sexta-feira, 31 de maio de 2024

FESTA DA VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA

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Vens visitar-me, Mãe?

Eu olho-te e pretendo dizer como Isabel: «E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?» Lc 1, 43

E tu respondes-me, cheia de amor, que me vens mostrar o teu Filho, para que assim eu possa exultar de alegria, também, por encontrar o meu Senhor.

A verdade é que me visitas todos os dias para me mostrares o teu Filho, que habita em mim, quando a Ele me entrego, e deixo que Ele faça morada no meu coração.

Olho-te, fico sem palavras, e apenas contemplo o mistério de amor que é Deus fazer-se Homem em ti, “apenas” porque nos ama com infinito amor.

Olhas-me nos olhos e dizes-me com toda a ternura: Feliz és tu, porque acreditaste. Agora, meu filho, entrega-te inteiramente para que se cumpra em ti a vontade do teu Senhor.

Oh Mãe, respondo eu, ciente da minha fraqueza, mas isso é por vezes tão difícil, e eu sou tão fraco no meu amor e no meu querer viver a vontade do meu Senhor.

Sorris, com esse teu sorriso que inunda o mundo, tomas-me pela mão, e falas-me ao coração: Não te preocupes, porque Ele conhece-te bem melhor do que tu te conheces. Sabe das tuas fraquezas, mas dá-te sempre a mão, quando Lhe rezas e pedes perdão.

Então abro os meus braços para ti, Mãe, e peço-te que venhas morar comigo como foste morar com João.






Festa da Visitação de Nossa Senhora
Marinha Grande, 31 de Maio de 2024
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 29 de maio de 2024

SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO

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«Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia, porque a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue, uma verdadeira bebida. Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele.» Jo 6, 54-56

Sempre me surpreende esta verdade imensa que é o Sacramento da Eucaristia.

Desde que “assistia” à celebração da Eucaristia, (pois não sabia bem o que fazia), até agora em que n’Ela participo verdadeiramente, sempre senti um imenso respeito pelo sagrado, um sentimento de pequenez, um sentimento de estar a viver para além de tudo o que possa entender, um sentimento de entrega, um sentimento de indignidade muito bem expresso na oração «Senhor eu não sou digno que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e eu serei salvo».

Sinto-me, às vezes, como aquela mulher que apenas Lhe queria tocar no manto para ser curada, mas, infelizmente, bem longe da fé que a moveu ao encontro de Jesus.

Há celebrações em que me deixo envolver de tal modo que me parece estar num outro lugar, ou melhor, num espaço para além do tempo e do mundo.

Há momentos a seguir à Comunhão em que me sinto envolvido num tão imenso amor que me vêm as lágrimas aos olhos.

Mas também há outros dias, outras celebrações, em que me deixo perder nas preocupações do mundo, nas distrações da vida, na ansiedade do tempo, às vezes até criticando interiormente a homília mais longa, os baptismos na celebração dominical, as festas da catequese que prolongam o tempo da celebração, o tempo dos avisos, enfim, um nunca acabar de coisas que o meu coração ainda de pedra, se deixa levar pelo mundo, perdendo o encontro tão vivo e rico com Jesus na Eucaristia.

E, quando tal acontece, sinto-me sempre, passado pouco tempo, um ingrato, um fraco, um pobre que não sabe como é rico por ter Jesus consigo.

E depois, por vezes, sou muito formal, ou seja, como se para adorar a Deus, fosse absolutamente necessário estar na presença do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, quando foi Ele mesmo que disse que «quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele».

Mas realmente, na minha paróquia, temos pelo menos dois momentos semanais de adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia, e estes momentos são vividos em silêncio que por vezes nos parecem tão constrangedores, mas que quando a eles nos habituamos são de uma riqueza imensa.

São dois amigos que se olham, que se amam, e em que Um deles dá tudo ao outro, e o outro, o pobre eu, dá a fraqueza do seu amor, dá a debilidade da sua fé, dá a sua incompleta entrega.

