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Acercas-te da mesa da comunhão.
Dentro
de ti algo te vai conduzindo no entendimento do acto que vais praticar.
Vais
comungar o Corpo e o Sangue do Senhor!
Vais
receber como alimento divino o próprio Deus que assim a ti se entrega!
Dentro
de ti, mais na tua mente do que no teu coração, as palavras repetem-se
deixando-te incomodado, quase a ponto de desistir: eu não sou digno, eu não sou
digno, eu não sou digno!
Claro
que não és digno. Ninguém o é!
Mas
não és tu, nem ninguém como tu, pecador, que te pode conferir a dignidade de O
receber, mas apenas e tão só o próprio Senhor Jesus Cristo.
Não
foi Ele mesmo que afirmou:
Disse-lhes Jesus:
«Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do
Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem realmente
come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu hei-de
ressuscitá-lo no último dia, porque a minha carne é uma verdadeira comida e o
meu sangue, uma verdadeira bebida. Quem realmente come a minha carne e bebe o
meu sangue fica a morar em mim e Eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e
Eu vivo pelo Pai, também quem de verdade me come viverá por mim. Este é o pão
que desceu do Céu; não é como aquele que os antepassados comeram, pois eles
morreram; quem come mesmo deste pão viverá eternamente.» Jo 6, 53-58
Então
é Ele mesmo que te confere a dignidade para O poderes receber, e seria um
grande pecado duvidares dessa dignidade que Ele te confere, por amor, só por
amor.
Continuas
a tua caminhada em direcção à comunhão.
Quase
não consegues acreditar! Vais receber o próprio Deus como alimento divino!
É
Ele, Jesus Cristo, real e verdadeiramente que ali está à tua espera, dando-se
tão inteiramente, que se faz alimento para ti.
Parece
que o mundo para à tua volta!
Abriu-se
o Céu e o Pão Vivo desce para ti e para todos!
Abres
desmedidamente os teus olhos e queres ver na hóstia consagrada o próprio Jesus
Cristo.
Mas
não consegues, pois os olhos teimam em apenas te dar a imagem de uma hóstia
redonda e branca.
Ouves
a voz que dentro de ti te aconselha: não queiras ver com os olhos do mundo,
Aquele que só os olhos da fé te podem mostrar.
Fechas
os olhos e deixas-te conduzir!
O
Espírito Santo toma-te nos seus braços, abre o teu coração e o teu entendimento,
e de dentro de ti vem finalmente a Verdade, numa exclamação silenciosa do teu
coração: meu Senhor e meu Deus!
A
tua cara descomprime-se, e nela desponta um sorriso, tão cheio de paz e amor,
que lhe poderíamos chamar, o sorriso do Senhor!
Ainda
não comungaste e já te sentes comunhão!
Porque
te parece que os outros a teu lado te acompanham na comunhão e também tu os acompanhas,
todos e cada um deles, irmanados no mesmo viver, no mesmo comungar.
Abres
a boca ou estendes a mão, tanto faz, a dignidade do acto está no teu coração e
na consciência com que vives o incrível momento.
Recebes
o Senhor e dentro de ti um sabor indizível de amor e paz toma conta de ti.
És
feliz, porque acreditaste!
Queres
pedir tanta coisa ao teu Senhor, mas só te saem palavras de louvor!
Um
agradecimento profundo, que te leva a dizer sem cessar: obrigado, Senhor! obrigado,
Senhor! obrigado, Senhor!
Olhas
em teu redor, para tentares ver se os outros percebem o que tu estás a viver!
Mas
não, nada nas suas caras espelha qualquer espanto por aquilo que estás a
sentir, por aquilo que estás a experimentar.
A
ti é que te espanta, pois quando olhas para cada um, para cada uma, não vês
homens nem mulheres, vês apenas e tão só filhos de Deus e sentes-te assim
descansado, acolhido, amado, nessa família interminável, que é a família de
Deus.
O
Jesus já está escondido, como dizia o Francisco de Fátima.
Deixas-te
cair de joelhos, não porque te “pese” o Senhor, mas antes pelo contrário, pois
a leveza que sentes é tão grande que precisas de te ancorar na oração.
Querias
poder gritar: sou feliz, sou feliz!
Mas
na paz imensa que te envolve, começas a descer do Tabor.
É
tempo de voltar ao mundo, de onde afinal não chegaste a sair.
O
Espírito Santo vem e segreda-te ao ouvido:
Esse
Jesus que recebeste deves amá-Lo, deves vivê-Lo, deves testemunhá-Lo, deves
partilhá-Lo, deves dá-Lo a conhecer aos outros, porque só assim Ele se torna
vida em ti, porque só assim Ele faz morada em ti, porque só assim a comunhão é
verdadeiramente comunhão!
Monte
Real, 30 de Abril de 2013
Joaquim
Mexia Alves
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10 comentários:
Excelente! Uma viagem ao fundo da alma que se apresenta à Comunhão.
Extraordinária reflexão!
Acção de graças? Mais que isso, atrevo-me a dizer, porque se trata de um coração, uma alma, toda uma criatura recolhida no grande mistério eucarístico.
Oxalá que TODOS quantos se aproximam da mesa eucarística tivessem iguais disposições.
Há um verdadeiro perigo para os que comungam com frequência: a rotina!
Para o combater sugiro um conselho de São Josemaria Escrivá: Comungar sempre como se fosse a última vez que se recebe Jesus Cristo.
(Parece-me um bom conselho, afinal, quem pode garantir que não seja?)
Com um abra0ço
Meu Deus Joaquim!!
Cada vez gosto mais de passar por aqui.
Pois acho que a forma como Ele o "toca" é maravilhosa.
E você consegue transmitir-nos isso mesmo, nos seus textos.
Lindo!!
Obrigada por este momento de comunhão.
bjs
Obrigado Rui Manuel Alves.
Um abraço amigo em Cristo
Obrigado António
Penso tantas vezes nisso mesmo: na rotina!
E por vezes fico tão incomodado comigo mesmo!
Como se fosse a última vez!
Um abraço amigo em Cristo
Obrigado Teresa
Cada vez mais acho que as palavras não conseguem exprimir nem de perto as maravilhas de Deus.
Se conseguissemos por um momento ter palavras que mostrassem a todos o que Deus faz em nós, muitas conversões aconteceriam.
Que Ele nos ilumine e inspire a sermos cada vez mais testemunhas do seu amor.
Um abraço amigo em Cristo
Lindíssimo!A descrição de um momento de verdadeira comunhão com Deus!Muito bom!
Abraço com gratidão por tão boas partilhas.
Obrigado Concha!
Não me agradeças a mim, mas a Ele que nos faz experimentar tais incríveis momentos.
Um abraço amigo em Cristo
Mais um excelente artigo profundo. Adorei
Obrigado Paulo.
Um abraço amigo em Cristo
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