quarta-feira, 26 de junho de 2013

A CATEQUESE (1)

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Olho para trás, para a minha vida, e vou-me dando conta de que aquilo que aprendi na catequese, em casa ou nos colégios católicos por onde andei, tinha muito mais a ver com o conhecimento das verdades da Fé e da Doutrina, do que com a vivência interior, intima, da fé que Deus me tinha concedido.
Certo que via nos meus pais uma profunda prática cristã, não só na oração, mas também nos gestos e nas atitudes, mas Deus estava longe, inacessível, e muitas vezes “envolvido” num sem número de práticas e obrigações, que não sendo explicadas no seu conteúdo, não eram vividas, e não sendo vividas eram, como hoje em dia se diz, «uma seca».
Não é portanto de admirar que assim que pude decidir por mim mesmo, (ou assim julgava), me tenha afastado da prática religiosa e, por esse afastamento da Igreja, me tenha também afastado de Deus.
Isso leva-me a pensar nesta verdade de que sem Deus não há Igreja, mas que sem Igreja também o caminho para Deus se perde, mas isso seria uma muito longa reflexão.
 
Passados mais de 20 anos de afastamento, (já por volta dos 44 anos), pela graça de Deus, sem dúvida, comecei a procurar novamente esse Deus que me tinha sido ensinado e do qual me tinha afastado.
E encontrei-O, ou melhor, deixei que Ele me encontrasse, mas agora, mercê de quem então me ajudou e sobretudo de uma procura interior e íntima, encontrei-O próximo, tão próximo, que O sentia e sinto no dia-a-dia da minha vida.
De tal modo que o meu desejo e vontade não é que Ele faça parte da minha vida, mas que a minha vida seja Ele, no sentido de fazer sempre a sua vontade.
E esta vivência diária da Fé, fez-me encontrar a comunhão da/na Igreja, a beleza dos Sacramentos, a força da oração, a paz da confiança, a serenidade da esperança.
E assim, a prática religiosa, deixou de ser “prática”, porque passou a ser vida, o que era “obrigatório”, passou a ser intimamente desejado, o que era impaciente e “aborrecido” passou a ser paz e alegria vivida em comunhão de irmãos com Deus.
E nos momentos menos bons, acontece sempre a certeza de que Ele está ali, ao meu lado, ou melhor, está em mim, e “leva-me ao colo” para passar os “vales tenebrosos”.
 
Obviamente esta reflexão leva-me a pensar na catequese de hoje em dia, (sou catequista do 10º ano), e o modo como a mesma é dada e vivida.
Não tenho pretensões a dar soluções, mas apenas ajudar a reflectir no que será preciso fazer para que a maioria dos jovens não se afastem de Deus e da Igreja, a seguir ao Sacramento da Confirmação.
Parece não restar grandes dúvidas de que o modo como hoje em dia se continua a dar catequese, leva uma grande parte dos jovens a entende-la como uma obrigação, (como ter que andar na escola), e que tem um fim almejado, o Crisma, que é para eles, não um Sacramento de inicio de uma nova vida cristã, mas o fim de uma “aprendizagem” de uns “longos” dez anos, da qual ficam libertos para sempre.
E como catequese se relaciona com a Igreja e com Deus, a “libertação” não acontece apenas com a catequese mas também com tudo o que lhe está associado, ou seja, Deus e a Igreja.
Sem vivência interior da fé, o “apenas” conhecimento não se torna vida e se não se torna vida, é facilmente “descartável”.
Sem o encontro pessoal com Jesus Cristo, o conhecimento é “apenas” saber, não se torna em ser e em viver.
 