Nestes momentos, por vezes, apetece-me estender-me pelo chão, de cara voltada para baixo e ali deixar-me estar assim, numa atitude de adoração e entrega.
Só não o faço para não chamar a atenção para mim, porque é Ele que é e tem de ser sempre o centro de tudo e de todos.

Enfim, deixei falar o coração, ou melhor, deixei o coração escrever estas palavras que representam muito pouco do que sinto, e menos ainda do Tudo e do Todo que é o Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

A Ele toda a honra, toda a glória e todo o louvor.






Marinha Grande, 29 de Maio de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 28 de maio de 2024

DIOCESE EM REORGANIZAÇÃO PASTORAL

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Vivemos na nossa Diocese de Leiria-Fátima um tempo em que nos confrontamos com a falta de sacerdotes, o que forçosamente leva a pensar na reorganização pastoral das paróquias, vigararias e da própria diocese.

Esta situação não é exclusiva da nossa diocese, e, com certeza, verifica-se também noutras dioceses de Portugal e do mundo, muito provavelmente.

Poderíamos e deveríamos tentar perceber a razão porque as vocações sacerdotais diminuíram tanto na Igreja Católica, sobretudo ao nível do clero secular/clero diocesano.

Obviamente que não tenho competência, nem saber, para querer “dar conselhos”, ou encontrar soluções para a situação, mas posso, reflectindo para mim próprio, analisar, salvo seja, o caminho que se percorre, embora não seja conhecedor de todas as opções e discussões que sobre o tema têm havido.

Mas há algo que me chama a atenção.

As reuniões e encontros sucedem-se, as análises são partilhadas, cada um, (e ainda bem que assim é), dá a sua opinião livremente, mas não parece, a mim apenas, com certeza, haver uma coesão de pensamento, ou melhor, uma identidade do que é a Igreja, e como Ela se edifica através daqueles que são Igreja, movidos pelo Espírito Santo.

É que, se tivermos em atenção o tempo que cada reunião ou encontro duram, em comparação com a oração feita para que esses encontros e reuniões tenham a mão de Deus, a diferença parece-me abissal.

Obviamente que as reuniões e encontros não têm de ter o mesmo tempo de oração como têm de debate, (ou deveriam ter?), mas fora desse tempo de reunião deveriam acontecer momentos vários de oração de toda a diocese por essa intenção, para já não falar da oração particular de cada um diariamente e antes de cada reunião.

Refere-se muito hoje o desejo de regresso à vida das “primeiras comunidades” do cristianismo, mas o que sobressai dessas “primeiras comunidades” é o que vem descrito nos Actos dos Apóstolos e não só: «Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações.» Act 2, 42

E era precisamente esta “prática” constante que levava os Apóstolos com aqueles primeiros cristãos a discernirem o caminho da Igreja nascente, segundo a vontade de Deus.

Por isso lemos nos mesmos Actos dos Apóstolos versículos como este: «O Espírito Santo e nós próprios resolvemos não vos impor outras obrigações além destas, que são indispensáveis» Act 15, 28

«O Espírito Santo e nós próprios», porque em primeiro lugar é preciso escutar o Espírito Santo, o que se faz primeiramente pela oração, pelo silêncio, pela entrega, pela humildade, pela escuta de Deus e, com certeza, também dos outros.

Mas todos aqueles que são chamados a debater este tema da reorganização da diocese, sacerdotes e leigos, não devem colocar em primeiro lugar os seus planos, muito bem pensados, provavelmente, sem primeiro os colocar nas mãos de Deus, para poderem discernir o que é a vontade de Deus e o que são apenas os planos humanos, que podem estar cheios de saber e de certezas, mas que se não forem do agrado de Deus, de nada servirão e soçobrarão irremediavelmente mais cedo ou mais tarde.

Devemos, com certeza, servirmo-nos das experiências do passado, analisando o que foi bom e o que não resultou tão bem.

Devemos também abrir-nos à novidade, pois o Espírito Santo suscita sempre coisas novas àqueles que a Ele se entregam.

