.
.
Ao
pensar neste tempo de verbo, ou melhor, nesta atitude que representa um despojamento
de si próprio, e que é “dar-se”, “entregar-se”, “colocar os outros à frente”,
um nome muito óbvio me vem de imediato ao coração e à mente: Trinda!
Para
a família o nome é totalmente conhecido, mesmo pelos mais novos de todos, é
conhecido de amigos, de colegas de trabalho e de muita gente anónima, cuja vida
um dia passou e ainda passa pela vida da Trinda.
Para
os que não sabem, a Trinda é a Maria da Trindade, (que nome tão bem posto),
quarta filha de um casal, que quis Deus fossem também meus pais, e pais de mais
oito.
Sempre,
desde muito novo me habituei a ver a Trinda a trabalhar em tudo quanto fosse
festa de família, (desde os Natais até aos casamentos), dando tudo até ao
limite das suas forças.
Mas
a Trinda não se esgota nas festas, a Trinda leva o “dar-se” a uma atitude
permanente, no dia-a-dia, no hora-a-hora, em qualquer momento.
A
Trinda pensa sempre primeiro nos outros e depois nela própria!
Que
o diga não só a família, mas também os amigos, os colegas de trabalho, e todos
e qualquer um que passe pela sua vida e necessite de qualquer coisa.
E
mesmo que não necessite, a Trinda, há-de arranjar maneira de “dar-se” de algum
modo!
E
depois de tudo fazer, depois de “dar-se” inteiramente, olha-nos com aqueles
seus olhos e diz-nos com toda a veemência: Obrigado, obrigado por terem vindo,
obrigado por isto, por aquilo, por aqueloutro!!!!
A
Trinda olha-nos e sente-nos, a nós seus irmãos, todos já para cima dos 67 anos,
(exacto, eu sou o mais novo), com aquele sentimento de mãe protectora que não quer que nada falte aos seus,
e diz-nos sempre “autoritariamente disponível”: O menino, (que bem que sabe este "menino"!), já sabe, se precisar de alguma coisa telefone que eu venho logo!
A
Trinda nunca se despede, seja ao vivo, seja pelo telefone, com um simples
adeus!
Eu
acho que ela nunca se quer despedir e por isso fica eterna e ternamente, a
dizer: Beijinhos, beijinhos, beijinhos….
Nós
seus irmãos, as nossas mulheres, (suas cunhadas), bem como os nossos filhos e
filhas, nunca temos um marido sozinho ou uma mulher sozinha, uma só mãe ou um
só pai, a tomar conta de nós nas nossas doenças ou vicissitudes, porque a
Trinda está sempre presente.
A
Trinda chega para saber como está tudo a correr, e depois vai ficando, vai
organizando, vai fazendo os outros descansar, enquanto ela “se vai dando”,
inteiramente.
E
se assim é com a família, também é com toda a gente que ela conhece e que a
conhecem.
A
Trinda é a minha querida irmã, (as outras duas já estão com Deus), e a Trinda
não existe verdadeiramente!
Acredito
que Deus Nosso Senhor lhe deu esta forma humana, lhe deu esta face humana, lhe
deu este corpo humano, mas colocou nela um coração de anjo, um anjo da guarda
que se vê, que se toca e que tem ombros e mãos, para neles podermos descansar e
percebermos verdadeiramente o que Jesus Cristo quis dizer com: «amai-vos uns
aos outros como Eu vos amei!»
E
a Trinda faz anos hoje!
Oitenta
e um, para ser preciso!
Mas
ninguém lhos adivinha, porque não mudou de modo nenhum o seu modo de viver, não
esmoreceu em nada o seu “dar-se”!
Por
isso, Senhor, a Ti elevo a minha prece
mais sentida, a minha oração mais viva, para Te dizer e pedir:
Obrigado,
Senhor, pela Trinda, o anjo que deste à nossa família!
Obrigado,
Senhor, porque pela Trinda nos quiseste ensinar o “dar-se”!
Agora,
Senhor, protege-a, guarda-a e envolve-a nos Teus braços, de tal modo que ela possa
sentir no seu dia-a-dia o Amor verdadeiro, que é o Teu, e que vai muito para
além de todo o amor que nós lhe temos!
Carvide,
1 de Novembro de 2016
Joaquim Mexia Alves
.
.
2 comentários:
Gostei muito de conhecer a sua irmã, com esta tão bela apresentação. Que Deus vos abençoe! Obrigado Joaquim.
Obrigado, Fernando!
Um grande abraço
Enviar um comentário