorar-Te?
É reconhecer-te Senhor da minha vida, Senhor de tudo, Senhor do amor, da paz e da verdade?
É prostrar-me de cara no chão, não com medo ou vergonha, mas reconhecendo-me nada para Te poder olhar?
É dizer-Te que sou Teu, e apenas Teu, e será isso verdade em mim?

Vês, Senhor, eu escrevo porque Tu me fazes escrever, mas são tantas as dúvidas do que o que escrevo seja verdade!
Não, Senhor, não tenho dúvidas que estás comigo, que estás connosco e entre nós, que és o nosso Deus e Senhor!
Não, Senhor, essas dúvidas não tenho!

As minhas dúvidas, Senhor, são a minha resposta ao Teu amor, a minha entrega à Tua entrega, o dar a minha vida à Tua vida!
São essas as minhas dúvidas!

Mas Tu és a misericórdia, és o perdão, és o tudo do meu nada, não é verdade, Senhor?
Conheces as minhas dúvidas, porque conheces as minhas limitações, porque sabes das minhas fraquezas.

Então, Senhor, posso descansar no Teu amor, porque Te sei junto a mim, sorrindo, olhando-me como a uma criança que quer muito agradar, mas ainda não sabe como.

E dizes-me muito baixinho, repassado de ternura: Pára agora de escrever, descansa agora as palavras, e ama, apenas ama, assim de coração aberto, onde Me vais encontrar.

Obrigado, Senhor!



Monte Real, 26 de Junho de 2012
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terça-feira, 19 de junho de 2012

MISSÃO DOS PAIS E PADRINHOS (3)

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E a missão dos padrinhos e madrinhas passa também por aqui, por este testemunho de vida cristã, vivida no dia-a-dia.

Reparemos que o Código de Direito Canónico diz no Cânone 893, no parágrafo 2, que: É conveniente que se assuma como padrinho o mesmo que assumiu esse encargo no baptismo.
Esta sugestão, este conselho, visto que não é uma imposição, tem a ver efectivamente com a missão do padrinho ou madrinha, que se deve desenvolver ao longo de toda a vida do afilhado.

Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica no seu ponto 1255:
Para que a graça baptismal possa desenvolver-se, é importante a ajuda dos pais. Esse é também o papel do padrinho ou da madrinha, que devem ser pessoas de fé sólida, capazes e preparados para ajudar o novo baptizado, criança ou adulto, no seu caminho de vida cristã.

Em primeiro lugar é preciso percebermos que é o padrinho ou madrinha que apresenta à Igreja, à comunidade eclesial, perante o Bispo, aquele ou aquela que vai ser crismado.

A responsabilidade é grande, porque não só confirmam perante o Bispo, a comunidade, a Igreja, que aquele jovem quer receber a Confirmação, mas também, que ao assumirem a missão de padrinhos se comprometem a velar para que aquele jovem, caminhe em Igreja, na vivência diária da fé e da doutrina que afirma professar.

Por isso mesmo, o padrinho tem também que ser pessoa de vivência diária da fé, em comunhão de Igreja e com a Igreja, à qual apresenta o seu afilhado/afilhada.

E tem que o ser, porque a sua missão é acompanhar o afilhado na prática da sua vida cristã, cuidando que não se afaste da Igreja e dos Sacramentos que alimentam a fé.

Às vezes até, por impedimento dos pais, ou até porque poderão viver afastados da Igreja, é missão do padrinho substitui-los nessa missão disponibilizando-se para acompanhar o afilhado na prática religiosa.

Julga-se muitas vezes, com alguma simplicidade, que o padrinho tem a missão de substituir os pais, se eles faltarem, seja qual for o motivo.
Poderá o padrinho ter essa missão, também, mas sabemos bem, que se os pais faltarem haverá sempre pessoas de família que, legitimamente, tomarão a seu cargo a educação e acompanhamento desse jovem, o que no entanto não liberta o padrinho da sua missão principal e que é exortar e acompanhar o afilhado na sua vida com Deus e para Deus.

