terça-feira, 26 de julho de 2016

PÉRE JACQUES HAMEL

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Pére Jacques Hamel estava ali, servindo o Senhor, quando em nome de um deus que não existe, (porque não há nenhum deus que exija a morte, que fomente o ódio, que enalteça a morte dos outros), é barbaramente morto, decapitado, como se por acaso o Deus de infinito amor não recebesse com superlativo amor, aquele que perde a cabeça, (porque apaixonado se deixa guiar pelo coração), no Seu seio, e não fizesse a festa no Céu por aquele que foi sacrificado pelo “rebanho”.

Decapitado ou morto por leões, numa europa que cada vez mais se aproxima dos circos romanos, onde se matava em nome de nada e os cidadãos se compraziam com o espectáculo, anestesiados por governantes corruptos e débeis na vontade, na força e no carácter.

Não, não pode haver vingança a ser servida, mas tão só a realidade dos factos, a justiça que deve ser exercida e exigida, e a demonstração que a civilização tocada por Cristo, é muito melhor do que o ódio que poderia humanamente ser aceitável contra tais indivíduos, porque é uma civilização tocada pelo amor, em que o mandamento principal depois do amor a Deus, é o amor aos outros, mesmos àqueles que nos fazem mal.

É que se nos deixarmos levar por esse ódio, então damos-lhes a vitória, porque perdemos o que de mais sagrado nos une a Deus, que é amor a Ele e aos outros.

Dizem-nos vários relatos dos martírios dos Santos de Deus no Circo de Roma, que eles cantavam, louvavam a Deus, enquanto morriam.

Sem deixarmos a tristeza tão humana inerente à perca de uma vida humana dedicada a Deus, demos também nós graças a Deus por este Seu filho, Jacques Hamel, e alegremo-nos porque temos um Santo no Céu a interceder por nós.

Rezemos também pelos seus algozes, por muito que nos custe, na certeza de que Jacques Hamel junto de Deus, Lhe diz neste momento: Perdoa-lhes Pai, que não sabem o que fizeram!

Tudo e sempre para a maior glória de Deus, nosso começo e nosso fim, nossa confiança e esperança, nossa vida eterna em plenitude.


Marinha Grande, 26 de Julho de 2016
Joaquim Mexia Alves
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O MEU PAI FARIA HOJE 117 ANOS

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O meu pai faria hoje 117 anos.

Sempre que não sei bem como proceder em determinados momentos, penso no que ele faria, mas por vezes neste mundo, dito moderno, é muito difícil seguir os seus passos.

Quando tinha talvez os meus 16/17 anos, juntava-me com os amigos numa "leitaria", (que naquele tempo tudo vendiam, até cervejas), na Rodrigo da Fonseca em Lisboa.
O Sr. Augusto, dono da leitaria, conhecia os meus irmãos mais velhos a todos e por isso permitia-me certas coisas e uma delas era o poder beber umas cervejas agora e "pagar depois".
Claro que entre cervejas, sanduíches, etc.,  a coisa não deu grande resultado e quando dei por mim, ao fim de alguns meses já devia uma grossa maquia talvez à volta de 5 contos, como se dizia naquele tempo. Ele nunca me exigiu nada, mas quando me apercebi do montante fiquei em "pânico".

Os meus pais, ("presos" em Monte Real pelas Termas e pelo  cargo de Governador Civil de Leiria), vinham a Lisboa uma vez por semana, dormindo normalmente de Terça para Quarta Feira.

Enchi-me de coragem, (o meu pai era um homem de contas e de uma honestidade acima de qualquer prova), e falei com o meu pai sobre o meu "problema".
Fiquei espantado, porque em vez de um enorme "ralhete", coisa que esperava, tal como, me desse de imediato o dinheiro para pagar a divida, apenas olhou para mim, e disse-me: Para a semana falamos!

Obviamente o meu pânico aumentou e durante a semana quase não fui ao Sr. Augusto, (assim chamávamos a leitaria), com vergonha da minha divida.

Chegou a próxima Terça Feira, o tempo foi passando, Quarta Feira e o meu pai nada de falar comigo sobre o assunto, nem lá perto.

Aproximava-se a hora de regressarem a Monte Real e nada, e o meu pânico ia-se transformando em desespero.
Quando já estavam para sair o meu pai disse: Joaquim, chega aqui pois quero falar contigo.
Entrei no quarto a pensar: Estou tramado!
Olhou para mim e perguntou-me: Quanto àquele problema que me contaste, como é que passaste esta semana?
Envergonhado disse-lhe: Ó pai, tenho tanta vergonha que não pus os pés no Sr. Augusto e até tenho dormido mal.
Olhou para mim, tirou o dinheiro necessário para pagar a divida do seu bolso e disse-me: Espero bem que tenhas aprendido a lição!

Era assim o meu pai!


Marinha Grande, 26 de Julho de 2016
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 22 de julho de 2016

“PROMULGO, OBVIAMENTE”

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Quando um católico assumido, chamado inúmeras vezes pela Igreja a dar testemunho da "sua" fé, tem uma frase destas sobre um assunto que vai contra a Doutrina da Igreja, que vai contra a Fé vivida em Jesus Cristo, apenas posso pensar noutra frase, que ele poderia proferir: “Obviamente a Fé e a Doutrina que afirmo professar são muito menos do que a política que quero viver.”

