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Vejo-Te a caminhar para Jerusalém e longe de estares triste ou desanimado, há uma paz e uma alegria serena que habitam o Teu coração.
Vais dar-Te, entregar-Te todo em doação, por aqueles que Tu mais amas!
E sabes por tudo o que vais passar, Senhor, porque assim Te é dado conhecer, mas nem mesmo isso Te faz entristecer, Te demove da Tua obediência ao Pai que Te olha com o infinito amor que Vos percorre no Espírito Santo.
Talvez se possa ver no Teu olhar uma névoa de tristeza, mas não é por Ti ou por tudo o que vais sofrer, é sim por aqueles que, apesar da Tua entrega, Te vão rejeitar e rejeitar a salvação que Tu lhes vais alcançar.
Comes com os Teus essa última refeição, que acabas por transformar em refeição eterna para queles que de Ti se vão querer alimentar.
Então oras.
Tu estás sempre a orar, Senhor, porque Tu, afinal, és a própria oração.
Depois com um beijo, um símbolo de amor, és traído e entregas-Te àqueles que verdadeiramente nada podem contra Ti, mas acredito, Senhor, que ainda lançaste o Teu olhar de amor e perdão àquele que Te traiu.
Humildemente, como só Tu sabes proceder, ouves as acusações iniquas que Te fazem e nada respondes, porque sabes que as Tuas respostas nunca serão aceites por aqueles que, decididamente Te querem rejeitar.
Apenas afirmas, ao Teu jeito de responder, que és a Verdade, mas eles não a podem ver, porque estão cegos à Luz que Tu és.
Humilham-te, escarnecem de Ti, batem-Te, e finalmente fazem-Te carregar a Cruz na qual Te vão crucificar.
Cais por terra com o peso da Tua Cruz, que somos nós, afinal, mas logo Te levantas e continuas o caminho da Paixão, que queres seguir por todos nós, pecadores.
Os cravos rasgam-Te as mãos e os pés, mas nem um queixume se Te ouve, apenas me parece ouvir-Te dizer baixinho, repassado de amor: É por ti, meu filho! É por todos vós!
Mas ainda nos dás mais, porque na pessoa do Teu discípulo amado, fazes nossa Mãe a Tua Mãe, para que Ela sempre nos lembre de fazermos tudo o que Tu nos disseres, em cada momento das nossas vidas.
Finalmente entregas-Te ao Pai, (não sem antes Lhe pedires perdão por todos nós), baixas a cabeça e exalas o Teu último suspiro, que é o Espírito Santo derramado em todos nós.
Rompe-se o tempo, ou melhor, o tempo fica em espera, enquanto a morte vai sendo vencida pela Vida.
Então sim, recomeça o tempo, que já não é igual ao tempo que era, porque se torna eternidade na Tua Ressurreição!
Marinha Grande, 17 de Abril de 2025
Joaquim Mexia Alves
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