.
.
Aproveita-se
muitas vezes o fim de um ano e o começo de outro, para, fazendo uma espécie de
exame de consciência, se reflectir sobre o que fizemos mal e precisamos,
portanto, mudar no ano que vai começar.
Nós,
cristãos católicos, a essa mudança “provocada” por um exame de consciência,
iluminada pelo Espírito Santo, chamamos caminho de conversão.
Ao
reflectirmos sobre esse caminho de conversão podemos deter-nos em duas
passagens da Bíblia, que nos ajudam a perceber se queremos realmente fazer esse
caminho, ou se pretendemos continuar a caminhar na “ilusão” de que estamos no
caminho de conversão.
A
primeira passagem bíblica que podemos ter em conta é narrada em Marcos 10,
17-22, (e também em Mt 19, 16-26 ou Lc 18, 18-27), e conta-nos a história do
jovem/homem rico que se aproximou de Jesus para inquirir como fazer para
alcançar a vida eterna.
Ele
cumpria escrupulosamente a Lei, mas quando Jesus lhe disse para deixar tudo
para O poder seguir, «retirou-se pesaroso, pois tinha muitos bens.»
Ora
estes “bens”, podem não ser, para cada um de nós, bens materiais, mas sim outro
tipo de atitudes a que podemos chamar “bens”, pois, tal como ao jovem/homem
rico, nos impedem também de caminhar na conversão a que Jesus nos chama.
E
esses “bens” podem ser a convicção de que cumprimos tudo o que nos é pedido,
que não fazemos mal a ninguém, que rezamos o indispensável, que temos as nossas
certezas sobre a Doutrina, sobre como interpretar a Palavra, enfim, a firme
convicção de que estamos no caminho certo e como tal, não estamos abertos a
mudar nada, porque é nessa vida sem mais exigências, que acreditamos seguir a
Cristo.
Por
isso, quando nos é pedido que larguemos tudo para O seguir, ou seja, que
reflictamos no que precisamos mudar, olhamos para o lado e retiramo-nos
pesarosos, embora querendo convencermo-nos de que estamos no caminho certo.
A
segunda passagem bíblica encontramo-la em Lucas 6, 27-32, (e também em Mc 2,
13-17 ou Mt 9, 9-13), e descrevo-nos como Jesus chamou um cobrador de impostos,
dizendo-lhe, «segue-me», «e ele deixando tudo, levantou-se e seguiu-o»
Encontramos
ainda a mesma forma de proceder no chamamento de Zaqueu, relatado em Lucas 19,
1-16.
Estes
homens não cuidaram de olhar para trás, não se detiveram a reflectir sobre o
que estava certo ou errado nas suas vidas, mas “apenas” acolheram o chamamento
de Jesus Cristo, e largando tudo, seguiram-No.
Sabendo-se
pecadores, acolheram a salvação que Deus lhes proporcionava e seguiram-No, na
convicção de que Ele lhes mostraria o caminho a seguir, com tudo o que era
preciso mudar.
Por
isso lemos, por exemplo, que Zaqueu logo emendou a sua vida e não só reparou o
mal que tinha feito, como passou a fazer o bem.
Não
fazer o mal é bom, mas não chega!
Fazer
o bem é melhor e é seguir a Jesus Cristo, que “apenas” fez o bem.
Todos
temos muitas coisas para mudar no nosso caminho de conversão, por isso mesmo,
só na atitude de “deixar tudo”, “levantarmo-nos” e “seguirmos Jesus”, é que
vamos encontrar as promessas a fazer neste novo ano, para fazermos o caminho
diário de conversão.
E
este “levantarmo-nos” não é despiciendo, porque significa sairmos da rotina,
sairmos do “tanto faz” em que tantas vezes caímos, sairmos de uma vivência
“religiosa” só para nós, para nos contentarmos a nós próprios, para “erguidos”,
passarmos a ser cristãos activos, proclamadores da Palavra, em actos e orações,
testemunhas de Cristo, guiados pelo Espírito Santo em Igreja.
Assim
as “novas” promessas que fizermos de mudança de vida, terão sentido no Novo
Ano, que o será todos os dias, porque em todos os dias Ele está connosco, e
porque Ele «renova todas as coisas.» Ap 21, 5
Marinha
Grande, 4 de Janeiro de 2013
Nota:
Editorial que escrevi para o "Grãos de Areia", Boletim Mensal da Paróquia da Marinha Grande, deste mês de Janeiro.
.
.
6 comentários:
Engraçado e peculiar este teu artigo. As mesmas passagens biblias foram aqui usadas no retiro preparatório para a VII romaria, num contexto semelhante, a Fé. Nesse intuito tambem estoua redigir um, com calma. Mas digo-te que gostei do que dizes e nos fazes pensar.
Obrigado Paulo!
Deus fala-nos de muitas maneiras e uma delas é sem dúvida pela Sua Palavra.
Um abraço amigo em Cristo
Muito oBrigada por este post.
Tive a graça de experimentar Deus na minha vida recentemente, mas tenho andado tão dispersa da Verdade,que tudo se tem sobreposto a uma vida de verdadeira conversão.É ao mesmo tempo estranho como tendo percebido bem a Sua presença na minha vida, me fico assim!
Todas estas passagens da Bíblia, que conheço bem, me vêm fazer presente que o caminho de conversão é desinstalar-me em tudo.Vou-me desinstalando no mais fácil e o resto?
Que o Senhor me envie o Seu Santo Espírito,para que esta palavra actue verdadeiramente em mim.
Um abraço amigo na Paz
Concha, obrigado.
Um dos meus "hábitos" é começar o dia pedindo o Espírito Santo.
Se não Lhe "resistir", não tenho dúvidas que Ele me guia!
Um abraço amigo em Cristo
Muito obrigada pela palavra sempre oportuna!
Abraço em Cristo
De nada Concha.
Um abraço amigo em Cristo
Enviar um comentário