quarta-feira, 26 de novembro de 2008

MARIA, NOSSA/MINHA MÃE 3

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Procuramos muitas vezes e em muitos livros respostas para as nossas inquietações, as nossas dúvidas, quando afinal, todas elas nos são respondidas num só Livro, ou melhor no Livro dos Livros, quando O lemos com os olhos do coração, o sentido do amor e no discernimento do Espírito Santo.

Muitas vezes me perguntei e pergunto, nos perguntamos, (tal como digo nos textos anteriores), sobre o “papel” de Maria na História da Salvação, para além obviamente de ser a Mãe de Jesus Cristo, feito Homem.

E afinal a resposta está ali tão clara, no Evangelho de São João, no episódio das Bodas de Caná.

«Ao terceiro dia, celebrava-se uma boda em Caná da Galileia e a mãe de Jesus estava lá. Jesus e os seus discípulos também foram convidados para a boda. Como viesse a faltar o vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: «Não têm vinho!»
Jesus respondeu-lhe: «Mulher, que tem isso a ver contigo e comigo? Ainda não chegou a minha hora.» Sua mãe disse aos serventes: «Fazei o que Ele vos disser!»
Ora, havia ali seis vasilhas de pedra preparadas para os ritos de purificação dos judeus, com capacidade de duas ou três medidas cada uma. Disse-lhes Jesus: «Enchei as vasilhas de água.» Eles encheram-nas até cima. Então ordenou-lhes: «Tirai agora e levai ao chefe de mesa.»
E eles assim fizeram. O chefe de mesa provou a água transformada em vinho, sem saber de onde era - se bem que o soubessem os serventes que tinham tirado a água; chamou o noivo e disse-lhe: «Toda a gente serve primeiro o vinho melhor e, depois de terem bebido bem, é que serve o pior. Tu, porém, guardaste o melhor vinho até agora!»
Assim, em Caná da Galileia, Jesus realizou o primeiro dos seus sinais miraculosos, com o qual manifestou a sua glória, e os discípulos creram nele.» Jo 2,1-11


Maria tinha sido convidada e estava numa festa.
Não uma festa qualquer, mas uma festa de vida, umas bodas, um casamento.
Se há festa maior na vida dos homens, (pelo menos dantes assim era), é a festa do casamento.
Costuma até dizer-se, que o dia mais feliz das nossas vidas é o dia do casamento, logicamente para aqueles que contraíram Matrimónio.
É uma festa que celebra a união e essa união celebra a vida, porque a lógica da união do casamento é a consequente procriação, e o nascimento de novos seres é sempre festa de vida.
Por isso Maria, tendo sido convidada, estava numa festa, numa festa de vida.

A nossa vida deve ser uma festa, mesmo apesar das dificuldades e provações, porque temos Jesus Cristo connosco e Ele fez-se igual a nós, homem como nós, para nos «dar a vida e a vida em abundância». Jo 10,10
Primeira razão portanto, para convidarmos Maria para a festa da nossa vida, para que Ela esteja sempre presente na festa da nossa vida.

Maria estando na festa apercebe-se de que algo vai correr mal.
Aqueles olhos, aquele coração de Mãe atenta aos seus filhos, protegendo-os e ajudando-os, percebem que vai faltar o vinho!
E se falta o vinho na festa, falta a alegria, falta a abundância, (que o vinho significa), e a festa vai ser triste, vai deixar de ser festa.
Maria não vai ter com os noivos para lhes perguntar se precisam que Ela faça alguma coisa.
Não, Maria vai imediatamente ter com Jesus para o informar da falta do vinho, da falta de algo que coloca em causa a festa, a vida, uma informação que se revela um pedido de auxilio, pois Ela sabe no Seu coração que a Ele nada Lhe é impossível.

Ao convidarmos Maria para a festa da nossa vida, temos sempre connosco uma Mãe atenta aos pormenores da nossa vida, uma Mãe que mesmo antes de nos apercebermos das tribulações, das provações da nossa vida, já intercede por nós junto do Seu Filho Jesus Cristo Nosso Senhor.
Uma Mãe que ao ser convidada para a festa da nossa vida se sente “autorizada” a desde logo, mesmo sem nos dar conta, pedir ao Seu Filho por nós.

