segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

ANO NOVO – ESPERANÇA

.
.









Confesso que nunca me interessou como festa importante a passagem de ano.

Mas a verdade, é que embora seja apenas um dia que acaba e outro que começa, envolve também o começo de um novo ano nas nossas vidas.

Também nunca fui pessoa de estabelecer compromissos para um novo ano, porque os meus compromissos mais importantes são com a minha continua conversão e, como tal, são diários e assim os tento viver.

Obviamente que tenho de considerar o que desejo aconteça neste ano que agora vai começar, mas esses são também desejos de todos os dias, porque envolvem sempre a vontade de ver e viver numa sociedade mais justa, mais equilibrada em tudo, quer nos bens materiais, quer na justiça e sobretudo na paz entre os homens.

Estes desejos têm sempre que revestir-se de esperança, porque se assim não fosse, se não houvesse esperança, seria quase viver na fatalidade de um predestino, o que faria de cada um apenas e só marionetas de um qualquer deus.

Eu acredito em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, e por isso acredito em Deus que é amor, e acreditando no amor de Deus, acredito na liberdade total com que Ele nos criou de decidirmos sobre as nossa vidas.

Acredito que Ele está sempre connosco, e nos dá a mão para podermos ultrapassar obstáculos e provações e tantas coisas que a vida acarreta, pelo que o meu, o nosso destino está nas nossas mãos, quando fazemos a Sua vontade, que é sempre o melhor para cada um de nós, para a humanidade.

E esta confiança que tenho em Deus e no amor de Deus, é que enche totalmente a minha esperança nessa sociedade mais justa, mais fraterna, mais em paz, enfim uma sociedade que seja verdadeiramente a família dos filhos de Deus.

Mas a esperança constrói-se no dia a dia, ou seja, precisamos de fazer a nossa parte, para que confiadamente acreditemos que a esperança se há-de concretizar.

E se há coisas que envolvem os meus gestos e decisões, outras há em que me sinto como que impotente para as resolver pelas minhas próprias mãos, (como por exemplo as guerras que grassam por todo o mundo), pelo que me resta apenas e só, (e isso é tanto!), a oração e o testemunho que possa dar de amor pelos outros.

O Papa Francisco já deu início ao Jubileu ordinário de 2025, que tem por tema "A esperança não engana", em que todos deveremos procurar ser verdadeiramente “Peregrinos da Esperança”.

Então, afinal, sempre assumo o meu compromisso para o Novo Ano, que é o de testemunhar o amor fraterno e rezar sempre cada vez mais e melhor, pelos que sofrem, os que são perseguidos, os que estão envolvidos em guerra, os injustiçados, os que nada têm material e espiritualmente, os que ainda não encontraram o Deus de amor, da vida, da alegria, da esperança, que eu, graças a Ele, vivo todos os dias na vida que Ele me deu.

Desejo a todos e às famílias de cada um, aqui e no mundo inteiro, um Novo Ano cheio das bênçãos de Deus, porque as bênçãos de Deus nos trazem tudo o que necessitamos, e enchem-nos sempre de Amor e Esperança.






Marinha Grande, 30 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

UM MENINO NOS FOI DADO

.
.











Um Menino nos foi dado e cabe a cada um de nós deixá-lO nascer nossos corações, não “apenas” para O contemplarmos, para O adorarmos, para O seguirmos, mas também para O anunciarmos, para O darmos a conhecer a outros, a todos, sobretudo com o testemunho do Seu amor em nós.

E o amor desse Menino, é sempre transformador para quem por Ele se deixa tocar.

E não é um amor para guardarmos apenas e só dentro de nós, é o amor que deve extravasar de nós, transbordar de nós, de tal modo que todos possam ver e sentir como o amor desse Menino é a verdadeira paz para a humanidade.

É o amor que nos faz ter paz durante as tribulações, é o amor que nos faz ter serenidade perante as provações, é o amor que nos faz ter aceitação perante a doença, é o amor que nos faz sorrir mesmo perante a dor, é o amor que nos faz ter sempre a mão estendida para dar o pouco ou muito que temos, é o amor que faz de nós verdadeiramente «à imagem e semelhança de Deus».

«O seu nome é João» Lc 1, 63

O seu nome é Maria, Catarina, Manuel, Joaquim …

Todos os nomes daqueles que acreditam em Jesus, têm também ali o seu nome gravado.

Não como percussores, como João Baptista, mas como anunciadores, como testemunhas, como companheiros/irmãos de viagem com Deus e para Deus.