Como fazer então?
Julgo que em primeiro lugar a prática da oração é muito importante.
Ao mesmo tempo que se ensinam as orações da Igreja, dever-se-ia levar os jovens, logo desde o início, da mais tenra idade, a falarem com Jesus Cristo, na sua linguagem normal, como a um amigo a quem tudo se conta e com quem sempre se conta.
Esta proximidade com Jesus Cristo, (muitas vezes junto ao sacrário), leva a uma intimidade, a uma interioridade, que apenas o ensino da matéria não consegue alcançar, e torna mais “apetecível” o momento da catequese.
Esta prática de oração, este “tu cá, tu lá” com Jesus Cristo, leva ao encontro pessoal com Ele, fá-Lo próximo, torna-O presente em cada momento, e assim sendo Alguém a Quem desejamos ter sempre por perto, ter sempre connosco.
 
 
 
 
Nota:
Continua na próxima semana, se Deus quiser!
 
 
Marinha Grande, 25 de Junho de 2013
Joaquim Mexia Alves
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quarta-feira, 19 de junho de 2013

«DAR-TE-EI AS CHAVES DO REINO DO CÉU…» Mt 16, 19

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Nos últimos tempos temos visto, ouvido e lido, diversas entrevistas, ilustrações e textos comparando o Papa Francisco com os seus antecessores.
Daí não viria mal ao mundo, se a maior parte dessas entrevistas, ilustrações e textos tivessem um pendor positivo, de união e comunhão, mas infelizmente, por detrás, está uma tentativa de comparar Papas, para elogiando um, criticar os outros.
E o problema é que sendo muitas dessas publicações feitas por pessoas que não são Igreja e nem sabem o que é a Igreja, (nem lhes interessa, pois a finalidade é de alguma forma criticar a Igreja), outras são dadas a conhecer por quem se diz Igreja, alguns até com responsabilidades muito específicas na Igreja.
 
E é triste que assim seja!
 
Sou ainda do tempo de Pio XII, e assim sendo já vivi os pontificados de sete Papas, pelo que posso utilizar para os “definir” uma frase muito usada hoje em dia: «todos diferentes, todos iguais.»
Todos diferentes, porque todos têm as suas diferentes personalidades enquanto homens, que os leva forçosamente a reagir de modo diverso às diferentes situações e problemas que lhes são/foram colocados.
Todos iguais, porque todos são/foram conduzidos pelo Espírito Santo, na mesma Doutrina da Igreja Católica.
 
Foi o Espírito Santo que conduziu PioXII na sua acção, durante a Segunda Grande Guerra, salvando vidas de um modo tão subtil, que ainda hoje o acusam de ter colaborado com o regime nazi.
Foi o Espírito Santo que conduziu João XXIII na sua provecta idade, a convocar o Concílio Vaticano II, um dos concílios mais importantes da história da Igreja.
Foi o Espírito Santo que conduziu Paulo VI a sair do Vaticano, viajando pelo mundo, levando a Palavra de Deus.
Foi o Espírito Santo que conduziu João Paulo I a, no seu curto pontificado, ter deixado a imagem de um sorriso que a todos tocou.
Foi o Espírito Santo que conduziu João Paulo II no seu modo de agir, que se revelou tão decisivo na modificação política da Europa do Leste.
Foi o Espírito Santo que conduziu Bento XVI a, numa demonstração de imensa humildade, resignar ao seu pontificado.
É o Espírito Santo que conduz agora Francisco nas suas atitudes e gestos, que tanto admiram, sobretudo, os que vivem fora da Igreja e desconhecem as “surpresas” do Espírito de Deus.
 
Obviamente que tais descrições não esgotam, nem de perto nem de longe, os pontificados destes Papas do meu tempo.
 
Para quê, então, fazer comparações, querendo que uns sejam “bons” e outros não tão “bons”!
É que estas comparações assim feitas com “ligeireza”, longe de edificarem e unirem, apenas destroem e dividem, voltando uns contra outros, como se um católico pudesse ser adepto de um Papa em detrimento de outro!
Claro que podemos ter os nossos gostos, baseados na nossa forma de ser, agir e relacionar com os outros, mas para cada membro da Igreja o Papa é o Sucessor de Pedro, o Vigário de Cristo na terra e como tal o Pastor que nos conduz.
 
Em vez de fazermos estes “exercícios” que para nada servem, demos graças a Deus, porque sempre nos deu o “Pedro” certo, no tempo em que a Igreja dele necessitava e necessita.
 
