terça-feira, 17 de junho de 2025

O “CHILREAR” DA FÉ

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Aqui nesta capela a Teus pés, Senhor, em silêncio, adoro-Te e deixo-me envolver por Ti.

Lá fora ouve-se o insistente chilrear dos passaritos, que não se calam, nem por um momento.

Também eles Te louvam, Senhor, com os seus chilreios.

Quero perceber em todo este chilrear uma alegria, um pulsar de vida nestes passaritos, porque o Sol brilha forte e o tempo está quente, e tudo se faz vida lá fora.

Mas também aqui, ou sobretudo aqui, pulsa a vida, a vida verdadeira, aquela vida que vem de Ti, que és infinitamente maior do que o Sol.

Sim, Senhor, Tu és esse sol que nos ilumina e nos enche do Teu calor, o calor que é o Teu infinito amor.

E quando deixamos que a luz do Teu amor nos toque, nos ilumine, tudo se transforma e também a vida pulsa em nós.

E nós sentimos essa vida, essa verdadeira vida que Tu és, e, deixando-nos renascer em Ti, também nós nos alegrarmos com a vida em abundância que Tu sempre nos dás.

Também a nós, Senhor, nos chamas a “chilrear” a fé, a alegria de estar Contigo, de Te comungar, para que outros ao ouvir esse nosso “chilrear”, se queiram aproximar da vida que Tu és.

Ó, Senhor, faz-nos como estes passaritos, para sermos incansáveis no “chilrear” da fé, cantando a vida que Tu nos dás.

E se até os passaritos Tu amas tanto, quanto mais, Senhor, nos amarás a nós!

Glória para sempre a Ti, que és o Senhor da vida, que és o Senhor de todas as coisas.





Garcia, 16 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quarta-feira, 11 de junho de 2025

PARTIR DO PÃO

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O que esperas?
Porque quem esperas?
Esperas o Senhor, o Salvador?
Não sabes, então, que Ele já veio e está no meio de nós?

Que sinal mais visível da Sua presença do que a Eucaristia?

Ah, não O podes ver com os olhos do teu corpo!

Pois, mas Ele veio e está entre nós, para dar a vista aos cegos, que somos todos nós quando não nos abrimos ao Espírito Santo que nos revela o Pai e o Filho.

Que sinal mais apetecível queres tu, que o Pão consagrado em que Ele se dá como alimento?

Ah, não consegues perceber tal Mistério?

E se percebesse acreditavas?

Mas também foi por isso que Ele veio e está no meio de nós, para nos redimir do cativeiro da nossa humanidade, que não nos deixa perceber para além do nosso finito horizonte.

Que sinal mais sensível queres tu, que O olhares, com o coração, no Santíssimo Sacramento, que é Ele verdadeiramente, e te sentires cheio de paz e amor?

Ah, não sentes, não consegues sentir essa paz, esse amor!

Não consegues porque ainda estás oprimido pela razão quando não se deixa tocar pela fé.

Mas também foi por isso que Ele veio e está no meio de nós para libertar os oprimidos, que somos todos nós, limitados pela pressão do mundo.

O que podes fazer então, senão esperar?

Podes esperar acreditando.
Podes esperar confiando.
Podes esperar amando.
Podes esperar rezando.
Pode esperar meditando a Palavra de Deus.
Podes esperar louvando.
Podes esperar adorando.
Podes esperar esperando.

E quando assim esperares, irás reconhecê-lO ao Partir do Pão.







Garcia, 9 de Janeiro de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 9 de junho de 2025

“Catequese” da Vigília de Pentecostes na Paróquia da Marinha Grande

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Neste Domingo celebraremos a Solenidade de Pentecostes.

Todos nós, julgo eu, já lemos e conhecemos bem a passagem dos Actos dos Apóstolos que nos narra a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, a Virgem Maria e outras mulheres, que estavam em oração contínua pedindo o Espírito Santo, tal como Jesus lhes tinha ordenado quando se elevou ao Céu na Sua Ascensão.

Também, hoje em dia, pedimos o Espírito Santo para nós, individual e colectivamente, para Ele nos guiar, para Ele nos ajudar a perceber, a discernir, a vontade de Deus.

No fundo pedimos que Ele nos guie no caminho rumo à santidade, isto é, no caminho a sermos discípulos de Jesus Cristo.

Cuidado com o que pedimos!

O Padre Patrício, nosso pároco, por duas vezes nesta semana, dizia-nos isso mesmo com algum humor, ou seja, que pedir o Espírito Santo é perigoso, porque muitas vezes talvez não tenhamos a perfeita consciência do que pedimos.

A verdade é que, muitas vezes, pedimos o Espírito Santo para fazermos as nossas orações, para que ilumine as nossas vidas, enfim, para as nossas coisinhas, perdoem-me a expressão.

E nada disso está mal, mas hoje gostava que reflectíssemos naquilo que o Espírito Santo quer sempre fazer em nós, e esse sempre fazer em nós é, sem a mínima dúvida, fazer-nos ou levar-nos a ser Igreja.

Sim, o Espírito Santo chama-nos a ser Igreja.

Ah, que bom é ser Igreja!

Mas temos nós a consciência verdadeira do que é ser Igreja?

É que o Espírito Santo, que invocamos., quer que nós sejamos Igreja de Cristo, ou seja, Igreja viva, que une, qua actua, que caminha.

Então temos que perceber que ser Igreja não é só ir à Missa ao Domingo, ir à Confissão ou receber os Sacramentos.

Ser Igreja é muito mais do que isso, que faz parte importantíssima e primordial do ser Igreja, mas o Espírito Santo quer sempre tudo, e não apenas o pouco que a maior parte das vezes estamos dispostos a dar.