Maria sabe que Jesus atende os seus pedidos, porque Ela só pede o que é da vontade do Seu Filho, por isso confiantemente diz aos serventes: «Fazei o que Ele vos disser». Jo 2,5
Maria confia que Jesus fará o que Lhe pede, mas sabe também que cada um tem que fazer a parte que lhe toca.
Jesus podia dizer apenas aos serventes para servirem o vinho das vasilhas, porque Ele já teria operado o milagre, mas não o faz, pois é preciso que cada um se disponha a fazer a sua parte.
Foi preciso ir encher as vasilhas de água, e muita água, «duas ou três medidas cada uma» Jo 2,6 , significando a abundância que Cristo queria colocar naquela festa da vida, que quer sempre colocar na festa da vida de cada um.

Maria então, depois de interceder junto do Seu Filho pelas nossas dificuldades, coloca-nos na Sua presença, aponta-nos Jesus Cristo e diz a cada um de nós, «Faz o que Ele te disser».
Maria então, para além de nos fazer encontrar com Jesus, adverte-nos desde logo que é preciso fazer algo mais, que é preciso fazer a vontade do Senhor, porque só assim teremos «vida e vida em abundância».

A partir deste momento Maria deixa de estar na narração, embora obviamente Ela continue na festa, atenta a tudo e alegrando-se com os noivos porque a festa foi salva, porque eles fizeram o que o Senhor lhes pediu.

Maria tem então esta sublime missão de interceder por nós junto de Jesus, e de nos levar ao encontro do e com o Seu Filho, dando-nos um último conselho para esse encontro: «Faz o que Ele te disser».
Maria discretamente, humildemente, fica de lado, com certeza em oração contínua por nós, e deixa acontecer o encontro entre os filhos e o Único Mediador entre os homens e o Pai.

Podemos ir directamente a Jesus?
Podemos com certeza, e Ele acolhe-nos do mesmo modo.
Mas Maria prepara-nos para o encontro.
Começa por interceder por nós junto de Seu Filho, envolve-nos no amor, para que cheios de amor, possamos reconhecer o Amor, e ajuda-nos desde logo a percebermos que temos de fazer o que Ele nos pede, a Sua vontade, ensina-nos desde logo a dizer sim, o mesmo sim que Ela disse e transformou a Sua vida.
Aquilo que poderia ser uma tribulação, uma provação, o ser Mãe solteira naqueles tempos, transformou-se pelo seu sim, numa fonte inesgotável de vida para Si e para os outros.

Deixei para o fim de propósito a resposta de Jesus a Sua Mãe:
Jesus respondeu-lhe: «Mulher, que tem isso a ver contigo e comigo? Ainda não chegou a minha hora.» Jo 2,4
Que me perdoem os exegetas da Bíblia, que tantas interpretações fazem sobre esta resposta, e com certeza interpretações certas e correctas, das quais eu não duvido.
Por eles, sabemos ainda de todos os simbolismos da transformação da água em vinho e, logo no início da narração, a menção ao terceiro dia, que somados aos quatro dias anteriores nos apontam o Génesis, e ainda a menção da «minha hora», pois é nessa Hora, (Jo 19,25), que Jesus nos dá Maria como Mãe.

Mas deixem-me então afirmar ou meditar, que foi por intercessão de Maria que Jesus operou o Seu primeiro milagre e logo numa festa de casamento, numa festa de vida, para poder dizer também, que Jesus nos deu um imenso e verdadeiro milagre, contínuo na humanidade, que é Maria Sua Mãe, que por vontade expressa dEle, é também nossa Mãe.
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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A IGREJA CATÓLICA 2

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Por causa de alguns textos que li recentemente, uns positivos, outros negativos em relação à Igreja, decidi interromper momentaneamente os textos que estou a meditar e escrever sobre Maria, nossa Mãe.

Faço-o porque algo me foi suscitado, porque ao longo de uma noite quase sem dormir me foram surgindo palavras alinhadas, num texto que agora tento passar ao papel.