Claro que há inúmeros argumentos para que ele proceda deste modo, até o velho “argumento bíblico”, já “estafado” e sempre mal-entendido, do «dar a César o que é de César…»

Claro, também, que a renuncia a assinar tal diploma, implicaria provavelmente um pedido de demissão do cargo de Presidente da República, mas o que é isso perante a coerência da vivência da Fé, sobretudo, porque tendo sido chamado tantas vezes a dar testemunho da fé que afirma viver, teria agora oportunidade de afirmar, bem alto, que para ele Deus está primeiro, e só depois a vontade dos homens.

Com muito mais razão, se assim quisermos dizer, Asia Bibi poderia dizer as mentiras necessárias para a sua libertação, visto que está em perigo a sua vida, (e não uma carreira política), e a exigência da sua condição de mãe.

Já sei que não se podem comparar as situações, etc., etc., mas a verdade é que há uns que perante o risco da própria vida e até da vida dos seus, afirmam a sua fé e a sua obediência de amor à Doutrina, enquanto outros se resguardam em argumentos “inteligentes”, para nos momentos difíceis, esquecerem o primeiro Mandamento - «Amar a Deus acima de todas as coisas» - e colocarem de lado a Doutrina que afirmam professar.

Por isso a Igreja recorda os mártires da Fé, que tudo arrostaram para colocar Deus em primeiro lugar, como ainda hoje em dia podemos ver e ouvir em tantas regiões deste mundo sem paz, deste mundo que se quer afastar de Deus.

Sim, sim, é utópico o texto, é utópica a atitude pretendida!
É sempre utópica, quando interfere nas nossas comodidades, quando interfere nas nossas vontades.


Marinha Grande, 22 de Julho de 2016
Joaquim Mexia Alves
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sexta-feira, 15 de julho de 2016

SÓ O AMOR É VENCEDOR!

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Estamos outra vez perante a barbárie, em que alguém, (cobardemente, é bom que tal se diga), fere e mata o seu semelhante.
E pretende fazê-lo em nome de um qualquer deus.

Mas, afirmo-o com toda veemência e certeza, em nome de Deus não o faz com certeza, mas em nome de Satanás, embora provavelmente não tenha plena consciência disso mesmo.

Porque Deus, só há Um, (e é o mesmo dos cristãos, dos muçulmanos, dos judeus, dos homens de boa vontade), e é sempre e só amor.
Se o não fosse, não era Deus!

E precisamente porque Deus é amor e só amor, é que, perante esta barbárie, Ele mesmo nos lembra ao coração: Reza pelas vitimas, mas não te esqueças de rezar pelos algozes!

E é aqui que Lhe perguntamos: 
Senhor, Tu disseste que a “porta era estreita”, mas por vezes, parece-nos tão estreita que não conseguimos passar por ela!

E Tu, Senhor, respondes-nos, cheio de amor: 
Como queres tu entrar no Meu Reino, com ressentimento, com raiva, com ódio ao teu semelhante, no teu coração?
Por isso te peço que rezes, não só pelas vitimas, mas também pelos algozes. Se o coração deles não se mover com a oração, pelo menos o teu há-de mover-se pela força do Espírito Santo que está presente na oração.

Mas, Senhor, como lidar com esta gente que mata o seu semelhante com tal crueza, sem o mínimo sentimento de compaixão?

E Tu, Senhor, mais uma vez respondes: 
Que a justiça dos homens seja exercida, (mas sem se tornar igual à barbárie dos agressores), porque nunca te esqueças que só o amor vencerá, porque só o amor é vencedor.


Marinha Grande, 15 de Julho de 2016
Joaquim Mexia Alves
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quarta-feira, 13 de julho de 2016

A VITÓRIA!

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Confesso, “prontos”, confesso que também eu rezei para que a selecção nacional ganhasse o europeu de futebol.

Andei por ali uns tempos a pensar se poderia rezar por tal intenção, e depois pensei: Se colocares a intenção segundo a vontade de Deus, porque não?

Depois, claro, pensei também porque é que Deus se haveria de meter em assuntos de futebol, e ser Sua vontade que Portugal ganhasse?

Parei para reflectir um pouco e achei que ao pedir a Deus que a selecção nacional ganhasse, não Lhe estava a pedir que alterasse o resultado, nem Lhe estava a pedir que a selecção francesa perdesse, (embora tal fosse implícito numa vitória de Portugal), mas apenas e tão só que nos concedesse essa alegria, não por mérito “religioso” algum que tivéssemos, mas pela alegria em si.

E ganhámos porque Deus quis?

Não, decididamente não!

Ganhámos, porque como muito bem diz Fernando Santos - «agradecer-Lhe por ter sido convocado e por me conceder o dom da sabedoria, perseverança e humildade para guiar esta equipa e Ele a ter iluminado e guiado.»

Deus iluminou e guiou, mas a sabedoria, a perseverança, a humildade e o trabalho, foram do homem, que se entregou a Deus.

Uma vitória, em desporto, nunca é, ou nunca deve ser, contra alguém, e a nossa selecção nacional não jogou, com certeza, “contra” a selecção francesa, mas sim para ganhar um desafio, para conquistar um prémio, conquista na qual colocou o seu trabalho, a sua perseverança, a sua humildade, na certeza de que estava a fazer tudo o que podia para ganhar.

Depois … depois, quando o homem se entrega em tudo, como que lhe compete e faz a sua parte, ganha, não porque Deus quis, mas porque se entregou, e alguém que lidera a equipa já tem no seu coração este profundo desejo: «Espero e desejo que seja para glória do Seu nome.»

«O homem põe e Deus dispõe.»

Glória a Deus em tudo e sempre!


Marinha Grande, 13 de Julho de 2016
Joaquim Mexia Alves
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