quarta-feira, 20 de maio de 2009

A RELIGIÃO E A POLITICA

.
.
Não costumo misturar religião e politica a não ser no sentido de julgar e acreditar que um cristão que queira ser político, tem o dever imperativo de reflectir na sua forma de agir politica, as suas convicções religiosas.
Porque para mim, primeiro é-se homem, depois cristão, (é Deus que dá sentido à vida humana), e só depois político.
Porque para mim, o cristão deve testemunhar em todos os actos da sua vida, a vivência da fé em Jesus Cristo, e sendo católico, a sua comunhão com a Igreja e a Doutrina da Igreja.
Porque ser cristão e católico não é condição de que cada um se possa “apropriar”, como se de um título, ou rótulo se tratasse.
Ser cristão e católico exige a vivência do Credo na Santíssima Trindade, Deus uno, único e verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo, na Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, na Igreja una, santa, católica, apostólica, no Baptismo para a remissão dos pecados, na ressurreição dos mortos e na vida do mundo que há-de vir.
É este Credo que os cristãos católicos professam sempre que participam e celebram a Eucaristia, e que os une em comunhão de Igreja e como Igreja, fundada por Jesus Cristo nos Apóstolos.
Vem isto a propósito da entrevista que o Dr. Paulo Rangel deu ao jornal i de 19 deste mês.
Tinha para mim que estas eleições para o Parlamento Europeu pouco me diziam, sobretudo porque os candidatos já apresentados me pareciam de uma pobreza confrangedora e nenhum deles “preenchia” os requisitos necessários que me levassem a votar em alguém, visto que o voto em branco é também uma forma de exprimir a minha participação no acto eleitoral e a minha vontade.
A entrada em cena do Dr. Paulo Rangel veio modificar essa minha apreciação pelo facto de que, por tudo o que até agora tem feito me parecer merecer credibilidade, não só em termos de competência, como também de honestidade.
Não fazia ideia que o referido senhor fosse, ou se afirmasse cristão e católico, nem isso pesava na altura na minha apreciação sobre os seus méritos.
Mas depois de ler a entrevista que deu ao jornal acima referido, no que concerne às suas convicções religiosas, a minha opinião mudou e fiquei muito desiludido com aquilo que ele aí afirma.
Diz o Dr. Paulo Rangel que é um católico praticante, mas progressista!
Não faço ideia do que seja um católico progressista, pois para mim, um católico é sempre progressista na medida em progride num caminho que o leva ao encontro da Verdade, pela Verdade e com a Verdade.
E um católico, (não sei o que é um católico não praticante), é Igreja e como tal comunga da Doutrina da Igreja, une-se à Igreja, embora não deixe de ter a sua consciência livre, embora não deixe de, em Igreja, expor os seus pontos de vista tentando contribuir para a edificação da própria Igreja.
E um católico sabe, ou devia saber, que a Igreja, (que ele é também), não é um super mercado em que cada um escolhe o que mais lhe agrada e deixa de fora o que não quer, ou não lhe serve.
Mas o que mais me choca é perceber, segundo a minha apreciação, que o Dr. Paulo Rangel se afirma católico praticante tentando assim conquistar votos nos católicos, mas depois, cirurgicamente, aceita os pontos da Doutrina em que é mais fácil agradar a “gregos e troianos”, e rejeita os pontos ditos “fracturantes” e que ele julga, digo eu, lhe poderão custar ou ganhar votos.
Porque a defesa que ele faz das suas rejeições de determinados pontos da Doutrina da Igreja, não têm qualquer fundamento, e são defendidos com argumentos de “lana caprina”, que não me vou dar ao trabalho sequer de aqui rebater, porque são demasiado óbvios e repetitivos.
Assim, (e mais uma vez em meu entender), não foi honesto na forma como se afirmou católico e a pergunta ou perguntas feitas parecem “coisa encomendada” com determinados fins, o que me leva a repensar a apreciação que tinha deste candidato .
Pois é, Reis Balduínos há poucos, e falta a coragem a muitos políticos que se afirmam católicos, de o serem verdadeiramente.
Fica a minha participação no acto eleitoral para as eleições ditas europeias exactamente como estava antes da candidatura do Dr. Paulo Rangel, e é pena, porque poderíamos ter, se ele fosse um verdadeiro católico, alguém que defendesse os valores do cristianismo no Parlamento Europeu.
Mas eu sou só um!
Aproximando-se o Domingo de Pentecostes, rogo ao Pai, pelo Filho, que derrame abundantemente o Espírito Santo sobre esta Europa que se afasta de Deus a passos largos.
.
.

