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Há coisas que Deus nos dá e nós nem sequer nos apercebemos a maior parte das vezes quando acontecem.
Em virtude de um dos sacerdotes da paróquia da Marinha Grande estar de férias, foi-me pedido que “fizesse” uma Celebração da Palavra em São Pedro de Moel.
Nervoso, como sempre me acontece, deparo no meio dos fiéis, que celebravam comigo a Palavra de Deus, com a minha cunhada e o meu cunhado.
Fosse eu presbítero ordenado, com curso de Teologia e unção sacramental devida, nem sequer uma fimbria do meu ser me incomodaria.
Mas não, sou um pobre de Cristo, a quem pedem para celebrar e falar em Seu Nome, coisa de que eu não me sinto agora, nem me sentirei nunca, digno de fazer.
E depois, ao olhar para estes meus queridos cunhados, recordo com gratidão imensa, ao meu Senhor e meu Deus, o caminho que nos tem feito percorrer, sempre guiados e iluminados pelo Espírito Santo.
Vão tão longe, já, as minhas noites “perdidas” em São Pedro, que ver-me agora, em família, celebrar o Deus que me redimiu e me fez encontrar a vida nova que Ele me deu, que a única coisa que me vem ao coração é a gratidão imensa de Lhe dizer que realmente sem Ele a vida não tem sentido.
Sentado, tentando disfarçar o meu nervosismo, escuto a minha querida cunhada ler a Leitura da Carta aos Efésios da Liturgia deste Domingo, e apenas posso pensar que Tu, Senhor, fazes coisas inimagináveis para nós, Teus filhos.
Depois, (Tu nunca queres que nos orgulhemos com aquilo que fazes em nós para Te servir), colocas nas minhas mãos uma píxide com as Hóstias consagradas que és Tu mesmo ali presente, e reparo que nem com muito boa vontade chegam para “alimentar” aqueles que de Ti se querem saciar.
Pelo meio das minhas mãos a tremer, do meu proclamar, Corpo de Cristo, cada vez que Te dou como alimento divino, o Espírito Santo ainda me faz dizer em voz alta a todos os presentes: Precisamos de um milagre, porque as Hóstias não chegam para todos.
Então, com uma alegria que a todos toca, oiço aqueles que Te esperam receber, dizer: Parta as Hóstias, assim chegarão para todos.
E agora, passadas já algumas horas depois do acontecido, só me posso lembrar dos discípulos de Emaús que Te reconheceram ao «partir do Pão».
As coisas que Tu fazes, Senhor, e eu ainda me continuo a espantar e a deixar seduzir pela forma como Tu nos espantas e seduzes.
Marinha Grande, 14 de Julho de 2024
Joaquim Mexia Alves
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