segunda-feira, 25 de maio de 2009

O AMOR E O PRAZER

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Às 5 horas da manhã abri os olhos.
Mas foi um abrir daqueles que de imediato me disse que já não ia dormir mais.
Fiquei ali e comecei a rezar, aproveitando o silêncio da noite, a paz do momento.
Ao fim de algum tempo veio ao meu pensamento o episódio de Samuel, que foi chamado durante o sono.
Não fazia em mim qualquer comparação, pobre de mim, mas não deixei de perguntar no meu coração: Queres alguma coisa de mim, Senhor?
Senti-me um pouco envergonhado com a minha jactância de poder sequer pensar que Ele me tinha acordado para falar comigo, para me pedir algo que fosse.
Reza, Joaquim, reza que é o que deves fazer e deixa que Ele te adormeça, porque são horas de dormir, pois dentro em pouco tens de te levantar.
Mas nada, nem um pouco sequer de sonolência!
De mansinho duas palavras começaram a irromper na minha cabeça: o amor, o prazer.
Que queria isto dizer?
Com certeza que o amor é um prazer, um prazer sublime que vai muito para além da sensação física, da experiência de um momento.
O amor é algo que nos constrói, e se nos constrói, dá-nos prazer.
Sim, eu percebo que o amor de Deus nos enche e nos constrói, porque dá sentido ao nosso ser, sobretudo quando abrindo-nos a esse amor, também amamos a Deus, com o amor que Ele nos dá e nos faz experimentar, tornando-se uma delícia, um prazer para as nossas vidas.
Sim, sim, é esse amor que Ele nos dá que nos enche e completa, mas a palavra prazer continuava a surgir, mas com uma insistência de prazer físico.
Sabes, quando amas alguém, com esse amor eros, que se dá e recebe na totalidade da entrega, sentes prazer, o prazer de estares com a pessoa amada, que te faz sorrir, que te faz sentir alegre e em paz, mas que depois e ainda se completa na união física que te leva a experimentar o prazer sensorial, o prazer que te é próprio da humanidade.
Mas até esse prazer físico, repara que é continuado depois mesmo de acabar, ou seja, passa do sentir físico, para um sentir espiritual, um sentir pensado, porque reside no amor do amado e ao amado.
Repara agora tu, que tantas coisas já experimentaste.
Numa relação fortuita, apenas de um momento, movida mais pela urgência do corpo, do que pela vontade do espírito, alguma vez experimentaste esse prazer continuado, ou pelo contrário, esgotado o prazer físico, nada mais ficou do que uma recordação que às vezes até queres rapidamente apagar?
Mas se assim sentimos, não será tempo de pensarmos, que nessa relação fortuita separámos corpo e espírito, e por isso mesmo o prazer é efémero, e como tal não te completa, não te constrói, porque não é amor?
Não, não queres envolver-te em "pensamentos filosóficos", mas apenas e tão só tentares perceber o que te quero dizer.
A fonte do amor é Deus, porque foi Deus que te amou primeiro e assim te ensinou a amar.
Não podes amar sem que o amor de Deus esteja em ti, porque Ele é o amor e é n’Ele que o amor se completa.
Mas não é, nem podia ser apenas o amor d’Ele por ti, e o teu amor por Ele, mas sim e também, todos os que Ele ama, (e são todos), e todos os que tu amas, porque amas com o Seu amor, porque se permaneces no Seu amor, também amas com o Seu amor.
Então repara, se permaneces no Seu amor, quando amas com esse amor eros, também é com o Seu amor que tu amas e és amado, e por isso esse amor é abençoado pela plenitude de Deus e assim tudo o que vem desse amor não tem fim, ou seja, não é um só momento, mas é toda uma vida que mesmo depois da passagem, continua no amor eterno.
E por isso, repara mais uma vez, o prazer mesmo físico é abençoado pelo amor de Deus em ti e no outro, portanto torna-se completo, e projecta-se inteiramente na tua vida e na vida do outro, ultrapassando a barreira do físico, para ser vivido e sentido também no espírito.
Ora se o teu corpo é capaz de um tal prazer que ultrapassa a barreira da tua humanidade física, é porque ele é querido por Deus e por isso mesmo um “sacrário” do amor de Deus em ti, para o outro e do outro para ti.
Como podes então tu profanar o teu corpo com um prazer que não vem do amor abençoado por Deus?
Seria o mesmo que servires-te de um sacrário para guardar algo que não fosse o Pão Consagrado! O sacrário deixaria então de ser sacrário!
Teria a forma de sacrário, até lhe podiam chamar sacrário, mas não o era, porque não cumpria a sua “plenitude”, que é guardar o Corpo de Cristo dado como alimento ao homem.
Por isso, quando usas o teu corpo numa relação fortuita, apenas tens um prazer físico, efémero, sem amor, e sem amor o teu corpo não cumpre a sua missão de amar com todo o teu ser, físico e espírito, por isso não te completas, por isso o prazer morre no acto físico e não se projecta mais além.
O teu corpo “separa-se” do teu espírito e é apenas carne, carne que morre sem vida para depois.
É como o sacrário onde colocaram outras coisas que não o Pão Consagrado.
Está lá, mas não existe como sacrário, porque não contém o amor.
Entendes agora porque é que o prazer não pode ser separado do amor, nem o amor do prazer.
Entendes agora porque é que Deus quer que o homem tenha prazer na sua união física com a pessoa amada.
Porque se o amor espírito enche o espírito da pessoa, o prazer físico torna o amor presente no físico da pessoa.
E espírito e físico não podem ser separados!
Se o forem o homem sente-se dividido, e Deus ama o homem todo e não apenas uma parte do homem, e sem Deus o homem não tem amor.
Podia dizer-te ainda que na vivência deste amor completo, espírito e físico, em que Deus está presente e é permanência, o homem é chamado à criação, é chamado a prosseguir todos os dias a obra de Deus, e que sem o fazer também não completa o amor que Deus lhe dá, para O amar e amar os outros, mas por agora fica a meditar na extraordinária beleza deste amor humano, que só o é, porque é também divino por vontade de Deus.