23 comentários:

Maria João disse...

Ainda por cima ninguém pode responder à entrevista do senhor ... E lá fica, mais uma vez, a ideia errada de que a Igreja faz isto e aquilo ... Afinal foi um sr. da política que falou e disse isto e aquilo ...

Rezemos. Sim, Espírito Santo ilumina-nos!


beijos

C.M. disse...

Caro Amigo, o seu texto deveria ter honras de primeira página no Jornal “O Público” (porque não o envia com pedido de publicação?), o único jornal aliás que combate sem medo os poderes instituídos, a Maçonaria reinante [devo confessar que, apesar dos muitos defeitos do Regime, o Estado Novo tinha-a decapitado; com o 25 Abril ela voltou em força – pudera! Hoje sei que os “cabecilhas do MFA, como o Vasco Lourenço e o Carlos Fabião (já falecido) são da Maçonaria].

Mas voltando ao seu texto, de inegável importância e clarividência, ele reflecte um dos maiores problemas da actualidade, qual seja, o “piscar de olho” aos católicos por parte de políticos sem vergonha, a fim de conseguirem os necessários votos para as eleições que se avizinham – europeias, legislativas, autárquicas, pesem embora os indisfarçáveis tiques republicanos laicos e jacobinos dos membros deste governo que não conseguem evitar… vide o actual problema dos preservativos a serem distribuídos como guloseimas nas escolas… impensável há 35 anos atrás!

Também nunca “percebi” essa afirmação de sermos católicos mas helás! “progressistas”… é afirmação equivalente a esta: “eu cá tenho a minha fé! …” pois… ignorâncias… só que no caso dos políticos, querem fazer deste povo gato sapato - também os portugueses “colocam-se a jeito”…não querem saber de nada, a não ser, como há dias uma historiadora dizia nos “Prós e Contras” passear nos centros comerciais e ir a Cancun…

Se não se importa, vou fazer uma chamada de atenção na minha pobre folha para este seu texto.

Um abraço deste amigo de Lisboa e irmão em Cristo.

Inimputável disse...

Parabéns pelo texto. Lamentavelmente o jornal Público já não é o que era...Basta ver as colunas de opinião dos últimos tempos. Por lá anda um censor, a escrutinar os textos que são publicados, a mando desse lobby dos "temas fracturantes".

joaquim disse...

É verdade Maria João.

Esta gente não percebe, ou percebe, que sendo objecto de atenção deviam ter um cuidado redobrado naquilo que dizem e fazem.

Abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

Obrigado amigo Cabral Mendes

Em nome do voto chega-se a um "vale tudo".

Já não acredito em jornais, sejam eles quais forem!

Se eu fosse um desses "opinadores encartados" talvez publicassem, assim não o fazem com certeza.

Obrigado pelo chamada de atenção no seu espaço.

Abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

Caro "Inimputável"

Obrigado e concordo contigo acerca da censura nos jornais.

Obrigado também pela luta que travas no teu espaço, contra este estado de coisas.

Abraço amigo em Cristo

malu disse...

Graças a Deus vamos podendo ler os vossos blogs (cuidado pois, com o botão na barra superior) ;)

Abreijos em Cristo e Maria

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

querem eles lá saber do que pensamos. os culpados somos nós que acoitamos os lugares...

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

esqueci:

Bom-fim- de-semana!

e (há)braço em Cristo

joaquim disse...