Padrinhos e madrinhas, devem ser uma espécie de pais e mães espirituais, pois eles têm como obrigação ajudar o crismando a amadurecer para a fé, e na fé, pois o próprio significado do Crisma é este, o Sacramento da maturidade cristã, ou seja, quando a criança se torna adulta perante a igreja.
Por isso mesmo, padrinhos e madrinhas têm de estar preparados para responder às solicitações dos seus afilhados no que diz respeito às suas dúvidas, aos seus receios, às suas incertezas, contando para isso, sempre que necessário, com o conselho do sacerdote ao qual queiram pedir ajuda.
A responsabilidade é grande, muito grande, e assim, só com uma vida diária de oração, e uma participação activa nos sacramentos na Igreja, pode o padrinho testemunhar e estar pronto para acompanhar, ajudar e aconselhar o seu afilhado na sua vida futura.
Sem dúvida que é uma missão notável, de uma beleza imensa e que Deus recompensará à medida do seu infinito amor.
Mas também é matéria que nos será perguntada por Deus um dia, pois a verdade é que ninguém nos obrigou a aceitar essa missão: fomos convidados e aceitámos de livre vontade, por isso temos de assumir a nossa responsabilidade e a nossa missão.
Uma coisa podemos ter sempre certa, pais e padrinhos: é que, se tivermos na nossa vontade o cumprimento da nossa missão segundo a vontade de Deus, se a ela nos entregarmos com total disponibilidade, se tudo fizermos para que os nossos filhos e afilhados conheçam Deus e O vivam nas suas vidas, então saberemos, sem a mínima dúvida, que Deus estará sempre connosco e nos ajudará a cumprir o compromisso que assumimos como pais e padrinhos.
E será grande a alegria de sabermos que os nossos filhos e afilhados, encontrarão em Deus a felicidade completa, que só Deus pode dar àqueles que a Ele se unem, vivendo no e para o seu amor.

Marinha Grande, 4 de Junho de 2012
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terça-feira, 12 de junho de 2012

MISSÃO DOS PAIS E PADRINHOS (2)

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Diz-nos o Magistério da Igreja que a família é uma “igreja doméstica”, ou seja, em palavras muito simples, uma união de amor que deve ter Deus no seu centro.

A família é o primeiro contacto que as crianças e os jovens têm com o mundo, e aquilo que lhes é dado a conhecer nessas idades fica para sempre, como nós pais, que já fomos crianças, muito bem sabemos e podemos testemunhar.

As primeiras palavras, os primeiros passos, as primeiras alegrias e tristezas, são sempre vividas em família, bem como os primeiros conselhos para a vida, e depois ao longo da adolescência, para o crescer e amadurecer como futuros homens e mulheres.

Assim, e se nós pais procuramos a Igreja para os nossos filhos receberem a Catequese, para melhor conhecerem Deus e melhor O poderem amar, compete-nos sem dúvida, que desde a mais tenra idade, desde a idade em que começamos a ensinar a vida aos nossos filhos, lhes ensinemos que é em Deus e com Deus que devemos sempre viver e completar a vida que Ele mesmo nos deu.

Mesmo aqueles pais, que por qualquer razão vivem afastados da fé e da Igreja, ao escolherem para os seus filhos a frequência da catequese, devem dar, pelo menos, o testemunho de respeito pela fé e pela Igreja que os aconselharam a viver, disponibilizando-se sempre para os acompanhar, no sentido de os fazer perceber a importância que tem a vivência da fé para a sua vida, pois que, se escolheram para os filhos esse caminho, (embora possa não ser o seu), é porque acreditam de alguma forma que é o caminho certo.

Não tem sentido, desculpem-me a franqueza, colocar os filhos na catequese, e depois dizer mal da Fé e da Igreja à frente deles, ou ter práticas contrárias à fé que eles, filhos, se empenham em conhecer e viver.
Como não tem sentido colocar os filhos na catequese e depois arranjar todo o tipo de desculpas para eles faltarem à missa, por exemplo.

