segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

AS CINCO CHAGAS DE CRISTO

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Jesus ao ressuscitar poderia tê-lo feito mostrando o Seu Corpo isento de todas as marcas da Paixão, sobretudo das Cinco Chagas que sofreu por todos nós.

Mas quis manter essas marcas indeléveis, como sinais do Seu infinito amor por nós.

No fim do dia em que Maria Madalena, Pedro e João se deparam com o túmulo vazio, Jesus aparece aos seus discípulos.

«Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor.» Jo 20, 19-20

Podemos então reparar no pormenor da narração do Evangelho de São João que afirma, «mostrou-lhes as mãos e o peito».

Sabemos também que nesse dia, Tomé não estava com eles e que, «oito dias depois» (Jo 20, 26), Jesus volta a aparecer no meio deles e chama um Tomé incrédulo dizendo-lhe: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.» Jo 20, 27

E a mesma narração diz-nos que o Apóstolo, sem tocar em Jesus, responde dizendo: «Meu Senhor e meu Deus!» Jo 20, 28

As Cinco Chagas que Jesus quis então manter no Seu Corpo ressuscitado, são a prova mais evidente de que o Cristo ressuscitado é o mesmo Jesus que sofreu a Paixão e deu a vida por todos nós, na Cruz.

São razão, portanto, para nos colocarmos perante as nossas fraquezas, os nossos pecados, que infligiram em Jesus Cristo tão terríveis dores, e arrependidos, também O reconhecermos como «Meu Senhor e meu Deus!»

Mas são também, paradoxalmente, razão da nossa alegria, porque essa mesma Paixão e Morte, bem presentes nas Cinco Chagas do Senhor, são a certeza inabalável de que Deus nos ama infinitamente, de tal modo, que entregou o próprio Filho para padecer e morrer por nós, ressuscitando ao terceiro dia, libertando-nos assim da lei da morte do pecado.

Podemos, por isso, mais do que olhar ou venerar as Cinco Chagas do Senhor, dar graças, alegrarmo-nos, porque Cristo ressuscitou e está no meio de nós e, perante as nossas fraquezas, arrependidos, podemos colocar todos os nossos pecados nas Chagas do Senhor, pois são elas a realidade mais visível da total entrega de Deus por nós.

Podemos, até, considerar na nossa entrega a Jesus Cristo, as Suas Chagas como uma “entrada” para estarmos n’Ele e com Ele, ou mesmo, uma fortaleza para, “metendo-nos” nelas, resistirmos ao pecado.

Muitas vezes, colocados perante a crueza da Paixão e Morte de Jesus, prostramo-nos e deixamo-nos abater pelo peso das nossas fragilidades, pelo peso do nosso “ser pecador”, e podemos e devemos fazê-lo sem qualquer dúvida, mas também podemos e devemos alegramo-nos, na serena alegria de Deus, porque fomos libertos do pecado e salvos da morte, na esperança real da vida eterna com Deus e em Deus.

Sabemos que muitos Santos tinham uma verdadeira devoção às Cinco Chagas de Cristo, com expressões tão belas como por exemplo São João de Ávila, «Metei-vos nas chagas de Cristo», ou São Josemaria «Meter-me, cada dia, numa chaga do meu Jesus».

O Papa Francisco disse numa homilia em 7 de Abril de 2013:
«Na minha vida pessoal vi muitas vezes o rosto misericordioso de Deus, a sua paciência; vi também em muitas pessoas a determinação de entrar nas chagas de Jesus, dizendo-Lhe: “Senhor estou aqui, aceita a minha pobreza, esconde nas tuas chagas o meu pecado, lava-o com o teu sangue”. E vi sempre que Deus o fez, acolheu, consolou, lavou, amou»

Celebremos esta Festa das Cinco Chagas de Cristo, com toda a devoção e entrega, sabendo que em Cristo e com Cristo somos em tudo e sempre vencedores.




Festa litúrgica das Cinco Chagas do Senhor
Marinha Grande, 7 de Fevereiro de 2025
Joaquim Mexia Alves

As citações de São João de Ávila, São Josemaria e Papa Francisco foram retiradas do site Opus Dei

Texto publicado no Grãos de Areia, boletim digital da paróquia da Marinha Grande

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