domingo, 31 de agosto de 2025

O EVANGELHO DO DIA

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Chegou ao jantar e a sala já tinha bastante gente.

Decidiu sentar-se numa mesa a meio da sala, porque embora conhecesse há muito anos o aniversariante, há muito tempo que não estavam juntos e ele não conhecia ali praticamente ninguém.

Para além do mais a vida não lhe corria muito bem, e o fato que vestia denotava bem que já era muito usado.

Sentaram-se algumas pessoas na mesa onde estava, e rapidamente se apercebeu pelos seus olhares que a sua presença não lhes era muito agradável.

Levantou-se da mesa com o intuito de se ir embora, mas o seu velho amigo tinha insistido tanto na sua presença, que decidiu sentar-se na última mesa junto à porta onde ninguém desse conta da sua presença.

Notou alguma agitação nos convidados, e percebeu então que o aniversariante seu amigo tinha entrado na sala.

Decidiu ficar e que mal tivesse oportunidade de lhe falar assim faria e depois sairia sem ninguém notar.

Reparou que o seu amigo continuava de pé junto à mesa principal e ia olhando para todas as mesas a ver quem estava na sala.

Foi então que os seus olhares se encontraram e o aniversariante atravessou toda a sala para lhe vir dar um enorme abraço e dizer-lhe que tinha de ir para a sua mesa, pois precisava falar com ele para “matar saudades”.

Lá foi um pouco envergonhado, percebendo os olhares de toda a gente em cima de si, como a perguntarem-se quem seria ele tão importante, mas que afinal não tinha assim um aspecto muito “famoso”.

Pouco depois de estar sentado em franca conversa com o seu amigo, sorriu de tal modo que o seu amigo lhe perguntou o que se passava.

Então ele disse-lhe com toda a franqueza e alegria, que se tinha lembrado do Evangelho da Missa de Domingo dessa manhã em que Jesus dizia para os convidados de um banquete não escolherem os primeiros lugares porque «quem se exalta, será humilhado, e quem se humilha, será exaltado».

Deram os dois uma sonora gargalhada e alegremente foram comendo e conversando felizes com aquele reencontro.





Marinha Grande, 31 de Agosto de 2025
Joaquim Mexia Alves

sábado, 23 de agosto de 2025

REFLEXÃO DA PORTA ESTREITA

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Senhor
no Evangelho deste Domingo convidas-nos a “esforçarmo-nos para passar pela porta estreita”.

Desde que me deixei encontrar por Ti, tenho “emagrecido” de muitas coisas que me “engordavam” e não deixavam passar pela porta estreita.

Mas reflito agora, que cada porta estreita porque passo, me é mostrada uma nova porta, ainda mais estreita, e eu lá vou fazendo caminho, “estreitando” o meu orgulho, a minha vaidade, o meu mau feitio, enfim, o meu eu, que não é o “eu” que Tu queres que eu seja.

Só Contigo, Senhor, guiado pelo Espírito Santo. poderei continuar a fazer esta “dieta” para “emagrecer” o meu eu e assim ser o “eu” que Tu me chamas a ser, o “eu” da Tua vontade em mim.

Um dia chegarei, se fizer a Tua vontade, àquela porta tão estreita, que não poderei passá-la com este corpo que me deste, mas liberto desta “tenda”, (no dizer de São Paulo), e por Tua inteira graça, passá-la-ei para cair nos Teus braços de amor, que me esperam para ser vida em Ti para sempre.

Ajuda, Senhor, a minha fé, a minha confiança, a minha esperança, para que, de mão dada Contigo, no amor do Pai, guiado pelo Espírito Santo, alcance a última porta estreita, e no Teu amor por ela passe para sempre.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Amen.





Marinha Grande, 23 de Agosto de 2025
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

A OBRA DE DEUS E O HOMEM

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Aqui frente a Ti. Senhor, reflito na obra que colocaste nas mãos do Homem.

Deste-nos este mundo cheio de beleza de harmonia e equilíbrio.