É curioso, e mais uma vez desculpem-me a franqueza, que como catequista, sou muitas vezes confrontado com toda a espécie de desculpas para os jovens faltarem à catequese, porque todas as outras actividades em que estão envolvidos são consideradas mais importantes do que a catequese em que se quiseram comprometer.
Se os jovens faltarem a essas actividades e por força disso não passarem um qualquer escalão atribuído nessas actividades, é facilmente compreendido, mas se faltarem à catequese e obviamente não passarem de ano, isso já não é entendido nem facilmente aceite.

Ora isto e muito mais coisas, tem a ver com a missão dos pais em tudo, mas sobretudo na educação religiosa dos seus filhos, que é o que aqui estamos a tratar.

Recentemente, numa conversa que tive com várias pessoas, entre elas os Padres Armindo e Pedro, da nossa paróquia, falou-se nas orações tradicionais que os nossos pais nos ensinavam desde a mais tenra idade, e de como essas orações marcaram sem dúvida as nossas vidas, sobretudo as nossas vidas espirituais.

Permitam-me que dê o meu testemunho pessoal de como isto que acabei de dizer é verdade.
Educado pelos meus pais na religião cristã e católica, foram-me, desde a mais pequena idade, ensinadas as orações da Igreja, Pai Nosso, Avé Maria, etc., bem como algumas devoções, que mais à frente referirei.
Lembro-me bem dos natais familiares, em que o meu pai rezava connosco, e depois da meia-noite beijávamos a imagem do Menino Jesus que estava no Presépio.
Em todas as ocasiões de grande festa da Igreja, Natal, Páscoa; etc., o momento mais importante era a oração que o meu pai e a minha mãe faziam connosco em família.

Uma devoção, que particularmente me ficou “agarrada”, é a devoção das “três Avé Marias” diárias, que sustenta que quem a praticar terá sempre a assistência de Nossa Senhora nas horas difíceis, sobretudo na hora da morte.
Falo nela, porque tendo-me afastado da fé e da Igreja a partir dos 19, 20 anos, acho que nunca deixei de a rezar, nem mesmo quando estive na guerra na Guiné.
Poderia não rezar com fé, poderia rezar apenas por hábito, por rotina, mas essas três Avé Marias percorreram a minha vida e são também sem dúvida, para além de muitos outros factores, razão do meu retorno à fé e à Igreja.
Lembro-me bem de, quando por volta já dos meus 42 anos me comecei a reaproximar da fé e da Igreja, todos esses ensinamentos e orações que os meus pais e catequistas me tinham ensinado, regressaram imediatamente à minha memória e com facilidade os comecei a reflectir e rezar.
E o meu retorno à fé e à Igreja retirou-me de uma vida que então vivia e me levaria sem dúvida, muito rapidamente à perdição, não só espiritual, mas sem a mínima dúvida, física e moral.

Melhor exemplo que este sobre a missão dos pais e a sua importância na vida dos filhos, não sou capaz de dar.

Coloca-se-nos muitas vezes o problema se devemos obrigar os nossos filhos a participarem na Missa, na Catequese, enfim, na vivência da fé, e, curiosamente, nós pais que tantas vezes os obrigamos a fazer tantas coisas, neste aspecto da religião, somos então muito mais “liberais”.
Mas a verdade, é que se nós não os obrigarmos a ir à escola, eles por sua vontade, também não irão.
E afinal nós somos capazes de lhes explicar porque têm de frequentar a escola, afirmando-lhes que é o seu futuro, etc.,etc.
Somos capazes às vezes até de voltar a estudar em casa algumas matérias, só para os ajudarmos nos seus estudos, mas tantas vezes não somos capazes de os ajudar a encontrar Deus nas nossas palavras, nos nossos gestos e no nosso testemunho.

Dizia um célebre General Israelita que o sucesso do exército israelita em guerra se devia a que os seus oficiais, quando comandavam as tropas em combate, não ordenavam, “em frente”, mas sim, “sigam-me”!
O testemunho daqueles que estão à frente, neste caso os pais, é sempre a maior parte da razão para os filhos seguirem os seus conselhos.