Ser Igreja, segundo o Espírito Santo, é ser irmão dos outros, sejam eles quem forem, mesmo até aqueles que ainda não são Igreja.

São Paulo diz-nos na belíssima imagem da Igreja na Primeira Carta ao Coríntios que:
«Pois, como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo.
De facto, num só Espírito, fomos todos baptizados para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito.» (1Cor 12, 12-13)

O Espírito Santo que tanto queremos e invocamos chama-nos a ser esta Igreja de Cristo, onde ninguém é prescindível, pois todos somos imprescindíveis.

Reparemos, ainda, no que nos diz o Espírito Santo pela escrita de Paulo:
«Há, pois, muitos membros, mas um só corpo. Não pode o olho dizer à mão: «Não tenho necessidade de ti», nem tão pouco a cabeça dizer aos pés: «Não tenho necessidade de vós.» Pelo contrário, quanto mais fracos parecem ser os membros do corpo, tanto mais são necessários.» (1 Cor 12, 20-22)

Mas o Espírito Santo, servindo-se mais uma vez de Paulo, pede-nos ainda algo mais difícil, mas que devíamos ter sempre em conta no nosso dia a dia:
«Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria.» 1 Cor 12, 26)

Cuidamos nós verdadeiramente dos que sofrem, dos que precisam, por vezes mesmo ao nosso lado, nas nossas famílias?

É que muitas vezes olhamos só para fora e não vemos os que estão perto de nós na fragilidade de uma doença ou mesmo da velhice.

Invejamos nós o elogio dado ao outro ou o reconhecimento que lhe for feito por seja o que for que ele tenha praticado em Igreja?

E se em vez de invejarmos, dermos garças a Deus por aquele que fez algo que serviu os outros?

O Espírito Santo, que tanto queremos e invocamos, chama-nos a ser esta Igreja, em que todos na sua diversidade, devem querer ser um com Cristo, no amor do Pai, guiados pelo Espírito Santo.

Mas estamos nós prontos a ser Igreja, segundo a Sua vontade?

O Espírito Santo chama-nos a sairmos de nós próprios, a sairmos das nossas certezas, das nossas coisas, até mesmo dos nossos Movimentos e Obras, entendendo-os como um caminho que só tem sentido em unidade de Igreja, ou seja, sem comparações mundanas de qualidade ou quantidade, do tipo “o nosso é o melhor”!

O Espírito Santo chama-nos a servir, e tantas vezes nós dizemos que não somos capazes, ou que que quem deve fazer são aqueles que estão junto do Padre, como se houvesse algum grupo mais importante do que outro.

Se estão junto do Padre, se calhar é porque se disponibilizam para servir, o que afinal todos podem fazer.

O tal grupo do padre é, apenas e só, toda a comunidade paroquial.

Sim, é muito fácil dizer que não somos capazes, ou passar para os outros tudo aquilo a que nem sequer nos dispomos minimamente a fazer.

Mas não é verdade que o Espírito Santo chama a todos e, chamando a todos, capacita cada um a fazer aquilo a que é chamado?

Porque queremos nós tantas vezes fazer aquilo que o outro já faz, só porque nos parece que é mais visível, ou mais importante, e não discernimos no Espírito Santo aquilo a que somos chamados?

Tão importante aos olhos de Deus é aquele que põe as flores na igreja, como aquele que celebra, quando tudo é feito para servir a Deus servindo em Igreja por amor.

Temos ideias para a Igreja, para a paróquia?

Óptimo, então dêmo-las a conhecer.

Mas primeiro lugar peçamos ao Espírito Santo que nos mostre se essas ideias são da nossa pretensa sabedoria ou se são realmente Sua vontade para a Igreja.

Ficaremos surpreendidos ao perceber que, se discernidas no Espírito Santo, essas ideias podem fazer caminho em Igreja.

Realmente pedir o Espírito Santo é perigoso, como vai sendo perigoso hoje em dia ser Igreja.

Mas quando nos deixamos conduzir por Ele, transformamo-nos em Igreja e a Igreja transforma-se nessa família de Deus, que Cristo colocou nas mãos de Pedro e dos Apóstolos, e que até hoje continua e continuará a ser sempre um farol de amor para a humanidade.

Sejamos valentes, destemidos e invoquemos o Espírito Santo, para que Ele faça de nós a Igreja de quem hão-de voltar a dizer um dia: “Vede como eles se amam”!

Desde sempre Jesus Cristo chamou-nos a ser Igreja, a ser uma comunidade de fé, num só Corpo, que é o Corpo Místico de Cristo

Só o Espírito Santo nos pode unir na fé para sermos Igreja, Corpo místico de Cristo em que Ele é a cabeça e nós os Seus membros.

Sintamo-nos Igreja, porque ser Igreja é ser filho do Pai, irmão de Cristo, templo do Espírito Santo.

Ser Igreja é ser morada de Maria, nossa Mãe do Céu.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.






Marinha Grande, 6 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 3 de junho de 2025

VEM ESPÍRITO SANTO!

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Na Tua presença, Senhor, quero tomar consciência da presença do Espírito Santo connosco e em nós.

Foste Tu, Senhor, que nos disseste que o Espírito Santo viria e nos revelaria tudo que precisa ser conhecido e reconhecido.

É o Espírito Santo que enche a nossa fé e nos revela a Tua presença viva e real na Eucaristia, que aqui adoramos.

É o Espírito Santo que nos faz sentir o incomensurável amor do Pai, sempre de braços abertos para os Seus filhos que O procuram em amor.

É o Espírito Santo que nos faz sentir a sua inefável presença em nós e nos guia suavemente em cada momento das nossas vidas, tão suavemente, que a maior parte das vezes, nem nos apercebemos que é Ele que nos guia e enche a vida.

