segunda-feira, 14 de setembro de 2020

PERDOAR E PEDIR PERDÃO

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Durante o fim de semana reflectimos e falámos, em Igreja, sobre o perdão e o perdoar a quem nos ofende.

Fiquei a pensar nisso mesmo e percebi que falamos muito sobre perdoar quem nos ofende, (e ainda bem, graças a Deus), mas pouco falamos de pedir perdão a quem nós ofendemos, excepto quando nos referimos ao sacramento da Reconciliação e, claro, nesse caso é para pedir perdão a Deus pelas nossas ofensas.

 

Perguntei-me o que seria mais difícil: Perdoar ou pedir perdão?

 

Assim de repente, para o meu orgulho, pareceu-me que será bem mais difícil pedir perdão do que perdoar.

É que no fundo, e com toda a simplicidade, pedir perdão é reconhecer que errei, que ofendi o outro, enquanto perdoar é, digamos assim, reconhecer, sentir a falta do outro e perdoá-la.

Ora reconhecer os nossos erros, parece-me bem mais difícil do que reconhecer os erros dos outros, por isso também nesta semana ouvimos que «temos de tirar primeiro a trave dos nossos olhos antes de querermos tirar o argueiro dos olhos dos outros».

 

E isso é tão verdade, simplesmente falando, que nós tentamos sempre arranjar desculpas para as nossas faltas, as nossas ofensas, mas raramente procuramos desculpas para as faltas dos outros em relação a nós.

E curiosamente, essas desculpas que tentamos arranjar para as nossas faltas, acabam por implicar sempre o outro, ou seja, o querer transformar o outro no “culpado” da nossa ofensa: Se ele não tivesse feito assim, eu não tinha feito aquilo!!!

Faz lembrar a história do sacerdote que dizia a alguém que se confessava a ele: Bem, agora que já me contou os pecados dos outros, reconheça lá os seus!!!

 

Pedir perdão é um “baixar a cabeça”, não como humilhação, mas como acto de humildade, como um acto de reconhecimento que fomos fracos e ofendemos, (ofender alguém é sempre, para mim, um acto de fraqueza da nossa parte), sem tentar arranjar desculpas para a nossa falta.

 

Mas, curiosamente, perdoar é também um “baixar a cabeça”, um acto de humildade, pois colocamo-nos ao “nível” de quem nos ofendeu, deixando o nosso orgulho de lado.

E perdoar é sempre um acto de fortaleza, sobretudo nos dias de hoje em que se confunde perdoar com fraqueza perante os outros que nos ofenderam.

 

Talvez seja confuso o que escrevo, (até porque não consigo exprimir escrevendo o que sinto), mas isso não me/nos deve impedir de reflectir que muitas vezes não reconhecemos as nossas faltas, desvalorizamo-las e por isso mesmo não pedimos perdão por elas, sobretudo aquelas que nos parecem mais pequenas, “sem importância”.

Ora, penso eu, há-de ser muito difícil perdoar verdadeiramente se não somos capazes de pedir perdão, porque ao longo das nossas vidas somos muitas vezes ofendidos, mas também ofendemos muitas vezes.

 

É preciso, sobretudo, passar das palavras aos actos, ou seja, procurar no nosso íntimo a quem devemos perdoar e procurar quem ofendemos para pedir perdão pelas nossas ofensas.

Só assim, arrisco a escrever, o perdão será completo.

 

E depois pedir perdão a Deus e confiar que Ele nos dará sempre forças, (se quisermos ser sinceros no coração), para perdoar e pedir perdão.

 

 

Festa da Exaltação da Santa Cruz

Marinha Grande, 14 de Setembro de 2020

Joaquim Mexia Alves 

1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...

Posso perdoar a quem me ofende mas não sei se me esqueço. E não esquecendo, não sei avaliar até que ponto perdoo.
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Abraço poético