A nós pais compete-nos semear a semente, compete-nos regá-la e alimentá-la enquanto é nova, na esperança sempre de que Deus fará o resto e que quando a árvore for adulta dará sem dúvida bom fruto. Mas se por acaso, e durante algum tempo não der fruto nenhum, ou até mau fruto, a seiva inicial que foi dada àquela árvore pelos seus pais, pode sempre vencer a outra seiva “estragada”, e fazer com que árvore volte dar bom fruto.

Um dia, nós que acreditamos, (e todos os outros também), estaremos perante Deus, que nos perguntará o que fizemos da vida que nos deu, o que fizemos da graça que Ele nos deu em sermos pais.
Perguntar-nos-á se amámos os outros, sobretudo aqueles que Ele nos deu como família, e amar os nossos filhos é, sem dúvida, mostrar-lhes o caminho do amor, o caminho da salvação, o caminho que nos garante que mesmo que não haja mais nada e que estejamos sós, Deus está sempre connosco.

Mostrar-lhes, enfim, o caminho de Deus e para Deus.
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quarta-feira, 6 de junho de 2012

MISSÃO DOS PAIS E PADRINHOS (1)

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Em primeiro lugar, e para falarmos da missão cometida aos pais e padrinhos, é de todo conveniente saber o que determina a Igreja Católica sobre o “apadrinhamento” das crianças a baptizar e dos jovens a confirmar, visto que este apadrinhamento, quer do Baptismo, quer da Confirmação ou Crisma se reveste das mesmas exigências e missão.



Assim o Código de Direito Canónico, determina:





Título I
Do BAPTISMO
Capítulo IV
DOS PADRINHOS

Cân. 872 Ao baptizando, enquanto possível, seja dado um padrinho, a quem cabe acompanhar o baptizando adulto na iniciação cristã e, junto com os pais, apresentar ao baptismo o baptizando criança. Cabe também a ele ajudar que o baptizado leve uma vida de acordo com o baptismo e cumpra com fidelidade as obrigações inerentes.

Cân. 873 Admite-se apenas um padrinho ou uma só madrinha, ou também um padrinho e uma madrinha.

Cân. 874 § 1. Para que alguém seja admitido para assumir o encargo de padrinho, é necessário que:
1° - seja designado pelo baptizando, por seus pais ou por quem lhes faz as vezes, ou, na falta deles, pelo próprio pároco ou ministro, e tenha aptidão e intenção de cumprir esse encargo;
2° - Tenha completado dezasseis anos de idade, a não ser que outra idade tenha sido determinada pelo Bispo diocesano, ou pareça ao pároco ou ministro que se deva admitir uma excepção por justa causa;
3° - seja católico, confirmado, já tenha recebido o santíssimo sacramento da Eucaristia e leve uma vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir;
4° - não tenha sido atingido por nenhuma pena canónica legitimamente aplicada ou declarada;
5° - não seja o pai ou a mãe do baptizando.

§ 2. O baptizado pertencente a uma comunidade eclesial não católica só seja admitido junto com um padrinho católico, o qual será apenas testemunha do baptismo.

Note-se que o Directório Ecuménico, n.98, corrige esta última norma, dizendo: “pela estreita comunhão entre a Igreja Católica e as Igrejas Orientais ortodoxas é permitido, muito justamente, admitir um cristão oriental no papel de padrinho com um padrinho católico”

Sobre os padrinhos diz-nos ainda o Catecismo da Igreja Católica:

1311. Tanto para a Confirmação, como para o baptismo, convém que os candidatos procurem a ajuda espiritual dum padrinho ou de uma madrinha. É conveniente que seja o mesmo do Baptismo, para marcar bem a unidade dos dois sacramentos (139).