Tudo colocaste nesta Terra para servir o homem, suprindo a todas as suas necessidades.

Deste-nos o ar, a água, os alimentos, enfim, tudo o que a vida do Homem necessita para viver.

Criaste o equilíbrio entre os animais selvagens e os animais domésticos, as árvores e as plantas, as montanhas e as planícies, os desertos e os campos verdejantes, enfim, a harmonia de toda a natureza viva.

E, no entanto, o homem muitas vezes em nome de um qualquer progresso, acaba por estragar a beleza da Tua obra, não só destruindo tanta coisa bela nela contida, mas destruindo também a harmonia e o equilíbrio que deste à natureza.

E, pior ainda, quando o homem se serve da inteligência, das capacidades que lhe deste, para se destruir a si próprio em guerras escusadas e sem sentido.

Tudo fizeste e tudo fazes para que o homem seja feliz, mas o homem teima em tantas vezes se afastar de Ti, recusando o Teu amor e a Tua entrega total por todos os homens.

Como pode o homem amar sem o Teu amor, como pode o homem salvar-se, se não aceita a salvação que Tu lhe deste, Senhor?

Faz-nos renascer pelo Espírito Santo, Senhor, faz-nos perceber que só somos Homem completo quando vivemos por Ti, Contigo, e em Ti.







Garcia, 19 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

«A ESPERANÇA NÃO ENGANA»

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Tenho lido diversos textos sobre o Papa Leão XIV, uma grande parte deles a tentar “puxar a brasa à sua sardinha”, isto é, a querer reivindicá-lo como tradicionalista ou progressista, conforme o “gosto” dos que escrevem ou comentam.

Nada de novo, portanto.

Mas também já li alguns textos em que, digamos assim, se critica Leão XIV por não “fazer nada”, por não se pronunciar contra isto ou aquilo, enfim, por “estar apenas”!

Estas críticas são, na minha opinião, injustas.

Não sou nenhum “vaticanologo”, nem sei o que isso é, (mais um termo inventado nestes nossos tempos), e, por isso, apenas posso exprimir aquilo que sinto ao ver e ouvir Leão XIV.

Em primeiro lugar a sua presença e as suas intervenções levam-me a sentir e a viver um grande sentimento de paz e unidade.

Não o ouço “ralhar”, nem criticar, mas sim, serenamente, guiar em caminho de Igreja.

As suas intervenções são, na sua quase maioria. centradas em Cristo, e precisamente por isso, transmitem essa paz e unidade que a Igreja tanto precisa, porque em Igreja, Cristo é a Cabeça, o Centro, a Unidade, e sem Cristo não há Igreja.

«A igreja não muda com o mundo, mas deve mudar o mundo», dizia Bento XVI, afirmando no fundo o que Cristo ensinou e, por isso mesmo, acredito eu, Leão XIV, guiado pelo Espírito Santo vai-nos “recentrando” nesse infinito amor de Deus, de que Jesus Cristo, com a Sua total entrega por nós, é a prova constante, e que é o único amor que pode mudar o mundo, que pode trazer a paz, que pode unir e conduzir à salvação.

A Igreja sempre foi paciente, muito ponderada, não porque, acredito eu, não soubesse o que era e é necessário fazer, mas sim porque precisava e precisa de rezar muito, para escutar a vontade de Deus, deixando-se conduzir pelo Espírito Santo.

O Papa Francisco, deu por título à Bula de Proclamação do Jubileu deste ano, “Spes non confundit” – “A esperança não engana” (Rm 5,5) e, para mim, este simples versículo da Carta aos Romanos, leva-me hoje em dia de imediato a pensar em Leão XIV, não por esperar algo que eu quero, mas porque espero o que Deus quer e, em tudo o que vejo e ouço neste tempo, acredito que Leão XIV é agora o portador desta “esperança que não engana”, porque é a esperança de Deus e em Deus.

