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Hoje, na homilia da Missa
Dominical, o Pe Rui Ruivo, Vigário da nossa paróquia, falou-nos do olhar e dos
olhares, para além, obviamente, de todo o significado das Leituras e Evangelho
de hoje e como elas nos chamam a perceber o que é de Deus, e como tal, o que
deve ser prioritário para cada cristão.
Realmente, nunca como hoje, o
olhar, os olhares, foram tão importantes nas relações entre os homens.
Usamos máscaras, (e aqui não
no significado metafórico, mas real), e como tal, do nosso rosto, das nossas
expressões, apenas se vê o nosso olhar, os nossos olhares.
«Pedro respondeu: «Homem, não
sei o que dizes.» E, no mesmo instante, estando ele ainda a falar, cantou um
galo. Voltando-se, o Senhor fixou os olhos em Pedro; e Pedro recordou-se da
palavra do Senhor, quando lhe disse: «Hoje, antes de o galo cantar, irás
negar-me três vezes.» E, vindo para fora, chorou amargamente.» Lc 22, 60-62
O olhar de Jesus fez Pedro
perceber o seu pecado, a sua negação e levou-o ao arrependimento, ao caminho
que era vontade de Deus para ele.
Percebemos então que o olhar,
os olhares, são importantes para aqueles com quem nos cruzamos na vida, no dia
a dia.
E são tantas as expressões que
o demonstram: “os olhos são o espelho da alma ou o olhar é o espelho da alma”, “olha-me
nos olhos e diz a verdade”, “tens um olhar triste”, “tens um olhar calmo”, “a
sinceridade do teu olhar”, etc., etc.
Então, por maioria de razão,
neste tempo de uso de máscaras o nosso olhar, os nossos olhares falam por nós.
Não tenhamos dúvidas que se
quisermos, o nosso olhar, os nossos olhares, “contam” aos outros as nossas
tristezas e alegrias, a nossa sinceridade e a nossa mentira, o nosso ser e
nosso parecer, o nosso acreditar e o nosso rejeitar.
Mais do que nunca o nosso
olhar nos olhos de cada um que com que connosco se cruzam, é o testemunho vivo
daquilo que somos.
É que é muito difícil olhar com
bondade os outros, ao mesmo tempo que, por detrás da máscara, lhe fazemos uma
careta de desprezo.
Até se costuma dizer que a tua
boca diz uma coisa, mas os teus olhos dizem outra diferente, ou seja, dizem a
verdade.
Hoje, nessa mesma Missa Dominical,
quando distribuía Jesus Cristo na Hóstia consagrada, (o que normalmente faço
com um sorriso franco), pretendia que os meus olhos fizessem passar esse mesmo
sorriso, mesmo que a minha boca estivesse tapada pela máscara que obrigatoriamente
tinha de usar.
Não sei se consegui, mas
acredito que o Espírito Santo, a quem nada é impossível, transmitiu essa
mensagem de alegria, de paz e de amor, que é e leva consigo a Comunhão
Eucarística.
Daí ficar a reflectir como é
importante neste tempo o nosso olhar, os nossos olhares, para que os outros
percebam que vivendo em Cristo, o “medo da máscara”, é superado pelo amor de
Deus, que nos traz paz, serenidade e certeza de salvação, se a Ele nos
entregamos.
Peçamos então a Deus que o
nosso olhar, os nossos olhares, reflictam a presença de Deus em nós, o Seu amor
em nós, para os outros, como testemunho vivo da nossa fé e do nosso viver com
Cristo, por Cristo e em Cristo, no caminho da salvação, que é para todos, em
Igreja.
Marinha Grande, 18 de Outubro
de 2020
Joaquim Mexia Alves