domingo, 5 de abril de 2020

DOMINGO DE RAMOS NA MINHA PARÓQUIA


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Sentei-me na minha sala, pronto para “assistir” à Missa de Domingo de Ramos da minha paróquia da Marinha Grande.

Na “minha” igreja, estavam o Pe Rui a presidir, o Pe Patrício a concelebrar, duas acolitas, o nosso maestro, (que por si só é um coro), uma fiel paroquiana e julgo que o homem da câmara, mas que não estava visível.
A igreja assim vazia, apenas com estas pessoas, fazia impressão de recolhimento, de silêncio, mas ao mesmo tempo, transmitia uma certa dignidade a toda aquela celebração, a todo aquele momento.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Amen.

A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco.
Foi nessa altura que ao respondermos «Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo», o milagre aconteceu.
De repente a igreja ficou cheia de Igreja, não havia lugares para mais ninguém, pois estavam os que costumam estar, alguns que não costumam estar, outros que já não podem estar e sobretudo, por cima de todos nós miríades de anjos, (os anjos da guarda, com certeza e não só),
que entoavam louvores a Deus, inaudíveis aos nossos ouvidos, mas sentidos no coração.
Atrás do Altar, aos pés da Cruz de Cristo, estava ajoelhada a Nossa Senhora do Rosário, entregando ao crucificado todos os seus filhos.

E foi a Primeira Leitura que, quanto a mim, não foi lida, mas sussurrada aos ouvidos do leitor, por um anjo do Senhor.
Veio outro anjo e servindo-se da voz do cantor cantou/rezou o Salmo, de uma tal beleza que nos sentimos transportados ao momento.
Novo anjo sussurrou aos ouvidos da leitora a mensagem de Deus e todos a ouviram num silêncio meditado.

Chegada a altura do Evangelho, o espaço da igreja abriu-se para dar lugar a todas as figuras da Palavra de Deus, desde Jesus Cristo, ao humilde Cireneu.
Quando o Pe Patrício chegou ao ambão para ler, em lugar do Evangelho estava o próprio Cristo que lhe disse: Lê-me!
Olhou para os ouros que o iam acompanhar na narração e percebeu que a todos estava a acontecer a mesma coisa.

Calma e serenamente toda aquela multidão ouviu e perguntou-se no silêncio instalado: E seu lá estivesse deixava que tal acontecesse? Zombaria de Jesus Cristo? Escolheria Barrabás? Levantaria ao menos a minha voz para protestar?

Ao fundo, a um canto da igreja ouve-se a voz forte de um homem que grita indignado: Eu não O conheço, eu não O conheço?
E quantos de nós j assim pensámos, quantas vezes já o dissemos: Eu não O conheço!
Não passou muito tempo até ver aquele homem rude, chorando copiosamente, num desalento, numa vergonha insuportável., que só o olhar de Cristo acalmou, porque era só compaixão, amor e perdão.

O padre tomou então o pão e o vinho, e iluminado pelo Espírito Santo vê aqueles dons transformarem-se no Corpo e Sangue de Cristo.
Mas não é só ele, pois todos os que ali estão de coração aberto vêem o mesmo Cristo a entregar-se por cada um de nós.

Entretanto os anjos não param de louvar, de cantar, de dançar, de fazer a festa de Deus!

Então o Pai, com Jesus Cristo e o Espírito Santo, no centro do altar, dão as mãos àqueles sacerdotes, que as dão a todos os outros e, acompanhados pelas melodias dos anjos, rezam ferverosamente o Pai Nosso.

Chega a altura da Comunhão e o Pe Rui confidencia ao Pe Patrício: As hóstias não vão chegar! Olha para a igreja cheia a deitar por fora?

O Pe Patrício, cheio de calma com o seu optimismo diz-lhe: Quem enche uma igreja assim de Igreja, também dá alimento a todos os que se queiram alimentard’Ele!

E a fila é interminável e em cada um que comunga, Cristo faz-se comunhão com todos, ali na igreja ou nas casas de cada um.

Serenamente o “Jesus escondido” recolhe-se, e cada um fica com Ele no coração.

Então e mais uma vez, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, servindo-se das mãos do seu sacerdote, a todos abençoam em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.

Feliz e sorridente o Pe Rui diz: Ide em paz o Senhor vos acompanhe!

E sobre todas as vozes que respondem, sobrepõe-se as vozes da Trindade Santa que diz: Não te preocupes, Nós vamos com eles!


Domingo de Ramos
Marinha Grande, 5 de Abril de 2020
Joaquim Mexia Alves
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