segunda-feira, 28 de outubro de 2024

A LUZ

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A luz da lamparina do sacrário indica que Jesus, que Deus, está verdadeiramente ali presente.

Será que também eu deixo que brilhe em mim alguma luz, que não me indique a mim, mas que mostre que eu estou com Deus e Ele está comigo e em mim?

Terá que ser uma luz simples, sem artificialismos nem “efeitos especiais”, mas apenas e tão só a Luz de Cristo, aquela Luz que indica o Caminho, mostra a Verdade e aponta a Vida.

Não se tem a Luz de Cristo para a “esconder debaixo da cama”, (Lc 8, 16), mas sim para mostrar o que deve ser mostrado, testemunhado.

Um dia, Senhor, pelo Baptismo, deste-me essa Luz, que és Tu em mim.

Quantas vezes eu escondo a Tua Luz e não deixo que ela seja visto pelos outros?
Quantas vezes eu tenho vergonha de mostrar a Tua Luz, que é afinal a Luz que sempre me ilumina e guia?
Quantas vezes eu deixo que o mundo esconda a Tua Luz em mim, e assim ela não brilha para que os outros Te vejam em mim.

A luz da lamparina é uma luz trémula, mas, no entanto, mesmo assim, revela sempre que Tu estás ali bem presente no Sacramento da Eucaristia.

A luz que tenho em mim e que Tu me deste, é também muitas vezes trémula e mortiça, não porque ela fosse assim quando Tu ma deste, mas por causa de mim, que não a alimento com o azeite do Teu amor, com a cera da Tua Palavra.

Que a Tua Luz brilhe em mim de tal forma que eu nem sequer apareça, mas apenas Tu, Senhor, que és o tudo e o todo em mim.






Garcia, 17 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

PRESENÇA!

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Acima dos montes
por entre os vales
onde o sol brilha
e a escuridão não vence.

No meio das ondas
do mar imenso
no meio das águas
dos rios que passam.

No doce murmurar
da folhagem das árvores
no suspirar
das nuvens no céu.

No chilrear de todas as aves
no rugir dos animais selvagens
na entrega dos animais domésticos
em tudo o que a vida pulsa.

No doce sorrir da criança
no chorar do abandonado
na ternura de um beijo de amor
no abraço mais apertado.

No coração que se abre
na vida que se deseja
na prece que se eleva
à procura do amor.

Na lágrima que é chorada
na alegria que é vivida
em cada passo que é dado
em cada vida oferecida.

Em cada momento feliz
em cada momento de dor
ali estás Tu
sempre
sempre
sempre
Jesus
meu Salvador!






Monte Real, 23 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

O SILÊNCIO NA ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO

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«É no silêncio que encontramos Deus, e é no silêncio que descobrimos quem realmente somos.» Bento XVI

Parece, por vezes, que temos medo do silêncio perante Deus e às vezes até perante os outros.

Realmente há momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento em que são lidos tantos textos bíblicos ou de reflexão, são feitas tantas orações, são cantados tantos cânticos, que não há espaço para o silêncio, para a interioridade, para a contemplação, para a adoração, para a escuta do que Deus nos quer dizer ao coração.

Claro que os momentos de oração vocal, de cânticos, de textos bíblicos ou de reflexão, são, obviamente, muito importantes, mas, na adoração ao Santíssimo Sacramento, é da maior importância o silêncio.

Estar perante Deus e não se colocar à escuta, não se estar em silêncio gozando aquele momento e não deixar outros fazê-lo também, é uma pena, porque Deus nos fala sempre no silêncio.

Quem não teve já momentos em que, sentado ou passeando em silêncio com uma pessoa amiga, viveu um encontro sem palavras, de uma união perfeita, que encheu o coração?

Se isso acontece com as pessoas amigas, quanto mais não acontecerá no nosso encontro com Deus, em adoração.

“Encher” os momentos de adoração com textos lidos em voz alta, cânticos contínuos e orações sucessivas, acaba por quase nos afastar do centro da adoração, que deve ser também e sempre o nosso encontro pessoal com Cristo.

Cada um, quando vai para um momento de adoração pode levar a sua Bíblia ou um livro de reflexão, e então, nalgum tempo desse momento de adoração, fazer a sua leitura e meditação para si próprio, e essa leitura, iluminada pelo Espírito Santo, é também uma forma de Ele nos falar no silêncio.

Lembremo-nos sempre da frase de Samuel: «Fala, Senhor, que o teu servo escuta!» 1 Sm 3, 10

Como queremos nós escutar Deus se não nos calamos, se não fazemos silêncio exterior e interior?

E como a oração, o silêncio é também um processo de aprendizagem, em que o Espírito Santo nos vai guiando e ajudando a silenciarmos o nosso coração e a nossa mente.

É, por vezes, muito incómodo estarmos num momento de adoração, querermos fazer silêncio, colocarmo-nos à escuta, mas não conseguimos, porque quem orienta lê inúmeros textos, entremeados de cânticos e orações escritas, de tal modo que, a partir de uma certa altura, já nem damos a devida atenção ao que é dito, nem isso nos serve de reflexão.

Rezar o terço em voz alta numa adoração ao Santíssimo?
Sim, com certeza, mas há tantos momentos para o rezar porquê fazê-lo durante uma adoração?
Parece que estamos apenas a preencher tempo!

Obviamente que cada um tem a sua própria espiritualidade, mas quando lemos os mestres da oração, que são sempre verdadeiros adoradores, o silêncio é uma constante nas suas reflexões, porque é no silêncio que se escuta Deus.