Eu amo a Igreja profundamente, no e do mais intimo do meu ser, e sei, (e aqui sem qualquer dúvida), que se não fosse a Igreja, a minha conversão, (que nunca está acabada), nem sequer tinha começado.

Eu amo a Igreja profundamente e amo-A como Ela é, constituída por homens e mulheres pecadores, iguais a mim.
E porque assim Ela é constituída é que eu a amo total e absolutamente, porque Ela se aproxima de mim, pecador, fraco, e assim me sinto irmanado com os outros pecadores.

E porque Ela é constituída por pecadores, é que é “local” privilegiado de encontro com Jesus Cristo, porque o Senhor da misericórdia está sempre no meio dos pecadores.

Revejo a cena em que Jesus Cristo funda a Sua Igreja em Pedro e nos Apóstolos e vem ao meu coração a profunda certeza, alimentada pela Fé, de que esta é a Igreja de Jesus Cristo.

Na Sua omnisciência, Jesus Cristo sabia bem e em cada momento, tudo o que a Igreja ia fazer, ia passar e no entanto colocou-lhe o Seu selo, o selo do Espírito Santo.

Sabia que Ela havia de passar por fases de crescimento, de envelhecimento de rejuvenescimento, mas que seria sempre santa e imaculada, porque o pecado que toca os homens, não poderia tocar a Igreja.

Jesus Cristo, enquanto Homem, viveu 30 anos de crescimento, de preparação, de oração, para finalmente cumprir na totalidade a vontade do Pai, entregando-Se por nós e alcançando-nos a vida eterna pela Sua vitória sobre a morte.

30 anos de Jesus Cristo como Homem, a quantos milénios corresponderá na vida da Igreja?

Vemos pela sua história como a Igreja se renovou, se construiu, se corrigiu ao longo destes 2000 anos.

Aquilo que eram as criticas no meu tempo de infância, quando as missas eram em latim, já não têm sentido agora, que as celebramos em português.
A Bíblia, a Palavra de Deus, durante tantos anos afastada da vida dos cristãos é hoje anunciada, é hoje aconselhada, é hoje obrigatória na vida do dia a dia do cristão.

Aquele que era o Papa da transição, segundo dizem os “especialistas”, foi o escolhido pelo Espírito Santo, para encetar a mudança, para renovar a Igreja, para dar ao povo cristão a possibilidade de poder entender na sua simplicidade coisas tão importantes como as orações da celebração maior, a Eucaristia.

Costumamos dizer que o tempo de Deus não é o nosso tempo, no sentido “quantificado” logicamente.
Então, sendo a Igreja de Jesus Cristo o Seu próprio Corpo, porque há-de Ela andar segundo a vontade dos homens e não a vontade de Deus?
Se o Espírito Santo interveio na Igreja tantas vezes, vencendo a vontade dos homens, porque não acreditamos agora que Ele continua a intervir e que o Seu tempo, não é o nosso tempo?

Mas o Espírito Santo intervém servindo-se dos homens.
Ora se os homens não estão em Igreja, na Igreja, como há-de Ele intervir?
E intervém verdadeiramente em cada um, que comungando em Igreja se vai dando, vai falando, vai criticando e mesmo que, por muitas vezes pareça que essa entrega, essas palavras, essas críticas não são ouvidas, quando elas são verdadeiras, quando elas são construção, nunca deixam de semear semente, que dará fruto quando for o seu tempo.

E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» Lc 24, 30-32

Ao partir do pão, na fracção do pão, reconheceram-no!
Que momento mais perfeito, que celebração mais celebrada, que oração mais profunda existe para O reconhecermos, do que a Eucaristia!

E onde, e como, e quando acontece e se celebra a Eucaristia, se não em Igreja, na Igreja.

Como posso eu querer reconhecê-Lo, quando tendo conhecimento da Igreja, tendo estado em Igreja, me coloco fora dela?

Diz-nos a Doutrina que a Consagração acontece sempre que um sacerdote ordenado no pleno uso e direito do seu ministério a celebra, independentemente do próprio acreditar ou não naquele Mistério, naquele Sacramento da presença viva de Jesus Cristo no meio de nós.

Ou seja, Cristo está sempre presente na Igreja, independentemente dos homens que a constituem, e assiste-lhes sempre independentemente dos seus pecados, dos seus erros, e não deixa de os perdoar, iluminar e conduzir pelo Espírito Santo, como tem feito ao longo destes 2000 anos e continuará a fazer, pois essa é a Sua promessa.

A Igreja é constituída por homens, mas vai muito para além dos homens!
Como posso eu decidir afastar-me da Igreja, se é em Igreja que eu sou verdadeiro discípulo de Cristo?
Não será um pecado contra o Espírito Santo, não acreditar que Ele assiste a Igreja em todos os momentos?
E se eu acredito que o Espírito Santo assiste a Igreja em todos os momentos, como posso eu não acreditar que a Igreja é una, santa, católica e apostólica?
Como posso eu rezar o Credo, fora da Igreja?
E se os homens, ou melhor, alguns homens da Igreja não se deixam conduzir pelo Espírito Santo, isso significa que o Espírito Santo deixa/deixou de assistir a Igreja?

Se assim fosse, há muito que a Igreja tinha acabado!
Mas Ela não acabou, nem acabará porque o Espírito Santo a assiste independentemente dos homens que a constituem.

Eu amo a Igreja, e é em Igreja e na Igreja que eu reconheço Jesus Cristo na celebração dos Sacramentos, presença viva de Cristo, nas irmãs e irmãos que a constituem, presença viva de Cristo eles também, e nas irmãs e irmãos que mesmo afastados são também presença de Cristo vivo para mim, porque é assim que a Igreja me ensina.

E se a prática da Igreja não reflecte sempre isto mesmo, é porque eu e aqueles que a constituem somos fracos, somos pecadores, e muitas vezes nos afastamos do caminho e não deixamos que o Espírito Santo faça em nós a vontade de Deus.

Mas a Igreja permanece viva, una, santa, católica e apostólica, vencendo o pecado porque: «as portas do abismo nada poderão contra ela.» Mt 16, 18
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terça-feira, 4 de novembro de 2008

MARIA, NOSSA/MINHA MÃE 2

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Quando em oração ia pedindo ao Espírito Santo que me inspirasse o que deveria escrever sobre Maria, como havia de colocar no papel a minha vivência da devoção a Maria, veio ao meu coração este simples pensamento: «Maria é caminho para Cristo».

Fiquei a pensar nesta verdade, tantas vezes esquecida, mesmo por aqueles que se dizem tão devotos de Maria: «Maria é caminho para Cristo».

É Maria, Ela mesma que nos diz quando nos aproximamos, que Cristo é o tudo, é o todo, e que tudo deve ser apenas caminho para Ele.

Tenho para mim, no meu coração, que Maria nunca se deve ter referido a Jesus, falando com outros, como:”O meu Filho”.

E nunca o deve ter feito porque para Ela, o seu Filho ia muito para além dessa filiação, dessa sua entrega, o seu Filho era o Filho de Deus, Jesus Cristo Nosso Senhor e assim sendo, seu Senhor também.

Tudo em Maria aponta para Cristo, numa vivência perfeita da frase de João Baptista: «Ele é que deve crescer, e eu diminuir» (J0 3,30)

E nós seus devotos, devemos ter sempre isto bem presente no nosso coração, nas nossas atitudes, porque é isto que Ela, a Mãe, quer de nós, ou seja, que através dEla vejamos Cristo, vivamos Cristo, que guardemos no coração (Lc 2, 51), o que dEla nos vem, como forma de melhor chegarmos ao conhecimento de Jesus Cristo.

Porque Cristo é o todo, é o tudo e Maria, (tal como nós), é com Ele também o tudo e o todo, mas só porque Ele o quer assim, mas só porque nEle, em comunhão com Ele, partilhamos o tudo e o todo.

E é isto que Maria quer, que com Ela possamos encontrar o todo e o tudo que Jesus Cristo é.

