segunda-feira, 6 de setembro de 2021

50 ANOS

.
.



Faz este ano 50 anos a nova igreja da Marinha Grande. 

Eu não vivia, então, na Marinha Grande, mas não tenho dúvidas de que foi, com certeza, um grande esforço de toda a comunidade a construção desta nova igreja. 

E um grande esforço que não deve ter sido apenas material/financeiro, mas também de trabalho, de abertura à ideia da “coisa” nova, de, corajosamente, olhar para trás e para todas as coisas que tinham sido habituais ao longo de tantos anos, que faziam parte da comunidade e a que a comunidade estava legitimamente agarrada e agora tinha que esquecer, digamos assim, não porque estivessem erradas, mas porque era necessário avançar para o “novo”, para o crescimento, para a mudança que é sempre necessária, mas que sempre traz consigo dificuldades, receios, incómodos e até, às vezes, más vontades. 

O Padre Manuel Veríssimo, (que me baptizou muitos anos atrás em Monte Real), era um “construtor de igrejas” e teve, com certeza, os seus detractores e os seus apoiantes, mas acabou por dotar a Marinha Grande de uma nova igreja, mais ampla, mais moderna, embora não venha aqui ao caso se mais bonita ou não, arquitectonicamente falando. 

Vem este “historial” a propósito dos tais 50 anos da igreja nova e do tempo que agora vivemos, procurando também, não uma Igreja nova, mas uma Igreja renovada pelo Espírito Santo. 

Reparem, (os que lêem este texto), que quando se refere os 50 anos da igreja nova da Marinha Grande se utiliza letra minúscula, para se perceber bem a diferença entre a igreja/edifício e a Igreja, Assembleia de Fiéis convocada por Deus. 

Os 50 anos dizem respeito a um novo edifício a que chamamos igreja. 

Os 50 anos são pretexto, também, para falar da Igreja de Cristo, da comunidade paroquial da Marinha Grande e da sua renovação divina. 

Se a construção da nova igreja há 50 anos despertou/provocou tudo aquilo que se descreve acima, também, sem dúvida, a renovação divina da Igreja, comunidade paroquial, provoca e provocará vários sentimentos, diversas dificuldades, e algumas “dores” de mudança. 

Agora é o Padre Patrício Oliveira e o Padre Jorge que deitam mãos à obra da renovação e que, com certeza, tal como o seu antecessor há 50 anos, hão-de ter os seus detractores e os seus apoiantes. 

Mas a Igreja comunidade paroquial, não pode continuar fechada em si mesma, apenas mantendo aqueles que já nela estão, não crescendo, e sobretudo não cumprindo a sua mais importante missão que é evangelizar, que é anunciar a Boa Nova, que é cumprir o que Jesus Cristo pediu a todos os que nEle acreditam e querem ser Igreja: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» Mt 28, 19-20 

Será preciso romper com algumas rotinas? 
Sem dúvida, porque já nos tornaram acomodados, já nos tornaram “cristãos mornos”, sem a chama do Espírito Santo que faz sempre tudo novo. 

Será preciso romper com algumas práticas e procedimentos na catequese, na formação religiosa e até nas celebrações, (mantendo obviamente a unidade da liturgia)? 
Com certeza, porque os novos tempos exigem de nós a adaptação às novas tecnologias, por exemplo, exigem de nós um novo discurso e uma nova forma de apresentar a Doutrina, (sem a mudar em nada, obviamente, em comunhão de Igreja), exigem de nós que percebamos os novos Movimentos com as suas espiritualidades, (os que estão em comunhão com a Santa Sé, obviamente). 

Será preciso um novo empenho na oração, na forma de orar, na entrega em comunidade? 
Claro que sim! 
O Espírito Santo é que ora em nós e em todos os momentos nos conduz ao encontro da oração sempre nova, sem nunca abandonar, obviamente, as orações tradicionais. 
É que é neste novo empenho na oração, invocando continuamente o Espírito Santo, que iremos, todos, ter uma relação cada vez maior, mais íntima e pessoal com Jesus Cristo, com o amor do Pai, e essa relação irá fazer de nós verdadeiros discípulos, testemunhas constantes do amor de Deus. 

Uma nova forma de caridade, digamos assim. 
Já não só a caridade do dar só por dar, mas do dar “acompanhado”, isto é, dar de modo a que aqueles que recebem sintam que a ajuda vem de Deus, pelas mãos daqueles que a Ele se entregam, para que esse testemunho leve os outros a encontrarem Cristo e a encontrarem na Igreja, na comunidade paroquial, o porto seguro para as suas dificuldades, para os seus maus momentos, sejam eles quais forem, materiais, espirituais, de solidão e companhia. 

Uma nova forma de relacionamento entre os membros da comunidade paroquial. 
Sim, uma nova forma que leve a que quando nos sentamos na igreja para celebrar, sintamos que não estamos ao lado de um estranho, mas sim de um irmão em Cristo, de alguém que faz parte da grande família de Deus e que, portanto, nos ama e que nós amamos também. 

«Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei», disse Jesus, e é esse amor que precisamos viver, esse amor que era visível nas primeiras comunidades cristãs em que todos partilhavam os seus dons, de modo a que nada faltasse a ninguém, desde o material, ao espiritual, ao acompanhamento solidário, não só aqueles que são connosco Igreja, mas também aos que ainda não encontraram Deus, (ou não se deixaram encontrar), e que ao verem o testemunho da comunidade a ela queiram pertencer por perceberem que é em Cristo que encontramos amor, fé, confiança, esperança. 

Difícil? 
Claro que é difícil, claro que dá trabalho, claro que exige de nós uma nova visão, uma nova maneira de viver a fé, mais empenhada, mais amorosa, mais entregue, mais comunhão, mais nós e menos eu. 

As primeiras comunidades conseguiram fazê-lo, pois abriam-se permanentemente ao Espírito Santo, que continuamente invocavam e Lhe pediam discernimento. 

Mas o Espírito Santo não é o mesmo agora? 
Acaso o Espírito Santo deixou de assistir à Igreja e àqueles que O procuram? 

Então confiemos, não apenas nas capacidades dos nossos pastores e nas nossas próprias capacidades, mas demos de nós tudo o que nos é dado por Deus, pedindo ao Espírito Santo que, no amor do Pai, nos guie continuamente ao encontro de Jesus Cristo que terá de ser sempre o centro de toda a renovação da Igreja comunidade paroquial. 

Assim, festejaremos em 8 de Dezembro os 50 anos, na igreja nova, mas sendo Igreja, (Comunidade Paroquial), permanentemente renovada no amor de Deus. 



Marinha Grande, 6 de Setembro de 2021 
Joaquim Mexia Alves 
.
A fotografia é a "imagem de capa" da página do Facebook da Paróquia da Marinha Grande

Sem comentários: