.
.
Estavam
os Três reunidos num só, como desde sempre, quando Deus Pai disse:
É
hora, ide.
Então,
Jesus Cristo e o Espírito Santo, “desceram” da casa do Pai, e entraram em mim.
Olharam,
tornaram a olhar, franziram o sobrolho e disseram:
Esta
habitação está a precisar de muitas obras, de melhoramentos, de uma boa
remodelação, enfim, praticamente uma habitação nova.
Jesus
disse para o Espírito Santo:
Abre
essas janelas! Esta casa está fechada há muito tempo, está bolorenta, fria e
sem luz, nem vida. Sopra o teu vento para afastar todos estes maus cheiros,
todas estas teias de aranha e perfuma toda a casa com odores de nova primavera,
deixando entrar a Luz.
O
Espírito Santo assim fez e depois da casa arejada e iluminada, reparou nas
paredes e disse a Jesus:
Olha
para estas paredes, cheias de cores pesadas e desenhos feios e monstruosos.
Podias pegar no pincel, na tinta mais branca e dar uma pintura geral, para que
a casa brilhe com a Luz, vestida de branco.
Jesus
assim fez e quando acabou as pinturas a casa brilhava, cheirava bem, tinha
novos ares, mas ainda com cortinados e mobílias velhas.
Então
o Espírito Santo sugeriu a Jesus:
Porque
não chamas a tua Mãe para nos ajudar? Ela deve ter jeito para estas coisas!
Assim,
Jesus chamou a Virgem Maria e pediu-lhe:
Mãe,
vê o que podes fazer para mudar estes cortinados e esta mobília, porque o mais
importante já Nós fizemos.
Maria,
nossa Mãe, deitou mãos à obra com o seu amor maternal e em pouco tempo a casa estava
habitável, com calor, com luz, esperando a vinda do Pai, para a inspecção
final.
Veio
então o Pai.
Entrou
na casa, visitou-a demoradamente, conferiu que o branco era o mais branco que
havia, conferiu que a luz era a mais brilhante, confirmou que os cortinados e a
mobília eram novos e de material para durar, e disse pausadamente:
Sempre
gostei muito desta casa, mas assim está muito melhor. Quereis morar nela?
Jesus
e o Espírito Santo trocaram um sorriso cúmplice e disseram a uma só voz:
Também
gostamos muito mais assim! É uma boa habitação para fazer morada, mas antes temos
que falar com o dono dela.
Olharam
para mim com aqueles olhos de infinito amor e perguntaram:
Estás
disposto a manter esta casa sempre limpa, arejada, iluminada e com o branco
imaculado?
Estás
disposto a enchê-la de paz, amor, tranquilidade e muita alegria?
Estás
disposto a não deixar entrar nela ladrões, mentirosos ou ideias que a
corrompam?
Estás
disposto, isso sim, a ter a porta sempre aberta aos que necessitam de comer,
beber, descansar ou que de alguma forma precisem de ti?
Estás
disposto a não te servires dela para outros fins, que não seja a nossa
habitação?
Estás
disposto a que, quando por qualquer motivo, sujares ou estragares alguma coisa,
Nos pedires perdão e reparares o mal que fizeste?
Estás
disposto a ter um quarto sempre pronto para minha Mãe, quando Eu a convidar
para nos visitar?
Estás
disposto, enfim, a receber nela os nossos amigos e aqueles que nós escolhermos
para tu convidares?
E
eu, humildemente, alegremente, dançando e louvando, respondi cantando:
Pois
se Tu és o meu Senhor Jesus, que deu a vida por mim, pois se Tu és o meu Senhor
Espírito Santo que me consolas e guias, pois se Tu és o meu Pai que me ama e
criou em amor, como posso eu dizer que não? Digo sim, setenta vezes sete vezes,
sim!
Mas
também tenho que Vos pedir, meu Deus e meu Senhor, que me ajudeis sempre, que
estejais sempre nesta casa, e que, meu Pai e meu Deus, quando eu falhar e não
vos pedir perdão por estar distante, me ajudeis na mesma, chamando-me a atenção
para que vos peça perdão e assim seja restabelecida a comunhão que eu tinha
quebrado.