Maria é Mãe de Jesus Cristo, enquanto Homem, enquanto encarnação de Deus dado aos homens por vontade do Pai, mas Maria sabe em si, no seu coração que Jesus Cristo É, ou seja, que o seu Filho sempre existiu, não teve principio nem tem fim, é verdadeiramente eterno e por isso mesmo Ela é a Serva do Senhor, porque sempre existiu no coração de Jesus Cristo antes mesmo de Jesus Cristo existir no seu coração.

Por isso em Maria tudo é Cristocêntrico, tudo aponta para Cristo e só assim se realiza a vontade de Deus, só assim se realiza a missão de Maria.

Mas muito melhor do que tudo aquilo que eu possa escrever, é a clareza da Doutrina da Igreja Católica tão bem expressa no Capítulo VIII da Constituição Dogmática Lumen Gentium.

66. Exaltada por graça do Senhor e colocada, logo a seguir a seu Filho, acima de todos os anjos e homens, Maria que, como mãe santíssima de Deus, tomou parte nos mistérios de Cristo, é com razão venerada pela Igreja com culto especial. E, na verdade, a Santíssima Virgem é, desde os tempos mais antigos, honrada com o título de «Mãe de Deus», e sob a sua protecção se acolhem os fiéis, em todos os perigos e necessidades (191). … Este culto, tal como sempre existiu na Igreja, embora inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração, que se presta por igual ao Verbo encarnado, ao Pai e ao Espírito Santo, e favorece-o poderosamente. Na verdade, as várias formas de piedade para com a Mãe de Deus, aprovadas pela Igreja, dentro dos limites de sã e recta doutrina, segundo os diversos tempos e lugares e de acordo com a índole e modo de ser dos fiéis, têm a virtude de fazer com que, honrando a mãe, melhor se conheça, ame e gloria fique o Filho, por quem tudo existe (cfr. Col. 1, 15-16) e no qual «aprouve a Deus que residisse toda a plenitude» (Col. 1,19), e também melhor se cumpram os seus mandamentos.

67. Muito de caso pensado ensina o sagrado Concílio esta doutrina católica, e ao mesmo tempo recomenda a todas os filhos da Igreja que fomentem generosamente o culto da Santíssima Virgem, sobretudo o culto litúrgico, que tenham em grande estima as práticas e exercícios de piedade para com Ela, aprovados no decorrer dos séculos pelo magistério, e que mantenham fielmente tudo aquilo que no passado foi decretado acerca do culto das imagens de Cristo, da Virgem e dos santos (192). Aos teólogos e pregadores da palavra de Deus, exorta-os instantemente a evitarem com cuidado, tanto um falso exagero como uma demasiada estreiteza na consideração da dignidade singular da Mãe de Deus (193). Estudando, sob a orientação do magistério, a Sagrada Escritura, os santos Padres e Doutores, e as liturgias das Igrejas, expliquem como convém
as funções e os privilégios da Santíssima Virgem, os quais dizem todos respeito a Cristo, origem de toda a verdade, santidade e piedade. Evitem com cuidado, nas palavras e atitudes, tudo o que possa induzir em erro acerca da autêntica doutrina da Igreja os irmãos separados ou quaisquer outros. E os fiéis lembrem-se de que a verdadeira devoção não consiste numa emoção estéril e passageira, mas nasce da fé, que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos incita a amar filialmente a nossa mãe e a imitar as suas virtudes.

Compreendo eu agora que, antes de continuar este testemunho da minha vivência da devoção à Santíssima Virgem, me/nos devemos colocar na perspectiva certa, correcta, de acordo com a Doutrina da Igreja Católica do modo como devemos honrar, louvar a Mãe do Céu, sem cairmos em exageros que façam dEla aquilo que Ela não é, nem quer ser, mas que também não diminuam aquilo que Ela é, e tem como missão dada por Deus, ser.

Para fazermos a vontade do Seu Filho, que no-la deu como Mãe, (Jo 19, 26-27), para fazermos a sua vontade que apenas pode ser a vontade do Seu Filho.

(continua)
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