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Recentemente fui substituído
numa “missão” que muito me agradava e para a qual me “sentia talhado”.
Sempre senti, desde o meu
regresso a Deus e à Igreja, obstáculos pessoais que me impedem de aproximar
mais e melhor da vontade de Deus, e que por vezes me afastam mesmo, dos quais
julgo, para além de outros, os maiores serão o orgulho e a vaidade.
Muitos que comigo lidam talvez
não os percebam na sua relação comigo, mas sinto-os eu e isso me basta.
Já uma vez, pelo menos, tive
que “fazer das tripas coração”, e “exigir” em determinada eleição para um
determinado “cargo” que ocupava há demasiado tempo, que não votassem em mim,
porque não aceitaria continuar, não porque não quisesse ou não pudesse, mas
porque uma voz cá dentro me dizia que essa era muito mais uma vontade minha, do
que a vontade de Deus.
E agora, foi quase a mesma
coisa, embora desta vez ajudado por bons amigos que me ajudaram a aceitar a
decisão sem grande constrangimento.
Ao voltar ao que escrevi acima
reparei nesta frase «determinado “cargo” que ocupava há largo tempo», e fez-se
um pouco de luz sobre o assunto.
Realmente o que muitas vezes
faço, (e não só eu), é “ocupar” um cargo, uma missão, em vez de servir a Deus
num cargo, ou numa missão.
É que se servimos a Deus num
cargo, ou numa missão, então estamos sempre disponíveis para servir a Deus em
tudo o que Ele nos pedir, mas se “ocupamos” um cargo, ou uma missão, então o
cargo ou a missão, tornam-se coisa nossa, que nos serve, (sobretudo ao nosso
orgulho e vaidade), e não como caminho para servir a Deus.
E depois ouvimos aqueles que,
com verdadeira amizade, nos dizem que somos os melhores para aquilo que estamos
a fazer, e convencemo-nos disso mesmo, para não darmos azo a ser substituídos e
a perder “estatuto”.
E hoje, quando meditava nisto
mesmo e começava a escrever, iam surgindo razões, (a vontade de Deus tem sempre
razão e é sempre razão), para ser afinal substituído e bem substituído.
E vinha ao meu pensamento essa
ideia de que realmente terei muitos conhecimentos, terei até muito jeito para
tal cargo ou missão, mas, deixando-me ficar, acabo por não renovar, acabo por
querer fazer aquilo que acho melhor, e aquilo que eu acho melhor é aquilo que
eu já faço.
Então percebi, (como todos
devemos perceber), que o Senhor, no seu infinito amor, me dizia que todo o “meu
saber” acumulado vinha d’Ele, e que usado agora numa ajuda, numa colaboração
sincera e desprendida com aquele/aqueles que me substituíram pode ter um “valor
acrescentado”, que é o novo, a novidade que eles podem trazer, também
seguramente conduzidos pelo Espírito Santo.
É curioso, que até ao escrever
isto que agora escrevo, me parece estar a ser orgulhoso e vaidoso, mas recorro
ao Santo Padre Pio, que dizia, mais coisa menos coisa, que o inimigo se serve
muitas vezes de coisas aparentemente boas, (o reconhecimento dos nossos
defeitos), para nos tentar impedir de fazer a vontade de Deus.
E descanso então no Evangelho
de hoje e na resposta de Jesus à pergunta dos discípulos: «Quem pode então
salvar-se?» Mc 10, 26
«Aos homens é impossível, mas
não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Mc 10, 27
Marinha Grande, 27 de
Fevereiro de 2017
Joaquim Mexia Alves
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