Um Menino nos foi dado e nós tantas vezes O queremos guardar apenas dentro de nós, para nós, como que ciosos de algo que nos pertence apenas a nós.

Este Menino nasce para todos, mesmo todos, e por isso não se pode guardar nem fechar numa qualquer redoma, (mesmo que seja o nosso coração), porque Ele quer ser vida em todos, e conta com cada um de nós para anunciarmos e testemunharmos com as nossas vidas que:
«Hoje e sempre nasceu-nos um Salvador, que é o Messias Senhor.» Lc 2, 11





Marinha Grande, 23 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

PERDOA-ME SENHOR

.
.







Perdoa-me, Senhor
a mim que sou pecador
coloca em mim o teu perdão
hoje e em cada dia
em que te abro o meu coração.

Perdoa-me, Senhor
que sou pobre e nada sou
derrama a Tua misericórdia
em quem tanto peca
e tão pouco amou.

Perdoa-me, Senhor
que sou um nada a Teus pés
enche-me do Teu amor
e faz-me ver
o Tudo que Tu és.

Perdoa-me, Senhor
de todas as minhas fraquezas
das minhas dúvidas
e certezas
daquilo que julgo ser
e afinal não sou.

Perdoa-me, Senhor
hoje nesta noite
e em cada dia.

Que eu padeça
me arrependa
mas em Ti
seja alegria.

Perdoa-me, Senhor
tão simplesmente
que o Teu perdão me preencha
a mim
e a toda a gente.






Marinha Grande, 16 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

QUENTES E FRIOS

.
.



















Aqui, nesta capela, o frio toma conta de nós, toca-nos o corpo e faz-nos sentir o ar gélido que nos envolve.

Mas o coração está quente, porque Tu, Senhor, estás aqui a aquecer-nos com a Tua presença, com o Teu amor.

E o Teu infinito amor toca-nos, envolve-nos, enche-nos profundamente e já nada interessa exteriormente, pelo menos durante estes breves momentos,

Por vezes somos tão frios, Senhor!

Apesar de muitas práticas religiosas, que são infelizmente muitas vezes mais exteriores do que interiores, deixamo-nos “tomar” por uma fé fria, que apenas procura fazer “coisas” e não se deixa tomar pelo Teu amor, para ser amor para os outros.

Somos assim, frios para Ti, porque somos frios para aqueles que de nós necessitam.

Estava frio, Senhor, na noite em que nasceste para nós?

Pouco interessa, Senhor, porque o calor do Teu Nascimento tocou toda a humanidade, embora nos esqueçamos tantas vezes de no Teu amor sermos amor/calor para os outros.

Afinal, Senhor, muitas vezes não somos nem frios nem quentes, mas apenas mornos, o que verdadeiramente não serve para nada.

«Conheço as tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente.» Ap 3,

Faz com que nos abramos inteiramente ao Teu amor neste Natal, para sermos “quentes” de amor para Ti e para todos.





Garcia, 12 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

CONTO DE NATAL 2024

.
.











Tantas vezes já tinha tentado falar com os seus pais para lhes pedir perdão por tantas coisas erradas que tinha feito e que o tinham levado a sair de casa.

Tantos problemas que tinha causado e tinham entristecido os seus pais que, no entanto, sempre lhe respondiam com todo o amor que tinham por ele.

Lembrava-se de ter saído intempestivamente de casa, dizendo que se ia embora para sempre, deixando-os mergulhados numa profunda tristeza e desalento.

Agora via tudo isso, mas naquele tempo, um qualquer mal que ele não entendia, tinha-o levado a quase odiá-los por não quererem entender, julgava ele, as suas “verdades”.

O que seria feito deles?

Sabia que viviam na mesma casa de sempre, que os anos tinham passado por eles, e alguém lhe tinha dito que viviam sem alegria.

Também ele agora, passados aqueles anos loucos em que se tinha deixado consumir pelos maus caminhos, pela droga, pela sua mania de tudo pensar saber, sentia uma enorme tristeza dentro de si que, quando reflectia conscientemente, percebia que não era só pela vida que tinha levado, mas sobretudo por aquilo que tinha feito a seus pais e por este afastamento deles que agora vivia.

De repente percebeu algo tão nítido que ficou surpreso com ele mesmo.

“Aquilo que tinha feito a seus pais”! “Tinha feito”!

Então se “tinha feito”, pensou ele, era passado e estava muito a tempo de ir ter com eles, pedir perdão e deixar que o amor que ele sabia eles lhe tinham, fazer o resto.

Mas dentro dele ainda vivia um orgulho quase incontrolado.