Mas devemos, sem dúvida, entregar-nos à oração contínua, individualmente e colectivamente, pois só com a graça do Espírito Santo encontraremos o caminho que Deus quer para a Sua Igreja no seu todo, e na porção que é a nossa diocese.

A oração deve ser a fonte onde se encontram os planos para a Igreja, deve ser o suporte desses mesmos planos, e não os planos dos homens serem a fonte da oração, ou sequer o suporte da oração.

E ainda mais do que isso, ou melhor, completando isso, devemos ter sempre presente que a cabeça da Igreja é Cristo e que a missão da Igreja é levar Cristo à humanidade e a humanidade a Cristo, e que nós apenas semeamos, porque Ele é que é o verdadeiro Agricultor.

Unamo-nos em oração, nas nossas orações particulares do dia a dia, colocando essa intenção sempre, e unamo-nos em assembleia de fiéis, em Igreja, rezando sempre por essa intenção em cada Eucaristia, em cada Adoração, em cada momento de oração comunitária.

Assim, sem dúvida, chegaremos a um momento em que também poderemos dizer em Igreja: «O Espírito Santo e nós …».







Marinha Grande, 28 de Maio de 2024
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 24 de maio de 2024

O CAMINHO A VERDADE E A VIDA

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Dou-Te a mão e partimos vida fora.

Vais-me avisando dos obstáculos que o inimigo vai colocando no caminho e eu, então, aperto-Te a mão com mais força e, todo apoiado em Ti, vou-os ultrapassando com mais ou menos dificuldade.

Por vezes, por culpa minha, largo a Tua mão, e logo caio no primeiro buraco que me aparece no caminho.

Choro arrependido, prometo não mais Te largar, e Tu, com um sorriso imenso e uma paciência infinita, agarras a minha mão, levantas-me e dás-me um novo caminhar.

Cada dia é um novo dia, é um novo desafio, um “novo” renascer, em que Tu sempre presente, não desistes de mim e me amas tão simplesmente.

Quando chega a noite, recostamo-nos os dois, e eu, coloco a cabeça no Teu colo, pego na Tua mão, coloco-a sobre a minha cabeça e deixo-me adormecer assim, envolvido no Teu amor.

Não sei se me fazes uma festa de carinho ou se acordo por mim, mas sei ou quero, que o meu primeiro olhar encontre o Teu olhar, que os meus primeiros pensamentos sejam sempre para Ti, que as minhas primeiras palavras sejam para Te dizer do meu amor, (por vezes tão fraco, Senhor!), que sinto e vivo por Ti.

Às vezes fujo-Te, (como se fosse possível fugir-Te!), mas Tu não cessas de me procurar, como procuraste aquela ovelha que, desgarrada, se perdia pelos meandros da vida.

E quando me encontras, (ou eu me deixo encontrar), parece que o Teu sorriso aumenta, parece que uma alegria infinda toma conta de Ti, e fazes uma festa tão grande, que quase me apetece … fugir de Ti mais vezes!

E então, de mão dada, lá vamos os dois caminhando, umas vezes sorrindo, outras vezes chorando, (sim porque Tu choras comigo, também), umas vezes conversando, outras num silêncio partilhado, mas tendo sempre a certeza de que vais comigo para todo o lado.

Assim sempre conTigo, o caminho é seguro, a mentira desfalece, a morte nada pode porque a vida é mais forte.

E então, eu abro os meus braços para o Céu, e grito cheio de Ti: Sim, Senhor Jesus, Tu és realmente o Caminho, a Verdade e a Vida!







Marinha Grande, 24 de Maio de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 21 de maio de 2024

REZANDO NO ESPÍRITO SANTO

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Desde há uns anos para cá que sou muitas vezes “convidado” a fazer oração de invocação do Espírito Santo, como ontem à noite aconteceu, quer nos Percursos Alpha, quer com o Renovamento Carismático Católico, quer em momentos de louvor e em outras ocasiões.

