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Olho
para trás, para a minha vida, e vou-me dando conta de que aquilo que aprendi na
catequese, em casa ou nos colégios católicos por onde andei, tinha muito mais a
ver com o conhecimento das verdades da Fé e da Doutrina, do que com a vivência
interior, intima, da fé que Deus me tinha concedido.
Certo
que via nos meus pais uma profunda prática cristã, não só na oração, mas também
nos gestos e nas atitudes, mas Deus estava longe, inacessível, e muitas vezes
“envolvido” num sem número de práticas e obrigações, que não sendo explicadas
no seu conteúdo, não eram vividas, e não sendo vividas eram, como hoje em dia
se diz, «uma seca».
Não
é portanto de admirar que assim que pude decidir por mim mesmo, (ou assim
julgava), me tenha afastado da prática religiosa e, por esse afastamento da
Igreja, me tenha também afastado de Deus.
Isso
leva-me a pensar nesta verdade de que sem Deus não há Igreja, mas que sem
Igreja também o caminho para Deus se perde, mas isso seria uma muito longa
reflexão.
Passados
mais de 20 anos de afastamento, (já por volta dos 44 anos), pela graça de Deus,
sem dúvida, comecei a procurar novamente esse Deus que me tinha sido ensinado e
do qual me tinha afastado.
E
encontrei-O, ou melhor, deixei que Ele me encontrasse, mas agora, mercê de quem
então me ajudou e sobretudo de uma procura interior e íntima, encontrei-O
próximo, tão próximo, que O sentia e sinto no dia-a-dia da minha vida.
De
tal modo que o meu desejo e vontade não é que Ele faça parte da minha vida, mas
que a minha vida seja Ele, no sentido de fazer sempre a sua vontade.
E
esta vivência diária da Fé, fez-me encontrar a comunhão da/na Igreja, a beleza
dos Sacramentos, a força da oração, a paz da confiança, a serenidade da
esperança.
E
assim, a prática religiosa, deixou de ser “prática”, porque passou a ser vida,
o que era “obrigatório”, passou a ser intimamente desejado, o que era
impaciente e “aborrecido” passou a ser paz e alegria vivida em comunhão de
irmãos com Deus.
E
nos momentos menos bons, acontece sempre a certeza de que Ele está ali, ao meu
lado, ou melhor, está em mim, e “leva-me ao colo” para passar os “vales
tenebrosos”.
Obviamente
esta reflexão leva-me a pensar na catequese de hoje em dia, (sou catequista do
10º ano), e o modo como a mesma é dada e vivida.
Não
tenho pretensões a dar soluções, mas apenas ajudar a reflectir no que será
preciso fazer para que a maioria dos jovens não se afastem de Deus e da Igreja,
a seguir ao Sacramento da Confirmação.
Parece
não restar grandes dúvidas de que o modo como hoje em dia se continua a dar
catequese, leva uma grande parte dos jovens a entende-la como uma obrigação,
(como ter que andar na escola), e que tem um fim almejado, o Crisma, que é para
eles, não um Sacramento de inicio de uma nova vida cristã, mas o fim de uma
“aprendizagem” de uns “longos” dez anos, da qual ficam libertos para sempre.
E
como catequese se relaciona com a Igreja e com Deus, a “libertação” não
acontece apenas com a catequese mas também com tudo o que lhe está associado,
ou seja, Deus e a Igreja.
Sem
vivência interior da fé, o “apenas” conhecimento não se torna vida e se não se
torna vida, é facilmente “descartável”.
Sem
o encontro pessoal com Jesus Cristo, o conhecimento é “apenas” saber, não se
torna em ser e em viver.
Como
fazer então?
Julgo
que em primeiro lugar a prática da oração é muito importante.
Ao
mesmo tempo que se ensinam as orações da Igreja, dever-se-ia levar os jovens,
logo desde o início, da mais tenra idade, a falarem com Jesus Cristo, na sua
linguagem normal, como a um amigo a quem tudo se conta e com quem sempre se conta.
Esta
proximidade com Jesus Cristo, (muitas vezes junto ao sacrário), leva a uma
intimidade, a uma interioridade, que apenas o ensino da matéria não consegue
alcançar, e torna mais “apetecível” o momento da catequese.
Esta
prática de oração, este “tu cá, tu lá” com Jesus Cristo, leva ao encontro
pessoal com Ele, fá-Lo próximo, torna-O presente em cada momento, e assim sendo
Alguém a Quem desejamos ter sempre por perto, ter sempre connosco.
Nota:
Continua
na próxima semana, se Deus quiser!
Marinha
Grande, 25 de Junho de 2013
Joaquim
Mexia Alves
..
4 comentários:
Boa tarde Joaquim, a primeira parte da sua Catequese quase que a poderia “transcrever” como algo semelhante ao que se passou comigo. Penso que não me afastei de Deus. Penso que Ele me quis dar espaço para que eu soubesse o quanto Ele me amava e quanto eu precisava Dele.
Não sou catequista, mas faço parte de uma comunidade muito grande onde noto que também há esse afastamento da maioria dos jovens. Muitas vezes me interrogo do motivo de tal afastamento e concordo que a oração é essencial e é nas famílias que deve ter o seu princípio e continuação.
Embora sejam feitas muitas ações para que os jovens não desistam, a espiritualidade tende a ficar de lado, sendo apenas o aspeto lúdico realçado. Não sei se não haverá necessidade de reformular o ensino da Catequese, porque creio não haver tantas pessoas assim como o Joaquim com essa espiritualidade através de quem Deus deixa que se exprima dessa forma. (Isto não pondo em questão a boa vontade e a entrega de todos os catequistas).
Que Deus continue a iluminá-lo
Abraço em Cristo. Ailime
(Desculpe-me se não me expressei bem)
Boa noite Joaquim
Também recebi uma catequese centrada no cumprimento da lei.Hoje não sei como é a catequese,mas continuo a achar que os grandes ensinamentos têm a ver com o testemunho que a família dá no modo como está em igreja.Se os pais colocam os filhos na catequese, como o fazem com outras actividades, de modo a manterem-nos ocupados enquanto eles trabalham, será muito difícil que os jovens venham a ter uma espíritualidade profunda no relacionamento de proximidade com Deus.Paralelamente aos filhos, talvez os pais precisassem também de ser catequizados.Mas como consegui-lo?Não tenho a resposta, mas de certeza que haverá um modo.A igreja teria de ser atractiva, levando os pais a naturalmente comprometerem-se,porque estes pais pertencem a uma geração cujos pais estiveram fora da igreja.Quanto ao encontro com Deus,acontece sempre de um modo inesperado e a seguir tudo muda radicalmente.O Senhor misteriosamente escolhe!
Obrigado Ailime pelo seu comentário.
Toca nalguns pontos que estão no meu pensamento para escrever.
Um abraço amigo em Cristo
Obrigado Concha.
Já há alguma coisa pensada sobre a "catequização" dos pais.
Vou tentar escrever também sobre isso.
Um abraço amigo em Cristo
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