28 de Abril de 2009
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quarta-feira, 20 de maio de 2009

A RELIGIÃO E A POLITICA

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Não costumo misturar religião e politica a não ser no sentido de julgar e acreditar que um cristão que queira ser político, tem o dever imperativo de reflectir na sua forma de agir politica, as suas convicções religiosas.
Porque para mim, primeiro é-se homem, depois cristão, (é Deus que dá sentido à vida humana), e só depois político.
Porque para mim, o cristão deve testemunhar em todos os actos da sua vida, a vivência da fé em Jesus Cristo, e sendo católico, a sua comunhão com a Igreja e a Doutrina da Igreja.
Porque ser cristão e católico não é condição de que cada um se possa “apropriar”, como se de um título, ou rótulo se tratasse.
Ser cristão e católico exige a vivência do Credo na Santíssima Trindade, Deus uno, único e verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo, na Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, na Igreja una, santa, católica, apostólica, no Baptismo para a remissão dos pecados, na ressurreição dos mortos e na vida do mundo que há-de vir.
É este Credo que os cristãos católicos professam sempre que participam e celebram a Eucaristia, e que os une em comunhão de Igreja e como Igreja, fundada por Jesus Cristo nos Apóstolos.
Vem isto a propósito da entrevista que o Dr. Paulo Rangel deu ao jornal i de 19 deste mês.
Tinha para mim que estas eleições para o Parlamento Europeu pouco me diziam, sobretudo porque os candidatos já apresentados me pareciam de uma pobreza confrangedora e nenhum deles “preenchia” os requisitos necessários que me levassem a votar em alguém, visto que o voto em branco é também uma forma de exprimir a minha participação no acto eleitoral e a minha vontade.
A entrada em cena do Dr. Paulo Rangel veio modificar essa minha apreciação pelo facto de que, por tudo o que até agora tem feito me parecer merecer credibilidade, não só em termos de competência, como também de honestidade.
Não fazia ideia que o referido senhor fosse, ou se afirmasse cristão e católico, nem isso pesava na altura na minha apreciação sobre os seus méritos.
Mas depois de ler a entrevista que deu ao jornal acima referido, no que concerne às suas convicções religiosas, a minha opinião mudou e fiquei muito desiludido com aquilo que ele aí afirma.
Diz o Dr. Paulo Rangel que é um católico praticante, mas progressista!
Não faço ideia do que seja um católico progressista, pois para mim, um católico é sempre progressista na medida em progride num caminho que o leva ao encontro da Verdade, pela Verdade e com a Verdade.
E um católico, (não sei o que é um católico não praticante), é Igreja e como tal comunga da Doutrina da Igreja, une-se à Igreja, embora não deixe de ter a sua consciência livre, embora não deixe de, em Igreja, expor os seus pontos de vista tentando contribuir para a edificação da própria Igreja.
E um católico sabe, ou devia saber, que a Igreja, (que ele é também), não é um super mercado em que cada um escolhe o que mais lhe agrada e deixa de fora o que não quer, ou não lhe serve.