Ele fala-nos naqueles que nos falam com bons conselhos, Ele abraça-nos naqueles que nos abraçam, Ele sorri-nos naqueles que nos sorriem, Ele chora connosco quando choramos com aqueles que choram.

Quando nos abrimos a Ele, quando escancaramos o nosso coração e a nossa vida à Sua presença, tudo se transforma.

Então, faz-nos ver a presença de Deus na beleza da natureza, faz-nos sentir a presença de Deus na brisa que nos toca, “encharca-nos” de Deus na chuva de graças com que “molha” o nosso íntimo, faz-nos sentir o amor de Deus no amor daqueles que amam, faz-nos perceber a Sua presença nos momentos mais difíceis e dá-nos a mão para os ultrapassar.

É Ele, o Espírito Santo, o primeiro a enxugar-nos as lágrimas que choramos nas nossas tristezas, nas lágrimas que choramos na nossa contrição quando falhamos, fazendo-nos perceber a nossa fragilidade, para acreditarmos que só n’Ele e com Ele podemos ser fortes.

É Ele, o Espírito Santo, que completa a nossa humanidade e nos dá a vida verdadeira, prometida por Cristo para toda a eternidade.

Por isso Pai, em nome de Jesus, pedimos-Te hoje e sempre:
Derrama o Espírito Santo sobre nós e transforma as nossas vidas, segundo a Tua vontade.





Garcia, 2 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

domingo, 1 de junho de 2025

GRAÇAS A DEUS!

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Hoje recebi, pela primeira vez, a Comunhão pelas mãos de um bom e querido amigo.

Emocionei-me, claro, e percebi nele a mesma emoção que eu senti e sinto cada vez que sou chamado a servir Cristo em Igreja, como Ministro Extraordinário da Comunhão.

Este meu amigo foi hoje, com mais dois bons amigos instituídos Ministros Extraordinários da Comunhão na Missa Dominical da nossa paróquia da Marinha Grande.

Foi uma surpresa para mim, pois não sabia que essa instituição aconteceria nesta Missa em que, curiosamente, eu estava escalado para servir como Ministro Extraordinário da Comunhão.

Mas que alegria foi dar a “minha vez” a esses meus amigos!

Não revelo nomes desta amiga e amigos, porque não tenho autorização para tal, (eles também não se importariam com isso pois são testemunhas verdadeiras do que o Senhor fez e faz nas suas vidas), mas posso revelar que os três fazem parte da equipa paroquial dos percursos Alpha.

Este meu amigo em particular, começou/recomeçou o seu caminho com Cristo em Igreja, precisamente num percurso Alpha, que depois quis repetir, calhando-me “em sortes” no meu grupo de partilha.

A sua avidez em querer conhecer e viver o caminho de Deus tocou-me, e, a partir daí, fizemos e fazemos caminho juntos, aprendendo um com o outro o que o Espírito Santo nos vai dizendo no nosso dia a dia.

Vê-lo chegar a ser Ministro Extraordinário da Comunhão é, para mim, um misto de gratidão profunda a Deus pelo que opera nas vidas que a Ele se entregam e, também, uma pontinha de orgulho porque faço parte desse caminho.

Realmente, «a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Deus» (conf Ef 3, 18) é muito maior do que a nossa pequenez humana.

Agora que vou caminhando para o ocaso da vida, só posso dar graças por tudo quanto Deus me tem dado, e rezar por estes discípulos que continuam a testemunhar que o Jesus que ascendeu ao Céu, permanece junto de nós no amor do Pai e na acção do Espírito Santo, que nos revela a presença viva e real de Jesus Cristo na Eucaristia.

Em tudo e sempre para Sua maior glória!






Marinha Grande, 1 de Junho de 2025
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 28 de maio de 2025

ADORAÇÃO PERPÉTUA

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Há dias atrás, tive que me deslocar a Lisboa, mais propriamente à igreja de São Jorge de Arroios.

Havia uma celebração da Eucaristia em queria estar presente, para além de outras razões que não cabe aqui explicar.

Quando entrámos na igreja, fomos agradavelmente surpreendidos com a adoração ao Santíssimo Sacramento, num altar lateral.

Ficámos ali algum tempo até à celebração da Eucaristia, e novamente fui surpreendido porque, finda a celebração, imediatamente foi feita a exposição do Santíssimo, dando continuidade à adoração.

Pelo que me disseram esta adoração acontece todos os dias, durante todo o dia, e só não consegui perceber se também o será durante a noite, constituindo assim a prática da Adoração Perpétua.

Ultimamente tenho lido bastante sobre a Adoração Perpétua, (até por causa das duas horas semanais, segunda e quinta feira, que fazemos na nossa paróquia da Marinha Grande), mormente num livro que adquiri à AIS – Ajuda à Igreja que Sofre, cujo título é – A adoração eucarística perpétua porta para o Céu - e que no fundo narra as diversas vivências e, sobretudo, graças que advém da Adoração Perpétua, descritas em cartas escritas por um sacerdote a outro.

Já antes reflectia bastante sobre a Adoração Perpétua, que as queridas Irmãs Clarissas fazem no Mosteiro de Monte Real e em todos os seus Mosteiros.

Escrevi há pouco tempo que estas horas de adoração nos parecem, por vezes, carentes de “resposta”, digamos assim, mas se quisermos reflectir verdadeiramente na grandeza e no infinito amor que Deus tem à Sua criatura, podemos acreditar, (eu acredito firmemente), que inúmeras graças são derramadas por esse mundo fora, tão carente de amor.