Remetendo-nos também para o Código de Direito Canónico:

Título II
DO SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO
CAPÍTULO IV
DOS PADRINHOS


Cân. 892 - Enquanto possível, assista ao confirmando um padrinho, a quem cabe cuidar que o confirmado se comporte como verdadeira testemunha de Cristo e cumpra com fidelidade as obrigações inerentes a esse sacramento.

Cân. 893 - § 1. Para que alguém desempenhe o encargo de padrinho, é necessário que preencha as condições mencionadas no cân. 874.

§ 2. É conveniente que se assuma como padrinho o mesmo que assumiu esse encargo no Baptismo.


Estas são as determinações da Igreja Católica a que todos os fiéis devem obedecer, quando procuram os Sacramentos instituídos por Deus, que concedeu à Igreja Católica o poder e a missão de os celebrar e administrar.

Obviamente que estas determinações têm a ver com a missão importantíssima e inestimável dos pais e padrinhos na vida dos jovens confirmandos.



Marinha Grande, 4 de Junho de 2012


Nota:

Foi-me incumbida, pela minha paróquia da Marinha Grande, a missão de falar aos pais e padrinhos sobre a sua missão, na reunião preparatória para a celebração do Sacramento da Confirmação, que irá ter lugar no dia 1 de Julho na igreja da Marinha Grande, onde também os meus catequizandos do 10º ano irão ser confirmados, o que me dá uma imensa alegria.
Preparei então um texto que servisse de base à minha intervenção, e sendo assunto que por vezes faz “correr muita tinta”, aqui o decidi publicar, dividido em três partes.
Que possa servir a alguém é o meu desejo.
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segunda-feira, 4 de junho de 2012

UM ARTIGO DO PADRE ANSELMO BORGES





O Padre Anselmo Borges decidiu num seu artigo, mais uma vez, zurzir na “sua” Igreja.

Claro, até parece que não, até parece que o artigo é um alerta para a situação vivida em Roma, no Vaticano, mas a verdade é que se o lermos não percebemos a utilidade do mesmo, a não ser repetir algumas coisas que foram notícia e outras de “ouvir dizer”.


Mas talvez não seja bem assim, porque pelo meio da escrita se vão levantando insinuações, tais como:
«Segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, "a pessoa detida por posse ilegal de documentos confidenciais, encontrados no seu domicílio situado no território do Vaticano, é o senhor Paolo Gabriele, que permanece preso". Mas será ele o principal responsável?»

Mais à frente faz-se esta descrição de Bento XVI:
«Há um Papa debilitado (tem 85 anos), amargurado, que talvez nem sequer imaginasse o que vai pela Cúria e cujos interesses são de outra ordem que não propriamente a administração, pois o que o preocupa é a fé e a sua inteligência.»

Primeiro faz-se do Papa um “coitado”, debilitado, enganado por toda a gente, pelos vistos porque tem 85 anos!
Tomara eu chegar aos 85 anos assim!

Depois reparem bem no final da frase, que quanto a mim nada tem de inocente:
«pois o que o preocupa é a fé e a sua inteligência.»

A “sua” inteligência???
Percebam bem a incrível insinuação que é lançada, assim como se Bento XVI vivesse para ele próprio, para o seu ego!

Acrescenta a seguir que:
«já que a sucessão papal está para breve», pelo que temos de chegar à “evidência” que o Padre Anselmo Borges sabe algo que nós, comuns mortais, não sabemos de nós próprios, nem de ninguém, ou seja, que Bento XVI deve falecer em breve. Deus nos livre e guarde!

Depois faz uns considerandos de mal dizer sobre determinados Cardeais, (tudo baseado em fontes fidedignas, por ele citadas, «Diz-se, por exemplo») para concluir, “ligeiramente” que «O cancro da Igreja é mesmo a Cúria Romana.»

Tudo isto para culminar nesta incrível conclusão:
«a última monarquia absoluta do Ocidente parece sentir-se impotente para pôr ordem na sua casa.»

De uma só penada remete a Santa Sé para uma monarquia absolutista, incapaz de conseguir sobreviver!

Triste, muito triste, é a única coisa que me ocorre dizer mais!
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