Já lá vai muito tempo que o faço e tantas vezes, que quando o sou chamado a fazer já deveria, (humanamente falando), sentir-me à vontade, quase, digamos, com uma rotina que não me ofereceria dúvidas, hesitações ou “nervosismos”.

E, no entanto, de cada vez que sou chamado a fazer oração, sinto-me “incapaz”, ansioso, com os “nervos à flor da pele”, com o receio muito humano de não “dizer coisa com coisa” e, sobretudo, com o medo de que a oração não tenha “efeito” naqueles por quem rezo.

Claro que me preparo para fazer oração, mas é muito mais uma preparação invocando continuamente o Espírito Santo, do que tentar decorar umas quaisquer palavras ou frases, o que realmente nunca faço.

E rezo pedindo o dom da humildade, (para mim que sou tão orgulhoso), o dom da entrega, o dom da simplicidade, e, sobretudo, para que diga, eu o que disser, Deus toque aqueles por quem rezo, porque é Ele que o faz e não eu.

Nos momentos imediatamente anteriores, cresce dentro de mim um tremor que quase me leva a pensar que quando abrir a boca nada serei capaz de dizer, de rezar, e repito então para mim, na intimidade do meu coração, “Vem Espírito Santo”.

Depois, fecho os olhos, começo a oração e o coração acalma-se, desaparece a ansiedade, as palavras vão surgindo em oração, as imagens bíblicas, e não só, vão despertando em mim “motivos” de oração, e eu deixo-me levar, perdendo, por vezes, a noção do tempo e do espaço em que estou.

Quando acabo a oração, abro os olhos e fito os rostos e os olhos de quem está presente, e fico sempre espantado com as reações de cada um, o olhar diferente, o sorriso tímido ao principio e depois já francamente aberto, as lágrimas de paz e serenidade que correm naquelas caras e percebo, então, que é Ele que tudo faz servindo-se de nós.

E, claro, pergunto-me porque é que não é mais fácil para mim todo o processo que me leva a fazer a oração?
E percebo então que assim é para que eu tenha a certeza de que não sou nada, que não sou “importante”, que é o Espírito Santo que reza em mim, nos outros e para os outros.

E fico sempre a pensar como é que Ele se quer servir de alguém tão orgulhoso e vaidoso como eu, para despertar a oração nos outros e para os outros?
Mas descanso, deixo de me preocupar e digo interiormente com toda a simplicidade de que sou capaz: Tu lá sabes o que fazes, Senhor!

Ah, e sejam quantas vezes forem as vezes que oro com os outros e para os outros, o processo é sempre o mesmo, o tremor acontece, a ansiedade faz-se presente, o nervosismo toma conta de mim, o sentimento de incapacidade avassala-me e, finalmente, Ele faz acontecer aquilo que Ele quer, porque eu sou apenas, e assim quero ser, um servo inútil nas Suas mãos, pois tudo deve ser sempre e “apenas” para a maior glória de Deus.

Vem, Espírito Santo!






Marinha Grande, 21 de Maio de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 14 de maio de 2024

PORQUÊ PEDIR O ESPÍRITO SANTO?

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Neste Domingo celebra-se a Solenidade de Pentecostes.

Porquê pedir o Espírito Santo, hoje e sempre?

Todos nós que somos baptizados recebemos o Espírito Santo pelo Baptismo, (tornámo-nos templos do Espírito Santo), pelo Crisma, e obviamente em cada celebração de um Sacramento em que participamos, celebrando, recebemos também e sempre o mesmo Espírito de Deus que constantemente se derrama na/em Igreja.

Porquê então pedi-Lo novamente, todos os dias das nossas vidas?