Então
o Pai, unido ao Filho e ao Espírito Santo, num só Deus, com lágrimas de alegria
nos olhos, mandou dar início à festa do regresso deste seu filho que andava
perdido, tomou conta da habitação e cantando, dançou para que a alegria fosse
completa.
E
eu, pequenino, humilde, só louvava dizendo:
Glória,
glória ao Senhor nosso Deus, que perdoou, aceitou e fez nascer de novo este seu
servo!
Festa
da Ascensão – Monte Real, 16 de Março de 1999
Nota:
Porque
neste próximo Domingo se celebra a Solenidade de Pentecostes, lembrei-me deste
texto escrito há 13 anos.
O
que é a “efusão do Espírito Santo” ou “baptismo no Espírito Santo” no
Renovamento Carismático Católico?
A efusão do Espírito
Santo (ou baptismo do Espírito) é uma renovação e uma actualização de toda a
iniciação cristã, e não só do baptismo. O interessado prepara-se para isso, não
somente através de uma boa confissão, mas participando em encontros de
catequese, nos quais é conduzido a um contacto vivo e alegre com as principais
verdades e realidades da fé: o amor de Deus, o pecado, a salvação, a
transformação em Cristo, a vida nova no Espírito Santo, os carismas, os frutos
do Espírito Santo. E tudo num clima caracterizado por uma profunda comunhão
fraterna.
É através do que
precisamente se chama baptismo do Espírito que se faz a experiência do
Espírito: da Sua unção na oração, do Seu poder no ministério apostólico, da Sua
consolação na prova, da Sua luz nas opções. Mais do que na manifestação dos
carismas, é assim que se faz a percepção do Espírito: como Espírito que
transforma interiormente, que dá o gosto do louvor a Deus, que faz descobrir
uma alegria nova, que abre a mente à compreensão das Escrituras, e que,
sobretudo, nos ensina a proclamar Jesus como Senhor. E ainda nos dá a coragem
para assumir novas e difíceis tarefas, ao serviço de Deus e do próximo.
Pe. Raniero
Cantalamessa, Foi nomeado por João Paulo II Pregador da Casa Pontifícia em 1980
e confirmado no cargo por Bento XVI, em 2005
in: "Documento
de Malines I" (Posfácio à trad.portuguesa), ed. Pneuma
Para
saber mais, entrar em Pneuma, procurar
“Reflexão”, seguidamente “Meditações” e depois “Pentecostes hoje - a efusão do
Espírito”. Abrir e ler os artigos contidos nesta página.
.
.
11 comentários:
Gostei tanto!!!
Adorei...simplesmente!
António, obrigado!
Um abraço amigo em Cristo
Paulo, obrigado!
Um abraço amigo em Cristo
Olá amigo Joaquim,
Um testemunho na verdade lindíssimo!
Quando o Espírito de Deus entra em nós parece que a nossa visão se liberta de uma neblina que nos perseguia e escurecia a nossa vida, dando-nos a graça de ver e aceitar de uma forma mais luminosa a vida, tornando tudo mais leve. E fica aquela vontade de permanecer no Amor de Deus para sempre.
Bem-haja.
Abraço fraterno.
Ailime
Obrigado amiga Ailime
Pelas suas palavras, pelo seu testemunho.
Um abraço amigo em Cristo
Amigo Joaquim
Excelente partilha!
Abraço na Paz
Preciso de umas obras assim...
Meu amigo
o Construtor está sempre disponivel!!!
Nem precisa marcar hora, é só chama-Lo, abrir-Lhe a porta, que Ele encarrega-se do resto.
Um abraço amigo em Cristo
Não vale! Fazer com que me saltem duas lágrimas ao ler este texto! Não sabe que não é o único que tinha a casa assim?... Obrigado Joaquim pela beleza deste texto. Fernando
Obrigado Fernando!
Do fundo do coração, obrigado!
Um abraço amigo em Cristo
Enviar um comentário