segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A “REVOLUÇÃO” DO PAPA FRANCISCO

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Muito se tem escrito sobre a “revolução” do Papa Francisco, sobretudo afirmando-se ou no mínimo desejando-se, que essa chamada “revolução” se constitua como um romper com o passado, com a Doutrina, em suma, um quase romper com a Igreja.
 
E no entanto, ao lermos o ponto 13 da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, percebemos que, se «na realidade, toda a acção evangelizadora autêntica é sempre «nova» EG11, ela não pode deixar de ter os alicerces na Tradição, na Doutrina, na História da Igreja, enfim na memória, como o Papa Francisco tão bem expressa nesse ponto.
 
13. E também não deveremos entender a novidade desta missão como um desenraizamento, como um esquecimento da história viva que nos acolhe e impele para diante. A memória é uma dimensão da nossa fé, que, por analogia com a memória de Israel, poderíamos chamar «deuteronómica». Jesus deixa-nos a Eucaristia como memória quotidiana da Igreja, que nos introduz cada vez mais na Páscoa (cf. Lc 22,19). A alegria evangelizadora refulge sempre sobre o horizonte da memória agradecida: é uma graça que precisamos de pedir. Os Apóstolos nunca mais esqueceram o momento em que Jesus lhes tocou o coração: «Eram as quatro horas da tarde» (Jo 1,39). A memória faz-nos presente, juntamente com Jesus, uma verdadeira «nuvem de testemunhas» (Heb 12,1). De entre elas, distinguem-se algumas pessoas que incidiram de maneira especial para fazer germinar a nossa alegria crente: «Recordai-vos dos vossos guias, que vos pregaram a Palavra de Deus» (Heb 13,7). Às vezes, trata-se de pessoas simples e próximas de nós, que nos iniciaram na vida da fé: «Trago à memória a tua fé sem fingimento, que se encontrava já na tua avó Lóide e na tua mãe Eunice» (2Tm 1,5). O crente é, fundamentalmente, «uma pessoa que faz memória». Evangelii Gaudium
 
Não se trata de uma rotura com o passado, com a história, com a Doutrina da Igreja, mas tão “apenas” de, «algumas diretrizes que possam encorajar e orientar, em toda a Igreja, uma nova etapa evangelizadora, cheia de ardor e dinamismo. Neste quadro e com base na doutrina da Constituição dogmática Lumen gentium…» EG17
 
Nem podia ser de outro modo, porque o Papa Francisco é o Sucessor de Pedro e não um “reinventor” da Doutrina e da Igreja, porque tal como Jesus disse a Pedro, também o diz a Francisco, «és feliz Francisco, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu.» Mt 16, 17
 
A Igreja não anda ao sabor do mundo, segundo a vontade do mundo, nem sequer segundo a vontade daqueles que se dizem Igreja, porque «não foi a carne e o sangue que to revelou».
A Igreja move-se, porque é movida pelo Espírito Santo, no tempo, no espaço, em cada momento específico do mundo, mas de acordo com aquilo que é o discernimento no Espírito Santo daqueles que foram chamados, escolhidos para serem os Sucessores dos Apóstolos, ou seja, segundo «o meu Pai que está no Céu».
 
Ora o Espírito Santo nunca “ensinará” algo diferente do que foi ensinado por Jesus Cristo, porque como Ele afirma, «o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse.» Jo 14, 26
 
Pode mudar a dinâmica, pode mudar o “estilo”, pode mudar a postura, pode mudar a forma de comunicar, podem até mudar os edifícios e as estruturas humanas da Igreja, (e alguns desses pontos e outros será até, talvez, necessário que mudem), mas a Igreja Católica Apostólica Romana na pureza da sua Doutrina, enquanto Una, Santa, Católica e Apostólica não pode mudar, nem precisa de mudar, porque Ela é sempre actual, porque embora constituída por homens é de Deus, e Deus é sempre actual, porque Ele é o tempo e o espaço em cada momento.
 
A grande diferença, julgo eu, seremos nós, membros da Igreja, conduzidos pelo Papa Francisco e pelo Magistério da Igreja, encontrarmos novas formas, novas dinâmicas, novo ardor, nova alegria para anunciarmos ao mundo a Boa Nova de Deus.
 
 
 
Marinha Grande, 12 de Dezembro de 2013
Joaquim Mexia Alves 
 
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5 comentários:

Paulo disse...

Uma benefica revolução. Oxalá Deus o deixe continuar por muitos mais anos a mexer com todos nós, que muitas vezes vivemos num marasmo. Como ele diz numa parte da sua exortação "Muitos catolicos vivem apenas na Quaresma, esquecendo-se da Páscoa"

joaquim disse...

É verdade, Paulo, deixemo-nos guiar pelo Pastor que Deus nos quis dar.

Um abraço amigo em Cristo

Ailime disse...

Boa noite Joaquim, desejo-lhe e a sua Família um Santo e Feliz Natal com Jesus.
Abraço em Cristo. Ailime

Ailime disse...

Bom dia Joaquim, hoje vim aqui com um pouco mais de tempo!
Sobre este assunto na minha humilde opinião penso que todos nós membros da Igreja somos convidados a procurar novas dinâmicas, novas formas de dar a conhecer Jesus! Para isso também necessitamos do apoio e do exemplo a nível local.
Muito obrigada pelas suas reflexões e renovo os meus votos de Santo Natal.
Abraço em Cristo. Ailime

joaquim disse...

Obrigado Ailime.

Um Santo Natal para si e todos os seus.

Um abraço amigo em Cristo