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Aproxima-se mais um dia de eleições no nosso país.
Nunca é demais recordar que é um dever de cada cristão católico empenhar-se na construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, dando testemunho da Fé que vive e da Doutrina que enforma o seu modo de viver.
Assim, para além de tudo o que pessoalmente possa e deva fazer, na família, na paróquia, no trabalho, no lazer, nos que lhe estão próximos, também é sua missão escolher os governantes das nações, que melhor sirvam os valores que são indeléveis à vida cristã católica.
Não se trata aqui de “imiscuir” a religião na política, trata-se isso sim, de que o cristão primeiro é filho de Deus, e só depois é Português, ou qualquer outra nacionalidade ou especificidade.
E o cristão católico é constantemente chamado ao testemunho da Fé que professa e da Doutrina que vive, e como tal tem que ser coerente com esse mesmo testemunho e com essa vivência da Fé.
Não é por muitas palavras que se chama alguém à verdade, mas sim, se essas palavras são acompanhadas de um testemunho de vida condizente com as mesmas.
Como diz o velho ditado português: «Bem prega frei Tomás, faz o que ele diz não faças o que ele faz.»
Por isso mesmo se pode enganar muita gente durante algum tempo, mas nunca toda a gente, a tempo inteiro e para sempre.
Os governos e os governantes passam, até os países vão aparecendo e por vezes desaparecendo, mas a fé em Jesus Cristo, a comunhão em Igreja, Católica, sempre acontece, sempre é vida, apesar das quedas, das provações ou de tempos mais ou menos difíceis.
A Igreja Católica, não deve fazer discursos políticos?
Claro que não, não é essa a sua missão!
Mas é sem dúvida sua missão ensinar e conduzir o Povo de Deus ao encontro da Verdade, e só o pode fazer, se constantemente chamar a atenção dos seus filhos para a incoerência de uma vida cristã que apoia politicamente aqueles que estão contra a Doutrina que a própria Igreja Católica defende e ensina.
O homem primeiro pertence a Deus, e é para Deus que caminha, vivendo no mundo.
Mas a sua vida no mundo deve pautar-se pela vontade de Deus e não pela vontade dos homens, por isso mesmo a Igreja nos apresenta tantos mártires ao longo da História da Revelação de Deus aos homens.
Viveram no mundo fazendo a vontade de Deus e não cedendo à vontade, aos caprichos, aos erros dos homens.
A essa heroicidade espiritual e física daquele tempo, tem que hoje corresponder uma heroicidade espiritual e mental, ou intelectual, (se assim quisermos chamar-lhe), que leve cada cristão católico a não abdicar dos seus valores para votar em alguém, ou “alguens”, que preconize e leve à prática tudo aquilo que é contrário à Fé e à Doutrina que todos os dias esse mesmo cristão católico se compromete a viver, quando chama a Deus, Pai, ao rezar o Pai Nosso, ou quando afirma crer no próprio Deus, Trindade Santíssima, ao rezar o Credo.
E será preciso indicar quem são esses homens ou mulheres que assim apresentam um programa político que não vá contra a coerência de uma vida cristã católica?
Cada um deve abrir a sua consciência ao dom do Espírito Santo e não se deixar enganar por siglas, por discursos, por afirmações indignadas, não esquecendo nunca que «há muitos lobos no meio das ovelhas, só que estão vestidos com as peles das mesmas.»
E não vale a pena dizer a outrem que não se votou neste partido ou nesta pessoa, para esconder a sua incoerência, porque se o outro não pode saber a verdade, Deus sabe-a, sem dúvida.
O testemunho do cristão católico não se esgota na Igreja, bem pelo contrário, pois a Igreja do cristão católico é o mundo em que vive e em que dá, em cada momento e atitude, testemunho de Jesus Cristo.
Porque uma coisa é a Igreja Católica e outra é a igreja edifício em que se vai celebrar, que só é Igreja na medida em que reúne a Assembleia dos filhos de Deus em oração.
“Não vale a pena”, é expressão que nunca deve constar do vocabulário ou pensamento de um cristão católico, porque todos e cada um, cada vida e cada momento de cada vida, é importante e amado por Deus nosso Senhor, que deu a vida por cada um, e ressuscitou para a cada um dar a vida eterna.
E essa só se alcança por Sua graça, fazendo a Sua vontade a todo o tempo.