Humanamente somos sempre levados a pensar numa qualquer retribuição de tudo o que fazemos bem e, até com algum esforço, mesmo nas coisas de Deus, mas se em relação aos homens muitas vezes essa retribuição não acontece, com Deus acontece sempre, embora a maior parte das vezes não sabendo como e a quem, e ainda bem que assim é, para que não nos orgulhemos daquilo que fazemos em doação de amor.

Recebeste de graça, dai de graça.

Por isso chego sempre à conclusão que Ele me cobriu e cobre de bênçãos e eu, afinal, dou-Lhe tão pouco, (talvez umas horitas do meu tempo), e ainda fico a pensar se Ele me retribui alguma coisa.

Ah, como eu gostaria que fosse verdade em mim a frase de Santa Teresa: Só Deus basta!

Seria tão bom que muitas mais igrejas tivessem Adoração Perpétua!!!






Marinha Grande, 28 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves


Nota: A fotografia foi tirada na igreja de São Jorge de Arroios

segunda-feira, 26 de maio de 2025

COMPANHIA

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Estes tempos de adoração, Senhor, costumam, em dado momento, suscitar em mim inspirações, (julgo eu), para escrever o que vou sentindo e vivendo.

Hoje nada percebo, nada sinto, mas apenas pensamentos diversos, coisas repetitivas, que não apresentam um texto com princípio meio e fim.

Mas mesmo assim, Senhor, e porque quando escrevo o que sinto e vivo me sinto mais perto de Ti, comecei a escrever o que agora escrevo, a alinhar palavras neste caderno, já gasto e quase no fim.

Estar assim conTigo, são momentos muito íntimos para mim, em que me deixo levar e, para além de orações que são o nosso diálogo, vou escrevendo o que me vem ao coração.

E hoje, Senhor, o que eu sinto, como aliás das outras vezes, é que estás aqui, bem presente, que estás comigo e me chamas a estar conTigo.

Sem fazer orações, nem pedidos, nem súplicas, mas apenas assim, sentados Um ao lado do outro, como amigos, que se compreendem e por isso nada precisam de dizer, para fazerem companhia Um ao outro.

Ah, Senhor, que Tu me conheces e sabes do que necessito, disso não tenho dúvidas, e o estar aqui conTigo desta forma tão simples, enche o meu coração e o meu ser.

Mas eu, Senhor, que Te posso dar que Tu não tenhas?

Que companhia, pobre de mim, Te posso fazer assim calado a Teu lado?

Que mais posso eu dizer ou fazer que seja do Teu agrado?

Docemente, como sempre, dizes-me que o que é do Teu agrado é que eu Te sinta e acredite que estás comigo, que eu me abra inteiramente a Ti e procure apenas e só fazer a Tua vontade.

E então sorris e dizes cheio de amor ao meu coração:
E essa, meu filho, é a melhor companhia que me podes fazer!






Garcia, 19 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

sexta-feira, 23 de maio de 2025

O MENINO, MARIA E JOSÉ

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Ali estava o Menino deitado, sorrindo docemente.

Maria olhava para Ele, voltava o olhar para José e regressava sempre àquele doce sorriso, sem conseguir perceber bem tudo o que sentia.

Era o seu Menino, sim era seu, mas também sentia que pertencia para além de si, pois não lhe tinha dito o Anjo que Ele era o Filho de Deus a quem colocaria o nome de Jesus?

Queria perceber no seu coração tudo que iria ser aquele Menino e, se por um lado sentia o coração transbordar de amor, por outro lado sentia um aperto dentro de si, que quase doía.

Ela ainda não sabia de nada, mas o seu coração de Mãe sentia para além daqueles momentos.

Como poderia ela saber que aquele Menino se “perderia” no templo ensinando, haveria de andar pelo deserto sendo tentado, haveria de percorrer caminhos por todo o lado, haveria de chamar homens para O seguirem, e haveria de dar aos homens aquilo que eles nunca sonharam: o amor, a liberdade, a salvação.

Levantou os olhos ao céu e exclamou interiormente: Bendita sou eu, porque pobre como sou, o Senhor me fez rica no Seu amor.

Olhou para José e admirou-se por perceber que aquele homem, forte e protector, quase desaparecia da vista, mergulhado numa humildade total.

O Menino sorria e ela não podia deixar de sorrir também.

No sorriso do seu Menino parecia-lhe ver paralíticos a andar, cegos a ver, homens a perdoar, mortos a ressuscitar.

Parecia-lhe ver uma multidão que O seguia, mais cheios de fome de amor, do que de fome de comer quando Ele os saciava.

Uma névoa percorreu o seu olhar quando percebeu quanto o Menino teria que sofrer, quanto tinha que dar de Si, até morrer, por aqueles que acreditavam e pelos que não queriam crer.

Mas logo o se alegrou o seu olhar, quando soube dentro de si, que aquele Menino iria ressuscitar.

Fechou os olhos, abriu o coração, segurou a mão de José e juntos, em silêncio, cantaram uma canção que apenas dizia: Santo, Santo, Santo!





Monte Real, 23 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 19 de maio de 2025

LEÃO XIV

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Eles aí estão os comentadores, os jornalistas, os experts de tudo e mais alguma coisa, os que não acreditam e também os que acreditam, mas numa fé que querem à medida deles.

E todos eles ao olharem para o Papa Leão XIV querem um Francisco dois ou um Bento dois ou um outro qualquer Papa do seu agrado.

E vêem sinais em tudo, desde as palavras, aos gestos, às mais pequenas reações.

Vão ao passado procurar discursos, atitudes, pronunciamentos, para os interpretar segundo a sua conveniência.

Estarão convencidos de que por muito falarem ou escreverem, Leão XIV lhes fará a vontade?

