.
.
Na sonolência de uma manhã, no fim-de-semana passado, veio à minha memória uma anedota que já tinha ouvido contar há muito tempo:
«Um sujeito encontra outro numa sala, muito atarefado, a procurar qualquer coisa e pergunta-lhe:
- Perdeu alguma coisa?
O outro responde:
- Perdi umas chaves!
Diz o primeiro:
- Vou ajudá-lo. Tem noção onde as perdeu mais ou menos?
Responde o outro:
- Foi na sala ali ao lado!
- Na sala ali ao lado e está à procura nesta???
Responde o outro:
- É que na sala onde as perdi não há luz. Está tudo às escuras!!!»
É uma graça, sem muita graça, mas que me levou a reflectir, na luz e na ausência da luz.
Com efeito, não vale a pena procurar o que quer que seja numa sala sem luz, na escuridão, pois nada se conseguirá encontrar.
Se não levarmos luz connosco, será impraticável a procura, pois, com certeza, nada encontraremos.
Isto faz-me lembrar aqueles que querem procurar Deus na escuridão dos seus pensamentos, dos seus raciocínios, sem quererem “usar” a luz própria que nos permite encontrar Deus.
Essa luz própria chama-se fé e é o próprio Deus que no-la dá, quando de coração aberto e sincero O procuramos, mesmo nas trevas em que possamos viver.
É que querer procurar Deus sem essa luz, é querer encontrar Deus apenas com as nossas capacidades, e Deus está muito para além daquilo que somos e podemos entender, pois na sua infinita simplicidade, ultrapassa totalmente a nossa maneira complicada de procurar a verdade.
Para que as nossas capacidades, a nossa inteligência, o nosso saber, a nossa ciência, possam perceber a existência e a dimensão de Deus, têm que ser iluminadas pela fé, têm que ser iluminadas pelo próprio Deus, porque se assim não for, apenas podemos conhecer aquilo que está na nossa dimensão, apenas podemos encontrar aquilo que está ao nosso alcance encontrar.
Ao longo da História da humanidade, não são poucos os cientistas que procurando Deus com toda a sinceridade, O encontraram, não em fórmulas matemáticas, científicas, mas sim na simplicidade do coração, que depois se comunica à certeza da mente, à confirmação da inteligência.
Querer entender a Palavra de Deus, que é o próprio Deus, apenas com uma leitura “normal”, como se de um qualquer romance se tratasse, é com certeza tarefa que não leva a lado nenhum, e apenas servirá para fazer interpretações literais, que provocam muito mais rejeição, do que edificação.
Ler, reflectir ou meditar a Palavra de Deus desse modo, é ler, reflectir e meditar na escuridão e já percebemos que na escuridão nada se encontra.
Agora, ler, reflectir e meditar a Palavra de Deus à luz da fé, iluminados pelo Espírito Santo, é uma experiência viva e de uma riqueza inigualável.
É, (perdoem-me a comparação), encontrar as chaves da anedota inicial, no sítio onde não se perderam, na sala que tem luz, porque a Deus nada é impossível.
Mas há ainda outra reflexão, (ou muitas mais), que se pode fazer sobre a história de humor que deu origem a este texto.
É que se formos procurar algo na escuridão, o mais provável é irmos batendo nos diversos obstáculos que estão nas trevas e que por isso mesmo não vemos, correndo o risco de nos magoarmos seriamente.
E ao acontecerem-nos essas dificuldades, esses tropeços no caminho, deixaremos de querer procurar mais, e acabamos por desistir, nunca chegando a encontrar o que procurávamos.
Se, ao invés, nos servirmos da luz para procurar, mesmo nas trevas mais intensas, acabamos por fazer caminho seguro, pois os obstáculos estão perante nós, e podemos rodeá-los, ultrapassá-los, vencê-los e chegarmos ao encontro do que tão empenhadamente procurávamos.
Interessante como uma história sem sentido, reflectida á luz da fé, nos dá tanto para pensar e nos mostra tanto caminho a seguir!
.
.
9 comentários:
Olá meu caro amarigo;
Será que estes termos também são permitidos aqui? Se não foram as m/ desculpas.
É um prazer, um gosto incomparável poder ler-te, aqui. E, penso, andamos todos nas trevas, ninguém procura, ninguém quer vencer obstáculos, ninguém sentir o prazer de encontrar.É esse prazer é tanto ou mais sentido, quando chegamos a encontrá-LO.
Mas é necessária, também, alguma atenção aos sinais com que Deus nos fala e Se deixa encontrar.
Se me dispusesse a desfiar, teria por aqui alguns sinais de que Deus já me falou.
Mas nós não nos apercebemos, concerteza, daquilo que nos disse. Porque estamos (andamos) muito distraídos.
Obrigado pelo alerta.
Um abraço, daqui do rio Vouga,
JM Ferreira
Amigo Joaquim
Podes achar o que quiseres da história que contas,mas para mim faz todo o sentido para servir de exemplo na reflexão que fazes.
Um verdadeiro mimo para a alma e hoje um grande presente de anos....é que faz anos que fui baptizada.Imagina!Quando descobri há muito poucos anos coincidir com festa da Visitação de Nossa Senhora
.E já agora aproveito,para dizer que esta visita fez-se no alto de um monte numa cidade -Ein-karen - que me fez recordar Sintra.
Um abraço na Paz
Por vezes Deus também nos faz dessas partidas, de nos criar "trevas" para sentirmos que Ele é a única Luz da nossa vida.
Meu caro camarigo JM Ferreira
Todos os termos aqui são permitidos, desde que usados com amizade, como é o teu caso.
Obrigado pelas tuas palavras e pela tua achega.
Um abraço amigo em Cristo
Amiga Concha
É muito bom que nos lembremos do dia do nosso Baptismo e façamos dele uma festa!
Por esse dia tão grande na tua vida os meus parabéns.
Um abraço amigo em Cristo
É verdade Paulo!
Quantas vezes quando tudo parece cobrir-se de trevas, aparece a luz de Cristo de nos ilumina, e dá confiança e esperança.
Um abraço amigo em Cristo
Muito obrigada!
A Paz de Cristo
Amigo Joaquim,
Ora aqui está mais uma excelente catequese.
Podemos assistir a muitas missas, saber de cor e salteado muitos versículos da Bíblia, mas se o nosso coração não estiver pleno do Espírito Santo e não sentirmos em nós a Sua força, nada somos, nada valemos.
O Espírito de Deus nos guia e fortalece e nos insinua para caminharmos na Luz do Senhor e Dele darmos testemunho.
Grata por mais estes ensinamentos tão valiosos.
Aprecio muito a forma como dá Testemunho das "coisas" de Deus.
No meu Blog, dadas as minhas limitações gosto de semanalmente indicar uma ou mais leituras do Domingo. É a minha migalhinha para pelo menos dar a conhecer o Evangelho a quem porventura passe por lá e não o conheça.
Muito obrigada.
Abraço fraterno.
Ailime
Amiga Ailime
Muito obrigado pelas tuas palavras e pela tua achega a este texto.
Deus te abençoe.
Um abraço amigo em Cristo
Enviar um comentário