Mas o que mais me choca é perceber, segundo a minha apreciação, que o Dr. Paulo Rangel se afirma católico praticante tentando assim conquistar votos nos católicos, mas depois, cirurgicamente, aceita os pontos da Doutrina em que é mais fácil agradar a “gregos e troianos”, e rejeita os pontos ditos “fracturantes” e que ele julga, digo eu, lhe poderão custar ou ganhar votos.
Porque a defesa que ele faz das suas rejeições de determinados pontos da Doutrina da Igreja, não têm qualquer fundamento, e são defendidos com argumentos de “lana caprina”, que não me vou dar ao trabalho sequer de aqui rebater, porque são demasiado óbvios e repetitivos.
Assim, (e mais uma vez em meu entender), não foi honesto na forma como se afirmou católico e a pergunta ou perguntas feitas parecem “coisa encomendada” com determinados fins, o que me leva a repensar a apreciação que tinha deste candidato .
Pois é, Reis Balduínos há poucos, e falta a coragem a muitos políticos que se afirmam católicos, de o serem verdadeiramente.
Fica a minha participação no acto eleitoral para as eleições ditas europeias exactamente como estava antes da candidatura do Dr. Paulo Rangel, e é pena, porque poderíamos ter, se ele fosse um verdadeiro católico, alguém que defendesse os valores do cristianismo no Parlamento Europeu.
Mas eu sou só um!
Aproximando-se o Domingo de Pentecostes, rogo ao Pai, pelo Filho, que derrame abundantemente o Espírito Santo sobre esta Europa que se afasta de Deus a passos largos.
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quinta-feira, 14 de maio de 2009

A FÉ E A RAZÃO

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Ensina-me a procurar-te e mostra-te àquele que te procura, porque não te posso procurar se tu não me ensinas, nem encontrar-te se não te mostras. Que te busque desejando e te deseje buscando. Que te encontre amando e te ame encontrando.
Confesso, Senhor, e te dou graças porque criastes em mim esta tua “imagem” para que, de ti lembrada, pense em ti e te ame. Mas está tão corrompida pela acção dos vícios, tão ofuscada pelo fumo dos pecados, que não pode fazer aquilo para que foi feita se tu a não renovas e reformas.Não me atrevo, Senhor, a penetrar na tua altura , porque não lhe comparo, de modo nenhum, a minha inteligência. Mas desejo reconhecer um pouco a tua Verdade, que o meu coração crê e ama. Na verdade, não procuro antes compreender para crer, mas creio para compreender. Pois também creio nisto: “se não acreditar, não compreenderei”.
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Proslogion I - Santo Anselmo
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quinta-feira, 7 de maio de 2009

A LUZ!

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O "Semeador de Estrelas" é uma estátua que está em Kaunas, Lituânia.
Durante o dia pode passar despercebida, como mostra a foto.
Mas quando a noite chega, a estátua justifica o seu título.
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A Elsa enviou-me uma mensagem que recebeu do Fontez com estas duas imagens.

Ao olhar para elas e “lendo-as” com o coração, foi-me sugerido o seguinte: Eis uma estátua imóvel, estática, quase podíamos dizer sem utilidade.
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Na primeira imagem a estátua está à luz, mas não recebe a luz.
A luz não tem nela qualquer influência e em nada a melhora.
Não suscita naqueles que a vêem mais nada que não seja a pouca ou muita beleza, que afinal para nada serve a não ser para observar sem nada mais.