Obrigado Malu, pelo comentário e pelo aviso.

Que Deus te abençoe.

Abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

Tem razão Júlia, mas vamos tentando sempre denunciar as coisas que eles dizem tentando aproveitar-se do que não devia ser aproveitado para tais fins.

Por acaso aqui nas minhas bandas até é fim de semana prolongado!

Daqui também (um)braço em Cristo

Ver para crer disse...

Estes políticos deixam a fé católica em casa. Bem disse Matilde Sousa Franco que não encontrou ninguém no Parlamento que defendesse a doutrina social da igreja.
Parece que têm vergonha de se confessar seguidores da Igreja. Mal sabem que eles passarão e a Igreja permanecerá fiel a Cristo.

António Vieira da Cruz disse...

Caro Joaquim, porque a religião influencia as convicções públicas e políticas, preocupa-me que Paulo Rangel defenda esses falsos progressismos, tenham estas declarações sido feitas de forma honesta ou não honesta. Até confio que Rangel tenha dito aquilo que pensa, mas isso não deixa de ser revelador e preocupante. Juntando isto à vontade federalizadora do candidato, Rangel também me tirou a "ilusión" que tinha na sua candidatura. O pior é encontrar boas alternativas úteis.

Um abraço


Post S.: Nem ontem nem hoje consegui entrar aqui no blog, só agora!

joaquim disse...

Padre amigo, obrigado!

Essa é a nossa confiança e a nossa esperança, é que nada afastará a Igreja de Cristo e nenhum poder poderá contra Ela.

Abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

Pois é caro António, encontrar alternativas é que é um problema.

Dá-me a impressão que com estas perguntas ele pretenderia ir "buscar lã", mas parece-me que acabou "tosquiado".

Quanto ao blogue deve ter sido um qualquer problema pontual, que estará ultrapassado. Obrigado pela informação.

Abraço amigo em Cristo

José A. Vaz disse...

na política não é suficiente ser-se simplesmente católico. para entrar na onda do modernaço é preciso adjectivar sempre o nome. o "católico progressista" dá assim um ar de intelectual que paira acima de tudo o que na Igreja julga retrógrado e se acha ele próprio interprete daquilo que é ou deve ser a verdadeira doutrina; assim procura agradar ao centro-esquerda bem pensante e fracturante (pode dar dois ou três votos) e ao mesmo tempo a uma certa direita que gosta de piscar o olho à esquerda. não são frios nem são quentes e se lessem o Apocalipse percebiam que até Deus vomita os mornos. Acho que vou votar na Laurinda.
shalom.

Alma peregrina disse...

Quando eu digo às pessoas que a social-democracia é uma ideologia de Esquerda, ninguém acredita. Todavia, basta conhecer um pouco de história política para saber que a social-democracia é uma forma atenuada de socialismo (que, por sua vez, é uma forma atenuada de comunismo).

Que ninguém me interprete mal, eu não morro de amores pela Direita. Todavia, é preciso reconhecer que a Esquerda, desde o seu nascimento (na Revolução Francesa), teve uma relação conflituosa com a Igreja. Toda a Esquerda tem o mesmo dogma herético "A religião é o ópio do povo".

Tanto o comunista como o social-democrata professam este dogma. A diferença é que o comunista é o homem sóbrio e moralista que nos avisa acerca dos perigos desse ópio. O social-democrata é aquele que consome o ópio, que gosta, mas que separa esse prazer particular do seu ofício ("agora, é hora de sermos sérios").

Nenhum deles consegue compreender que o Cristianismo é um compromisso de vida, que não pode ser vestido e despido como qualquer uniforme domingueiro. Que a religião não tem a ver com o "sentir-me bem", mas com uma busca honesta pela Verdade. E os políticos não deveriam temer isto, porque a base do Cristianismo é o Amor... um verdadeiro cristão nunca prejudicará a política, muito pelo contrário, será guiado por essa força positiva e suprema que é o Amor.