Os homens são muito apressados, querem tudo agora e já, mas Deus não tem tempo, como a Igreja também não o tem porque emana de Deus, e, por isso, no tempo certo, como sempre aconteceu quando a Igreja se deixou guiar pelo Espírito Santo, o que for a vontade de Deus acontecerá e será, sem a mínima dúvida, o que a Igreja precisa, conduzida pelo Papa Leão XIV.

Muito mais do que as nossas interpretações, opiniões, comentários, críticas, etc., etc. o que o Papa Leão XIV precisa é das nossas permanentes orações por ele e pela Igreja, para que, no amor do Pai e em nome de Jesus, se deixe conduzir pelo Espírito Santo.

Porque «a esperança não engana».







Marinha Grande, 18 de Agosto de 2025
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

FRAGILIDADES

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Pesam-me tanto, Senhor, os meus pecados, as minhas fraquezas, as minhas fragilidades.

Sobretudo aqueles em que sou apanhado desprevenido e só depois do mal feito, tomo consciência do que não devia ter feito.

É verdade, Senhor, que Tu nos dizes para estarmos atentos e vigilantes para assim podemos responder com firmeza ao mal que nos cerca, e que, tantas vezes, vive dentro de nós.

E eu, Senhor, tento sempre viver em oração Contigo no pensamento, no coração, mas tantas vezes me deixo levar pelo meu feitio, por tantas coisas que vivem em mim e me fazem reagir mal ao que deveria reagir bem, em calma e serenidade.

Eu sei, Senhor, que deveria estar atento e não me deixar reagir no calor do momento, deveria refletir antes de falar, deveria buscar a Tua paz, muito antes de me deixar levar pela minha irritação.

Mas a verdade é que só depois do mal feito, percebo que não procedi como devia proceder.

Como diz São Paulo: «Não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero».

E isso pesa-me, Senhor, embora eu saiba que Tu estás sempre de braços abertos para me receber e perdoar.

Realmente, Senhor, o Teu amor é infinito e a Tua paciência permanente.

Ajuda-me, Senhor, pelo Espírito Santo, a estar atento a mim próprio, ou seja, a estar atento às minhas reações, e a não me deixar levar pela minha intempestividade.

Não, não, Senhor, não quero arranjar desculpas para mim próprio, mas sim reconhecer que sou fraco e me deixo cair tantas vezes em situações que deveria e conseguiria, com a tua ajuda, evitar.

Resta-me a consolação da certeza que Tu me amas, Senhor, me perdoas e que nunca deixarás de me dar a mão para que eu me possa vencer a mim próprio.

Obrigado, Senhor.






Garcia, 26 de Maio de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

ABANDONADO EM TI

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Em adoração, Senhor, abandono-me a Ti.

Quero esvaziar-me de mim, de tudo aquilo que julgo saber, de tudo aquilo que possa ter planeado, de tudo, enfim, Senhor, que vem de mim e não de Ti.

Não cuidas de saber se estou ou não vazio de mim, porque a Ti, Senhor, interessa-Te bem mais a minha intenção de me deixar envolver por Ti, de me deixar encher de Ti, de fazer apenas a Tua vontade.

Fecho os olhos e quero ver-Te, assim, todo Tu, que me olhas e dás a mão, e chamas a juntar-me a Ti em todo o caminho que vou fazendo.

Eu continuo sem compreender bem o que queres de mim, mas dou-Te a mão e digo-Te, com maior sinceridade de que sou capaz: Aqui estou, Senhor, faz de mim o que Te aprouver fazer.

Julgava eu que então partiria nas asas de um vento, ou na mansidão de uma brisa, e Tu me farias atravessar abismos e ultrapassar obstáculos, numa viagem cheia de paz e serenidade.

Mas não, Senhor, porque Tu dizes-me com um sorriso na Tua Santa Face, que a viagem é aqui neste mundo que me colocaste, e que os abismos e obstáculos são para vencer com o Teu amor, que me dás na minha entrega a Ti.

Não queres que eu me aquiete e nada faça, mas sim que parta constantemente à Tua procura nos outros e em mim.

Sim, dizes-me Tu, Senhor, haverá momentos em que me queres em adoração, em contemplação, mas mesmo esses momentos devem ser vividos e oferecidos por aqueles que o não fazem.