Já São Paulo nos afirmou na 1ª Carta aos Coríntios:
«Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo… Tudo isto, porém, o realiza o único e mesmo Espírito, distribuindo a cada um, conforme lhe apraz.» 1 Cor 12, 4-11
 
 
Marinha Grande, 19 de Junho de 2013
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 17 de junho de 2013

DIÁLOGOS COM O DIABO (7)

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Diz ele: Não percebo a necessidade de falarem tanto em Maria.
 
Digo eu: Compreendo-te! Incomoda-te!
 
Diz ele: Não, por acaso não me incomoda nada.
 
Digo eu: Queres dizer que não te incomoda o sim de Maria?
 
Diz ele: Não, não me incomoda. Não significou nada para mim.
 
Digo eu: Essa é boa! Irritou-te profundamente que o próprio Deus tenha nascido como homem e de uma mulher em tudo igual às outras.
 
Diz ele: Não, nem por isso. A verdade é que continuo por aqui.
 
Digo eu: Pois continuas. Mas o sim de Maria à vontade de Deus trouxe-nos o Salvador, Jesus Cristo, que ao morrer na Cruz e ao ressuscitar ao terceiro dia, te venceu inapelavelmente.
 
Diz ele: Acabou a conversa! Isso não me interessa para nada!
 
Digo eu: Vês porque falamos tanto em Maria. A sua invocação afasta-te! No fundo o seu sim é o sim da humanidade à vontade de Deus e isso é insuportável para ti.
 
 
Marinha Grande, 14 de Junho de 2013
Joaquim Mexia Alves
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quarta-feira, 12 de junho de 2013

A ALEGRIA CRISTÃ

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Que coisa é esta, a alegria cristã?
 
Haverá, com certeza, muitas reflexões teológicas, meditadas, aprofundadas, escritas e publicadas sobre a alegria cristã, mas não é sobre tais reflexões que me é dado escrever.
 
Quero escrever assim, como se a minha mão fosse a extensão do meu coração e conseguisse passar ao papel, aquilo que o coração sente quando vive a alegria cristã, quando sente a alegria cristã, quando testemunha a alegria cristã.
 
E começa mal a escrita, porque ao colocar um «quando» atrás do viver, do sentir, do testemunhar a alegria cristã, condiciona essa alegria a um tempo, a um momento, a uma eventual experiência.
 
Ora a alegria cristã deve ser permanentemente vivida, constantemente sentida, diariamente testemunhada.
Porque não deve depender do momento bom ou do mau momento, da boa ou má disposição, do obter o que se deseja ou do ver-se privado do que se quer.
 
A alegria cristã não é uma gargalhada, não é um rir ruidoso, não é sequer uma exaltação mais ou menos expressiva.
A alegria cristã é uma moção interior, “provocada” pelo amor de Deus e pelo amor a Deus, amor que leva à fé, à confiança, à esperança.
 
É esta certeza íntima de que, por muito que caia no pecado, perante o meu arrependimento e propósito de emenda, Deus me toca e perdoa.
É esta certeza íntima de que, de tudo aquilo que eu peça, Deus só me dará o que realmente me faz falta e é melhor para mim.
É esta certeza íntima de que, tudo o que me acontece Deus o permitiu, e se o permitiu é porque de tudo isso quer retirar um bem para mim e para os outros.
É esta certeza íntima de que, por muito que eu me veja ou sinta abandonado por tudo e por todos, Ele está sempre comigo e me leva pela mão.
É esta certeza íntima de que, se eu morrer vivendo nesta vida a vontade de Deus, permanecendo n’Ele, não morro, mas vivo para sempre.
 
Ora se eu vivo toda esta certeza íntima, como posso eu não sentir a paz, a serenidade do Deus que me toca, me conduz e me ama?
 
E é este viver por Cristo, com Cristo e em Cristo que me enche dessa alegria cristã, que é essa certeza íntima em todo e qualquer momento, que é a alegria do que é amado e do que ama, porque foi Ele quem nos amou primeiro.
 
«Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor. Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa.» Jo 15, 9-11
 
 
Monte Real, 11 de Junho de 2013
Joaquim Mexia Alves
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quinta-feira, 6 de junho de 2013

«QUE ALEGRIA QUANDO ME DISSERAM: VAMOS PARA A CASA DO SENHOR!»

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Deve ser da idade, mas estava para aqui a pensar que o tempo vai passando, e que se vai aproximando o tempo de partir desta vida.
 
Claro que este aproximando não é nos dias, nem nos anos mais próximos, penso eu, mas curiosamente, ou talvez não, a ideia da morte é algo que se vai cruzando comigo, sem qualquer drama ou tristeza, mas apenas como algo inevitável à condição de estar vivo neste mundo.
 
Não tenho qualquer preocupação com isso e será quando Deus quiser, apenas cuido de vigiar e orar para estar pronto para daqui a pouco, daqui a um mês, daqui 30 anos!
 
Mas enquanto pensava nisso, veio à minha memória um cântico que muitas vezes entoo em surdina, nos mais diversos momentos.
 
«Que alegria quando me disseram: vamos para a casa do Senhor.
Os nossos passos se detêm às tuas portas, Jerusalém.»
 
Realmente, pensei eu, gostaria que fosse uma alegria, sobretudo porque naquele dia e naquela hora, os meus passos, pela graça de Deus, não se deterão às portas, mas entrarão decididos na Casa do Senhor, porque será Ele que os conduzirá.
 
E essa alegria, gerada pelo amor, será então para sempre!
 
Que bom é estar vivo e saber que Ele está connosco, nos ama, nos conduz e nunca nos abandona!
 
 
Monte Real, 6 de Junho de 2013
Joaquim Mexia Alves
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segunda-feira, 3 de junho de 2013

A FESTA DA FÉ EM LEIRIA

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Estive na Festa da Fé, organizada pela Diocese de Leiria-Fátima, na cidade de Leiria.
 
Estive nos três dias em diversos espaços de tempo, mas que chegaram para ter uma ideia bastante aproximada de tudo o que se passou.
 
Poderia escrever sobre as celebrações, sobre os concertos, sobre as mais diversas intervenções, mas prefiro cingir-me àquilo que mais me chamou a atenção: A alegria!
 
É que realmente, quanto a mim, a alegria foi um “cimento” que uniu toda aquela gente que por ali passou, arrisco-me a dizer, crentes e não crentes.
 
As pessoas cruzavam-se nos passeios, nas barracas, nas tendas de comes e bebes, e sorriam, cumprimentavam-se, abraçavam-se e havia uma “mística” no ar que transformava aqueles e aquelas que no dia-a-dia passam uns pelos outros na voragem do tempo, e mal têm tempo para dizer um bom dia, quanto mais esboçar um sorriso.
 
E não era uma alegria de gargalhada fácil, de ruído pelo ruído, era antes uma alegria calma, pacifica, vivida com prazer, uma alegria que vem de Deus, e que acontece porque Ele se faz presente, quando a festa se faz por Ele, com Ele e n’Ele.
 
Ou seriam os meus “olhos da fé” que assim veriam?
 
Julgo que não!
Julgo que muitos mais do que eu experimentaram essa mesma sensação de viver a alegria de Deus, na comunhão de irmãos em festa, sobretudo Festa da Fé.
 
Porque se temos Fé temos Confiança, e se temos Confiança temos Esperança, e se temos Esperança temos alegria, a alegria serena dos que se sentem amados por Ele, para amando-O, amarem os outros também.
 
Pois não foi Ele mesmo quem nos disse:
«Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa.» Jo 15, 11
 
 
 
Marinha Grande, 3 de Junho de 2013
Joaquim Mexia Alves
 
 
Nota: 
Aconselho vivamente ver a reportagem fotográfica de LMFerraz / GIC / Jornal Presente  aqui : http://www.leiria-fatima.pt/
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