Leão XIV não é um “substituto” seja de que Papa for, e se é um continuador, sê-lo-á apenas de Pedro, ou seja, é um discípulo de Jesus Cristo, que Ele mesmo chamou para governar a Igreja.

Sabemos lá nós o que o Espírito Santo lhe inspira para fazer, o que o faz sentir?

Como sacerdote, como bispo, como cardeal, teve um caminho que é conhecido, mas agora como Papa, não esquecendo, sem dúvida, o que foi toda a sua formação académica e sobretudo vivência espiritual, abre-se um novo horizonte, uma nova e difícil missão, que será de acordo com o que o Espírito Santo e apenas Ele, com o Pai e o Filho, sabem ser necessário para a Igreja neste tempo.

Que desejo maior um verdadeiro cristão católico deveria querer para Leão XIV, que não seja ele ser o «servo dos servos», aquele que, como ele próprio disse citando São Paulo, «deve diminuir para que apenas Cristo apareça», aquele que faz a vontade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Poderei estar enganado, e se assim for reconhecê-lo-ei o mais humildemente que for capaz, mas nas minhas orações diárias por Leão XIV, apenas peço que ele seja dócil ao Espírito Santo, seguindo Jesus Cristo no amor do Pai, para que nos guie em Igreja a sermos testemunhas do Evangelho, a “lavarmos os pés uns aos outros”, para que um dia se possa dizer, mais uma vez, da Igreja que todos somos: “Vede como eles se amam”.

Os homens providenciais em Igreja, do passado ou do presente, só o são na medida em que forem por Cristo, com Cristo e em Cristo.

O resto são “mundanidades”.






Marinha Grande, 19 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 16 de maio de 2025

SER TESTEMUNHAS

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«E o Verbo fez-se homem e veio habitar entre nós» (Jo 1, 14)

E aqui estás Tu, Senhor, habitando entre nós no Santíssimo Sacramento Eucaristia.

Não quiseste apenas habitar entre nós, quiseste dar-Te como alimento divino a todos aqueles que Te procuram em espírito e verdade.

E a esses, Senhor, Tu chamas a ser testemunhas da Tua presença no meio de nós e em nós, para que todos aqueles que ainda não acreditam possam ver e acreditar.

Por isso, Senhor, Tu nos chamas a diminuirmos, para que Tu cresças em nós.

Só Tu em nós, pelo Espírito Santo, é que nos pode levar a sermos verdadeiras testemunhas do Teu amor, da Tua presença em nós.

Não nos admiramos nós, Senhor, com as maravilhas que fazes naqueles a quem chamamos Santos?
E, no entanto, Tu chamas cada um de nós a sê-lo também.

E tantos há, Senhor, acredito, que nunca serão conhecidos como tal, mas que o são no dia a dia das suas vidas.
Aqueles que amam com amor doação, que não faz excepção.
Aqueles que se dão aos outros e pelos outros, sem esperar qualquer recompensa.
Aqueles que ajudam os que mais necessitam, que levam a vida aonde só parece imperar a morte.
Aqueles que dão a vida em Teu Nome, em tantos lugares deste mundo conturbado.
Aqueles que trabalham honestamente e aqueles dão trabalho honesto e justo àqueles que dele precisam.

Todos esses e tantos mais são também a Tua presença no meio de nós e em nós.

Todos nós que afirmamos crer no Pai, no Filho e no Espírito Santo, deveríamos fazer parte de todos esses que Te testemunham com a sua própria vida.

Porque afinal, só assim seremos a Igreja que Tu queres que os homens sejam.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.





Garcia, 15 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

terça-feira, 13 de maio de 2025

SECURA!

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Que secura é esta, Senhor, parece que Te afastastes de mim, que já não me tocas com o Teu sopro de amor, que já não sinto as Tuas palavras em mim.

Olho-Te no Santíssimo Sacramento da Eucaristia e um cansaço imenso abate-se sobre mim,

Que fiz eu, Senhor, que não me sinto transportado até Ti e por Ti?
Porque Te afastas de mim, Senhor?
Esta secura, esta fome, esta sede que não se sacia, que não sacias agora, o que quer dizer Senhor?
Acaso fiz eu o que não devia ou não me entreguei como deveria entregar?

Tudo me parece frio sem calor, sem chama.

O amor, o Teu amor, parece que não me toca, que não me move, que não me alegra.
A Tua paz, Senhor, essa paz da serenidade, do alento, da bondade, parece não estar em mim.

Não, Senhor, não estou revoltado.
Estou admirado, estou surpreso, estou sem perceber o que fazer e como fazer.

Sim, Senhor, não morreu em mim, apesar deste momento, o desejo profundo de estar Contigo, de me aninhar a Teus pés, de ouvir a Tua voz, mesmo que nada ouça, agora.

Eu acredito, Senhor, que Tu estás aqui, mesmo que os meus olhos Te não vejam, mesmo que, por agora, o meu coração não Te sinta, mesmo que esta secura me seque, me incomode, me esconda a Tua presença.

Eu sei, Senhor, que estás aqui!

Por isso abandono-me assim, sem nada sentir, sabendo que me tomas nos Teus braços e me amas apesar de tudo o que eu não possa ver, nem sentir.

Se me provas, Senhor, então deixa que Te diga que apesar de mim e de tudo o que agora não sinto, eu Te amo com todo o amor de que sou capaz, com toda a força, que afinal me vem de Ti, apesar de mim e do que neste momento sinto e vivo.

Sou Teu, Senhor, mesmo no deserto do meu sentir, do meu ouvir, do meu pobre rezar.

Abraça-me, Senhor, porque eu preciso de Ti.