Em determinado momento da minha vida trabalhei em Angola, em duas fábricas, uma de tubo de aço e outra de chapa de zinco. Em ambas as fábricas existiam aquilo a que chamávamos tinas de galvanização.
Que me perdoem a explicação os experts na matéria, (e a falta de memória, já lá vão mais de trinta anos), as tinas de galvanização continham zinco em estado líquido, porque eram aquecidas por uma fonte de calor, que mantinha esse zinco nesse estado líquido.
Então, os tubos e chapas eram mergulhados nessas tinas, e, revestidos desse zinco líquido eram retirados e colocados a “secar”, digamos assim.
Obviamente, o aspecto desses tubos e chapas melhorava imenso, pois tornavam-se mais brilhantes, reflectindo a luz que neles incidisse, e, mais ainda, protegia-os da corrosão, da ferrugem, dos elementos exteriores que podiam alterar a sua “essência” e a missão para que tinham sido fabricados.

Ora nós cristãos, alguns de nós ou muitos de nós, somos um pouco assim como essas tinas de galvanização.

Pelo Baptismo recebemos o Espírito Santo e Ele está em nós, mas está muitas vezes como esse zinco líquido nas tinas de galvanização, “inerte”, não sendo utilizado.
Somos cristãos, temos o Espírito Santo, mas Ele não actua em nós, nada transforma, nada converte, sobretudo porque d’Ele muitas vezes não temos consciência e não a tendo, não O deixamos actuar nas nossas vidas.
Assim somos cristãos cinzentos, sem brilho, e nem reflectimos a luz que nos vem de Deus para sermos testemunhas da Luz.

Mais do que isso, não tomando consciência do Espírito Santo em nós, não O deixando actuar em nós, estamos desprotegidos perante as ameaças do mundo, (as tentações, os vícios, os rancores e ressentimentos, etc.), e por isso mesmo nos deixamos corromper, vivendo em pecado, e ao vivermos em pecado não cumprimos a missão que Ele nos deixou, perdendo-nos no mundo e muitas vezes fazendo perder aqueles que nos rodeiam.

Temos o Espírito Santo em nós, mas ninguém O “vê”, porque d’Ele não damos testemunho, porque não deixamos que Ele nos converta, nos transforme e nos guie.

Então este pedir o Espírito Santo todos os dias, (dado que já está em nós desde o Baptismo), é afinal pedir que Ele actue em nós, que Ele nos encha por completo, que Ele nos mostre o caminho, que Ele nos ilumine na Palavra, que Ele nos faça ver com os olhos da fé, (meu Senhor e meu Deus!), que Ele nos converta e conduza, que Ele nos santifique, não apenas para nossa salvação, mas também sobretudo para que sejamos testemunhas da Boa Nova e assim possamos ser “ocasião” para salvação de outros.

Então, para O recebermos, ou melhor, para que Ele seja presença viva nas nossas vidas, precisamos de nos abrir a Ele, porque abrindo-nos a Ele, abrimo-nos ao próprio Deus, e abrir-nos a Deus é abrir-nos ao amor, à conversão, à mudança de vida, é «renascer de novo», é querermos fazer em tudo e sempre a vontade de Deus.

Então, tudo se transforma, porque é Ele que ora em nós, é Ele que lê e medita connosco a Palavra de Deus, é Ele que nos abre o entendimento para que possamos reconhecer Jesus ao “partir do Pão”, é Ele que, dando-nos esse reconhecimento, nos leva a amar como Ele nos amou, fazendo assim de nós filhos de Deus reunidos e chamados a construir a Igreja.

E, afinal, pedir o Espírito Santo é fazer já a vontade de Deus, porque só Ele sabe o que nós precisamos e o que é melhor para nós.

«Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á.
Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!» Lc 11, 9-13


Vem Espírito Santo,
faz-me dócil às tuas moções, renova-me em cada momento, ora em mim, abre o meu entendimento à Palavra de Deus, faz-me sentir o amor do Pai, faz-me reconhecer Jesus nos Sacramentos, na Igreja, em cada irmã e em cada irmão, faz em mim e de mim a Tua vontade, para que eu seja nada e Tu, Espírito Santo, sejas tudo em mim, em cada momento da vida que Tu mesmo me dás.
Amen.