Ir ter com eles e pedir perdão era reconhecer que tinha errado e, se ele queria sentir a paz do perdão dentro de si, a realidade é que teria de reconhecer que afinal não era dono da verdade e tinha errado, e isso parecia-lhe uma barreira quase intransponível.

Mas ele agora estava tão bem!

Tinha vencido o vício, tinha um bom emprego, um bom apartamento, enfim, uma boa vida e, no entanto, percebia, mais uma vez, que aquela situação não o deixava ser feliz e viver em paz.

Era véspera de Natal, e ele lembrou-se de que nesse mês e nesse dia, algo de bom, de sensível, se vivia sempre em casa dos seus pais, com os preparativos e a chegada do Natal, com uma alegria calma e aconchegante.

Já não rezava há tanto tempo, pensou ele.

Tudo isso tinha afastado da sua vida e já nem se lembrava das orações que faziam em casa de seus pais.

De qualquer modo fechou os olhos, baixou a cabeça, e quase num murmúrio disse: Menino Jesus, se me amas, ajuda-me a nascer de novo.

Veio ao seu coração uma certeza inabalável: Tinha que ir a casa dos seus pais nessa noite pedir-lhes perdão e que o deixassem passar com eles a noite de Natal.

Num instante colocou algumas coisas num saco e partiu de viagem, porque já era tarde e ainda tinha muito quilómetros para fazer.

Longe, na terra de seus pais, já se celebrava a Missa do Galo e eles lá estavam, como sempre na igreja, tentando viver com alguma alegria a noite de Natal.

Mas era quase impossível, porque o seu filho longe e sem saberem onde, gerava uma tristeza muito profunda nos seus corações.

Deram as mãos no Pai Nosso e mesmo sem dizerem nada um ao outro, sabiam que nessa oração pediam ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo por aquele filho a quem tanto amavam.

Acabada a Missa saíram da igreja e caminharam apressadamente, por causa do frio, para sua casa que era ali bem perto.

Quando chegaram perto de casa, perceberam que junto à porta de entrada estava um vulto de homem, e ficaram um pouco receosos.

À medida que se aproximavam parecia-lhes que o ar se tornava mais leve, que uma qualquer melodia enchia aquela rua, que uma expectativa alegre tomava conta dos seus corações.

Foi então que reconheceram o seu filho junto à porta e, sem pensarem nem um pouco, correram para ele enquanto ele corria para eles, também.

Abraçaram-se chorando de alegria e quando ele tentava pedir-lhes perdão, eles só lhe diziam: Obrigado, obrigado por teres vindo ter connosco. Vem, entremos em casa e vivamos o Natal que fez renascer o nosso menino.

No presépio, podiam jurar que o Menino Jesus, Maria e José, sorriam embevecidos com os abraços intermináveis daquela família.




Marinha Grande, 10 de Dezembro de 2024
Joaquim Mexia Alves

Com este Conto de Natal desejo a todas as pessoas que visitarem este espaço um Santo Natal, vivido no amor e na alegria de Deus que se fez Homem para nós.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

COMUNHÃO E RAZÃO

.
.













É melhor ser comunhão do que ter razão.

Se somos comunhão somos sempre pela razão, pela união, mas se queremos apenas ter razão, somos muitas vezes “pedras” na comunhão, somos muitas vezes desunião e divisão.

A comunhão implica sempre uma abertura ao outro, uma aceitação do outro, o amor pelo outro e assim leva-nos sempre a tentar perceber a razão do outro e também levará o outro a procurar entender a nossa razão.

E, nesta aceitação e entendimento mútuo, a razão que eu sustento encontra-se com a razão do outro.

Então se a minha razão entende e aceita a razão do outro e assim reciprocamente, passa a haver apenas a procura pela única razão, a Verdade, e então acontece a comunhão, porque a Verdade e a comunhão já estavam “inscritas” na razão de cada um.

Jesus nunca desmerece da razão daqueles que O procuram, mas sim tenta entender a razão deles, para em comunhão os fazer entender a única razão, que é a Verdade que Ele é.

Se neles houver espírito de comunhão, então encontram a verdadeira razão.

E assim se dá a comunhão, na Verdade.

Quem permanece na sua razão, sem olhar o outro tentando entender a sua razão, torna-se divisão e não deixa que aconteça a comunhão com o outro, para juntos procurarem a verdadeira e única razão, a Verdade.

A razão maior é sempre o amor, e o amor é sempre comunhão, porque o amor tudo vence e permanece para sempre.







Garcia, 4 de Novembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)