quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

A FALTA DE FÉ

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«Estava admirado com a falta de fé daquela gente.» Mc 6, 6

Este versículo do Evangelho de ontem, chamou-me a atenção, ou melhor, ficou no meu coração, no meu pensamento.

Como ando a reler a Encíclica Dominum et Vivicantem de São João Paulo II, sobre o Espírito Santo na vida da Igreja e do mundo, este versículo ganhou uma dimensão digamos que ainda mais actual.

«a «blasfêmia» não consiste propriamente em ofender o Espírito Santo com palavras; consiste, antes, na recusa de aceitar a salvação que Deus oferece ao homem, mediante o mesmo Espírito Santo agindo em virtude do sacrifício da Cruz. Se o homem rejeita o deixar-se «convencer quanto ao pecado», que provém do Espírito Santo e tem carácter salvífico, ele rejeita contemporaneamente a «vinda» do Consolador: aquela «vinda» que se efectuou no mistério da Páscoa, em união com o poder redentor do Sangue de Cristo: o Sangue que «purifica a consciência das obras mortas». (DV 6-46)

Ao ler esta passagem da Encíclica e percebendo que cada vez mais o mundo nos quer convencer que o pecado não existe, percebo que “aquele” que nos quer perder nos faz duvidar, afinal, da obra do Espírito Santo que é «convencer-nos quanto ao pecado», para que nos convertamos e acreditemos na salvação em Jesus Cristo.

E para acreditar no Espírito Santo, no Pai e no Filho, é preciso Fé, a Fé que sendo dom de Deus, se faz vida em nós e nos leva a viver segundo a vontade de Deus, afastando-nos da “lei do pecado”, cujo fim é a morte.

Mas se não temos Fé, não acreditamos na Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, não acreditamos no Espírito Santo e não acreditamos no infinito amor do Pai.

E, se não acreditamos no infinito amor de Deus, não acreditamos no Seu infinito perdão, pecamos contra o Espírito Santo, e fechamos a nossa vida à existência de Deus, não Lhe permitindo, perante a nossa falta de arrependimento por não acreditarmos na existência do pecado, que nos perdoe e no Seu amor nos salve da “morte eterna”.

E Deus, que nos criou em inteira liberdade, não pode coarctar essa mesma liberdade que por Ele nos foi dada e, como tal, somos nós que nos condenamos por não acreditarmos em Deus e no seu infinito amor.

Como São João Paulo II nos escreve na referida Encíclica:
«Ora a blasfêmia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelo homem, que reivindica o seu pretenso «direito» de perseverar no mal — em qualquer pecado — e recusa por isso mesmo a Redenção. O homem fica fechado no pecado, tornando impossível da sua parte a própria conversão e também, consequentemente, a remissão dos pecados, que considera não essencial ou não importante para a sua vida. É uma situação de ruína espiritual, porque a blasfêmia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que ele próprio se fechou e abrir-se às fontes divinas da purificação das consciências e da remissão dos pecados.» (DV 6-46)

Estaremos também nós admirados, ou melhor, conscientes da falta de fé que parece tomar conta do mundo?



Marinha Grande, 1 de Fevereiro de 2024
Joaquim Mexia Alves

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