Na segunda imagem a estátua recebe a luz e esta transforma-a.
A estátua ganha vida e de imóvel que estava, passa a ter movimento.
É a luz que recebe que tudo muda, porque a luz actua agora sobre a estátua.
Para além da beleza que continua a existir, a estátua tem agora vida e utiliza-a para semear, para distribuir, para dar a outros aquilo que ela tem em si e que é despertado pela luz que a toca e ela recebe.

Não é assim, ou deveria ser, a Luz de Cristo nas nossas vidas?
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terça-feira, 5 de maio de 2009

RENOVAMENTO CARISMÁTICO CATÓLICO

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Papa a carismáticos: renovada adesão a Cristo
Mensagem aos membros da Renovação Carismática Italiana


RÍMINI, segunda-feira, 4 de maio de 2009 (ZENIT.org).- O Papa fez chegar à Renovação Carismática um telegrama no qual deseja para este movimento eclesial «uma abundante efusão dos frutos do Paráclito», durante a reunião nacional realizada em Rímini (Itália) neste final de semana.
Trata-se do 32º encontro nacional da Renovação Carismática na Itália, do qual participaram 20 mil membros, presididos pelo responsável deste movimento, Salvatore Martinez, e nele estiveram, entre outros, o presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Angelo Bagnasco.
Em seu telegrama, assinado pelo cardeal Tarcisio Bertone, o Papa deseja à Renovação Carismática que este encontro «suscite uma renovada adesão a Cristo crucificado e Ressuscitado, uma profunda comunhão fraterna e um alegre testemunho evangélico».
O encontro, que durou três dias, tinha como slogan «Ide e proclamai ao povo estas palavras de vida», e quer supor, em palavras de seu responsável, Salvatore Martínez, durante a intervenção conclusiva, «um renovado convite à evangelização».
«Estamos dispostos a oferecer nosso serviço a Deus – afirmou Martinez; somos um povo que encontrou novo vigor no anúncio do Evangelho, em um mundo que precisa de uma verdadeira renovação espiritual.»
«Temos o dever de renovar-nos sempre – acrescentou. A Igreja está em movimento, a Renovação é um movimento e todos somos o movimento do Espírito na história. Devemos estar ‘a favor do vento’, porque quem vai contra o sopro vital do Espírito Santo é insensato.»
A Convocatória foi inaugurada pelo cardeal Bagnasco, que pediu à Renovação Carismática que continue sendo fermento e luz na construção da história e da sociedade». Também esteve presente o cardeal Claudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, que presidiu a Eucaristia conclusiva.
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Muitas vezes se coloca em causa o Renovamento Carismático Católico e a sua comunhão com a Igreja, razão pela qual decidi colocar aqui esta notícia da ZENIT.
Uma das características que muito me toca no RCC é precisamente o seu amor, comunhão e dedicação à Igreja.
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domingo, 3 de maio de 2009

O BOM PASTOR E A MÃE

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Senhor,
Tu és o Bom Pastor e dás a vida pelas tuas ovelhas, e nós recolhemo-nos no teu redil, porque só nele encontramos paz e amor.
No pequeno rebanho doméstico, dás-nos também, Senhor, a figura do Bom Pastor nas pessoas dos nossos pais.
Se na figura do pai nos dás um guia e um protector, na figura da mãe dás-nos o tudo que é o amor.
A mãe é aquela que nos dá a vida e dá a vida pelos seus filhos.
A mãe é aquela que nos faz sentir pela primeira vez as delícias do amor, da ternura, do carinho.
A mãe é aquela que pela primeira vez nos alimenta e nos ensina.
A mãe é aquela que permanentemente por nós intercede, não só junto de Ti, Senhor, mas também junto de todos aqueles que são importantes para a vida dos seus filhos.
A mãe é aquela que tantas vezes no silêncio, sofre pelos seus filhos e dá-se inteiramente por eles.
A mãe é imagem d’Aquela que junto à Cruz, nos quiseste dar como nossa Mãe.
Louvado sejas, Senhor, pela mãe que me deste e que junto a Ti agora, continua a interceder por mim e por todos os filhos, com todas as outras mães que a Ti se acolhem.
Louvado sejas, Senhor, pelas mães que hoje o sejam pela primeira vez, e por todas aquelas que o continuam a ser.
Louvado sejas, Senhor, pela Tua Mãe e por cada uma das mães que o foram, que o são e que o hão-de ser.
Amen.
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