Garcia, 12 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

sexta-feira, 9 de maio de 2025

O MEU PAPA

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Já decidi que o meu Papa é Leão XIV!
Está decidido e já não mudo de opinião.

E porque é que ele é o meu Papa?
Porque foi escolhido pelo Colégio de Cardeais reunidos no Conclave, em Igreja.

Aliás Leão XIV é o meu Papa porque Pedro é o meu Papa.

Portanto e resumindo só tenho dois Papas: Pedro e Leão XIV.

Claro que no tempo da minha vida houve outros Papas, desde Pio XII até Francisco, mas neste tempo em que vivo tenho apenas estes dois Papas: Pedro e Leão XIV.

Acredito que pela voz dos Cardeais eleitores também Jesus disse a Leão XIV:
«Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.» Mt 16, 18-19

Gostei do sorriso, da emoção sincera, da simplicidade digna, das primeiras palavras, enfim de tudo, mas nada disso o fizeram mais meu Papa do que já era a partir do “Habemus papam” e da frase “qui sibi nomen imposuit Leonem XIV”.

A centralidade das primeiras palavras em Cristo Ressuscitado e na Sua paz para os homens, (que não é a paz dos homens), encheram o meu coração.

Leão XIV conta a partir de hoje com as minhas pobres orações diárias, sobretudo pedindo que o Espírito Santo o ilumine e lhe dê forças para conduzir a Igreja, para nos conduzir em Igreja, à Verdade revelada em Jesus Cristo, no amor do eterno Pai.

“O Espírito Santo, que é o espírito da verdade, porque procede do Pai, Verdade eterna, e do Filho, Verdade substancial, recebe de ambos, juntamente com a essência, toda a verdade que depois comunica à Igreja, assistindo-a para que nunca erre, e fecundando os germes da revelação até que, no momento oportuno, atinjam a maturidade para a saúde dos povos. E como a Igreja, que é o meio de salvação, deve durar até o fim dos tempos, é precisamente o Espírito Santo que nutre e aumenta a sua vida e virtude: «Eu rogarei ao Pai, e ele vos enviará o Espírito da verdade, que permanecerá convosco para sempre»”
Carta Encíclica Divinum Illud Munus de Leão XIII




Marinha Grande, 8 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves

domingo, 4 de maio de 2025

MÃE!

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Neste Dia da Mãe, (que para mim será sempre dia 8 de dezembro), começo por uma declaração da minha parte: Sou pai!

Ou seja, sou pai, amo os meus filhos, julgo eu, com amor idêntico ao de sua mãe, mas realmente nunca passei pelas dores de os ter, a não ser aquelas que se têm por simpatia e por amor.

Dito isto poderia escrever sobre a minha mãe e não teria nunca palavras suficientes para o fazer.

Escrevo então sobre as mães, todas mães, tendo no meu pensamento aquelas que fazem parte da minha vida.

E sei lá eu bem o que é ser mãe?!

Mas sei, sem dúvida, o que é ser filho, e por isso mesmo posso afirmar, penso eu, que ser mãe é ser vida para os filhos, sendo também vida dos filhos.

Ser mãe, penso eu, é ter uma extensão de si própria, que acaba por não ser extensão, mas sim vida da sua própria vida.

Ser mãe é viver a vida dos filhos vivendo a sua própria vida, e muitas vezes colocando de lado a sua vida, para viver a vida dos filhos.

Ser mãe é sofrer a dor de ter os filhos, para depois de os ter, sofrer as dores que os filhos têm.

Ser mãe é dar a vida a cada passo, pela vida que já deram, no momento em que os filhos nasceram.

Ser mãe é amar com um amor tão grande e absoluto, que só Deus no Seu infinito amor pode conter em Si próprio.

Ser mãe é ser Aquela Maria, que amando o Seu Filho com todo o seu amor de mãe, O deixou entregar-se por todos os outros filhos, que o próprio Filho lhe deu.

Ser mãe é deixar de ser de si própria, para ser a vida dos filhos, que são afinal a sua própria vida.

Por isso, hoje e sempre, obrigado mãe, obrigado mães!





Dia da Mãe
Marinha Grande, 4 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 2 de maio de 2025

O TUDO

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Hoje não tenho palavras, Senhor, não sei o que hei de escrever, embora esteja a escrever.

Sinto-Te no meu íntimo, e ao mesmo tempo sinto como que um vazio de Ti, mas eu sei, Senhor, que estás aqui, Tu não ocupas espaço, nem tempo, por isso estás sempre presente em cada momento.

És o Deus do Eu sou, Eu estou!

Não precisamos de procurar longe, porque Tu estás desde logo naqueles que Te procuram em verdade.

Tu não Te fazes encontrado, porque Tu és o próprio encontro!

És o constante, o presente, o fiel, o que abraça, que beija, que ama.

És o amor e a liberdade, a força e a vontade. o caminho e o caminhar, a vida e o viver, a fome e o alimento, a sede e a água viva, o tudo no nosso nada.

E fazes-Te assim presente neste sublime Sacramento da Eucaristia, para que Te possamos ver com os olhos do corpo, e Te se sentir com o pulsar do coração.

Tu és cada batida do nosso coração, cada gota de sangue que nos percorre, és o infinito que nos toca, és a esperança da nossa espera, a confiança da nossa entrega, a fé que nos move em cada dia.

És assim o Tudo e não chegam as palavras, nem há palavra alguma que Te defina, que Te retrate, ou minimamente Te revele.

Só a Tua Palavra, Senhor, animada pelo Espírito Santo, Te revela, porque Tu és o Verbo que veio habitar entre nós, e está no meio de nós e em nós, permanecendo para sempre.

Glória a Ti, Senhor, hoje e para sempre pelos séculos sem fim.




