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“O Retorno do filho pródigo” de Rembrandt |
1 – Uma visão da juventude
Este trabalho será sobretudo a minha visão e vivência diária, pessoal e em Igreja, do Sacramento da Penitência.
Quando era mais novo, e mesmo na adolescência, este sacramento era conhecido sobretudo, como Sacramento da Confissão.
Se, por um lado esse nome “assustava”, pois parecia focar mais o aspecto do pecado do que da misericórdia de Deus, por outro ainda, parecia dar-nos também uma perspectiva de que, “listando”, confessando os pecados a um sacerdote, tudo ficava resolvido.
Claro que sabíamos e era-nos ensinado que o arrependimento e o propósito de emenda eram necessários, mas parecia quase, que esses “factores” eram matéria adquirida ao confessarmos os nossos pecados.
Corria-se ainda o “risco” de se constituir uma “lista de pecados”, que depois consultada, bastaria colocar um “x” naqueles que considerássemos, com prejuízo nítido para um verdadeiro exame de consciência.
(Talvez que ainda hoje, e em certos meios populares e não só, esta não seja uma visão tão ultrapassada.)
Lembro-me bem que o “ter” que se confessar, era algo que não desejávamos, porque a carga negativa de termos pecado, (termos feito coisas erradas), era bem mais forte, parecia-nos, que o fim alcançado, ou seja o perdão de Deus.
A reconciliação com Deus era um valor que não aflorava desse sacramento, e como tal, parecia-nos a nós jovens, (pelo menos a mim), que a Confissão tinha muito mais a ver com algo a que a Igreja nos ia “obrigando”, do que propriamente uma necessidade de nos reconciliarmos com Deus.
Resumindo esta parte introdutória, diria que a Confissão era para nós, jovens, muito mais um peso, uma “dor”, do que um alivio, uma “cura”.
Se o refiro aqui e agora, é pela sensação que tenho, (talvez por culpa nossa catequistas), de que os jovens de hoje, ainda, de algum modo, vêem assim este extraordinário sacramento, o que tem de forçosamente ser modificado, pois não corresponde minimamente à realidade dos efeitos extraordinários na vida de cada um, que uma boa confissão nos concede pela graça de Deus.
Havia ainda o receio, para nós jovens, de que os nossos pais viessem a saber das nossas faltas e também, da imagem que o sacerdote, (normalmente o pároco que nos conhecia), iria fazer de cada um, o que, curiosamente, passados todos estes anos, ainda encontro nalguns catequizandos adolescentes, o que significa que há ainda muito caminho para percorrer no ensino deste sacramento, mormente na enfatização do segredo inviolável da Confissão, e para além deste, no facto de que nenhum sacerdote pretende fazer juízos de valor sobre aqueles que a ele se confessam.
Costumo dizer aos meus catequizandos que Deus concede aos sacerdotes um “dom de esquecimento” dos pecados confessados, sobretudo na ligação e atribuição destes àqueles que se confessaram, de um modo geral, claro está.
Hoje a Igreja, (e os fiéis mais lentamente), chama a este sacramento, Sacramento da Penitência e por vezes também, Sacramento da Reconciliação.
Um e outro nome me parecem redutores da dimensão extraordinária deste sacramento, porque se a penitência poderá ter uma conotação de “expiação”, quase “castigo”, a reconciliação apenas refere uma parte, importante sem dúvida, deste sacramento, mas não o seu todo, toda a sua dimensão, que abarca libertação e cura, como veremos adiante.
De qualquer modo, Sacramento da Penitência, talvez seja o nome mais correcto, porque como nos diz o Catecismo, penitência indica conversão, mudança de vida, começar de novo, pois a chamada à penitência está intimamente ligada, ao «arrependei-vos, convertei-vos, acreditai no Evangelho», que é a pregação que percorre todos os Evangelhos e Escritos do Novo Testamento.
Nota:
Início hoje a publicação de excertos de um pequeno trabalho sobre o Sacramento da Penitência, que fiz para a disciplina de Sacramentologia, do Curso Geral de Teologia, que concluí no Seminário Diocesano de Leiria.
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7 comentários:
Muito bom...
Parabéns amigo Joaquim!
Seguir-te-ei nestas tuas partilhas, do teu trabalho.
Em criança, eu tinha pavor que fosse o Pároco a estar no confessionário!!!!!!
Amigo Joaquim!
Primeiro, fico contente por essa oportunidade do curso,por ti e por nós todos que decerto beneficiaremos através dos teus escritos.
Segundo,que oportuno a seguir às férias que abordes este tema.De certo modo é também uma altura de propósito de mudança em alguns aspectos da nossa vida,apesar de ser sempre tempo para que a mudança aconteça.
Pelo que acabei de ler,fico já à espera do que se seguirá.
Um abraço na Paz
Obrigado amiga "Filha de Maria".
Cá te espero sempre de braços abertos.
Um abraço amigo em Cristo
Amiga Concha, obrigado!
Foi agora porque findo o curso, posso "publicar" o "trabalhito".
Espero que sirva aos outros, porque a mim tem-me ajudado a reflectir na extraordinária graça que é este Sacramento.
Um abraço amigo em Cristo
Amiga Carmo
Obrigado pelo teu incentivo.
Espero que te sirvam os textos, como me serviram a mim para melhor reflectir sobre a graça imensa que é o Sacramento da Penitência.
Um abraço amigo em Cristo
Amigo Joaquim,
Ao ler este seu primeiro e exemplar texto sobre o Sacramento da Penitência senti-me voltar também a algumas décadas atrás.
Era exactamente assim que eu sentia também e penso que era generalizado este sentimento de que os nossos pecados eram submetidos a ”censura “ o que tornava a “Confissão” como muito bem diz para os mais jovens um Sacramento um pouco penoso.
Graças ao nosso bom Deus e a todos os Seus filhos esclarecidos, como neste caso, o Joaquim, fomos aprendendo que este Sacramento nos ajuda a caminhar para Deus cumprindo os Seus preceitos, sentindo a Sua Divina Misericórdia.
Muito obrigada pelos seus valiosos ensinamentos.
Abraço em Cristo.
(Muitos Parabéns por ter terminado o seu Curso Teologia e que Deus continue a iluminá-lo)
Amiga Ailime
Muito obrigado pelas suas palavras.
Considero-as um incentivo para continuar a escrever, meditando e fazendo meditar.
Um abraço amigo em Cristo
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