Acham que estou a mentir acerca da social-democracia? Pelos seus frutos os conhecereis! Lembrai-vos do silêncio subserviente e vergonhosíssimo que o PSD manteve perante a legalização da matança dos inocentes! São estes os homens que vocês querem em Bruxelas a zelar por nós? Será que eles não nos irão abandonar assim que as modinhas e a opinião pública se virarem contra nós? Confiam neles? Eu não! Nunca mais!




Quanto às eleições europeias, Joaquim, não as subestime. Grande parte dos temas fracturantes não são gerados apenas pela vontade de uma certa elite nacional. Existem fortes pressões pró-aborto e pró-homogamia vindas da União Europeia e da Organização das Nações Unidas (reféns que estão de numerosas ONGs liberais). São essas as pressões que intimidam os "moderados" do PSD. Temos uma responsabilidade acrescida neste domínio. Mais políticos pró-vida em Bruxelas significam mais força e vitalidade para o movimento pró-vida em Portugal e noutros países também.

Pax Christi

joaquim disse...

Caro José Vaz

Tens toda a razão no que afirmas.

No meio de uma entrevista aparecer a pergunta se é católico, tem para mim "água no bico", e julgo que as respostas dadas não agradaram a "gregos nem a troianos".

Claro que vou votar, só não sei em quem ou como.

Abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

Caro Alma peregrina

Concordo contigo embora saiba e conheça gente do PSD e de outros partidos que são verdadeiros cristãos e que de quando em vez tomam posições certas, nos momentos certos.
São poucos, muito poucos, é certo, pois são mais os que afirmam essa "condição" como se fossem do Benfica ou do Porto, assim tipo associados!

Meu caro, eu não subestimo as eleições europeias, (por isso este texto), nem nenhumas delas, tenho é uma grande dificuldade em encontrar aquilo que nos apontas e eu concordo, ou seja,
«Mais políticos pró-vida em Bruxelas significam mais força e vitalidade para o movimento pró-vida em Portugal e noutros países também.»

Abraço amigo em Cristo

Paulo disse...

A politica meu caro amigo Joaquim é tudo menos aquilo que deveria ser. Os ditos politicos são o que são não por convicção mas sim por questões meramente monetarias, prestigio, conhecimento, fama e "tachos". Também não querendo misturar a religião com a dita politica, se os que são politicos fossem mais Cristãos convictos, muito possivelmente o pais (para não dizer o mundo) seria mais humano, mais justo e não o que querem que seja, maquinas, numeros e pouco mais.

casualidade disse...

eu digo a religião, é feita de politica, claro! que todos nós que somos desenvolvidos intelectualmente, sabemos isso que a Igreja tem que concordar com a politica, não é prciso ser mto inteligente para comprender tal dicotomia, basta ler os livros do teologo Carreira das Neves e etc, para isso se comprender.Mas ai não deixa que nós , não tenhamos a nossa fé ascética e oblativa perante Cisto. Verdade que ao povo menos desenvolvido, não é mto ortodoxo, explicar isso, se não a fé ficará com ees, uma fé anéica e até podem desprezar a Igreja, ujo isso não nos interessa mto, convêm até que para eles não se fale em politica mas sim de fé

joaquim disse...

Sem a minima dúvida no que afirmas amigo Paulo!

Seria um mundo bem mais fraterno.

Abraço amigo em Cristo

joaquim disse...

Amiga "Casualidade"

Não sei se te entendi bem, mas para mim a religião não tem que concordar com a politica.

Ou seja, se a politica dá origem a leis iniquas e que vão contra a essência do ser humano, a religião não tem que concordar com a politica, mas sim é seu dever denunciar essa politica.

Por isso mesmo, os politicos que se afirmam católicos devem fazer reflectir na politica que pretendem realizar as suas convicções religiosas, sem as impôr, obviamente, mas dando-as a conhecer de tal modo que os outros percebam que naquela politica está a defesa do homem e da sua dignidade, porque o homem tem de ser sempre o fim último da politica.

Obrigado pela tua visita.

Abraço amigo em Cristo