Garcia, 23 de Janeiro de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 28 de abril de 2025

FRUTOS

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Sou, ou somos, muitas vezes tentados, quando estamos nestas horas de adoração, a pensar que tal prática para nada parece servir, ou então que nos serve apenas a nós, que sentimos ou não o Seu amor, a Sua presença, mas que nada mais se retirará de fruto nestas horas de adoração.

Penso nestes momentos, por exemplo, nas Irmãs Clarissas ou outras ordens religiosas, que vivem e adoração perpétua, e pergunto-me, um pouco envergonhado, se realmente toda essa adoração, toda essa contemplação, toda essa oração, produz frutos para além daqueles que a praticam, que a vivem.

Coitado, pobre de mim, queria então saber quais as graças que o Senhor pode derramar em alguém, porque alguns se dedicam, se entregam, à adoração ao Santíssimo, em silêncio.

E penso também, que se soubesse que estas horas de adoração, produzem frutos noutrem, me poderia orgulhar e envaidecer por pensar que teria algum mérito nisso.

Mas a verdade é que acredito que estas horas de adoração, como a adoração perpétua, feita em tantos lugares, por todo o mundo, produz frutos e frutos abundantes na humanidade e na igreja, que só Ele sabe quais são.

Assim remeto-me à minha insignificância, e penso que é bem melhor nada saber, e apenas agradecer tudo o que ele faz em mim nestes momentos, e na minha vida em cada dia que passa.

Aliás, prefiro até dizer-Lhe, olhos nos olhos, que não leve em conta a minha fraqueza, a minha fragilidade, as minhas dúvidas, muito provavelmente, a minha insinceridade, mas sim que, apesar de mim, derrame as Suas graças naqueles que mais precisam.

Que aproveite, (oh, sim, e Ele aproveita), todos os momentos em que tantos e eu também, Lhe entregamos a vida, o coração, nestes tempos de adoração, e os transforme em bênçãos para aqueles que mais necessitam.

Ah, se soubéssemos o que o Senhor faz com os momentos de adoração de cada filho, de cada filha, não cessaríamos nunca de adorar em permanência o Santíssimo Sacramento da Eucaristia.




Garcia, 24 de Fevereiro de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 21 de abril de 2025

PAPA FRANCISCO

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Morreu o Papa Francisco!
Rezo por ele hoje, como rezei todos os dias do seu pontificado.
Era um homem bom, acredito firmemente que imbuído sempre do enorme desejo de servir a Cristo, servindo os homens em Igreja.
Foi o “meu” Papa como todos os anteriores foram os “meus” Papas.
Em algumas coisas não estive de acordo com ele, mas duas coisas sempre falaram mais alto, para que eu curvasse a cabeça e obedecesse: Porque era o Bispo de Roma escolhido para liderar a Igreja, servindo a Deus, servindo os homens e, em segundo lugar, pela simples constatação de que eu não sou nada, nem ninguém, para colocar em causa as suas decisões, a sua obra.
O que sempre me tocou nele foi a proximidade às pessoas e a nítida vontade de querer edificar uma Igreja para todos aqueles que a quisessem procurar em verdade.
E isso faz-me sempre lembrar, sem dúvida, as primeiras comunidades cristãs que se amavam entre eles, mas amavam também aqueles que ainda procuravam Jesus Cristo com sinceridade de coração.
Era eu ainda bastante novo e pouco consciente das coisas da Igreja, quando aconteceu o Concilio Vaticano II, mas já nesse tempo algumas coisas não foram entendidas como deveriam ser, por muita gente.
O tempo, guiado pelo Espírito Santo, se encarregou de conduzir as reformas de modo a construir uma Igreja mais fraterna e actual.
E é exactamente nisso que acredito que o Espírito Santo fará com a obra do Papa Francisco
Deus lhe dê o descanso no eterno amor de Deus que ele tanto, com certeza, merece.



Marinha Grande, 21 de Abril de 2025
Joaquim Mexia Alves

sábado, 19 de abril de 2025

O MELHOR RÉU

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Senhor, desculpa, mas Tu és o melhor réu em tribunal, mas ao mesmo tempo o mais desconcertante.

Quando Te querem prender, em vez de fugires, ainda vais ter com os que Te vão prender, apresentas-Te a eles confirmando a Tua identidade, e até o fazes segunda vez, para que não haja dúvidas, facilitando o seu trabalho.

Aliás, ainda curas um dos teus captores, que tinha sido ferido pela espada, em Tua defesa.

Depois, vais sem resistência, para que Te apresentem àqueles que Te vão julgar.

Quando Te acusam de afirmares seres o Filho de Deus, em vez de negares tê-lo dito, voltas a confirmar que o disseste e, mais ainda, que és mesmo o Filho de Deus.

Seguidamente acusam-te de afirmares ser o rei dos judeus, e mais uma vez Tu confirmas que sim, que és Rei.

De tal modo a Tua resposta é desconcertante, que esse Teu julgador fica tão atrapalhado, que logo diz não encontrar nada de culpável em Ti.

Vem um novo julgador que Te faz muitas perguntas e Te pede um milagre.

Mas Tu nada respondes, e nem um pequeníssimo milagre Tu fazes, para que reconheçam o Teu poder, dando assim azo a que continuem a condenar-Te.

Regressado ao segundo julgador, pretendem trocar a Tua liberdade pela de um confesso assassino e, mais uma vez, nada argumentas, nada invocas, em Teu favor, deixando que esse seja solto em Teu lugar.

Perante a pergunta que Te é dirigida - “que é a verdade?” - nada voltas a responder, pois sabes bem que não vale a pena mostrar a Verdade que Tu és, a quem está cego à Verdade.