É que, muitas vezes, esse modo de preencher os momentos de adoração, poderá ser mais “ruído” do mundo, do que silêncio de Deus.

Façamos muitas vezes e durante bastante tempo silêncio em nós, sobretudo na adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia, e seremos com certeza surpreendidos como Deus fala ao nosso coração, à nossa vida quando a Ele nos entregamos.

«O silêncio é difícil, mas torna o homem capaz de se deixar conduzir por Deus. Do silêncio nasce o silêncio. Por Deus, o silencioso, podemos aceder ao silêncio. E o homem é incessantemente surpreendido pela luz que então resplandece. O silêncio é mais importante do que qualquer outra obra humana, porque exprime Deus. A verdadeira revolução vem do silêncio; conduz-nos para Deus e para os outros para nos colocar humilde e generosamente ao seu serviço.»
Pensamento 68 - A Força do silêncio - Cardeal Robert Sarah







Marinha Grande, 21 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 15 de outubro de 2024

AMO-TE SENHOR!

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Tanto para Te dizer e, estranhamente, todas as palavras me parecem pobres e insuficientes para Ti.

Dizer que Te amo?

Sim, amo verdadeiramente, mas parece tão pouco quando o digo ou escrevo.

Como se consegue escrever um sentimento?
Como expressar no papel o sentir mais íntimo do coração?

Mesmo que repita infinitamente “amo-Te, Senhor”, sempre me parece pouco, sempre parece que sinto que são só palavras.

Sim, Senhor, eu sei que os arrebatamentos nem sempre são sensatos, ou melhor, nem sempre nos levam a estar mais e melhor contigo.

Esse amor infinito com que nos amas, esse amor calmo e silencioso com que nos amas, esse amor palpável, sensível com que nos amas, esse amor é verdadeiramente o amor perfeito, o amor de Deus que é amor.

Senhor, o meu amor, o nosso amor, por Ti, é tantas vezes volúvel, tantas vezes inconstante, tantas vezes apenas ruidoso, porque parece ter medo de ser silencioso.

É um amor tantas vezes afirmado e, no entanto, tantas vezes pouco vivido.

O amor com que eu gostaria de Te amar, Senhor, é o amor incondicional, o amor sem princípio nem fim, o amor só doação, o amor sem medida, o amor cuja sua própria expressão é apenas e só amor.

Pois, Senhor, o amor com que Te quero amar é afinal o Teu amor por mim, por todos, porque Tu nos amaste primeiro e nos ensinaste a amar.

A pobreza do meu amor, por Tua graça, encontra sempre a grandeza do Teu amor e, por isso Tu o aceitas de braços abertos, porque me conheces e sabes da minha imperfeição.

Amo-Te, Senhor!





Garcia, 14 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

terça-feira, 8 de outubro de 2024

FRAQUEZAS!

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Ontem de manhã, sem qualquer razão ou por um motivo fútil, deixei-me levar pela irritação, descontrolei-me e fiz má figura perante muita gente, com a falta de sensatez, com a falta de paciência, com a quase má educação, mas sobretudo, dei um péssimo testemunho cristão.

Depois arranjei para mim desculpas variadas, como uma noite mal dormida, as dores extremamente incómodas que sentia, as irritações que ainda afloram de quando em vez por causa da guerra que vivi, enfim, um sem número de desculpas, que não desculpam coisa nenhuma.

Ao longo do dia a vergonha pelo acontecido foi crescendo em mim, e se, ao princípio era vergonha pelo que os outros poderiam pensar de mim, depois passou a ser vergonha de mim próprio.

Tinha vergonha de como cristão empenhado ter procedido de tal modo.

Sou tantas vezes chamado a falar de Deus, a rezar em comunidade, a testemunhar a minha conversão e, naquele momento, deixei-me levar pelo meu mau feitio antigo, que desta vez me venceu, porque eu me deixei vencer.

À noite, na celebração da Missa da Festa de Nossa Senhora do Rosário, percebi que, se tinha dado um mau testemunho de cristão publicamente, também deveria dar testemunho contrário publicamente, também, escrevendo sobre isso mesmo.

Afinal tanta entrega, tantas orações, tanta vivência da espiritualidade e, num pequeno momento, sem motivo algum, o meu “eu” anterior veio ao de cima, e mostrou-se com toda a sua fealdade.

As quedas são também ou devem ser sempre, motivo para nos levantarmos, e mostram-nos, mostram-me, que a conversão é um contínuo viver procurando a vontade de Deus, e que só o podemos fazer com Ele, n’Ele e para Ele.

Então pedi perdão a Deus pela minha fraqueza, e pedi cada vez mais insistentemente ao Espírito Santo que me vencesse e me conduzisse como um verdadeiro filho de Deus.

Jesus sorriu-me, deu-me a mão, levantou-me, e eu percebi então ainda melhor aquilo que Ele nos disse: «Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é débil.» Mt 26, 41





Marinha Grande, 8 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

DÁ-ME OLHOS!

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Dá-me olhos de paz
para Te ver
na humanidade.

Dá-me olhos de esperança
para Te ver
em cada criança.

Dá-me olhos de Fé
para Te ver
no caminho.

Dá-me olhos de confiança
para Te viver
na esperança.

Dá-me olhos de comunhão
para Te ver
em cada irmão.

Dá-me olhos de alegria
para Te viver
na Eucaristia.

Dá-me olhos de ternura
para Te ver
no tempo de secura.

Dá-me olhos para ver
a Tua presença
no meu viver.

Dá-me olhos de amor
para que sempre Te reconheça
como meu Deus e Senhor.





Garcia, 26 de Setembro de 2024
Joaquim Mexia Alves