Que Deus nosso Senhor, Trindade Santíssima, nos ilumine e conduza a exercermos, com consciência cristã católica, o nosso direito e dever de voto.
Nota:
Excerto da Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento doscatólicos na vida política – Congregação para a Doutrina da Fé
V. Conclusão
9. As orientações contidas na presente Nota entendem iluminar um dos mais importantes aspectos da unidade de vida do cristão: a coerência entre a fé e a vida, entre o evangelho e a cultura, recomendada pelo Concílio Vaticano II. Este exorta os fiéis “a cumprirem fielmente os seus deveres temporais, deixando-se conduzir pelo espírito do evangelho. Afastam-se da verdade aqueles que, pretextando que não temos aqui cidade permanente, pois demandamos a futura, crêem poder, por isso mesmo, descurar as suas tarefas temporais, sem se darem conta de que a própria fé, de acordo com a vocação de cada um, os obriga a um mais perfeito cumprimento delas”. Queiram os fiéis “poder exercer as suas actividades terrenas, unindo numa síntese vital todos os esforços humanos, familiares, profissionais, científicos e técnicos, com os valores religiosos, sob cuja altíssima hierarquia tudo coopera para a glória de Deus”
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12 comentários:
Por muito que nos sintamos perplexos, por muito que nos sintamos desanimados... não nos devemos furtar, áquilo que é o nosso dever!
Ás nossas palavras podem até desdenhar... mas das nossas atitudes, vão tirar lições... escolhamos dar então boas lições!
Beijinho fraterno amigo Joaquim e parabéns por este excelente post.
Amigo Joaquim
É mesmo muito importante o alerta que deixas.Os debates são um modo de, estando atentos,percebermos onde está a falta de coerência em afirmações feitas.No entanto é na leitura atenta dos vários programas e posterior confrontação de uns com os outros que talvez se faça luz.Embora reconheça que a escolha é difícil.Que o Espírito Santo nos ilumine a todos.
Um abraço na Paz
Muito bom, realmente as pessoas tenham discernimento para nessas horas avaliar o melhor para o Pais.
Paz e Bem!!!
Obrigado, "Filha de Maria".
O nosso problema é desistirmos muitas vezes daquilo que é o nosso dever, arranjando todas as desculpas possiveis, para nos satisfazermos.
Um abraço amigo em Cristo
Ai, amiga Concha, tão dificil a escolha!
É que infelizmente os nossos politicos não assumem as suas convicções, mas sim aquilo que dá votos.
Um abraço amigo em Cristo
Esperemos que sim, Marili Alves, esperemos bem que sim!
Um abraço amigo em Cristo
Caro Joaquim:
"Não se trata aqui de “imiscuir” a religião na política, trata-se isso sim, de que o cristão primeiro é filho de Deus, e só depois é Português, ou qualquer outra nacionalidade ou especificidade."
Pois essa é uma grande verdade!!!
No entanto, é interessante, mas ser filho de Deus em primeiro lugar...
... é exactamente ser português em primeiro lugar!!!
Isto sabe-se agora em retrospectiva. Se tivéssemos votado de uma forma católica, jamais teríamos eleito quem levou o País à falência.
Pax Christi
Meu caro amigo Alma Peregrina
Absolutamente de acordo!
Um abraço amigo em Cristo
Caro amigo, não sendo pessimista apesar de tudo nos ser dado a mostrar que sim, no caso em concreto, não vislumbro ninguém que tenha uma politica Cristã, mesmo aqueles que se dizem Cristãos. Quase todos apregoam politicas beneficas, no entanto, ao fim e ao cabo, são todas menos isso.
Caro Paulo
Tens realmente razão!
No entanto teremos que procurar o "mal menor", ou seja, pelo menos aqueles que não ataquem tanto a vida, a família, os valores.
Um abraço amigo em Cristo
Amigo Joaquim,
Hoje vou ser mais rápida do que o habitual.
Se Deus quiser lá estarei na minha mesa de voto a cumprir o meu dever de cidadã.
Obrigada por nos lembrar do quão é importante este dever cívico como cristãos que somos.
Abraço em Cristo.
Ailime
Óptimo Ailime
É preciso que todos exerçam o seu dever de acordo com a sua consciência e coerentemente com a Doutrina que professam.
Um abraço amigo em Cristo
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