quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A COMUNIDADE MODELO (1)

.
.
«Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, o temor dominava todos os espíritos. Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um.
Como se tivessem uma só alma, frequentavam diariamente o templo, partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e tinham a simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava, todos os dias, o número dos que tinham entrado no caminho da salvação.» Act 2, 42-47


Esta é uma passagem dos Actos dos Apóstolos que serve sempre de referência ao início e desenvolvimento da Igreja.
Nela é descrita a vida das primeiras comunidades cristãs, (neste caso a comunidade de Jerusalém), que foram o embrião da Igreja dos nossos dias.

Esta narração tem elementos que nos devem fazer reflectir hoje, sobre a realidade de então, mas que verdadeiramente deve continuar a ser a base da nossa existência como cristãos e católicos, reunidos em Igreja.

«Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos»

Seremos nós hoje em dia, em Igreja, assíduos ao «ensino dos Apóstolos»?
Aproveitamos nós, todos os momentos para melhor conhecermos a Doutrina emanada pela Santa Igreja, não só pela voz dos pastores que nos são dados, mas também por todos os documentos, livros, cursos de formação, etc., que a Igreja nos proporciona no dia-a-dia?

É que muitas vezes somos mais lestos em procurar ouvir aqueles que não estão em comunhão de Igreja, ou que estão até em confronto com Ela, deixando-nos levar pelas suas pessoais e falsas interpretações, porque muitas vezes servem melhor os seus e nossos propósitos.
Até porque o caminho de conversão diária é difícil, exigente, e assim queremos aproveitar algumas “nuances doutrinais”, não só para não exigirmos tanto de nós, mas também para “aliviarmos” as nossas consciências.

É habitual também ver católicos a lerem livros de autores que não pertencem à Igreja Católica, e alguns livros até que são escritos apenas para atacar e denegrir a Fé e a Igreja.

E se não vem “mal ao mundo” por, de vez em quando, lermos um livro de um autor de outra igreja, (até para nosso conhecimento como resposta a outrem), já não se entende que tal se faça se não temos tempo, ou não o disponibilizamos, para lermos os autores católicos, que são tantos e tão disponíveis.
E muito menos se entende que se leiam livros que atacam e denigrem a Fé e a Igreja Católica, (alguns supostamente científicos), quando afinal nunca lemos um livro sobre a Igreja, sobre a Doutrina, ou muito provavelmente nem a própria Bíblia.
E se não temos essa base de conhecimento, que cimenta a Fé, que leva á comunhão, que provoca a conversão, como nos admiramos nós que a leitura desses livros abale as nossas convicções, a “nossa” fé, se tudo afinal é apenas e só fruto de uma tradição familiar, ou de uma catequese obrigada pelos nossos pais?

Estamos e somos tantas vezes disponíveis para lermos as notícias sobre os “escândalos” na Igreja, mas será que também o somos para lermos o que a Igreja diz e decide sobre esses assuntos?

Não somos nós tão rápidos a lermos um qualquer “tratado” dum qualquer teólogo “desalinhado”, e não colocamos tantas vezes de lado uma homilia do Papa, ou de um Bispo, que nos chega pelas notícias?

Que convicção é esta que atinge tantos de nós que, quando fala alguém da Igreja, somos levados a pensar que já sabemos o que vai dizer, ou disse, e que nada vai acrescentar à nossa caminhada espiritual, mas que, ao contrário, aquilo que diz alguém que se coloca fora da Igreja, nos vai ajudar a encontrar caminho de comunhão?

Com certeza que, se não temos o conhecimento das bases da Doutrina da Fé que afirmamos professar, se não aprofundamos essas bases na procura constante, ou melhor, «na assiduidade ao ensino dos Apóstolos», apenas nos podemos dividir e desunir, porque a mais pequena interrogação vai colocar em causa a Fé e a comunhão de Igreja que desejamos e queremos viver.

Naquele tempo, aquelas mulheres e aqueles homens «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos», porque amavam a Palavra, porque n’Ela reconheciam o próprio Deus que lhes falava, porque n’Ela encontravam alimento, encontravam unidade, comunhão e caminho para viver.
Porque naquele tempo, o «ensino dos Apóstolos», não só lhes transmitia conhecimento, mas também força e ânimo, para lutarem interiormente contra todos os ataques que a Fé em Jesus Cristo e a Igreja nascente, sofriam todos os dias.

E hoje não é assim?
Não sofre a Fé em Deus Uno e Trino, não sofre a Igreja Católica, (e sobretudo Esta entre todas as igrejas), ataques permanentes, consertados, não só dos meios de comunicação social, mas também de pensadores, de políticos, de “fazedores de opinião” e até infelizmente de alguns que se dizem católicos e que até têm responsabilidades na própria Igreja, mas teimam em interpretar a Doutrina da Fé ao seu gosto e arrogante convicção?