Por fim deixas-Te levar a uma tortura insuportável, carregas a Cruz, (que não é Tua), sobre os Teus ombros, para nela morreres, por amor, só por amor.

Sim, Senhor, és verdadeiramente “culpado”, és verdadeiramente um réu de amor, que se entrega por amor, por todos nós, até por aqueles que Te condenam.

Não precisavam, sequer, de Te perguntar se eras culpado de amar sem limites a todos por igual, porque a Tua resposta seria sem dúvida: Tu o dizes!




Marinha Grande, 18 de Abril de 2025
Joaquim Mexia Alves

Nota:
Inspirado pela homília do Padre Patrício Oliveira, meu pároco, na Quinta Feira Santa.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

MORRER DE AMOR! - Tríduo Pascal 2025

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Vejo-Te a caminhar para Jerusalém e longe de estares triste ou desanimado, há uma paz e uma alegria serena que habitam o Teu coração.

Vais dar-Te, entregar-Te todo em doação, por aqueles que Tu mais amas!

E sabes por tudo o que vais passar, Senhor, porque assim Te é dado conhecer, mas nem mesmo isso Te faz entristecer, Te demove da Tua obediência ao Pai que Te olha com o infinito amor que Vos percorre no Espírito Santo.

Talvez se possa ver no Teu olhar uma névoa de tristeza, mas não é por Ti ou por tudo o que vais sofrer, é sim por aqueles que, apesar da Tua entrega, Te vão rejeitar e rejeitar a salvação que Tu lhes vais alcançar.

Comes com os Teus essa última refeição, que acabas por transformar em refeição eterna para queles que de Ti se vão querer alimentar.

Então oras.

Tu estás sempre a orar, Senhor, porque Tu, afinal, és a própria oração.

Depois com um beijo, um símbolo de amor, és traído e entregas-Te àqueles que verdadeiramente nada podem contra Ti, mas acredito, Senhor, que ainda lançaste o Teu olhar de amor e perdão àquele que Te traiu.

Humildemente, como só Tu sabes proceder, ouves as acusações iniquas que Te fazem e nada respondes, porque sabes que as Tuas respostas nunca serão aceites por aqueles que, decididamente Te querem rejeitar.

Apenas afirmas, ao Teu jeito de responder, que és a Verdade, mas eles não a podem ver, porque estão cegos à Luz que Tu és.

Humilham-te, escarnecem de Ti, batem-Te, e finalmente fazem-Te carregar a Cruz na qual Te vão crucificar.

Cais por terra com o peso da Tua Cruz, que somos nós, afinal, mas logo Te levantas e continuas o caminho da Paixão, que queres seguir por todos nós, pecadores.

Os cravos rasgam-Te as mãos e os pés, mas nem um queixume se Te ouve, apenas me parece ouvir-Te dizer baixinho, repassado de amor: É por ti, meu filho! É por todos vós!

Mas ainda nos dás mais, porque na pessoa do Teu discípulo amado, fazes nossa Mãe a Tua Mãe, para que Ela sempre nos lembre de fazermos tudo o que Tu nos disseres, em cada momento das nossas vidas.

Finalmente entregas-Te ao Pai, (não sem antes Lhe pedires perdão por todos nós), baixas a cabeça e exalas o Teu último suspiro, que é o Espírito Santo derramado em todos nós.

Rompe-se o tempo, ou melhor, o tempo fica em espera, enquanto a morte vai sendo vencida pela Vida.

Então sim, recomeça o tempo, que já não é igual ao tempo que era, porque se torna eternidade na Tua Ressurreição!







Marinha Grande, 17 de Abril de 2025
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 14 de abril de 2025

QUARESMA 2025 XII

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Aqui, Jesus amado, neste momento de encontro Contigo, abro-me ao Teu amor, deixo-me tocar por Ti, e anseio apenas viver-Te e fazer a Tua vontade.

Aqui, frente a Ti, recordo o que sempre nos dizes: «Nem uma hora pudeste vigiar?» Mc 14, 37

Aproxima-se a Semana Santa.

Já percorres, Senhor, os caminhos em direção a Jerusalém, onde o Teu amor por nós, Te levará à entrega total nas mãos daqueles que Te querem matar.

Permite, Jesus amado, que eu faça este caminho Contigo, pobre de mim pecador, para viver verdadeiramente a Tua entrega por mim, por todos nós.

Permite que eu seja o burrinho com que entras em Jerusalém, permite eu seja como um cãozinho debaixo de Tua mesa da Última Ceia, comendo as Tuas migalhas, permite, Jesus amado, que eu seja um Cireneu e Te ajude a levar a Cruz, que é afinal a soma de todas as nossas cruzes.

Olha para mim, Jesus amado, como olhaste para Pedro que Te negou três vezes, para mim pobre pecador, que Te nego incomparavelmente mais vezes, todos os dias.

Permite, Jesus amado, que me aproxime de Ti na Cruz, e que ali fique a contemplar-Te e a chorar por Ti, ou melhor, a chorar por mim e por todos nós, que Te colocamos na Cruz.

Permite, Jesus amado, que como o centurião, Te reconheça como o Filho de Deus feito Homem para nos salvar.

Que poderei eu, Senhor, fazer para aliviar a Tua dor por tantos filhos Teus que se perdem?

Entrego-me tão só nas Tuas mãos, Jesus amado, nelas deposito a vida Tu mesmo me deste, e peço-Te que a aceites por aqueles que não Te aceitam, por aqueles que não te conhecem nem querem conhecer, por todos aqueles que conhecendo-Te, Te rejeitam.

Abandono-me a Ti sabendo que a viagem começou e não acaba nunca, a não ser no encontro definitivo com o Teu amor.





Garcia, 10 de Abril de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)