Sinto-me incapaz, julgo que não conseguirei fazer o que me pedes, Senhor, mas és Tu mesmo que me dizes cheio de amor: Julgas tu que eu te deixaria sozinho? Não, a viagem é Comigo e Comigo ultrapassarás o que for preciso ultrapassar.

Então abandono-me a Ti!

Sei que ainda carrego muita coisa comigo, mas pouco a pouco acredito que Te encarregarás de me libertar de tudo isso, até ao dia em que não tendo nada, não sendo nada, Tu sejas tudo em mim.






Garcia, 14 de Abril de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

DE MÃO DADA

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Fecho os olhos
e nada quero ver
a não ser a escuridão
do eu nada ser.

Estendo-te a mão
Senhor
e peço-Te que me guies
mesmo sem eu abrir os olhos
para que todo eu me entregue
e apenas confie em Ti.

Penso
mesmo sem querer
nos obstáculos
nos abismos
mas quero crer 
com toda a força da fé
que tu me dás
que não me deixarás perder.

O caminho é longo
parece não ter fim
mas devo aproximar-me da meta
porque sinto cada vez mais
a Tua mãa
apertada em mim.

Deixo-me levar
porque dentro de mim
já não há escuridão
há apenas a luz
que sai do Teu amor
porque afinal
és Tu o Caminho
em mim.







Marinha Grande, 8 de Agosto de 2025
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

SER PADRE - (No dia dos Padres)

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Sei eu lá bem o que é ser Padre?!

Sei o que é ser pai, que o sou de quatro filhos, e, apesar da experiência, falhei e falho ainda tantas vezes.

Mas ser Padre de tantos filhos como os fiéis da Santa Igreja, uma parte deles bem mais velha do que o Padre, não é tarefa, nem trabalho, é vocação e missão, como, aliás, o ser pai o é também.

Mas os filhos, apesar dos erros do pai, vão guardando no coração o amor pelo pai que eles sabem que os ama apesar de tudo o que possa acontecer.

No coração dos fiéis nem sempre o Padre é guardado com amor.

O coração do pai alberga os poucos ou muitos filhos, o coração do Padre tem que albergar os inúmeros fiéis que lhe são dados em missão.

Os filhos em relação ao pai guardam sempre uma certa reverência, chamemos-lhe assim.

A reverência dos fiéis em relação aos padres há muito que se perdeu, infelizmente.

A multiplicidade de feitios nos numerosos fiéis “à guarda” do Padre deveria tornar a sua missão quase impossível, mas mesmo assim, o Padre vai-se ultrapassando no seu feitio, (pois é os padres são humanos, também têm feitio), para se tentar adaptar ao feitio de cada fiel com quem está.

E depois o Padre ouve os fiéis falarem dos seus problemas, dos problemas das suas famílias, e debatem-se tantas vezes com a falta de tempo para tratarem dos seus próprios problemas, dos problemas das suas famílias, (pois é os padres também têm problemas e também têm famílias), da sua vida própria, enfim.

O pai é culpado dos seus próprios erros e não dos erros dos outros pais.

Ao Padre muitas vezes atiram-lhe para cima com os erros de outros padres.

E cansam-se, têm fome e têm sede, (Jesus também se cansou dizem os Evangelhos), adoecem como os outros, e entristecem-se e choram e, claro também riem e se alegram, sobretudo, com a alegria e o riso dos outros.

O pai é “escrutinado” em casa.

O Padre é “dissecado” em comunidade.

O texto não teria fim, mas só nestas poucas linhas leva-me a dizer, a rezar de coração cheio: Obrigado Senhor, por cada Padre que nos dás, que dás à Tua Igreja.

Neste dia de São João Maria Vianney, dia dos Padres, apenas posso dizer obrigado a cada Padre que faz da sua vida a vida de cada um.

Realmente eu sei lá bem o que é ser Padre?





Marinha Grande, 4 de Agosto de 2025
Joaquim Mexia Alves