Como queremos nós ter conhecimentos, ter argumentos, ter força e ânimo, para responder a tais ataques, (não com violência ou destempero), mas com um testemunho sereno e convicto, por palavras e obras, se não procuramos esses conhecimentos, esses argumentos, essa força e esse ânimo, no único sítio onde nos são dados e que é em comunhão na Igreja Católica?

«Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos»
Por isso, e passados dois milhares de anos, esta Palavra continua a ser tão actual, (não infelizmente como verdade descrita na maior parte das vezes), mas como caminho e exortação àquilo que o verdadeiro cristão e católico, deve fazer e viver, no caminho como filhos de Deus, discípulos de Jesus Cristo, a que todos somos chamados para nossa salvação e maior glória e louvor de Deus.



Monte Real, 22 de Setembro de 2010
(continua)
.
.

16 comentários:

Utilia Ferrão disse...

Amigo Joaquim
Acho que na verdade a Palavra tem um grande peso na nossa igreja Católica.
Muito certo como conhecer o Deus de Jesus Cristo se na verdade nunca abrimos a biblia
A celebração da eucaristia tem sempre a Palavra em destaque.
Tenho o meu testemunho pessoal sobre a "Biblia"
"DE MÃOS DADAS NA CAMINHADA"
Estou de mãos dadas convosco

NUNC COEPI disse...

Espero pela "continuação" para "arriscar um comentário final; entretanto vou adiantando: Tocas num assunto muito actual - infelizmente - mas que, pensando bem, é de todos os tempos. Para já, o que publicaste, tem o meu acordo e sublinhado.

Anónimo disse...

Gostei muito que partilhasse esses seus pensamentos.
Concordo plenamente e aguardo próximo capitúlo :)
Beijinho

Ana Matos

Paulo disse...

Realmente esse "eram assiduos" quase que espelha a realidade, ou seja, nos dias de hoje, muito poucos são assiduos, mesmo alguns daqueles que se dizem catolicos. Na verdade, muitos de nós, por vezes lemos imensos livros (ainda que de cariz catolico e cristão) mas, "lemos" a biblia nas missas dominicais...aguardo o seguimento.

C.M. disse...

Hoje, com tantas solicitações (tentações...) será que sou assíduo? Não, infelizmente não sou. Talvez que num convento o fosse... aí sim, seria certamente...

Anónimo disse...

Maravilhoso texto com a música celestial que o acompanhe que em uníssono ouvimos a voz de Deus de foste um Belíssimo Intrumento.


Força e parabéns o Espirito Santo está em ti e tu habitas Nele...


A PAZ...

joaquim disse...

Amiga Utilia

Obrigado!

Com efeito a Palavra é central na nossa Igreja, pena é que nas vidas de muitos de nós católicos não o seja em todas as suas formas.

Um abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

António, meu irmão, obrigado.

Esta semana continuará, assim Deus me ajude.

Um abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

Obrigado Ana

Fico feliz pela sua visita aqui que julgo ser a primeira.

Sabe bem que muito admiro o seu trabalho junto dos presos.

Um abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

É verdade Paulo.

E se houve tempos em que a Bíblia era arredada dos católicos, hoje Ela é aconselhada, "prescrita", como indispensável à vida cristã.

E está perfeitamente acessível a cada um, até na net.

Um abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

Amigo Delfim

Não é o meu amigo nem sou eu tanto quanto é necessário.

Ao convento os que são chamados ao convento, à vida no mundo da família e do trabalho, os que a ela são chamados, mas que sempre podemos arranjar um pouco de tempo para a Palavra.

São Josemaria ensina-nos isso muito bem.

Obrigado pela sua visita.

Um abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

Obrigado "Sinais no mundo", pelas tuas palavras.

O Espírito Santo habita em todos aqueles que abrem o seu coração a Deus, nós é que por vezes andamos "distraídos".

Um abraço amigo em Cristo

Gisele Resende disse...

Amigo Joaquim,

obrigada por mais uma profunda e bela reflexão,

abraços

Gisele

joaquim disse...

Amiga Gisele

Obrigado pelas tuas palavras que são um incentivo.

Um abraço amigo em Cristo

Anónimo disse...

Agradecendo as vossas Santas e Caridosas palavras pedimos a Jesus e Maria que vos paguem por todo o acolhimento.

A 1 de Outubro,é dia de Santa Teresinha do Menino Jesus, O.C.D.

-Doutora da Igreja;

-Nascimento 2 de Janeiro de 1873 em Alençon, Baixa-Normandia
França;

-Falecimento 30 de Setembro de 1897 em Lisieux, Baixa-Normandia
França;

-Veneração por Igreja Católica
Canonização 17 de Maio de 1925, Roma por: Papa Pio XI;

-Festa litúrgica 1 de outubro
Atribuições Rosas, História de Uma Alma
Padroeira Missionários católicos, Rússia

Assim, preparemos a nossa Alma para sermos merecedores de uma " Chuva de Graças ".

joaquim disse...

Obrigado "Sinais no mundo" pela chamada de atenção.

Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós.

Um abraço amigo em Cristo