Marinha Grande, 14 de Maio de 2024 
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 7 de maio de 2024

O LOUVOR LIBERTA

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«Por volta da meia-noite, Paulo e Silas, em oração, entoavam louvores a Deus e os outros presos escutavam-nos.
De repente, sentiu-se um tremor de terra tão grande que abalou os alicerces da prisão. Todas as portas se abriram e soltaram-se as cadeias de todos os presos.»
Act 16, 25-26 - 1ª Leitura de hoje


Tantas vezes na minha vida que, perante problemas, tribulações e preocupações, em vez de pedir, ou melhor, em vez de só pedir, louvo a Deus pela situação que vivo, pedindo que me dê forças para aceitar e, se for de Sua vontade, tudo seja ultrapassado.

E tantas vezes me esqueço o fazer perante tantas situações dessas, e me desdobro em pedir, em me lamentar e até em reclamar.

A verdade é que sempre que, perante tais situações, louvo primeiro a Deus e depois peço ajuda, a paz e a serenidade tomam conta de mim, e assim consigo enfrentar essas situações com confiança e esperança renovadas.

E mesmo que algumas dessas situações não tenham o desfecho que, na minha fraqueza humana, julgo ser o melhor, a verdade é que aceito de coração aberto essas situações e tento tirar delas alguma lição para a vida, guiado pelo Espírito Santo.

A verdade é que sempre que assim procedo, é como se as “portas” e “cadeias” que me querem amarrar a essas situações, deixando-me triste e frustrado, se abram, e assim vivo na confiança e na esperança que me vem de Deus.

E porque não procedo sempre assim em todas essas situações?

Ah, isso não sei, não consigo explicar, mas talvez seja fruto de um qualquer cepticismo, de alguma fraqueza que nesses momentos me “ataca” e eu me deixo cair apenas em mim, olhando para mim, fechando-me em mim e não dando assim “espaço” a que Ele no Seu infinito amor acalme a “tempestade” na minha vida.

Sim, o louvor liberta e, mais do que liberta, enche de confiança, de esperança, de alegria, de paz e de vida.

Louvado sejas, Senhor, porque acalmas os mares revoltos das nossas vidas quando a Ti nos entregamos.






Marinha Grande, 7 de Maio de 2024
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 2 de maio de 2024

TEMPO

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Não tenho tempo, dizes-me Tu, com esse Teu olhar de quem ensina quem Te quer escutar.

Mas eu não percebo e pergunto-Te como podes Tu não ter tempo, se Tu és o Senhor do tempo.

O Teu olhar fixa-se em mim, o Teu sorriso é agora uma brisa que me toca, e perguntas-me, cheio de amor, se por acaso o meu tempo, o tempo que Tu me dás, também não sou eu que o devo gerir.

Desconcertas-me, mas rapidamente a minha pretensa sabedoria responde, dizendo que Tu sabes bem melhor do que eu o que é o meu tempo e como afinal o meu tempo é Teu.

Não desarmas, e com toda a bondade colocas o Teu braço sobre os meus ombros, e convidas-me a viver o meu tempo como se ele fosse o Teu tempo, para que eu não diga mais de quando em vez que não tenho tempo para Ti.

Eu, pobre de mim, não percebo e com todo o cuidado pergunto-Te o que queres dizer com aquilo que me dizes.

Tu abraças-me, e dizes-me que se o meu tempo afinal Te pertence, apenas me basta oferecer-Te o meu tempo em tudo aquilo que faço no meu dia a dia.

Então pergunto-Te como posso eu fazer isso.

E Tu respondes-me que basta viver o meu tempo fazendo tudo o que faço, como sendo o Teu tempo, acreditando que Tu estás sempre no meu tempo, que é afinal o tempo que Tu me dás

Baixo os braços ou melhor levanto-os para Te abraçar e digo rendido ao Teu amor:
Toma, Senhor, o meu tempo, porque ele é o tempo que Tu me dás, para viver o Teu amor amando sempre em cada tempo a Ti, e em Ti os outros que trazes à vida que me dás.





Marinha Grande, 2 de Maio de 2024
Joaquim Mexia Alves